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Obrigações - Unidade 04

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Direito das Obrigações
Unidade 04
Obrigações em relação à natureza do objeto
Obrigação de dar/restituir (ou melhor, obrigação de prestação de coisa): objeto mediato é uma coisa, certa/específica/determinada (arts. 233 a 242) ou incerta/genérica/determinável (arts. 243 a 246).
Abrangem: as obrigações (de coisa) da compra e venda, da locação, do seguro, do doador, do depositário, do comodatário, do mutuário e do rendeiro; e seus acessórios (art. 233).
Obrigação de dar em sentido estrito (arts. 233 a 237): quando o objeto imediato, ou seja, a prestação, é essencial à constituição ou transferência do direito real sobre a coisa, em geral o domínio. Importa na efetiva tradição.
Por constituir mero direito pessoal, o domínio dependerá da efetiva tradição para que se configure o direito real.
A falta de cumprimento da obrigação não dá direito à ação reivindicatória, mas somente ao exercício do direito de ação para indenização pelo inadimplemento.
“é aquela em virtude da qual o devedor fica jungido a promover, em benefício do credor, a tradição da coisa (móvel ou imóvel), já com o fim de outorgar um novo direito. Dessa forma, o devedor somente poderá comprometer-se a entregar a coisa ao credor para transferir-lhe o domínio. O adquirente será mero credor antes de tal tradição.” (Limongi França apud MHD)
Obrigação de restituir (arts. 238 a 242): não tem por escopo a transferência de propriedade, destinando-se apenas a proporcionar o uso, fruição ou posse direta da coisa temporariamente. (locatário, mutuário, comodatário, depositário, mandatário). A sua inobservância caracteriza o esbulho e conseqüente reintegração de posse ou despejo. Garantem a busca e apreensão da coisa, salvo se a coisa era infungível e se perdeu.
Da perda e da deterioração da coisa a ser restituída: se não houver culpa do devedor, a perda é suportada pelo credor (art. 238). Caso a perda da coisa ocorra por culpa do devedor, este responderá pelo seu equivalente, mais perdas e danos (art. 239), no caso de deterioração, o credor terá também direito às perdas e danos (art. 240).
Dos melhoramentos: aproveitam ao credor (241 e 242), exceto no caso de terem ocorrido em razão de dispêndio ou trabalho do devedor, agindo de boa-fé, e forem os melhoramentos úteis e necessários (art. 242, e 1.219 a 1.222). 
No caso dos melhoramentos voluptuários, o devedor poderá levantá-los, se não indenizado, a ainda exercer o direito de retenção quanto aos úteis e necessários.
No caso de má-fé, terá apenas direito à indenização dos necessários, sem direito de retenção.
Dos frutos: frutos percebidos, serão do devedor de boa-fé (art. 242, pu. e 1.214 a 1.217). No caso de má-fé, reponde por todos os colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constitui a má-fé, tendo direito, porém, às despesas de produção e custeio.
Obrigação de solver dívida em dinheiro: preço, aluguel, acrescidos de perdas e danos e juros. O objeto dessas obrigações é um valor quantitativo, do qual o dinheiro não passa de um meio. Regulam-se pelos arts. 402 a 416.
Obrigação pecuniária: obj = prestação em dinheiro (valor nominal). Não suscetível de perda. 
Somente exigível a moeda em circulação no país (DL 857/69), ou exportações/importações e locação registrada no BC.
Valor nominal ou legal: impresso na moeda nacional
Valor intrínseco: valor do metal da moeda
Valor de troca: poder aquisitivo da moeda
Valor corrente ou valutário: da moeda estrangeira
Adimplemento: moeda corrente. Outros títulos, somente se o credor consentir.
Correção: 
Cláusula de escala móvel (preço do petróleo, IGPM, dólar);
Cláusulas de correção monetária (atualização do valor real da moeda, tendo-se em vista a data do entabulamento do vínculo e a execução da prestação – Limongi França apud MHD)
Dívida de valor: aquela em que o devedor deve fornecer uma quantia que possibilite ao credor adquirir certos bens (ex. ato ilícito e sua reparação)
Dívida remuneratória (juros): contratados ou legais.
OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA
Objeto mediato certo e determinado. Assim, a prestação não é de entregar somente, mas de entregar coisa específica, inconfundível com outra qualquer, permitindo ao credor recusar mesmo coisa mais valiosa. A entrega de coisa diversa, possibilita ao devedor a repetição. Abrange os acessórios (art. 233)
Perda ou deterioração da coisa sem culpa do devedor: o prejuízo da perda depende da tradição (art. 234 e 235). Se anterior é do devedor, se posterior é do credor, salvo fraude ou negligência do vendedor.
Em caso de culpa do devedor, este responde pelo valor da coisa no momento da perda, mais perdas e danos (arts. 234 e 236).
Na deterioração, o credor pode dar a obrigação por extinta, ou exigir o respectivo pagamento (art. 235), se houver culpa cabem perdas e danos (art. 236)
Cômodos: vantagens produzidas pela coisa (melhoramentos ou acréscimos). Pertencem ao devedor, e permitem o aumento do preço ou resolução da obrigação.
Frutos: percebidos são do devedor e pendentes do credor (art. 237, parágrafo único)
OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA
O objeto indicado de forma genérica no início da relação, é determinado por um ato de escolha, quando do adimplemento.
O objeto é portanto determinável na ocasião do cumprimento da obrigação, eis que indeterminável será nula a mesma. Contudo, a determinação será ao menos de gênero e quantidade. (art. 243)
A obrigação somente é de coisa incerta até o momento do cumprimento, quando há escolha da coisa, e a obrigação passa a ser certa com base nos termos de escolha contratados, ou em omissão no art. 245.
A escolha que transforma a coisa incerta em certa, chama-se concentração.
As partes fixam quem fará a escolha (credor/devedor) ou terceiro, mas havendo omissão, será esta do devedor (art. 244), que a cumprirá atendendo a média do padrão.
Caso a escolha caiba contratualmente ao credor o mesmo será citado para tanto, e na sua omissão esta passará ao devedor.
No caso de perda ou deterioração é sempre prejudicial ao devedor, independentemente de culpa (art. 246)
- refletir acerca dos genus limitatum
Após a escolha, a obrigação passa a ser de dar coisa certa e rege-se pelas normas desta (art. 245)
OBRIGAÇÃO DE FAZER
Vincula o devedor à prestação de um serviço ou ato positivo, material ou imaterial, seu ou de terceiro, em benefício do credor ou de terceira pessoa (MHD). Pode ser trabalho físico ou material; serviço intelectual, artístico ou científico; outros atos não significativos de trabalho.
Obrigações de fazer infungíveis (intuito personae): o devedor é insubstituível em razão de sua habilidade, técnica, cultura, reputação, pontualidade, idoneidade, experiência, etc...; pode ser infungível pela natureza da obrigação, ou por convenção das partes (art. 247)
Obrigações de fazer fungíveis (art. 249): podem ser realizadas pelo devedor ou terceiro, ou seja, prestações que não requeiram aptidões pessoais. No caso de inadimplemento, a obrigação poderá ser executada pelo credor às custas do devedor, ou exigir perdas e danos.
Inadimplemento:
- sem culpa do devedor (caso fortuito ou força maior), resolve-se a obrigação (art. 248), com devolução de eventuais adiantamentos. O impedimento deve ser absoluto, permanente e irremovível.
- com culpa do devedor: este responde pelas perdas de danos (art. 248 e 249). a obrigação se transforma no seu equivalente pecuniário, passa a ser portanto, de dar. Obrigação fungível: poderá ser prestada às custas do devedor (art. 249, pu.)
OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER
Devedor assume o compromisso de se abster de algum ato, que poderia praticar livremente se não se tivesse obrigado para atender interesse jurídico do credor ou de terceiro (MHD)
Descumprimento:
- impossibilidade da abstenção do fato
1: sem culpa do devedor: resolve-se por perdas e danos(art. 250)
2: por culpa do devedor: pode ser desfeito às suas custas (art. 251) se possível, senão importará em perdas e danos.

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