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Férias+ +Cap+22+VBC

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CAPÍTULO	22	–	FÉRIAS	
(Texto	extraído	do	e-book:	Direito	do	Trabalho,	9º	ed.,	de	Vólia	Bomfim	Cassar	–	Ed.	Método	-	2014)	
	
1.	BREVE	HISTÓRICO	–	BRASIL	
O	 Brasil	 foi	 o	 terceiro	 país	 do	 mundo	 a	 conceder	 férias	 anuais	 remuneradas	 de	 15	 dias	
consecutivos	a	empregados.	Inicialmente,	o	direito	estava	previsto	no	Aviso	Ministerial	datado	de	18	
de	 dezembro	 de	 1889,	 expedido	 pelo	 então	 Ministro	 da	 Agricultura.	 Todavia,	 esta	 norma	 estava	
restrita	apenas	aos	trabalhadores	do	Ministério	da	Agricultura,	Comércio	e	Obras	Públicas.		
Em	17	de	 janeiro	de	1890	as	 férias	anuais	 remuneradas	de	15	dias	 foram	estendidas	aos	
operários	 diaristas	 e	 ferroviários.	Mais	 tarde,	 a	 Lei	 n°	 4.982/25	 ampliou	 as	 férias	 de	 15	 dias	 para	
todos	os	trabalhadores	em	estabelecimentos	comerciais,	industriais	e	bancários.		
Todavia,	a	eficácia	desta	lei	só	foi	atingida	com	o	Decreto	n°	23.103/33.	Aos	poucos	outras	
categorias	foram	atingidas	pelas	alterações	legais	para	gozarem,	também,	do	direito	às	férias	até	que	
a	CLT	(1943),	em	seus	arts.	129	a	153,	incluiu	todos	os	empregados	no	benefício.	
	
2.	APLICAÇÃO	
O	 direito	 às	 férias	 anuais	 remuneradas	 se	 aplica	 a	 todos	 os	 empregados	 e	 até	 a	 alguns	
trabalhadores	não	regidos	pela	CLT.	Desta	forma,	as	férias	são	direito	dos	empregados	diretamente	
regidos	 pela	 CLT	 ou	 quando	 sua	 aplicação	 se	 der	 de	 forma	 subsidiária	 ou,	 ainda,	 quando	 a	 lei	
determinar:	rurais;	domésticos;	avulsos;	funcionários	públicos	civis	e	militares.	
	
3.	CONCEITO	E	FUNDAMENTOS	
Conceito:	 O	 período	 de	 férias	 corresponde	 ao	 descanso	 anual	 remunerado	 que	 o	
trabalhador	tem	direito	de	usufruir,	desde	que	tenha	adquirido	o	direito.	
Finalidade:	O	descanso	anual	tem	o	objetivo	de	eliminar	as	toxinas	originadas	pela	fadiga	e	
que	não	 foram	 liberadas	com	os	 repousos	 semanais	e	descansos	entre	e	 intrajornadas.	O	 trabalho	
contínuo,	 dia	 após	 dia,	 gera	 grande	 desgaste	 físico	 e	 intelectual,	 acumulando	 preocupações,	
obrigações	 e	 outros	 fenômenos	 psicológicos	 e	 biológicos	 adquiridos	 em	 virtude	 dos	 problemas	
funcionais	do	cotidiano.	Um	período	maior	de	descanso	permite	uma	melhor	reposição	de	energia	e	
restaura	 o	 equilíbrio	 orgânico.	 Segundo	 Arnaldo	 Süssekind:	 as	 férias	 se	 constituem	 em	 forma	 de	
higiene	social	e	mental.	
Russomano	 aponta	 cinco	 fundamentos	 para	 as	 férias,	 a	 saber:	 fisiológico;	 econômico;		
psicológico;	cultural	e	político.	Acrescentamos	mais	uma	finalidade	indicada	por	Süssekind:	social.	
a)	fisiológico:	o	excesso	de	trabalho	traz	a	fadiga.	O	repouso	contínuo	por	30	dias	repõe	as	
energias.	Gabriel	Saad	acrescenta	que:	
Sob	 o	 ângulo	 fisiológico,	 não	 se	 sabe	 ao	 certo	 qual	 o	 tempo	 de	 repouso	 anual	 de	 que	
precisa	 o	 trabalhador.	Mas,	 de	 qualquer	modo,	 o	 assalariado	 necessita	 cada	 ano	 interromper	 seu	
labor,	para	descansar	durante	um	 lapso	de	 tempo	predeterminado	em	 lei.	Considerações	que	não	
nos	deixam	compreender	a	faculdade	legal	dada	ao	empregado	de	converter	em	pecúnia	um	terço	
do	período	de	férias	a	que	tiver	direito.	
b)	econômico:	o	empregado	descansado	produz	mais	e	com	maior	satisfação;	
c)	 psicológico:	 o	 afastamento	 do	 trabalho	 propicia	momentos	 de	 relaxamento,	 diversão,	
viagens	ou	descanso.	Este	necessário	repouso	ajuda	no	equilíbrio	mental	do	trabalhador;	
d)	 cultural:	 de	 acordo	 com	 Russomano,	 no	 período	 de	 férias	 “o	 empregado	 abre	 seu	
espírito	para	coisas	alheias	ao	terra	a	terra,	abrindo-se	para	outras	culturas”;	
e)	 político:	 se	 traduz	 na	 utilidade	 das	 férias	 como	 mecanismo	 de	 equilíbrio	 da	 relação	
trabalhador	x	empresário;	
f)	 social:	 porque	 aproxima	 o	 trabalhador	 da	 família,	 dos	 amigos	 e	 da	 sociedade	 neste	
período	de	descanso.	
O	direito	ao	usufruto	das	férias	é	irrenunciável	porque	previsto	em	lei.	
	
4.	NATUREZA	JURÍDICA	
Muito	se	discutiu	quanto	à	natureza	jurídica	das	férias.	Entretanto,	hoje	está	pacificado	que	
a	 natureza	 jurídica	 das	 férias	 é	 de	 direito	 público	 para	 o	 empregado,	 logo,	 direito	 irrenunciável.	
Corresponde	ao	descanso	 remunerado	obrigatório,	 isto	é,	de	 interrupção	do	contrato	de	 trabalho,	
pois	o	empregado	tem	o	direito	de	não	trabalhar	durante	30	dias	consecutivos,	recebendo	sua	média	
remuneratória,	como	se	trabalhando	estivesse.		
Entretanto,	 também	 tem	o	empregado	o	dever	 de	não	 trabalhar	para	outro	empregador	
neste	período,	salvo	se	já	estava	obrigado	a	tanto,	por	força	de	outro	contrato	de	trabalho	(art.	138	
da	 CLT).	 Isto	 é,	 não	 poderá	 procurar	 um	 novo	 emprego,	 um	 “bico”,	 uma	 colocação,	 um	 trabalho	
durante	 seu	período	de	 férias.	Desta	 forma,	 conclui-se	que	o	empregado	 tem	 também	o	dever	de	
descansar.	
Não	é	um	prêmio,	indenização	ou	gratificação,	como	se	pensou	no	passado.	O	número	de	
dias	de	férias	varia	de	acordo	com	as	ausências	injustificadas	ocorridas	no	período	aquisitivo,	pois	o	
empregado	que	trabalhou	mais	dias	tem	direito	a	um	descanso	maior,	enquanto	aquele	empregado	
que	trabalhou	poucos	dias,	necessita	de	um	período	menor	para	repor	as	energias.	
É,	 em	 resumo,	um	direito-dever	 do	empregado	e	uma	obrigação	 do	empregador.	 Por	 se	
tratar	 de	 norma	 de	 medicina	 e	 segurança	 do	 trabalho,	 pois	 protege	 a	 saúde	 psíquica	 e	 física	 do	
trabalhador,	 as	 férias	 são	 por	 ele	 irrenunciáveis,	 caracterizando-se	 em	 norma	 de	 ordem	 pública,	
cogente.	
Arnaldo	Süssekind	e	Orlando	Gomes	adotam	tese	similar.	Apontam	como	natureza	jurídica	
das	férias:	para	o	empregador	a	obrigação	é	de	fazer	e	de	dar,	isto	é,	a	de	conceder	as	férias	e	a	de	
remunerá-las;	para	o	empregado	é	um	direito	subjetivo	e	um	dever	de	privar-se	de	trabalhar	neste	
período.	 Acrescenta	 Süssekind,	 entretanto,	 que	 o	 empregador	 também	 tem	o	 direito	 de	 exigir	 do	
empregado	 que	 se	 abstenha	 de	 trabalhar	 durante	 seu	 período	 de	 férias.	 Por	 isto,	 conclui,	 ser	 um	
direito-dever	de	ambas	as	partes.	
Nesta	mesma	 linha	Sérgio	Pinto	Martins	acresce	que	a	natureza	 jurídica	das	 férias	possui	
duplo	aspecto:	um	negativo	e	outro	positivo.	O	negativo	consiste	no	fato	de	o	trabalhador	não	poder	
prestar	serviços	durante	o	período	de	férias	e	na	vedação	dirigida	ao	empregador	de	exigir	trabalho	
deste	no	período	das	férias.	O	aspecto	positivo	fica	por	conta	do	dever	do	empregador	de	conceder	
as	férias	e	pagar	a	remuneração.	
Russomano	realça	que	as	férias	não	têm	natureza	jurídica	de	prêmio,	como	se	defendia	no	
passado.	 Em	 sua	 opinião,	 as	 férias	 possuem	 natureza	 jurídica	 de	 direito	 subjetivo	 adquirido	 de	
acordo	com	as	normas	em	vigor	e	exigível	pelo	trabalhador	como	seu	titular.	
Convém	lembrar	que	as	férias	não	usufruídas	durante	o	contrato	devem	ser	pagas	quando	
da	rescisão	contratual.	Neste	caso,	a	obrigação	de	fazer	converte-se	no	valor	equivalente	em	espécie,	
isto	é,	em	obrigação	de	dar	 (pagar),	passando	a	ter	natureza	 jurídica	de	 indenização,	salvo	para	os	
efeitos	 do	 art.	 449	 da	 CLT,	 quando	 constituirão	 crédito	 privilegiado	 na	 falência,	 recuperação	 ou	
dissolução	da	empresa	(art.	148	da	CLT).	Neste	sentido	a	OJ	n°	195	da	SDI-I	do	TST.	Em	virtude	disto,	
as	 férias	 indenizadas	 não	 integram	 o	 tempo	 de	 serviço	 e,	 por	 consequência	 legal,	 sobre	 elas	 não	
incide	o	FGTS.	
	
