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Noções Introdutórias de Processo Civil

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- DIREITO PROCESSUAL CIVIL I - 
 
1 - Noções introdutórias 
 
Como todos sabem, o homem é um animal político, tendente a viver em sociedade, nos 
primórdios, vigorava a lei do mais forte. O direito era exercido pela força. Com o passar do 
tempo, foi necessária a normatização das relações intersubjetivas para pacificar o convívio 
interpessoal. O ordenamento jurídico foi sendo aperfeiçoado até chegarmos ao Estado 
Democrático de Direito, dos dias atuais. 
 
 Assim, a tarefa da ordem jurídica é, pois, a de harmonizar as relações sociais 
intersubjetivas, a fim de ensejar a realização do máximo de satisfação na usufruição dos 
bens da vida com o mínimo de sacrifício e desgaste aos usufrutuários desses bens-
interesses. E o critério que deve nortear essa coordenação ou harmonização na busca 
incessante do bem-comum é o do "justo e o eqüitativo", vigente em determinado tempo e 
lugar. 
 
Conceito: “Direito é um conjunto de regras obrigatórias que disciplinam o convívio 
social humano” 
 
Interesse: surge na relação entre o homem e os bens, ora maior, ora menor, onde consiste 
esse interesse na posição favorável à satisfação de uma necessidade. Sujeito do interesse é 
o homem, o bem é seu objeto. 
Pretensão: intenção de submissão do interesse alheio ao interesse próprio. 
Segundo Carnelutti, se num conflito de interesses um dos interessados manifesta uma 
pretensão e o outro oferece resistência, o conflito se degenera, tornando-se uma lide. Assim 
é que, segundo a clássica concepção de Carnelutti, jurisdição seria uma função de 
composição de lides. 
Conflito de Interesses: ocorre quando um interessado manifesta uma pretensão e o outro 
oferece resistência. Ha um choque de forças. e o conflito se degenera, tornando-se uma lide 
 
Lide, na concepção mais clássica (Carnelutti), corresponde a um conflito de interesses 
qualificado por uma pretensão resistida. Trata-se do núcleo essencial de um processo 
judicial civil, o qual visa, em última instância resolver a Lide (conflito) apresentada perante o 
juízo. 
 
Direito Objetivo (norma agendi): é o conjunto de normas que o Estado mantém em vigor. É 
aquele proclamado como ordenamento jurídico e, portanto, fora do sujeito de direitos. Essas 
normas vêm através de sua fonte formal: a lei. O direito objetivo constitui uma entidade 
objetiva frente aos sujeitos de direitos, que se regem segundo ele. 
 
Direito Subjetivo: (facultas agendi): é a possibilidade que a norma dá de um indivíduo 
exercer determinado conduta descrita na lei. É a lei, que aplicada ao caso concreto autoriza 
a conduta de uma parte 
 
Processo: é um meio ou instrumento da composição da lide, ou seja, “é o complexo de atos 
coordenados, tendentes à atuação da vontade da lei às lides ocorrentes, por meio dos 
órgãos jurisdicionais”. 
 
Divisão do Direito Processual: Como é una a jurisdição, expressão do poder estatal 
também uno, também é uno o direito processual, como sistema de princípios e normas para 
o exercício da jurisdição. O direito processual como um todo descende dos grandes 
princípios e garantias constitucionais pertinentes e a grande bifurcação entre processo civil e 
processo penal corresponde apenas a exigências pragmáticas relacionadas com o tipo de 
normas jurídico-substanciais a atuar. 
 
Processo e Constituição: Todo o direito processual, como ramo do direito público, tem 
suas linhas fundamentais traçadas pelo Direito Constitucional. Nota-se, inicialmente, que a 
própria Constituição brasileira se incumbe de configurar o direito processual não mais como 
mero conjunto de regras acessórias de aplicação de direito material, mas, cientificamente, 
como instrumento público de realização da justiça. 
 
Conceito (Moacyr Amaral dos Santos): O Direito Processual Civil consiste no sistema 
de princípios e leis que regulamentam o exercício da jurisdição quanto às lides de natureza 
civil, como tais entendidas todas as lides que não são de natureza penal e as que entram na 
órbita das jurisdições especiais. 
 
Divisões: O Direito Processual Civil divide-se em processo de conhecimento, processo 
de execução e processo cautelar. No primeiro o processo se instaura para que seja 
reconhecido um direito, no segundo, este direito já está reconhecido, seja pela existência de 
um processo anterior já julgado ou por um título extrajudicial, e o pedido é para que seja 
cumprido esse direito. No processo cautelar visa-se resguardar um direito para que no 
decorrer do processo principal este não perca a sua integridade. 
 
Objetivo do direito Processual - compor as lides para pacificar o convívio social. 
 
Origens - os particulares não deviam fazer justiça com as próprias mãos. Necessidade de 
normas para pacificar o convívio social. 
 
Caráter Publicista do Direito Processual Civil 
 O direito processual civil regula as atividades dos órgãos jurisdicionais, que são órgãos do 
Estado, com a finalidade de administrar a justiça, isto é, de atuar a lei, assegurando os 
interesses dos respectivos titulares, quando tutelados pelo direito. Resguardadora da ordem 
jurídica, e, portanto, da paz social, a função jurisdicional, do mesmo modo que a função 
legislativa e administrativa, se disciplinam por normas de direito público. 
 
Autonomia do Direito Processual Civil 
 O direito processual civil regula as atividades a serem desenvolvidas pelos órgãos 
jurisdicionais e mais sujeitos do processo, a fim de que aqueles façam atuar o direito 
substancial ao caso concreto. Nesse sentido se diz que o direito processual civil é 
instrumento da jurisdição civil e que os princípios e normas que o constituem são de 
natureza instrumental. 
 
Relações do Direito Processual Civil com: 
D. Constitucional - Diretrizes jurídico-políticas da sua estrutura e da sua função. Na 
Constituição Federal se esboçam os princípios fundamentais do processo. 
 
D. administrativo - No que concerne à organização dos serviços da justiça, como serviços 
públicos regulamentados, sob muitos aspectos, segundo princípios e normas abrangentes 
dos demais serviços do Estado. 
 
D. processual penal - Mesmo ramo do Direito - Direito Processual - que regulamenta o 
exercício da função jurisdicional do Estado. Princípios comuns a ambos os ramos. 
 
D. Penal - O ilícito processual compreende variados fenômenos, alguns dos quais assumem 
figura típica de ilícito penal e, como tal, são sujeitos à sanção penal. (ex.: falso testemunho, 
falsa perícia, coação no curso do processo, fraude processual. 
 
D. Privado - O direito processual civil abrange normas indispensáveis de seus institutos, que 
mais se justificariam como normas substanciais preferencialmente compreendidas entre as 
de direito privado. E o direito civil se compõe pelo processo civil. 
 
 
Princípios do Direito Processual Civil: Os princípios orientam a formação dos 
sistemas que compõem o Direito Processual Civil. São os seguintes PRINCÍPIOS 
CONSTITUCIONAIS PROCESSUAIS: 
 
O art. 5º da Constituição Federal, não só declara a igualdade de todos perante a lei, como 
também garante essa igualdade através de outros princípios no próprio artigo. Pode-se 
mencionar: 
Princípio do devido processo legal CF, art. 5º, LIV - ninguém será privado da liberdade ou 
de seus bens sem o devido processo legal; 
Princípio da motivação das decisões (CF, art. 93, IX) - todos os julgamentos dos órgãos 
do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de 
nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a 
seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à 
intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; 
 