5.	PERÍODO	DE	FÉRIAS	E	DURAÇÃO	
Em	regra,	as	férias	são	de	30	dias	corridos,	independente	se	o	mês	da	concessão	tem	28	ou	
31	dias.	Mas	este	direito	nem	sempre	foi	assim.	Há	posição	isolada	que	sustenta	que	as	férias	devem	
ser	de	30	dias	úteis,	sob	o	argumento	de	que	a	Convenção	n°	132	da	OIT	exclui	os	feriados	(art.	6,	I).	
Discordamos	desta	posição.	Primeiro	porque	o	art.	6,	I,	da	Convenção	n°	132	não	menciona	
dias	úteis,	e	sim	o	não	cômputo	dos	feriados.	Logo,	estão	incluídos	nas	férias	os	domingos	e	dias	de	
folga.
Segundo	porque	a	CLT	já	concede	férias	de	30	dias,	que	é	mais	favorável	que	aquelas	de	três	
semanas	referidas	na	Convenção	132.	Pelos	motivos	acima,	conclui-se	que	o	art.	6°,	I,	da	Convenção	
n°	132	da	OIT,	que	exclui	os	feriados	do	cômputo	do	período	de	gozo	de	férias,	não	é	aplicável	aos	
empregados	brasileiros.	Da	mesma	forma	Arnaldo	Süssekind	e	Alice	Monteiro	de	Barros.	
Originariamente	 a	 CLT	 concedia,	 em	 seu	 art.	 132,	 período	 máximo	 de	 férias	 de	 15	 dias	
úteis.	A	Lei	n°	816/49	alterou	a	duração	das	 férias	para	20	dias	úteis.	Mais	 tarde,	o	Decreto-Lei	n°	
1.535/77	estendeu	para	30	dias	o	período	máximo	de	usufruto	das	 férias,	 alterando	o	art.	 132	da	
CLT,	modificação	que	impera	até	hoje	no	texto	do	art.	 130	e	não	mais	do	art.	132	da	CLT.	Os	30	dias	
são	corridos,	isto	é,	computam-se	os	feriados	e	domingos.	O	descanso	de	30	dias	é	garantido	apenas	
ao	empregado	que	incorreu	em	até	cinco	faltas	injustas	no	período	aquisitivo,	na	forma	do	art.	130	
da	CLT,	abaixo	transcrito:	
	
Art.	 130.	 Após	 cada	 período	 de	 12	 (doze)	 meses	 de	 vigência	 do	 contrato	 de	 trabalho,	 o	
empregado	terá	direito	a	férias,	na	seguinte	proporção:	
I	–	30	(trinta)	dias	corridos,	quando	não	houver	faltado	ao	serviço	mais	de	5	(cinco)	vezes;	
II	–	24	(vinte	e	quatro)	dias	corridos,	quando	houver	tido	de	6	(seis)	a	14	(quatorze)	faltas;	
III	–	18	(dezoito)	dias	corridos,	quando	houver	tido	de	15	(quinze)	a	23	(vinte	e	três)	faltas;	
IV	–	12	(doze)	dias	corridos,	quando	houver	tido	de	24	(vinte	e	quatro)	a	32	(trinta	e	duas)	
faltas.	
Podemos	 deduzir,	 portanto,	 que	 o	 empregado	 com	 mais	 de	 32	 faltas	 injustificadas	 ao	
trabalho,	no	período	aquisitivo,	perde	o	direito	ao	gozo	de	férias.	
Especial	é	o	caso	do	empregado	regido	por	contrato	na	modalidade	de	tempo	parcial,	cujo	
período	máximo	de	férias	é	de	18	dias	corridos.	Antes	da	MP	2.164-41/2001,	que	introduziu	
o	art.	130-A	à	CLT,	os	empregados	contratados	por	tempo	parcial	tinham	direito	a	30	dias	de	
férias.	
	
Art.	130-A.	Na	modalidade	do	regime	de	tempo	parcial,	após	cada	período	de	doze	meses	de	
vigência	do	contrato	de	trabalho,	o	empregado	terá	direito	a	férias,	na	seguinte	proporção:	
I	–	dezoito	dias,	para	a	duração	do	trabalho	semanal	superior	a	vinte	e	duas	horas,	até	vinte	
e	cinco	horas;	
II	–	dezesseis	dias,	para	a	duração	do	 trabalho	semanal	 superior	a	vinte	horas,	até	vinte	e	
duas	horas;	
III	 –	quatorze	dias,	para	a	duração	do	 trabalho	 semanal	 superior	a	quinze	horas,	 até	vinte	
horas;	
IV	–	doze	dias,	para	a	duração	do	trabalho	semanal	superior	a	dez	horas,	até	quinze	horas;	
V	–	dez	dias,	para	a	duração	do	trabalho	semanal	superior	a	cinco	horas,	até	dez	horas;	
VI	–	oito	dias,	para	a	duração	do	trabalho	semanal	igual	ou	inferior	a	cinco	horas.	
	
Percebe-se	que,	enquanto	o	art.	130	da	CLT	reduz	o	número	de	dias	de	gozo	de	férias	de	
acordo	com	as	faltas	injustificadas	ao	serviço,	o	art.	130-A	da	CLT	fixa	o	gozo	de	férias	de	acordo	com	
a	carga	horária	do	empregado,	não	tratando	de	faltas.	
	
6.	AQUISIÇÃO	DO	DIREITO	
O	direito	 às	 férias	 é	 adquirido	 após	12	meses	 de	 vigência	 do	 ajuste	 contratual,	 seja	 por	
prazo	 determinado	 ou	 indeterminado.	 Com	 isto	 verifica-se	 que	 o	 legislador	 preferiu	 computar	 o	
tempo	de	vigência	e	não	o	período	de	efetivo	serviço,	inserindo	na	contagem,	como	regra	geral,	os	
períodos	de	interrupções	e	alguns	casos	de	suspensões	contratuais	(arts.	4°,	130,	133	da	CLT).	
Ao	 completar	 12	 meses	 de	 serviço	 o	 empregado	 passa	 a	 ter	 direito	 adquirido	 às	 férias	
(período	aquisitivo),	 que	devem	 ser	usufruídas	nos	12	meses	 subsequentes	 (período	 concessivo)	 à	
aquisição	–	art.	134	da	CLT.	
Logo,	todo	período	concessivo	de	férias	é	computado	para	o	próximo	período	aquisitivo.	A	
contagem	 não	 é	 feita	 por	 ano	 civil	 (de	 janeiro	 a	 dezembro)	 e	 sim	 por	 aniversário	 da	 data	 da	
admissão.
	
Este	 direito	 não	 é	 abalado	 quando	 o	 empregado	 é	 transferido,	 nem	 quando	 ocorre	 a	
sucessão.	
O	 aviso	 prévio	 indenizado	 ou	 trabalhado	 também	 compõe	 a	 contagem	 do	 período	
aquisitivo,	em	face	do	comando	contido	no	art.	487,	§	1°/CLT	que	determina	sua	integração	ao	tempo	
de	serviço.	As	férias	adquiridas	serão	sempre	devidas,	mesmo	em	caso	de	despedida	por	justa	causa.	
	
7.	FÉRIAS	PROPORCIONAIS	
Para	 cada	 mês	 ou	 fração	 superior	 a	 14	 dias	 de	 trabalho	 (ou	 vigência	 do	 contrato)	 o	
empregado	tem	o	direito	a	1/12	de	férias.	Se	esta	fração	atingir	os	12/12	o	direito	está	adquirido.	Se	
o	seu	contrato	extinguir	antes	de	completar	o	ano,	 terá	direito	a	 férias	proporcionais	–	§	único	do	
art.	146/CLT.	No	mesmo	sentido	a	Convenção	132/OIT	que	dispõe	que	“um	período	mínimo	poderá	
ser	exigido	para	a	obtenção	de	direito	a	um	período	de	férias	remuneradas	anuais.”	–	art.	5°,	§	1°.	
Todavia,	a	 legislação	brasileira	é	mais	favorável	quando	exigiu	apenas	15	dias	de	trabalho	
para	a	aquisição	de	1/12	por	mês	trabalhado,	enquanto	a	Convenção	132	da	OIT	menciona	que	“não	
deverá	em	caso	algum	ultrapassar	 seis	meses”.	Ademais,	a	Convenção	132	da	OIT	determinou	sua	
aplicação	a	todo	trabalhador,	ressalvando	apenas	os	marítimos.	
Cabimento:	As	férias	proporcionais	não	são	devidas	quando	o	empregado	for	demitido	por	
justa	causa	(Súmula	n°	171	do	TST)	e	devidas	pela	metade	em	caso	de	culpa	recíproca	(Súmula	n°	14	
do	TST).	Nos	demais	casos	de	extinção	do	contrato	de	trabalho,	qualquer	que	seja	a	causa,	as	férias	
proporcionais	são	devidas,	salvo	quando	o	empregado	pedir	demissão	e	contar	com	menos	de	1	ano	
de	casa.	Em	sentido	contrário,	a	Súmula	n°	 261	do	TST.	
	
7.1.	Pedido	de	Demissão,	Justa	Causa	e	Convenção	da	OIT	
	
Art.	146.	Na	cessação	do	contrato	de	trabalho,	qualquer	que	seja	a	sua	causa,	será	devida	ao	
empregado	 a	 remuneração	 simples	 ou	 em	 dobro,	 conforme	 o	 caso,	 correspondente	 ao	
período	de	férias	cujo	direito	tenha	adquirido.	
Parágrafo	único.	Na	cessação	do	contrato	de	trabalho,	após	12	(doze)	meses	de	serviço,	o	
empregado,	desde	que	não	haja	sido	demitido	por	justa	causa,	terá	direito	à	remuneração	
relativa	ao	período	 incompleto	de	 férias,	de	acordo	com	o	art.	130,	na	proporção	de	1/12	
(um	doze	avos)	por	mês	de	serviço	ou	fração	superior	a	14	(quatorze)	dias.	(grifos	nossos)	
Art.	147.	O	empregado	que	for	despedido	sem	justa	causa,	ou	cujo	contrato	de	trabalho	se	
extinguir	 em	prazo	predeterminado,	antes	de	completar	12	 (doze)	meses	de	serviço,	 terá	
direito	 à	 remuneração	 relativa	 ao	 período	 incompleto	 de	 férias,	 de	 conformidade	 com	 o	
disposto	no	artigo	anterior	(grifos	nossos).	
	