Princípio da publicidade dos atos processuais (CF, art. 5º, LX) - a lei só poderá restringir 
a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o 
exigirem;Princípio da isonomia - As partes e seus advogados devem ter igual tratamento pelo juiz. 
Esse princípio encontra seus traços fundamentais no art. 5.° da CF. As partes e os 
procuradores devem merecer tratamento igualitário, para que tenham as mesmas 
oportunidades de fazer valer em juízo as suas razões. 
Principio da ampla defesa e contraditório - (CF, art. 5º LV) - aos litigantes, em processo 
judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla 
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 
Princípio da proibição da prova ilícita (CF, art. 5º, LVI); - são inadmissíveis, no processo, 
as provas obtidas por meios ilícitos; 
Principio da celeridade e efetividade processual. CF, art. 5º, LXXVIII a todos, no âmbito 
judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que 
garantam a celeridade de sua tramitação." 
Principio do Juiz natural - (CF art. 5º - XXXVII) - não haverá juízo ou tribunal de exceção; 
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; 
Princípio da inafastabilidade da jurisdição - (CF art. 5º XXXV) - a lei não excluirá da 
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; 
 
Outros princípios processuais: 
 
Princípio da Imparcialidade do Juiz: Para que o processo seja justo e válido, é preciso 
que o juiz atue de forma imparcial, ou seja, não exibir-se de forma tendenciosa para 
qualquer das partes. O juiz coloca-se entre as partes e acima delas: esta é a primeira 
condição para que possa exercer a sua função dentro do processo. A imparcialidade do juiz 
é pressuposto para que a relação processual se instaure validamente. 
 
Princípio da Disponibilidade e da Indisponibilidade: Chama-se poder dispositivo a 
liberdade que as pessoas têm de exercer ou não seus direitos. Em direito processual tal 
poder é configurado pela possibilidade de apresentar ou não sua pretensão em juízo, bem 
como de apresentá-la da maneira que melhor lhes aprouver e renunciar a ela ou a certas 
situações processuais. Trata-se do princípio da disponibilidade processual. 
 
Esse poder dispositivo é quase absoluto no processo civil, mercê da natureza do direito 
material que se visa atuar. Sofre limitações quando o próprio direito material é de natureza 
indisponível, por prevalecer o interesse público sobre o privado. Pela razão inversa, 
prevalece no processo criminal o princípio da indisponibilidade. O crime é uma lesão 
irreparável ao interesse coletivo e a pena é realmente reclamada, para a restauração da 
ordem jurídica violada. 
 
Princípio Dispositivo e Princípio da Livre Investigação das Provas: Verdade Formal e 
Verdade Real: O princípio dispositivo consiste na regra de que o juiz depende, na instrução 
da causa, da iniciativa das partes quanto às provas e às alegações em que se fundamentará 
a decisão. 
Mesmo quando, no processo civil, se confiava exclusivamente no interesse das partes para 
o descobrimento da verdade, tal critério não poderia ser seguido nos casos em que o 
interesse público limitasse ou excluísse a autonomia privada. Isso porque, enquanto no 
processo civil em princípio o juiz pode satisfazer-se com a verdade formal, no processo 
penal o juiz deve atender à averiguação e ao descobrimento da verdade real como 
fundamento da sentença. 
 
Princípio da Economia e Instrumentalidade das Formas: 
Se o processo é um instrumento, não pode exigir um dispêndio exagerado com relação aos 
bens que estão em disputa. E mesmo quando não se trata de bens materiais deve haver 
uma necessária proporção entre fins e meios, para equilíbrio do binômio custo-benefício. 
 
Princípio do Duplo Grau de Jurisdição: 
Esse princípio indica a possibilidade de revisão, por via de recurso, das causas já julgadas 
pelo juiz de primeiro grau (ou primeira instância), que corresponde à denominada jurisdição 
inferior. Garante, assim, um novo julgamento, por parte dos órgãos da “jurisdição superior”, 
ou de segundo grau (também denominada de segunda instância). O princípio do duplo grau 
de jurisdição funda-se na possibilidade de a decisão de primeiro grau ser injusta ou errada, 
daí decorrendo a necessidade de permitir sua reforma em grau de recurso. 
 