A	redação	contida	nos	arts.	146,	parágrafo	único,	e	147	da	CLT	é	de	clareza	solar	quando	
determina	 que	 as	 férias	 proporcionais	 não	 são	 devidas	 para	 os	 empregados	 demitidos	 por	 justa	
causa	(Súmula	n°	171	do	TST).	
Também	 enseja	 a	 interpretação	 no	 sentido	 de	 que	 o	 empregado	 que	 pede	 demissão	 e	
conte	com	menos	de	1	ano	de	serviço,	art.	147	da	CLT,	não	tem	direito	às	férias	proporcionais.	Aliás,	
neste	sentido	era	a	redação	da	Súmula	n°	261	do	TST.	
Esta	 interpretação	 estava	 pacificada	 na	 jurisprudência	 até	 a	 publicação	 do	 Decreto	
promulgatório	n°	3.197/99	(Convenção	n°	132	da	OIT),	que	em	seu	art.	11	assim	se	refere:	
Toda	pessoa	empregada	que	tenha	completado	o	período	mínimo	de	serviço	que	pode	ser	
exigido	 de	 acordo	 com	 o	 §	 1	 do	 art.	 5°	 da	 Presente	 Convenção	 deverá	 ter	 direito,	 em	 caso	 de	
cessação	da	relação	de	emprego,	ou	a	um	período	de	férias	remuneradas	proporcional	à	duração	do	
período	de	serviço	pelo	qual	ela	não	gozou	ainda	tais	férias,	ou	a	uma	indenização	compensatória,	ou	
a	um	crédito	de	férias	equivalente.	
Como	 a	 Convenção	 132	 da	 OIT	 não	 excepcionou	 os	 empregados	 que	 rompem	 seus	
contratos	por	sua	iniciativa	(pedido	de	demissão)	o	TST	resolveu	alterar	a	redação	da	Súmula
n°	261	
para	estender	a	estes	o	direito	às	férias	proporcionais,	contrariando	a	redação	da	CLT.	
Logo,	segundo	a	nova	redação	da	súmula	mencionada,	para	aqueles	que	espontaneamente	
pedem	 demissão	 antes	 ou	 após	 12	meses	 de	 vigência	 do	 ajuste,	 também	 está	 garantido	 tanto	 o	
direito	às	férias	proporcionais	quanto	às	vencidas	(quando	devidas).	
	
FÉRIAS	PROPORCIONAIS.	CONVENÇÃO	132	DA	OIT.	A	Convenção	132	da	OIT	faz	referência	à	
ruptura	contratual	por	ato	potestativo	do	obreiro,	qual	seja,	pedido	de	demissão.	Antes	da	
referida	Convenção,	a	CLT	distinguia	duas	situações	fato-jurídicas	para	se	ter	ou	não	direito	
às	férias	proporcionais.	Havia	que	se	perscrutar	sobre	a	duração	do	contrato,	se	superior	ou	
inferior	 a	 12	meses.	 Atualmente,	 entende-se	 cabíveis	 as	 férias	 proporcionais	 com	 1/3	 em	
qualquer	situação	de	pedido	de	demissão,	independentemente	do	prazo	do	contrato.	Em	se	
tratando	de	 ruptura	 contratual	 por	 justa	 causa	obreira,	 continua	não	 tendo	o	 trabalhador	
direito	às	férias	proporcionais	com	1/3,	em	conformidade	com	o	art.	 146,	parágrafo	único,	
da	CLT.	TRT/MG	–	PROC:	00262.2004.073.03.00.0	–	Rel.	Designado:	Juíza	Wilmeia	da	Costa	
Benevides.	DJ/MG	28/10/2004.	
	
Não	concordamos	com	a	 tese,	pois	adotamos	a	 teoria	de	que	a	 lei	brasileira	 (CLT)	é	mais	
favorável	 ao	 trabalhador	 sob	 o	 ponto	 de	 vista	 da	 teoria	 do	 conglobamento.	 Logo,	 prevalece	 o	
comando	do	art.	147	da	CLT	no	sentido	de	que	empregado	que	pede	demissão	com	menos	de	um	
ano	de	emprego	não	tem	direito	às	férias	proporcionais.	
Explica-se:	A	 Constituição	 da	OIT,	 em	 seu	 art.	 19,	 §	 8°,	 estabelece	 que	 havendo	 conflito	
entre	a	legislação	interna	de	um	país	e	uma	convenção	internacional,	deve	ser	adotada	a	regra	mais	
favorável	 ao	 trabalhador,	 isto	 é,	 que	 a	 convenção	 ratificada	não	 alteraria	 as	 condições	 locais	mais	
favoráveis	ao	trabalhador.		
Para	Arnaldo	Süssekind	trata-se	do	Princípio	da	Condição	Nacional	mais	Favorável.	Para	a	
análise	da	norma	mais	 favorável,	necessária	é	a	prévia	escolha	de	uma	das	 teorias	de	comparação	
entre	os	ordenamentos:	atomista,	conglobamento	ou	intermediária.	
De	 acordo	 com	 a	 posição	 majoritária,	 com	 a	 qual	 compartilhamos,	 a	 teoria	 do	
conglobamento	 é	 a	 que	 melhor	 soluciona	 a	 questão,	 pois	 não	 fraciona	 o	 instituto,	 nem	 onera	
demasiadamente	o	empregador	 em	detrimento	do	 intenso	benefício	 ao	 trabalhador.	 Com	 isso,	 ao	
analisar	 a	 legislação	 trabalhista	 brasileira	 e	 a	 Convenção	 132	 da	 OIT,	 percebe-se	 que,	 no	 seu	
conjunto,	a	primeira	é	a	mais	benéfica	ao	trabalhador.	
A	Convenção	132	da	OIT	tem	pontos	menos	favoráveis	ao	trabalhador,	se	comparados	com	
os	direitos	previstos	no	Capítulo	de	férias	da	CLT,	aqui	arrolados:	
	
a)	férias	proporcionais	adquiridas	com	pelo	menos	seis	meses	de	serviço	(lei	brasileira	exige	
apenas	15	dias	para	cada	1/12	de	férias	proporcionais);	
b)	férias	de	pelo	menos	três	semanas	(lei	brasileira,	30	dias	consecutivos);	
c)	determina	que	o	empregado	que	entra	em	gozo	de	férias	deve	receber,	pelo	menos,	a	sua	
remuneração	média	–	art.	7°,	§	1°,	da	Convenção	132	da	OIT	(a	lei	brasileira	determina	que	o	
pagamento	das	férias	deve	ser	equivalente	ao	da	época	da	concessão,	incluídas	as	parcelas	
habitualmente	 pagas	 no	 período	 aquisitivo,	 tudo	 acrescido	 de	 1/3	 –	 logo,	 o	 terço	
constitucional	é	benefício	a	mais);	
d)	 possibilita	 que	 acordo	 entre	 patrão	 e	 trabalhador	 possa	 estipular	 outra	 época	 de	
pagamento	para	as	 férias,	que	não	seja	de	 forma	antecipada	–	art.	7°,	§	2°,	da	Convenção	
132	da	OIT	 (a	CLT	determina	que	as	 férias	devem	ser	pagas	com,	no	máximo,	dois	dias	de	
antecedência	e	não	autoriza	qualquer	exceção);	
e)	 autoriza	 que	 o	 acordo	 entre	 empregado	 e	 empregador	 possa	 fracionar	 as	 férias	 em	
quantas	partes	 foram,	sem	respeitar	o	 limite	mínimo	de	descanso	para	um	dos	períodos	–	
art.	8°,	§	2°,	da	Convenção	132	da	OIT	(a	lei	brasileira	não	aceita	acordo	entre	as	partes	para	
fracionamento	das	férias	fora	das	hipóteses	previstas	em	lei);	
f)	autoriza	que	parte	das	férias,	quando	fracionadas,	seja	gozada	nos	18	meses	contados	da	
aquisição	–	art.	9°,	§	1°,	da	Convenção	132	da	OIT	 (a	 lei	brasileira	 limita	o	gozo	de	 férias,	
fracionadas	ou	não,	aos	12	meses	subsequentes	à	aquisição);	
g)	permite	que	qualquer	parte	do	período	de	férias	que	ultrapassar	o	mínimo	estabelecido	
na	Convenção	(três	semanas)	poderá	ser	postergada	com	o	consentimento	do	empregado,	
por	um	período	além	dos	18	meses	acima	mencionados	–	art.	9°,	§	2°,	da	Convenção	n°	132	
da	OIT	(a	lei	brasileira	determina	que	o	gozo	das	férias,	em	sua	totalidade	–	30	dias,	ocorra	
dentro	do	período	concessivo,	pena	de	pagamento	em	dobro);	
h)	considera	nulo	o	acordo	ou	a	renúncia	ao	período	mínimo	de	férias	previsto	no	art.	 3°,	§	
3°,	da	Convenção	da	OIT	(isto	é,	de	três	semanas)	ou	a	conversão	do	gozo	destas	em	pecúnia	
–	 art.	 12	 da	 Convenção	 132	da	OIT,	 deixando	 entender	 que	para	 a	 parte	 excedente	 (uma	
semana	 ou	 sete	 dias)	 pode	 haver	 renúncia	 ao	 direito	 ou	 pagamento	 substitutivo	 (a	 CLT	
considera	nulo	qualquer	 ato	de	disposição	do	direito	 às	 férias	 ou	 ao	 seu	 gozo	de	30	dias.	
Autoriza,	entretanto,	na	 forma	da	Convenção,	que	1/3	das	 férias	possa	 ser	 convertido	em	
pecúnia	–	abono	pecuniário).	
	
Nesta	esteira	de	raciocínio,	percebe-se	que	o	ponto	nevrálgico	da	CLT	(menos	favorável),	se	
comparado	com	os	comandos	da	Convenção	132	da	OIT,	está	na	perda	do	direito	às	férias	quando	o	
empregado	permanecer	por	mais	de	seis	meses	em	auxílio	doença	(art.	133,	IV,	da	CLT),	já	que	o	art.	
5°,	§	4°,	da	Convenção	determina	que	as	 faltas	ao	trabalho	decorrentes	de	doença	não	podem	ser	
computadas	como	parte	das	férias	anuais	mínimas.	
Ainda	 assim,	 nesta	 visão	 de	 conjunto,	 a	 legislação	 brasileira	 a	 respeito	 das	 férias	 é	mais	
favorável	ao	empregado	que	a	Convenção	n°	132	da	OIT.	
Ademais,	 a	 se	 pensar	 que	 todo	 empregado	 tem	 sempre	 direito	 às	 férias	 proporcionais,	
também	aquele	que	é	demitido	por	justa	causa	teria	direito.	Todavia,	nossa	jurisprudência,	de	forma	
paradoxal,	não	concede	férias	proporcionais	ao	despedido	por	 justa	causa,	contrariando	o	disposto	
no	art.	11	da	Convenção	n°	132	da	OIT.	
	
O	mesmo	 se	 diga	 quando	 a	 terminação	 ocorre	 por	 culpa	 recíproca.	O	 TST	 entendeu	 que	
nestes	 casos	 as	 férias	 proporcionais	 são	 devidas	 pela	metade,	 sem	 que	 qualquer	 lei	 ampare	 este	
entendimento.	Esta	posição	também	conflita	com	a	Convenção	n°	132	da	OIT.	
	
8.	FALTAS	NO	PERÍODO	AQUISITIVO	
As	 faltas	 injustificadas	 ocorridas	 no	 período	 aquisitivo	 reduzem	 quantitativamente	 o	
período	 do	 descanso,	 sendo	 vedada	 a	 permuta	 de	 dias	 de	 falta	 pelos	 correspondentes	 dias	 de	
repouso,	 isto	 é,	 de	 um	 dia	 de	 falta	 para	 um	 dia	 de	 diminuição	 do	 descanso	 –	 um	 por	 um.	 A	
proporcionalidade	relacionada	no	art.	130	da	CLT	tem	que	ser	respeitada.	
Se	 o	 empregado	 tiver	mais	 de	 32	 faltas	 injustificadas	 no	 período	 aquisitivo,	mesmo	 que	
descontínuas,	 perderá	 o	 direito	 ao	 gozo	 das	 férias	 (art.	 130,	 IV,	 da	 CLT),	 pois	 a	 lei	 entendeu	 que	
nestes	casos	o	empregado	já	obteve	o	descanso	suficiente.	Esta	ilação	decorre	do	fato	de	o	legislador	
não	ter	sido	expresso	acerca	do	número	de	dias	de	férias	que	tem	direito	a	usufruir	aquele	que	faltar	
injustificadamente	mais	de	32	dias	do	período	aquisitivo.	
No	que	concerne	à	proporcionalidade	estabelecida	no	art.	130-A,	parágrafo	único,	da	CLT,	o	
legislador	estabeleceu	que	o	empregado	contratado	sob	o	regime	de	tempo	parcial	que	tiver	mais	de	
sete	 faltas	 injustificadas	 ao	 longo	 do	 período	 aquisitivo	 terá	 seu	 período	 de	 férias	 reduzido	 pela	
metade.	
Cumpre	esclarecer	que	o	legislador	não	colocou	um	limite	de	faltas	no	parágrafo	único	do	
art.
130-A	da	CLT.	Teria	sido	um	lapso	ou	proposital?	Isto	parece	extremamente	injusto.	
Se,	 por	 exemplo,	 o	 empregado	 faltou	 oito	 dias	 ou	 200	 dias	 no	 período	 aquisitivo,	 nada	
modificaria?	 Assim	 mesmo	 em	 ambos	 os	 casos	 teria	 direito	 às	 férias	 em	 período	 deduzido	 pela	
metade?	 Entendemos	 que	 o	 trabalhador	 que	 teve	 excessivas	 faltas	 injustas	 está	mais	 descansado	
que	aquele	que	teve	menos	faltas.	
Há	 a	 necessidade	 da	 fixação	 de	 um	 limite	 de	 faltas	 injustificadas	 para	 que	 o	 empregado	
tenha	direito	 a	 usufruir	 férias.	 Propomos	 a	 aplicação	 analógica	 do	 art.	 130,	 IV,	 da	CLT.	 Este	 artigo	
garantiu	12	dias	de	férias	para	o	empregado	que	tiver	tido	até	32	faltas	no	período	aquisitivo,	isto	é,	
duas	 a	mais	 que	 o	 número	máximo	 contido	 no	 inciso	 I	 (30	 dias).	 Também	 exsurge	 deste	 artigo	 a	
interpretação	de	que	mais	de	32	faltas	não	garante	ao	empregado	qualquer	descanso,	perdendo	o	
direito	às	férias.	
Da	mesma	forma	pode	ser	interpretado	o	art.	130-A	da	CLT.	Se	o	empregado	tiver	até	duas	
faltas	a	mais	que	o	número	máximo	de	dias	de	férias,	terá	direito	à	metade	das	férias	na	forma	do	
art.	 130-A,	 parágrafo	 único,	 da	 CLT.	 Se	 tiver	mais	 de	 duas	 faltas	 além	 do	 limite	 acima,	 perderá	 o	
direito	às	férias.	
Ex.	1:	Empregado	com	duração	semanal	do	trabalho	de	25	horas	possui	direito	a	18	dias	de	
férias	(art.	130-A,	I,	da	CLT).	Se	este	trabalhador	contar	faltas	entre	7	e	20	dias,	terá	direito	à	metade	
do	seu	período	de	férias.	Se	tiver	mais	de	20	faltas,	perderá	o	direito	às	férias.	
Ex.	2:	O	empregado	que	trabalhar	21	horas	semanais,	cujo	direito	a	férias	é	de	14	dias,	se	
tiver	até	18	dias	(16	+	2)	de	faltas	injustificadas	gozará	de	nove	dias	de	férias,	se	contar	com	mais	de	
18	dias	de	faltas,	perderá	o	direito	às	férias.	
Cumpre	ressaltar	que	nos	casos	previstos	no	art.	473	da	CLT,	o	empregado	pode	faltar	sem	
prejuízo	ao	salário.	Já	o	art.	131	da	CLT	apresenta	as	situações	que	não	são	consideradas	faltas.	
O	art.	133/CLT	transcreve	os	casos	em	que	o	empregado	perde	o	direito	às	férias.	São	eles:	
Art.	133.	Não	terá	direito	a	férias	o	empregado	que,	no	curso	do	período	aquisitivo:	
I	–	deixar	o	emprego	e	não	for	readmitido	dentro	de	60	(sessenta)	dias	subsequentes	à	sua	
saída;	
II	–	permanecer	em	gozo	de	licença,	com	percepção	de	salário,	por	mais	de	30	(trinta)	dias;	
III	–	deixar	de	trabalhar,	com	percepção	do	salário,	por	mais	de	30	(trinta)	dias,	em	virtude	
de	paralisação	parcial	ou	total	dos	serviços	da	empresa;	e	
IV	–	tiver	percebido	da	Previdência	Social	prestações	de	acidente	de	trabalho	ou	de	auxílio-
doença	por	mais	de	6	(seis)	meses,	embora	descontínuos.	
	
Art.	133	da	CLT	–	período	aquisitivo	incompleto	
O	inciso	I	do	art.	133	da	CLT	autorizou	a	soma	dos	períodos	aquisitivos	incompletos	de	dois	
contratos	 (com	 o	 mesmo	 empregado),	 desde	 que	 o	 trabalhador	 volte	 a	 trabalhar	 para	 a	 mesma	
empresa	dentro	de	60	dias,	contados	de	sua	saída.	Essa	é	uma	das	raras	passagens	da	CLT	em	que	
um	contrato	de	trabalho	contamina	o	outro.	Apesar	de	serem	entre	as	mesmas	partes,	são	contratos	
distintos.	 Todavia,	 o	 dispositivo	 em	 estudo,	 na	 prática,	 é	 pouco	 utilizado,	 pois	 o	 patrão,	 quando	
demite	 seu	 empregado,	 paga	 as	 férias	 proporcionais	 (quando	 devidas)	 na	 rescisão	 e,	 caso	 resolva	
mais	tarde	readmitir	o	empregado,	novo	período	de	férias	iniciará,	uma	vez	que	o	período	anterior	
foi	quitado	na	rescisão.	
Na	 prática,	 a	 tendência	 é	 aplicar	 a	 regra	 de	 forma	 analógica	 aos	 casos	 de	 dois	 contratos	
com	 o	mesmo	 empregador	 com	 curto	 espaço	 entre	 o	 fim	 de	 um	 e	 o	 início	 do	 outro,	 evitando	 a	
fraude	aos	direitos	 trabalhistas	do	 trabalhador,	para	dar	 a	unicidade	 contratual	dos	dois	períodos.	
Isto	é,	o	dispositivo	tem	sido	usado	para	outro	fim	que	não	as	férias.	Em	outras	palavras,	quando	o	
empregado	 for	 despedido	 e,	 logo	 depois	 (até	 60	 dias)	 for	 readmitido	 na	 mesma	 empresa,	 o	
intérprete	 pode	 adotar	 a	 tese	 de	 um	 só	 contrato	 (com	 período	 de	 suspensão	 contratual	 igual	 ao	
interregno	sem	trabalho),	por	aplicação	analógica	do	dispositivo	em	estudo.	
O	inciso	IV	do	art.	133	da	CLT	contraria	o	art.	6°,	§	2°,	do	Decreto	n°	 3.197/99	(Convenção	
n°	132	da	OIT),	que	dispõe	que	os	períodos	de	incapacidade	para	o	trabalho	resultante	de	doença	ou	
de	acidentes	não	poderão	ser	computados	como	parte	do	período	mínimo	de	férias	anuais.	Ora,	se	
este	 comando	 prevalecer	 sobre	 a	 CLT,	 além	 de	 revogado	 o	 inciso	mencionado,	 também	 estariam	
excluídos	dos	dias	de	gozo	de	férias	os	dias	que	o	trabalhador	comprovasse	doença	ou	incapacidade	
para	o	trabalho.	
Entendemos	que	a	CLT	cumpre	o	determinado	pelo	art.	6°,	§	2°,	do	Decreto	n°	 3.197/99,	
pois	não	considera	como	falta	ao	serviço	as	hipóteses	previstas	nos	incisos	 II	e	III	do	art.	131	da	CLT.	
Ademais,	 as	 normas	 acerca	 de	 férias,	 em	 seu	 conjunto,	 são	mais	 favoráveis	 aos	 empregados	 que	
aquelas	contidas	na	Convenção	n°	132	da	OIT.	Logo,	prevalece	a	redação	do	inciso	IV	do	art.	133/CLT.	
	