 
Princípios internos do processo civil 
Princípio da Ação e Disponibilidade - a jurisdição é inerte, vedado o seu exercício de 
ofício, devendo ser sempre provocada pelas partes, seja no processo civil, seja no penal. No 
processo civil, destinado a composição de interesses particulares (disponíveis e bens 
privados), o ajuizamento e prosseguimento da ação devem passar pelo crivo discricionário 
do autor. Já o mesmo não acontece no processo penal. Este princípio possibilita a 
autocomposição das partes, a aplicação dos efeitos da revelia e a admissão da confissão 
como elemento de convencimento do juiz. 
 
Princípio da Verdade Real - diferentemente do processo penal, no civil não se exige do juiz 
a busca da verdade real. A regra é que cabe ao autor fazer prova dos fatos constitutivos do 
seu direito, e ao réu cabe fazer prova dos fatos dos fatos extintivos, modificativos ou 
impeditivos do direito do autor. 
 
Princípio da Lealdade Processual - este princípio obriga as partes a proceder com 
lealdade, probidade e dignidade durante o processo. Não se trata de uma recomendação 
meramente ética, sem eficácia coercitiva, pois a lei considerou seriamente tal premissa. 
Assim, o não atendimento a tal princípio pode acarretar em infrações punidas com censura, 
suspensão, exclusão e até multa. 
 
Princípio da Oralidade - este princípio reconhece a importância da manifestação oral dos 
participantes do processo, bem como da prova formulada oralmente, na formação da 
convicção do juiz. O princípio da oralidade sobrepõe a palavra falada à escrita, devendo esta 
ser empregada apenas quando indispensável, p. ex., a prova documental e o registro dos 
atos processuais. O procedimento oral possui como características a vinculação da pessoa 
física do juiz, a concentração dos atos em uma única audiência e a irrecorribilidade das 
decisões interlocutórias. Este princípio é observado somente no rito sumaríssimo do juizado 
especial cível. 
 
Princípio da Economia Processual - os atos processuais devem ser praticados sempre da 
forma menos onerosa possível às partes. Deste princípio decorre a regra do aproveitamento 
dos atos processuais, pela qual os já realizados, desde que não tenham ligação direta com 
eventual nulidade anterior, permanecem íntegros e válidos. 
 
 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PROCESSO CIVIL 
 
Loren Dutra Franco 
 
Origem 
 
Com o convívio crescente entre o povo se chegou à conclusão que qualquer conflito deveria 
ser submetido à uma autoridade pública, e não buscar justiça com as próprias mãos 
(autotutela), como inicialmente era feito. 
 
Inicialmente, as primeiras regras sobre a conduta humana se referiam à solução de conflitos 
civis e sanções penais. Mas a necessidade iminente de uma autoridade confiável e imparcial 
capaz de conduzir os conflitos e impor sanções tornou-se evidente, função esta confiada 
mais tarde ao Estado. 
 
O Estado, por sua vez já regulamentando a atividade da administração da justiça sente a 
necessidade também do surgimento de normas jurídicas processuais. A partir daí surgiram 
as primeiras instruções sobre o que, futuramente, viria a ser conhecido como direito 
processual. 
 
Grécia 
Sobre o processo na Grécia antiga pouco se tem a mencionar. Destacam-se os princípios 
utilizados nos meios de prova dos quais afastavam-se os preconceitos religiosos e as 
superstições comuns à época e buscavam meios de convicção lógicos. Informações estas 
apuradas na “Retórica” de Aristóteles. 
Outras características também eram evidentes como as provas testemunhais e 
documentais, o princípio da oralidade, o princípio dispositivo e à livre apreciação da 
prova pelo julgador. Constata-setambém através da história que o princípio do 
contraditório - princípio que impõe ao juiz a prévia audiência de ambas as partes antes de 
se proferir a decisão. A audiência bilateral tem origem na Antiguidade grega, mencionada 
por Eurípedes, Aristófanes e Sêneca, chegando ao direito comum como um princípio de 
direito natural inerente a qualquer processo judicial, consistente no princípio segundo o qual 
o juiz somente está apto a decidir o pedido do autor depois de notificá-lo ao réu e de dar a 
este a oportunidade de se manifestar. 
 
O processo civil romano 
A evolução do direito processual romano deu-se através de três fases a saber: 
 
1º - Período primitivo: É o período mais antigo, conforme preleciona Hespanha “753 a.C. 
Fundação de Roma. O direito baseava-se exclusivamente nas –acções- previstas e 
tipificadas na lei (nomeadamente, na Lei das XII Tábuas, legis actiones)” até o ano de 149 
a.C. Desenvolvia-se o procedimento oralmente, revela Theodoro Júnior, “compreendendo 
duas fases: uma, perante o magistrado, que concedia a ação da lei e fixava o objeto do 
litígio; e outra, perante cidadãos, escolhidos como árbitros, aos quais cabia a coleta das 
provas e a prolação da sentença. Não havia advogados e as partes postulavam 
pessoalmente.” 
 
2º - Período formulário: Nesta fase as relações jurídicas se tornaram mais complexas em 
virtude do avanço do Império Romano por grandes territórios. Esta fase é caracterizada pela 
presença de árbitros privados, porém a sentença era imposta pelo Estado às partes. O 
procedimento era ainda semelhante ao da fase anterior, com algumas modificações, quais 
sejam: havia a intervenção de advogados, e eram observados os princípios do livre 
convencimento do juiz e do contraditório das partes. Assim define Hespanha em relação ao 
princípio do livre convencimento do juiz “atribui ao pretor a possibilidade de redigir uma 
fórmula, espécie de programa de averiguação dos factos e de sua valorização”. 
 
3º - Período da “cognitio extraordinária”: Esta fase vigorou entre o ano 200 e o ano 565 
de nossa era. Apresenta como características principais: a função jurisdicional pelo 
Estado desaparecendo os árbitros privados, o procedimento assume forma escrita 
contendo o pedido do autor, a defesa do réu, a instrução, a sentença e sua execução, 
admitindo também o recurso. 
 
 
Direito Processual Civil Brasileiro 
 
Colonização Portuguesa. Ordenações: 
 
Ordenações Afonsinas tiveram como fonte a legislação feudal ou costumeira, o direito 
romano justinianeu inserido no “corpus juris” o direito canônico e as Decretais de Gregório 
IX, vigorando em nosso país até 1521. 
 
Ordenações Manuelinas vigoraram de 1521 até 1603. Atendiam mais ao interesse da 
realeza do que ao das outras instituições, fortalecendo o poder absoluto do Rei. 
 
Ordenações Filipinas foram promulgadas a partir de 1603, algumas modificações em 
matéria processual foram observadas, como por exemplo, as funções judiciárias se limitaram 
ao julgamento, com o juiz-presidente, das ações de injúria verbal, pequenos furtos, depois 
de previamente processadas pelo mesmo juiz com o tabelião do judicial. 
 
Regulamento 737 
Foram publicados os Regulamentos 737 e 738, para entrar em vigor, juntamente com o 
Código Comercial, ambos de 25 de novembro de 1850. O Regulamento 737 foi de grande 
importância até a edição do atual Código de Processo Civil. Seu objetivo era determinar a 
ordem do juízo no processo comercial. Foi notável especialmente em relação à economia e 
simplicidade do procedimento, porém, em virtude de prolongadas campanhas e críticas em 
1871, restabeleciam-se as orientações do antigo Código de Processo Criminal. 
 
Código de Processo Civil de 1939 
Com a competência da União para legislar sobre processo, ressalta Grinover (2004) “ditada 
constitucionalmente em 1934, tornou-se necessária a preparação de um novo Código de 
Processo Civil; tendo o governo organizado comissões de juristas encarregados daquela 
tarefa”. Foi então apresentado um trabalho por Pedro Batista Martins, advogado, que revisto 
pelo então Ministro da Justiça Francisco Campos, por Guilherme Estellita e por Abgar 
Renault, transformou-se no Código de Processo Civil de de 1939. Dentre suas principais 
características está a adoção do princípio da oralidade, tal como preconizava Chiovenda, 
com algumas concessões à tradição, especialmente no que diz respeito aos sistemas de 
recursos e à multiplicação de procedimentos especiais. 
 