9.	CONCESSÃO	
9.1.	Período	de	Concessão	
As	 férias	 serão	 concedidas	 por	 ato	 do	 empregador,	 no	 mês	 de	 sua	 escolha,
25
	 num	 só	
período	como	regra	geral,	nos	12	meses	subsequentes	ao	período	aquisitivo,	na	forma	do	art.	134	da	
CLT.	 Será	 participada	 por	 escrito,	 com	 antecedência	 de,	 no	mínimo,	 30	 dias	 (art.	 135	 da	 CLT)	 e	 o	
pagamento	feito	até	dois	dias	antes	do	início	do	gozo	(145	da	CLT).	As	microempresas	estão	excluídas	
da	regra	prevista	no	art.	135	da	CLT,	na	forma	do	art.	 51,	II	da	Lei	Complementar	n°	123/2006.	
Para	os	membros	de	uma	mesma	família,	que	trabalhem	para	o	mesmo	empregador,	o	art.	
136,	§	1°	da	CLT	garante	o	direito	a	gozar	férias	no	mesmo	período,	se	assim	desejarem	e	disto	não	
resultar	prejuízo	ao	trabalho.	
O	 empregado	 estudante	menor	 de	 18	 anos	 também	 tem	 o	 direito	 a	 fazer	 coincidir	 suas	
férias	com	as	férias	escolares.	
Portanto,	 estas	 são	 duas	 hipóteses	 de	 limitação	 ao	 direito	 de	 escolha	 do	 empregador	
quanto	à	ocasião	de	gozo	das	férias	de	seus	empregados.	
Se	 o	 empregador	 não	 outorgar	 férias	 no	 período	 da	 concessão	 o	 empregado	 poderá,	 na	
forma	do	art.	137,	§	1°,	da	CLT,	ajuizar	reclamação	trabalhista	postulando	a	fixação	judicial	da	época	
do	gozo	das	 férias.	Trata-se	de	condenação	do	empregador	em	obrigação	de	 fazer	personalíssima,	
ensejando	a	fixação	de	pena	pecuniária	correspondente	a	5%	do	salário	mínimo	da	região	–	art.	137,	
§	2°,	da	CLT.	
Entrementes,	 este	 comando	 é	 inócuo,	muito	 pouco	 ou	 quase	 nunca	 aplicável	 na	 prática,	
pois	o	enorme	tempo	de	demora	de	um	processo	judicial	e	a	possibilidade	de	recurso	não	permitem	
ao	juiz	a	indicação	da	data	para	fixação	do	gozo	das	férias,	pois	não	sabe	se	haverá	recurso	ou	não.	
9.2.	Forma	de	Pagamento	
A	remuneração	das	férias	será	aquela	da	época	da	concessão	ou	da	extinção	do	contrato,	
quando	indenizadas	(art.	142	da	CLT	c/c	Súmula	n°	7	do	TST).	A	regra	geral	acima	é	aplicada	para	os	
que	percebem	salário	fixo	mensal.	Assim,	o	valor	das	férias	será	o	correspondente	ao	salário	do	mês	
do	gozo,	acrescido	de	1/3	a	título	de	abono	constitucional.	Para	os	demais	casos,	a	base	é	o	período	
aquisitivo	para	cálculo	das	férias,	salvo	os	comissionistas,	abaixo	estudado.	
Para	os	que	recebem	por	hora	trabalhada,	com	jornadas	variáveis,	apurar‑se-á	a	média	das	
horas	 trabalhadas	do	período	aquisitivo	aplicando-se	o	valor	do	 salário-hora	na	data	da	concessão	
das	férias	(art.	142,	§	1°,	da	CLT).	Quando	o	salário	for	pago	por	peça	ou	por	tarefa,	tomar-se-á	por	
base	a	média	da	produção	do	período	aquisitivo,	aplicando-se	o	valor	da	tarefa	na	data	da	concessão	
(art.	 142,	§	2°,	da	CLT).	
Para	 os	 que	 percebem	 salário	 variável,	 isto	 é,	 em	 percentagem	 ou	 comissão,	 a	 média
duodecimal	 terá	 como	 base	 os	 12	 meses	 anteriores	 à	 concessão	 e	 não	 os	 12	 meses	 do	 período	
aquisitivo	 –	 §	 3°	 do	 art.	 142	 da	 CLT.	 Todavia,	 a	 média	 duodecimal	 deverá	 ser	 feita	 de	 forma	
atualizada,	isto	é,	apurando-se	os	valores	já	corrigidos	monetariamente.	Aliás,	o	§	6°	do	art.	142	da	
CLT,	ao	se	referir	a	“adicional”	em	valor	variável,	determinou	o	cálculo	pela	média	atualizada.	Logo,	o	
mesmo	 raciocínio	 deve	 ser	 feito	 em	 relação	 aos	 comissionistas	 –	 no	mesmo	 sentido	 a	Orientação	
Jurisprudencial	n°	181	da	SDI-I	do	TST.	
Será	 computada	 na	 base	 de	 cálculo	 a	 média	 duodecimal	 das	 parcelas	 variáveis	
habitualmente	percebidas	pelo	empregado	no	período	aquisitivo,	na	forma	do	art.	142,	§	 5°,	da	CLT,	
que	se	somará	ao	fixo	da	época	da	concessão.	Da	mesma	forma,	os	sobressalários	e	gorjetas	pagas	
com	habitualidade	devem	ser	 incluídos,	pela	sua	média	duodecimal	 (período	aquisitivo),	no	cálculo	
das	férias	–	art.	457	da	CLT.	
Valentin	Carrion	defende	que	parcelas	não	habituais	 também	podem	ser	 incluídas	para	o	
cálculo	de	férias.	Sustenta	que	o	§	6°	do	art.	142	da	CLT	não	exigiu	o	requisito	da	habitualidade	para	
a	 integração.	Todavia,	a	 jurisprudência	é	pacífica	em	sentido	contrário	–	Súmulas	n°
s
	24,	172,	226,	
253,	264	etc.	do	TST.	As	utilidades	de	natureza	salarial	também	devem	integrar	o	cálculo	de	férias,	na	
forma	do	art.	458	da	CLT.	
Todavia,	 deve-se	 ter	 o	 cuidado	 de	 verificar,	 no	 caso	 concreto,	 se	 durante	 as	 férias	 o	
empregado	 continuou	 usufruindo	 do	 benefício,	 para	 que	 se	 evite	 o	 bis	 in	 idem.	 Assim,	 se	 o	
trabalhador	desfrutou	da	casa	(habitação)	durante	seu	período	de	férias,	isto	significa	que	a	utilidade	
in	 natura	 já	 foi	 integrada	 ao	 salário	 para	 cálculo	 das	 férias,	 restando	 apenas	 o	 cálculo	 do	 terço	
constitucional	sobre	esta	parcela	in	natura.	
9.3.	Terço	Constitucional	
A	Carta	premia	com	um	terço	a	mais	a	 remuneração	das	 férias	 (art.	7°,	XVII,	da	CRFB).	O	
terço	incide	tanto	sobre	as	férias	vencidas,	quanto	sobre	as	proporcionais,	independentemente	de	se	
gozadas,	indenizadas,	se	devidas	em	dobro	ou	de	forma	simples	(Súmula	n°	328	do	TST),	ressalvada	a	
opinião	de	Valentin	Carrion	abaixo	comentada.	
O	terço	constitucional	 foi	 incluído	pela	Carta	de	1988.	Com	isso,	somente	após	a	vigência	
desta,	o	empregador	é	obrigado	a	pagar	o	acréscimo,	mesmo	para	as	férias	já	adquiridas	e	ainda	não	
gozadas.	Logo,	se	as	 férias	 foram	adquiridas	antes	da	Constituição,	e	o	empregado	não	as	usufruiu	
antes	 da	 Carta,	 ou	 a	 rescisão	 ocorreu	 após,	 o	 trabalhador	 terá	 o	 direito	 ao	 terço	 constitucional	
previsto	no	art.	7°,	XVII.	Nesse	sentido	a	Súmula	n°	 328	do	TST.	
Dúvida	de	 relevo	surge	quando	o	empregador	desrespeita	uma	ou	mais	 regras	da	CLT	ao	
dar	 férias.	 Como,	 por	 exemplo,	 quando	 concede	 férias	 sem	 pagá-las	 de	 forma	 antecipada	 (paga	
apenas	no	vencimento	dos	salários),	ou	sem	o	acréscimo	pecuniário	de	1/3	constitucional,	ou,	ainda,	
sem	comunicá-las	no	prazo	legal	(até	30	dias	antes	do	gozo).	
Há	jurisprudência	no	sentido	de	que	tais	requisitos	são	essenciais	para	a	validade	do	ato	de	
concessão	das	férias,	sob	o	argumento	de	que	o	trabalhador	que	não	foi	avisado	com	a	antecedência	
necessária	não	pode	planejar	suas	 férias,	 logo,	não	as	usufruiu	da	 forma	devida;	ou	de	que	se	não	
recebeu	o	pagamento	antecipado	não	pode	desfrutá-las	da	maneira	mais	adequada,	pois	estava	sem	
dinheiro;	ou	se	o	empregado	não	recebeu	o	acréscimo	de	1/3	não	pode	gozá-las	da	melhor	forma,	
pois	não	teve	a	necessária	quantia	pecuniária	para	a	diversão.	Assim	entendeu	a	OJ	n°	386	da	SDI-I	
do	TST.	Discordamos	do	entendimento	acima.	
A	 própria	 CLT	 considera	 em	 seu	 art.	 133,	 II	 e	 III,	 que	 o	 empregado	 que	 permaneceu	 por	
mais	de	30	dias	(logo,	31	dias	já	bastam)	sem	trabalhar,	recebendo	salário,	perde	o	direito	às	férias,	
mesmo	que	a	paralisação	não	tenha	sido	por	ele	causada.	Em	outro	dispositivo,	a	CLT	não	concede	
férias	ao	empregado	que	tenha	tido	mais	de	32	faltas	no	período	aquisitivo	(art.	130,	IV,	da	CLT).	Em	
ambos	 os	 casos,	 o	 legislador	 considerou	 que	 o	 empregado	 que	 já	 descansou,	 não	 tem	 direito	 às	
férias,	mesmo	não	tendo	sido	comunicado	com	antecedência	ou	recebido	o	pagamento	antecipado	
ou	o	acréscimo	pecuniário.	
Por	todo	o	exposto,	conclui-se	que	os	requisitos	acima	mencionados	não	são	essenciais.	O	
desrespeito	a	estes	acarreta	em	infração	administrativa,	mas	não	torna	nulo	o	benefício	concedido	
(férias).	 Não	 se	 pode	 comparar	 o	 empregado	 que	 não	 usufruiu	 férias	 e,	 por	 isso,	 tem	 direito	 à	
remuneração	dobrada,	com	aquele	que	as	usufruiu	(descansou),	embora	de	forma	irregular.	
Podemos	usar	analogicamente	a	jurisprudência	abaixo:	
	