Código de Processo Civil de 1973 - Lei 5.869/73 
Com severas críticas lançadas pela doutrina e o surgimento de várias leis extravagantes, 
tornou-se necessária a reformulação do Código de 1939. O governo Federal, por sua vez, 
incumbiu Alfredo Buzaid, professor da Faculdade de Direto de São Paulo, de elaborar o 
anteprojeto do Código de Processo Civil. O anteprojeto foi revisto por José Frederico 
Marques, Luís Machado Guimarães e Luís Antônio de Andrade e submetido ao Congresso 
Nacional sendo aprovado e promulgado pela Lei 5.869/73, surgindo assim o novo Código de 
Processo Civil atualmente em vigor. O Código de Processo Civil possui 1.220 artigos, 
divididos em cinco livros: I - do Processo Civil de conhecimento; II - do processo de 
execução; III - do processo cautelar; IV - dos procedimentos especiais; V - das 
disposições finais e transitórias. No primeiro livro, onde cuida do processo de 
conhecimento, o código disciplina a competência dos órgãos do Poder Judiciário, regula as 
figuras dos sujeitos do processo, dita regras sobre o procedimento ordinário e o sumário e o 
processo nos tribunais, além de disciplinar os atos processuais e suas nulidades, prova, 
sentença, coisa julgada e recursos. No segundo livro sobre processo de execução aborda os 
títulos executivos judiciais e extrajudiciais, disciplina a competência em matéria executiva, a 
responsabilidade e as sanções que merecem, além de várias espécies de execução com 
procedimentos diferenciados. O terceiro livro disciplina todo processo cautelar, com medidas 
cautelares típicas (nominadas) e medidas atípicas (inominadas). No quarto livro estão os 
procedimentos de jurisdição contenciosa e de jurisdição voluntária. Finalmente, no quinto e 
último estão as disposições finais e transitórias. Muitas alterações foram realizadas desde 
que se tornou vigente o código de 1973, buscando sempre à simplificação dos atos em geral 
e procedimentos para uma maior agilidade do serviço jurisdicional. Veremos a seguir 
algumas das mais importantes alterações já sofridas: I - Lei 7.347/85 (Ação Civil Pública); II - 
Lei 8.009/90 (Impenhorabilidade do imóvel residencial do executado – bem de família); III - 
Lei 8.078/90 (Código de defesa do Consumidor); IV - Lei 8.952/94 (disciplina a tutela 
antecipada e a tutela específica das obrigações de fazer e não fazer); V - Lei 9.079/95 
(Processo monitório); VI - Lei 9.099/95 (derroga a antiga Lei de Pequenas Causas e 
disciplina os Juizados Especiais); VII - Lei 9.245/95 (altera significativamente o procedimento 
sumário); VIII - Lei 9.307/96 (Lei da arbitragem); IX - Lei 9.868/99 (disciplinou o processo de 
ação direta de constitucionalidade ou de constitucionalidade); X - Lei 10.444/02 (alterações 
relativas à tutela antecipada, ao procedimento sumário, à execução forçada). 
 
 
Lei Processual Civil: “é toda aquela que disciplina a função jurisdicional desenvolvida pelos 
juízes e tribunais, quando convocados pelos titulares de interesses jurídicos na órbita civil 
latu sensu.” Humberto Theodoro Junior. 
 