TERÇO	 CONSTITUCIONAL.	 FÉRIAS	 NÃO	 GOZADAS	 FORMALMENTE	 EM	 RAZÃO	 DA	
CONCESSÃO	 DE	 LICENÇA	 REMUNERADA	 POR	 MAIS	 DE	 TRINTA	 DIAS.	 O	 adicional	
correspondente	a	um	terço	do	salário	constitui	um	direito	do	trabalhador	que	se	encontra	
em	 gozo	 de	 férias,	 assegurado	 pela	 Carta	 Magna	 (art.	 7°,	 XVII),	 com	 o	 objetivo	 de	
proporcionar	ao	trabalhador	a	possibilidade	de	efetivamente	gozar	de	suas	férias.	Levando-
se	 em	 consideração	 que	 o	 empregado,	 em	 razão	 da	 paralisação	 da	 empresa,	 deixou	 de	
trabalhar	por	mais	de	30	dias,	com	percepção	de	salário,	ou	seja,	embora	formalmente	não	
estivesse	 gozando	 da	 garantia	 constitucionalmente	 assegurada,	 usufruiu	 do	 respectivo	
descanso,	tem-se	que	faz	jus	a	receber	o	aludido	terço,	como	se	estivesse	formalmente	em	
gozo	 de	 férias.	 Conclui-se,	 portanto,	 que,	 nesta	 hipótese,	 a	 ausência	 de	 fruição	 das	 férias	
remuneradas	 não	 afasta	 o	 direito	 do	 empregado	 de	 receber	 o	 terço	 constitucional.	
Embargos	 não	 conhecidos.	 TST	 –	 E-RR-360.606/1997	 –	 Rel.	 Ministro	 Rider	 de	 Brito.	 DJU	
15/10/2001.	
	
Todavia,	 a	 OJ	 n°	 386	 da	 SDI-I	 se	 posicionou	 de	 forma	 diversa:	 FÉRIAS.	 GOZO	 NA	 ÉPOCA	
PRÓPRIA.	PAGAMENTO	FORA	DO	PRAZO.	DOBRA	DEVIDA.	ARTS.	137	E	145	DA	CLT.	
É	devido	o	pagamento	em	dobro	da	remuneração	de	férias,	incluído	o	terço	constitucional,	
com	 base	 no	 art.	 137	 da	 CLT,	 quando,	 ainda	 que	 gozadas	 na	 época	 própria,	 o	 empregador	 tenha	
descumprido	o	prazo	previsto	no	art.	145	do	mesmo	diploma	legal.	
9.3.1.	Terço	Constitucional	sobre	o	Abono	
Há	 controvérsia	 acerca	 da	 incidência	 do	 terço	 sobre	 o	 abono	 de	 que	 trata	 o	 art.	 143	 da	
CLT.	 A	 discussão	 perpassa	 pela	 natureza	 jurídica	 do	 abono	 pecuniário	 do	 art.	 143	 da	 CLT	 e	 pelo	
comando	constitucional	que	determina	que	a	remuneração	das	férias	deverá	ser	acrescida	de	1/3.	Se	
indenizatório,	 não	 terá	 a	 incidência	 do	 terço	 constitucional,	 salvo	 se	 o	 comando	 constitucional	 o	
determinou.	 Se	 de	 natureza	 salarial,	 deverá	 ter	 o	 acréscimo.	O	 art.	 7°,	 XVII,	 da	 CRFB	 diz:	 gozo	 de	
férias	anuais	remuneradas,	com,	pelo	menos,	um	terço	a	mais	do	que	o	salário	normal.	
Se	o	abono	pecuniário	corresponde	aos	dias	de	férias	não	usufruídos,	porque	o	empregado	
os	 converteu	 em	 dinheiro	 (vulgarmente	 se	 diz	 que	 o	 empregador	 “comprou”	 parte	 das	 férias	 do	
empregado),	e	se	estas	férias	são	acrescidas	de	1/3	se	gozadas,	logo,	o	terço	tem	que	incidir	sobre	o	
abono,	 pois	 corresponde	 à	 indenização	 do	 exato	 valor	 que	 o	 empregado	 receberia	 se	 as	 tivesse	
usufruído.	 Aliás,	 a	 lei	 é	 neste	 sentido	 “no	 valor	 da	 remuneração	 que	 lhe	 seria	 devida	 nos	 dias	
correspondentes”.	Estes	dias	“correspondentes”	são	os	dias	de	férias	(acrescidas	de	1/3)	convertidos	
em	abono	(“vendidos”).	
Por	este	motivo,	o	legislador	determinou	que	o	abono	fosse	pago	junto	com	as	férias,	isto	
é,	 de	 forma	 antecipada,	 para	 melhor	 desfrute	 destas.	 Da	 mesma	 forma	 Arnaldo	 Süssekind	 e,	
aparentemente	em	sentido	contrário,	Valentin
Carrion.	
	
FÉRIAS.	ABONO	PECUNIÁRIO.	TERÇO	CONSTITUCIONAL.	O	abono	pecuniário	das	férias	deve	
ser	pago	acrescido	do	terço	constitucional.	TRT/	MG	–	PROC:	00723.2004.022.03.00.1	–	Rel.	
Designado:	Juiz	Tarcísio	Alberto	Giboski.	DJ/MG	22/01/2005.	
	
Todavia	o	ministro	Lelio	Bentes	Corrêa,	 relator	dos	embargos	na	SDI-1,	explicou	que,	nos	
termos	da	Súmula	328	do	TST,	o	terço	de	férias	deve	ser	calculado	sobre	os	30	dias.	"O	empregado	
não	tem	direito	ao	pagamento	do	terço	constitucional	sobre	o	abono	de	que	trata	o	artigo	143	da	
CLT	quando	as	férias	de	30	dias	já	foram	pagas	com	acréscimo	de	um	terço",	destacou.	
Não	 incide	 FGTS	 nem	 INSS	 sobre	 o	 abono	 do	 art.	 143	 da	 CLT,	 na	 forma	 do	 Decreto	 n°	
3.048/99,	art.	214,	§	9°,	IV,	V,	i	c/c	Lei	n°	8.212/91,	art.	28,	§	9°,	e,	item	6;	c/c,	art.	 15,	§	6°,	da	Lei	n°	
8.036/90	e	OJ	n°	195	da	SDI-I	do	TST.	
9.4.	Concessão	Fora	do	Prazo	
Se	 o	 empregador	 conceder	 as	 férias	 fora	 do	 prazo	 previsto	 no	 art.	 134	 da	 CLT,	 a	
remuneração	será	devida	em	dobro,	como	informa	o	art.	137	da	CLT.	A	dobra	se	refere	à	forma	de	
pagamento	 e	 não	 ao	 período	 de	 descanso.	 Não	 pode	 o	 empregado	 dispor	 deste	 direito	 porque	
irrenunciável,	por	se	tratar	de	norma	de	ordem	pública.		
O	 valor	 da	 remuneração	 será	 aquele	 da	 época	 da	 concessão	 ou	 da	 data	 da	 extinção	 do	
contrato.	Se	fração	das	férias	for	concedida,	parte	dentro	do	período	concessivo	e	parte	fora,	serão	
pagos	em	dobro	apenas	os	dias	gozados	após	o	período	e	de	forma	simples	os	concedidos	dentro	do	
prazo	(Súmula	n°	81	do	TST).	
Em	resumo,	o	empregador	não	pode	deixar	para	o	último	dia	do	período	concessivo	para	
dar	férias	a	seu	empregado,	pois,	necessariamente,	um	dia	recairá	dentro	do	prazo,	mas	os	demais	
29	dias	de	férias	irão	invadir	o	mês	subsequente,	que	já	estará	fora	do	período	concessivo.		
O	patrão	que	quiser	protelar	as	férias	de	seu	empregado	deverá	deixar	para	o	último	mês	e	
não	último	dia	do	período	concessivo.	Valentin	Carrion,	em	posição	minoritária,	defende	a	 tese	de	
que	a	dobra	é	uma	punição	e	como	tal	não	se	constitui	em	salário	e,	por	isso,	sobre	ela	não	incidiria	o	
terço	constitucional.	
Entendemos	que	apesar	da	dobra	 ter	natureza	 indenizatória,	por	ser	um	tipo	de	punição,	
sobre	ela	deve	 incidir	o	 terço	 constitucional,	pois	o	 valor	desta	 indenização,	por	 força	de	 lei,	deve	
corresponder	ao	dobro	do	valor	que	seria	devido	ao	empregado	se	concedida	à	época.		
Em	 face	 de	 sua	 natureza	 indenizatória	 não	 incide	 FGTS	 e	 INSS	 na	 forma	 do	 Decreto	 n°	
3.048/99	 art.	 214,	 §	 9°,	 IV	 c/c	 art.	 28,	 §	 9°,	 alínea	 d	 da	 Lei	 n°	 8.212/91	 e	 art.	 15,	 §	 6°	 da	 Lei	 n°	
8.036/90.	Assim	também	a	jurisprudência	maciça.	
	
FÉRIAS.	 DOBRA.	 TERÇO	 CONSTITUCIONAL.	 1.	 Se	 o	 terço	 constitucional	 das	 férias	 do	
empregado	 incide	 sobre	 a	 remuneração	 e	 esta	 é	 devida	 em	 dobro,	 porque	 gozadas	 a	
destempo	(art.	137	da	CLT),	patente	que	o	terço	constitucional	recai	sobre	a	remuneração	
dobrada.	 Nessa	 linha	 a	 Súmula	 n°	 328	 do	 TST,	 ao	 sufragar	 o	 entendimento	 de	 que	 o	
pagamento	das	férias	integrais	ou	proporcionais,	gozadas	ou	não,	sujeita-se	ao	acréscimo	do	
terço	 previsto	 no	 art.	 7°,	 XVII,	 da	 Constituição	 Federal.	 2.	 Recurso	 de	 revista	 de	 que	 se	
conhece	 e	 a	 que	 se	 dá	 provimento.	 TST	 –	 RR:	 72/2002	 –	 Rel.	 Designado:	 Ministro	 João	
Oreste	Dalazen.	DJU	11/11/2005.	
	
Como	já	afirmado	alhures,	as	férias	indenizadas	não	têm	natureza	salarial,	de	acordo	com	
o	exposto	na	Orientação	Jurisprudencial	n°	195	da	SDI-I	do	TST.	
	