Os processos no Direito Processual Civil 
Três são os tipos de processos previstos no Direito Processual Civil: o de conhecimento, o 
de execução e o cautelar. 
No processo de conhecimento, o autor pretende que o juiz, analisando o mérito da 
questão, declare o seu direito. 
No processo de execução, o autor pretende fazer cumprir um direito já determinadopor 
uma sentença anterior ou firmado em um titulo executivo extrajudicial; o juiz não faz, aqui, 
análise do mérito da questão, pois esta já foi resolvida no processo de conhecimento. 
No processo cautelar, o autor quer que o juiz determine a realização de medidas urgentes 
que se não forem tomadas poderão causar um prejuízo irreparável à execução do processo 
principal. 
 
Norma material e norma instrumental 
 Objeto imediato: distinguem-se, geralmente, as normas jurídicas em normas 
materiais e normas instrumentais. Aquelas, normas materiais, são as contidas, em regra, 
no Direito material que disciplinam as relações entre as pessoas e os direitos e as 
obrigações, visando prevenir conflitos entre os titulares desses direitos e obrigações, 
apontando, em caso de divergência entre os pretensos titulares, qual dos interesses 
conflitantes, e em que medida, deve prevalecer e qual deve ser sacrificado. As normas 
instrumentais, por seu turno, são as contidas, em regra, no Direito Processual que, 
apenas de forma indireta, contribuem para a resolução dos conflitos interindividuais, 
mediante a disciplina da criação e atuação das diretrizes jurídicas gerais ou individuais 
destinadas a compô-los de imediato. 
 Pode-se dizer que, na categoria das normas instrumentais incluem-se as normas 
processuais que regulam a imposição da regra jurídica individual e concreta aplicável a 
uma determinada situação litigiosa. 
Natureza da norma processual 
 A norma processual tem a natureza de direito público, o que significa que a relação 
jurídica que se estabelece no processo não é uma relação de coordenação apenas, mas de 
poder de sujeição, predominando o interesse público (resolução processual e, pois, pacífica 
do conflito) sobre os interesses divergentes do litigantes. Isto não significa, porém, que a 
norma processual seja sempre de aplicação necessariamente cogente. Em certas 
situações, embora inexista processo convencional, admite-se que a aplicação da norma 
processual fique na dependência da vontade das partes (normas dispositivas). Ex. 
distribuição do ônus da prova (art. 333, § ún.); eleição do foro (art. 111). 
Objeto da norma processual 
 O objeto das normas processuais é a disciplina do modo processual de resolver os 
conflitos e controvérsias mediante a atribuição ao juiz dos poderes necessários para 
resolvê-los e, às partes, de faculdades e poderes destinados à eficiente defesa de seus 
direitos, além da correlativa sujeição à autoridade exercida pelo juiz. A norma jurídica 
qualifica-se por seu objeto e não por sua localização neste ou naquele corpo de leis. 
 É praxe falar-se em três classes de normas processuais: a) normas de organização 
judiciária, que tratam primordialmente da criação e estrutura dos órgãos judiciários e seus 
auxiliares; b) normas processuais em sentido estrito, que cuidam do processo como tal, 
atribuindo poderes e deveres processuais; c) normas procedimentais, que dizem respeito 
apenas ao modus procedendi, inclusive a estrutura e coordenação dos atos processuais 
que compõem o processo. 
 
FONTES DA NORMA PROCESSUAL 
 Fontes do direito em geral 
 Fontes são os meios pelos quais se formam ou pelos quais se estabelecem as 
normas jurídicas. Fontes do Direito, portanto, nada mais são que as formas pelas quais as 
regras jurídicas se exteriorizam, se apresentam. São, enfim, modos de expressão do 
Direito. 
 Várias são as classificações dessas fontes. Ao nosso estudo interessa a divisão das 
fontes em fontes diretas ou imediatas e fontes indiretas ou mediatas. 
 Fontes diretas ou imediatas são as constituídas pela lei (lei em sentido amplo, 
incluindo a Constituição e as leis em geral, emanada de qualquer órgão estatal na esfera 
de sua própria competência 
 Fontes indiretas ou mediatas são aquelas que, embora não contenham a norma, 
produzem-na indiretamente. Assim são considerados como tais: os costumes, a 
jurisprudência e os princípios gerais de direito. 
 
EFICÁCIA DA LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO E NO TEMPO 
Dimensões da norma processual - A norma jurídica tem eficácia limitada no espaço e no 
tempo, ou seja, aplica-se apenas dentro de dado território e por um certo período de tempo. 
Tais limitações também se aplicam à norma processual. 
Eficácia da norma processual no espaço - O critério que regula a eficácia espacial das 
normas de processo é o da territorialidade, que impõe sempre a aplicação da lex fori. No 
que concerne às leis processuais a aplicação desse princípio justifica-se por uma razão de 
ordem política e por outra de ordem prática. 
 Num primeiro plano, a norma processual tem por escopo precisamente a disciplina 
da atividade jurisdicional que se desenvolve através do processo, como manifestação 
soberana do poder estatal e por isso, obviamente, não poderia ser regulada por leis 
estrangeiras sem inconvenientes para a boa convivência internacional. 
 Em segundo lugar, certamente, surgiriam dificuldades de ordem prática quase 
insuperáveis com a movimentação da máquina judiciária de um Estado soberano mediante 
atividades regidas por normas e institutos do direito alienígena. Ex.: o transplante para o 
Brasil de uma ação de indenização proposta de acordo com as leis americanas, com a 
instituição do júri civil. 
 A territorialidade da aplicação da lei processual é expressa pelo art. 1º do Código de 
Processo Civil, assim transcrito: "a jurisdição civil, contenciosa e voluntária, é exercida 
pelos juízes em todo o território nacional, conforme as disposições que este Código 
estabelece". 
 Isso não significa, porém, que o juiz nacional deva, em qualquer circunstância, 
ignorar a regra processual estrangeira. Em determinadas situações ele tem até por dever 
referir-se à lei processual alienígena, como quando esta constitui pressuposto para a 
aplicação da lei nacional (cfr, CPC, art. 231, § 1º). 
Lei Processual no Tempo: 
Estando as normas processuais limitadas também no tempo como as normas jurídicas em 
geral, são como a seguir as regras que compõem o direito processual intertemporal: 
1) As leis processuais brasileiras estão sujeitas às normas relativas à eficácia temporal das 
leis, constantes da Lei de Introdução ao Código Civil. 
2) Dada a sucessão de leis no tempo, incidindo sobre situações idênticas, surge o problema 
de estabelecer qual das leis - se a anterior ou a posterior - deve regular uma determinada 
situação concreta. 
Lei Nova: 
Não de encontra problemas com relação aos processos findos, onde a lei é irretroativa, 
como também aos processos a serem iniciados. A questão coloca-se, pois, apenas no 
tocante aos processos em curso por ocasião do início de vigência da lei nova. Diante do 
problema, três diferentes sistemas poderiam hipoteticamente ter aplicação: 
a) sistema da unidade processual: o processo é um todo indivisível; 
b) sistema das fases processuais: distinguem-se fases processuais autônomas, cada 
uma suscetível de per si, de ser disciplinada por uma lei diferente; 
c) sistema do isolamento dos atos processuais: cada ato do processo é considerado 
unidade, onde a lei nova não atinge os atos processuais já praticados. 
Sistema do Isolamento dos Atos Processuais: 
Esse último sistema foi expressamente consagrado pelo Código de Processo Civil e o 
Código de Processo Penal. De fato, o art. 158 do CPC resguarda os atos já praticados 
da lei nova, que não os atinge. 
 
Bibliografia 
<http://www.viannajr.edu.br/revista/dir/doc/art_20002.pdf> 
THEODORO JÚNIOR, Humberto, Curso de direito Processual Civil, vol 1, 5ª ed., Rio de 
Janeiro: Forense. 
GRINOVER et al, Ada Pellegrini, Teoria Geral do Processo, 19ª ed., São Paulo: Malheiros, 
2003. 
CÂMARA,Alexandre Freitas, Lições de direito Processual Civil, vol.1, 9ª ed., Rio de 
Janeiro:Lúmen júris

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