10.	ÉPOCA	DAS	FÉRIAS	–	PERÍODOS	–	REGRA	ESPECIAL	
Conforme	 art.	 136	 da	 CLT	 a	 época	 de	 gozo	 das	 férias	 será	 a	 que	 melhor	 convier	 ao	
empregador,	 já	 que	 é	 este	 quem	 corre	 todos	 os	 riscos	 do	 empreendimento	 porque	 dirige	 e	
administra	a	empresa.		
Em	sentido	contrário	o	art.	10	da	Convenção	n°	132	da	OIT	 (Decreto	n°	3.197/99),	o	qual	
preconiza	que	o	empregado	pode	 indicar	a	época	do	 seu	período	de	 férias.	Porém,	 se	não	houver	
prejuízo	 ao	 trabalho	 e	 se	 assim	 desejarem,	 é	 possível	 os	membros	 de	 uma	 família	 que	 trabalhem	
para	o	mesmo	empregador	usufruírem	suas	férias	no	mesmo	período,	conforme	o	art.	136,	§	1°/CLT.	
Da	mesma	 forma,	 tem	 o	 trabalhador	menor	 de	 18	 anos	 o	 direito	 de	 fazer	 coincidir	 suas	
férias	com	o	período	de	férias	escolares	(art.	136,	§	2°,	da	CLT)	além	de	não	poderem	ser	fracionadas	
(§	2°,	art.	134	da	CLT).	Em	tais	situações	o	legislador	se	preocupou	mais	com	o	menor	e	com	a	família	
que	com	os	interesses	do	empreendimento.	
	
	
	
11.	FRACIONAMENTO	DAS	FÉRIAS	
A	CLT	 permite,	 em	 casos	 excepcionais,	 o	 fracionamento	 das	 férias	 em	dois	 períodos,	 um	
dos	 quais	 não	 poderá	 ser	 inferior	 a	 10	 dias	 corridos	 –	 art.	 134,	 §	 1°,	 da	 CLT.	 Excepcionam-se	 os	
menores	de	18	anos	e	maiores	de	50	anos	de	idade,
32
	cujas	férias	serão	sempre	concedidas	de	uma	
só	vez	–	art.	134,	§	2°,	da	CLT.	
Süssekind
33
	 e	Alice	Monteiro	 defendem	que	parte	 do	 §	 1°	 do	 art.	 134/CLT,	 foi	 revogada,	
porque	autoriza	que	um	dos	períodos	de	fracionamento	seja	de	10	dias	consecutivos,	o	que	contraria	
o	disposto	no	art.	8°,	§	2°,	da	Convenção	n°	132/OIT,	que	determina	que	nenhum	dos	períodos	poderá	
ser	inferior	a	duas	semanas.	Entretanto,	no	que	se	refere	à	possibilidade	do	gozo	da	segunda	fração	
das	 férias	 recaírem	 nos	 18	 meses	 subsequentes	 ao	 período	 aquisitivo,	 Süssekind	 informa	 que	
prevalece	a	CLT,	por	ser	mais	favorável.	Já	Alice	Monteiro	aplica	o	comando	contido	na	Convenção	n°	
132	da	OIT	(art.	8,	II).	
Pelo	que	parece,	o	doutrinador	defende	a	 teoria	atomista	para	o	critério	da	aplicação	da	
norma	mais	favorável.	Não	concordamos	com	a	posição	acima.	A	CLT	é	mais	favorável	ao	trabalhador	
em	 seu	 conjunto,	 não	 se	 aplicando	 a	 Convenção	 n°	 132	 da	 OIT.	 Ademais,	 se	 assim	 se	 pensar,	 o	
fracionamento	 das	 férias	 do	 empregado	 que	 converte	 parte	 em	 abono	 pecuniário	 ficará	
extremamente	prejudicado,	pois,	se	as	férias	correspondem	a	30	dias	e	o	abono	a	1/3	deste	período,	
o	empregado	que	“vende”	10	dias	goza	de	20,	cujo	fracionamento	só	poderá	ser	de	um	período	de	
14	e	outro	de	seis	dias.	Esta	divisão	(seis	dias)	é	prejudicial	ao	trabalhador.	
	
12.	PROIBIÇÃO	DE	TRABALHO	A	OUTRO	EMPREGADOR	
Reza	o	art.	138	da	CLT	que	durante	as	 férias	o	empregado	não	poderá	prestar	 serviços	a	
outro	 empregador,	 salvo	 se	 estiver	 obrigado	 a	 fazê-lo	 em	 virtude	 de	 contrato	 de	 trabalho	
preexistente.	Portanto,	a	vedação	de	trabalho	durante	as	férias	se	limita	àqueles	empregados	que	só	
possuem	um	emprego	e	que,	durante	as	férias,	procuram	outro	trabalho	ou	“bico”.		
Para	os	que	mantêm	dois	contratos	de	trabalhos	simultâneos	com	empregadores	distintos	
e	não	conseguem	fazer	coincidir	os	dois	períodos	de	férias	numa	mesma	época,	não	há	óbice	algum	
em	usufruir	das	férias	em	períodos	distintos,	sendo	permitido,	nestes	casos,	que	desfrute	das	férias	
em	um	dos	empregos	e	noutro	continue	prestando	serviços,	pois	o	trabalhador	estava	vinculado	por	
outro	contrato	de	trabalho.	
Quando	possui	apenas	um	emprego,	tem	o	obreiro	o	dever	de	gozar	suas	férias	sem	prestar	
qualquer	tipo	de	serviços	a	outro	tomador,	pois	a	finalidade	deste	benefício	é	exatamente	o	de	repor	
as	energias	para	revigorar	a	saúde	mental	e	física	do	trabalhador	(fator	fisiológico).		
Nas	palavras	de	Süssekind,	a	este	dever	de	usufruir	as	 férias	 corresponde	a	obrigação	de	
não	 trabalhar,	 seja	 para	 o	 próprio	 empregador	 seja	 para	 outra	 empresa.	 Assim,	 não	 pode	 o	
empregado	 “vender”	 todas	 as	 suas	 férias	 para	 trabalhar	 para	 o	 empregador,	 mesmo	 que	 em	
atividade	distinta,	pois	tal	ato	desnatura	a	finalidade	das	férias	e	se	caracteriza	em	transação	ilegal	
feita	 em	 fraude	 à	 lei.	 Ressalte-se
que	 as	 férias	 configuram	 direito	 irrenunciável	 ante	 a	 natureza	
publicista	do	instituto.	
Por	 outro	 lado,	 se	 o	 trabalhador	 descumprir	 a	 obrigação	 de	 gozar	 as	 férias	 e,	 sem	 o	
consentimento	e	conhecimento	do	empregador,	prestar	serviços	a	outro	tomador	neste	período,	o	
patrão,	quando	e	se	descobrir,	poderá	punir	o	trabalhador	pela	prática	de	ato	faltoso.	
	
13.	COMUNICAÇÃO	DAS	FÉRIAS	
A	 concessão	 das	 férias	 será	 comunicada	 por	 escrito	 ao	 trabalhador	 com	 antecedência	
mínima	de	30	dias,	na	forma	do	art.	135,	caput,	da	CLT.	
Esta	 regra	 visou	 garantir	 ao	 trabalhador	o	direito	de	planejar	 suas	 férias,	 evitando	que	o	
tomador	dos	serviços	comunique	ao	empregado	no	dia	anterior,	pegando-o	desprevenido.	
A	concessão	das	 férias	deverá	ser	anotada	na	 ficha	de	registro	e	na	CTPS	do	trabalhador.	
Para	 tanto,	o	empregado	deverá	 fornecer	 sua	Carteira	de	Trabalho	antes	do	período	de	gozo,	 sob	
pena	 de	 não	 usufruí-las	 enquanto	 não	 entregar	 o	 documento	 ao	 empregador	 para	 a	 respectiva	
anotação	(art.	135	da	CLT).	
Apesar	de	a	lei	mencionar	que	o	empregado	não	poderá	entrar	em	gozo	de	férias	sem	que	
apresente	ao	empregador	 sua	CTPS	 (art.	135,	§	1°,	da	CLT),	este	 requisito	é	da	prova	do	ato	 (para	
provar	 o	 período	 de	 concessão,	 que	 é	 anotado	 na	 CTPS)	 e	 não	 de	 sua	 substância,	 pois	 se	 o	
empregado	 usufruir	 férias	 sem	 que	 tenha	 traditado	 sua	 CTPS	 ao	 patrão,	 o	 ato	 é	 válido	 e	 o	
trabalhador	não	poderá	arguir	sua	torpeza	em	seu	próprio	benefício.	Portanto,	o	comando	contido	
no	§	1°	do	art.	135	da	CLT	é	mera	recomendação.	
Entendemos	que	no	caso	de	comunicação	do	período	concessivo	de	férias	em	prazo	inferior	
a	 30	 dias,	 há	 apenas	 uma	 infração	 administrativa	 por	 parte	 do	 empregador,	 como	 acima	
fundamentado.	De	qualquer	forma,	há	posição	mais	radical	que	defende	o	pagamento	em	dobro	da	
remuneração	relativa	às	férias	para	estes	casos.	
	
14.	FÉRIAS	COLETIVAS	
As	 férias	poderão	 ser	 concedidas	a	 todos	os	empregados	de	uma	mesma	empresa	ou	de	
determinados	estabelecimentos	ou	de	alguns	setores	da	empresa.	Poderão	ser	concedidas	de	uma	
só	vez,	ou	em	dois	períodos,	neste	 caso,	desde	que	nenhum	deles	 seja	 inferior	a	10	dias	 corridos.	
Inteligência	do	art.	139	da	CLT.	
	
CALÇADOS	AZALEIA	–	FÉRIAS	COLETIVAS	–	FRACIONAMENTO	–	PAGAMENTO	EM	DOBRO.	Os	
arts.	134	e	139	da	CLT	contemplam	preceito	de	ordem	pública	e	de	natureza	imperativa	que	
visa	 resguardar	 a	 saúde	 e	 a	 integridade	 físico-psíquica	 do	 empregado.	 Com	 efeito,	 a	
concessão	de	férias	em	período	inferior	a	dez	dias	frustra	a	finalidade	do	instituto,	causando	
evidentes	 efeitos	 negativos	 à	 saúde	 e	 ao	 convívio	 familiar	 e	 social	 do	 empregado.	 Nesse	
contexto,	 não	 há	 violação	 do	 art.	 137	 da	 CLT,	 uma	 vez	 que	 o	 Regional,	 em	 razoável	
interpretação,	 considerou	 que	 somente	 em	 hipóteses	 excepcionais	 se	 admite	 o	
fracionamento	 das	 férias	 e	 que	 a	 sua	 concessão	 por	 período	 inferior	 a	 10	 (dez)	 dias	
descaracteriza	 o	 instituto,	 sendo	devido	o	 pagamento	 em	dobro.	 TST	 –	 RR:	 94433/2003	 –	
Rel.	Designado:	Juiz	Convocado	José	Antônio	Pancotti.	DJU	02/09/2005.	
	
Duas	questões	surgem	em	virtude	do	disposto	no	art.	139	da	CLT:	
a)	Como	fica	a	situação	do	empregado	admitido	em	janeiro	cujas	férias	coletivas	de	30	dias	
da	empresa	são	concedidas	em	julho	do	mesmo	ano,	se	ele	ainda	não	adquiriu	o	direito	às	férias?	
Este	trabalhador	terá	o	direito	de	descansar	os	30	dias	concedidos	pelo	empregador,	pois	o	
estabelecimento	estará	fechado	neste	período.	
No	 caso	 do	 exemplo,	 o	 trabalhador	 receberá	 pelo	 período	 de	 15	 dias	 de	 férias	
proporcionais,	na	forma	do	art.	140	da	CLT,	o	correspondente	a	6/12	+	1/3	de	seu	salário,	que	será	
pago	de	forma	antecipada	(dois	dias	antes	do	gozo	–	art.	145	da	CLT),	reiniciando,	a	partir	daí,	novo	
período	aquisitivo,	por	quitada	a	proporcionalidade	devida.	
Por	 ter	 ficado	 à	 disposição	 os	 outros	 15	 dias,	 receberá	 o	 trabalhador	 o	 salário	 deste	
período,	que	poderá	ser	pago	até	o	quinto	dia	útil	do	mês	subsequente.	
b)	 Quando	 as	 férias	 coletivas	 da	 empresa	 são	 fracionadas,	 como	 fica	 a	 posição	 dos	
empregados	menores	de	18	anos	ou	maiores	de	50	anos	que,	segundo	o	art.	134,	§	2°,	da	CLT,	não	
podem	ter	suas	férias	fracionadas?	A	presente	situação	terá	uma	resposta	similar	ao	caso	acima,	isto	
é,	o	menor	e	o	idoso	usufruirão	suas	férias	em	um	só	período	de	30	dias	a	escolha	do	empregador.	
Imaginemos	 uma	 situação	 onde	 o	 empregador	 tenha	 concedido	 férias	 coletivas	 em	 dois	
períodos.	Um	de	20	dias	 em	 julho	e	outro	de	10	dias	 em	dezembro.	Quando	do	primeiro	período	
todos	os	trabalhadores	gozarão	suas	férias	e	retornarão,	após	20	dias,	ao	trabalho,	salvo	os	menores	
e	 idosos	 que	 permanecerão	 em	 férias	 até	 completarem	 30	 dias	 corridos.	 No	 segundo	 período	 os	
menores	e	 idosos	também	irão	descansar	porque	a	empresa	está	de	portas	 fechadas	e	a	atividade	
paralisada.	Mas	não	receberão	este	período	como	férias	(pagamento	antecipado	e	acrescido	de	um	
terço),	mas	sim	como	salário	(pago	até	o	quinto	dia	útil	do	mês	subsequente),	em	face	do	disposto	
no	art.	4°	da	CLT	(tempo	à	disposição)	sem	desconto	posterior.	
	
15.	ABONO	DE	FÉRIAS	
É	 facultado	 ao	 empregado	 converter	 1/3	 do	 período	 de	 férias	 a	 que	 tiver	 direito	 em	
dinheiro,	desde	que	seja	requerido	até	15	dias	antes	do	término	do	período	aquisitivo,	na	forma	do	
art.	143	da	CLT.	Assim,	se	o	trabalhador	tiver	direito	a	30	dias	de	férias,	poderá	usufruir	20	dias	de	
repouso	e	“vender”	10	dias.	Receberá	o	dinheiro	correspondente	por	estes	dez	dias	“vendidos”	de	
forma	antecipada,	 junto	com	as	 férias,	além	do	salário	pelos	dias	efetivamente	 trabalhados	nestes	
mesmos	10	dias,	este	pago	quando	do	pagamento	do	salário	normal	 (até	o	quinto	dia	útil	do	mês	
subsequente).	
Havendo	requerimento	tempestivo	do	empregado	para	conversão	de	1/3	de	suas	férias	em	
abono	 pecuniário,	 não	 poderá	 o	 empregador	 se	 recusar	 a	 “comprá‑las”,	 pois	 se	 trata	 de	 direito	
potestativo,	cujo	exercício	depende	apenas	da	vontade	do	declarante.	Apesar	de	se	tratar	de	direito	
potestativo	do	empregado,	esta	regra	não	se	aplica	aos	trabalhadores	que	gozam	de	férias	coletivas,	
quando	 só	 estará	 o	 empregador	 obrigado	 ao	 pagamento	 do	 abono	 se	 a	 conversão	 for	 objeto	 de	
cláusula	de	acordo	coletivo,	na	forma	do	art.	143,	§	2°,	da	CLT.	
Os	empregados	 sob	o	 regime	 de	 tempo	 parcial	 não	podem	converter	1/3	do	período	de	
férias	em	abono	pecuniário,	conforme	o	art.	143,	§	3°,	da	CLT.	
O	abono	pecuniário	não	tem	natureza	salarial,	como	dispõe	o	art.	144	da	CLT	e,	por	isto,	há	
controvérsias	se	sobre	ele	incide	ou	não	o	terço	constitucional.		
Para	 a	 jurisprudência	majoritária	 incide	 o	 terço	 constitucional	 sobre	 o	 abono	 pecuniário.	
Remetemos	o	leitor	ao	item	referente	ao	“terço	constitucional”.	
	
FÉRIAS.	ABONO	PECUNIÁRIO	E	DIAS	LABORADOS.	Optando	o	empregado	em	converter	1/3	
das	 férias	em	abono	pecuniário,	este	 faz	 jus	a	 receber	30	dias	de	 férias	acrescidas	de	1/3,	
embora	 tenha	 gozado	 de	 apenas	 20	 dias,	 acrescidos	 dos	 dez	 dias	 laborados	 de	 forma	
simples,	 não	 encontrando	 eco	 no	 art.	 143/CLT	 a	 pretensão	 de	 que	 referidos	 dias	 sejam	
pagos	também	acrescidos	do	terço	constitucional.	TRT/MG	–	PROC:	00540.2003.108.03.00.7	
–	Rel.	Designado:	Juiz	João	Bosco	Pinto	Lara.	DJ/MG	21/10/2003.	
	
Apesar	das	férias	dos	menores	de	18	e	maiores	de	50	anos	não	poderem	ser	fracionadas,	
podem	ser	convertidas	em	abono	pecuniário.	
16.	EFEITOS	DA	CESSAÇÃO	DO	CONTRATO	DE	TRABALHO	
Havendo	 despedida	 imotivada,	 despedida	 indireta,	 pedido	 de	 demissão	 de	 empregados	
com	 mais	 de	 1	 ano	 de	 emprego	 ou	 terminação	 normal	 do	 contrato,	 morte	 do	 trabalhador,	
aposentadoria
com	extinção	do	 contrato,	 fechamento	da	empresa,	o	 trabalhador	 terá	o	direito	de	
receber	todas	as	férias	vencidas,	simples	e	dobradas,	bem	como	as	proporcionais,	todas	acrescidas	
de	1/3,	que	serão	pagas	quando	da	quitação	dos	direitos	resilitórios	(Súmula	n°	328	do	TST).		
Assim,	as	 férias	vencidas	são	sempre	devidas,	 independentemente	do	motivo	da	extinção	
do	 contrato	 (art.	 146	 da	 CLT),	 excepcionando-se,	 obviamente,	 os	 casos	 de	 nulidades	 contratuais	
(objeto	ilícito,	trabalho	proibido	etc.).	
Os	 empregados	 demitidos	 por	 justa	 causa	 têm	 o	 direito	 às	 férias	 vencidas,	 simples	 e	
dobradas,	mas	perdem	o	direito	às	férias	proporcionais	(art.	146,	parágrafo	único,	e	art.	 147	da	CLT).	
Os	 trabalhadores,	 cujo	 término	 do	 contrato	 de	 trabalho	 ocorreu	 por	 culpa	 recíproca	
(Súmula	 n°	 14	 do	 TST),	 têm	 direito	 às	 férias	 proporcionais	 pela	 metade,	 enquanto	 aqueles	 que	
pedem	 demissão	 com	 menos	 de	 1	 ano	 de	 serviço,	 segundo	 a	 lei,	 não	 têm	 direito	 às	 férias	
proporcionais.	Todavia,	a	Súmula	n°	261	do	TST	está	em	sentido	contrário.	
O	art.	15,	§	6°,	da	Lei	n°	8.036/90	c/c	art.	214,	§	9°,	IV,	do	Decreto	n°	3.048/99	considera	as	
férias	 indenizadas,	 a	 dobra	 e	 o	 abono	pecuniário	 (conversão	do	 art.	 143	da	CLT)	 como	parcela	 de	
natureza	indenizatória,	não	incidindo	a	Previdência	Social	e	o	FGTS.	No	mesmo	sentido	a	Orientação	
Jurisprudencial	n°	195	da	SDI-I	do	TST.	
Todavia,	 para	 fins	do	 art.	 449	da	CLT,	 as	 referidas	parcelas	devem	 ser	 equiparadas	 às	de	
natureza	salarial,	para	proteger	o	crédito	trabalhista	do	empregado	,	na	forma	do	art.	148	da	CLT.	
Quando	 concedidas,	 as	 férias	 se	 caracterizam	 em	 interrupção	 do	 contrato	 de	 trabalho,	
computando	para	todos	os	fins	no	tempo	de	serviço	do	empregado	(art.	130,	§	 2°,	da	CLT).	Porém,	
quando	 indenizadas	no	término	do	contrato	não	têm	natureza	salarial,	nem	são	computadas	como	
tempo	de	serviço.	
	
17.	PRESCRIÇÃO	
O	prazo	prescricional	das	férias	(cinco	anos	durante	a	vigência)	conta-se	a	partir	do	último	
mês	para	a	concessão	de	cada	período	e	não	de	cada	mês	que	completou	o	período	aquisitivo,	já	que	
o	prazo	flui	a	partir	da	lesão	e	não	do	direito	em	si	–	art.	149	da	CLT.	
	
CASSAR,	Vólia	Bomfim.	Direito	do	Trabalho,	9ª	edição.	Método,	02/2014.	VitalBook	file.

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