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Acesso à justiça e a celeridade processual

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Acesso à justiça e a celeridade processual
 Tem-se muita dificuldade quanto para a definição da expressão acesso á justiça, sendo dessa forma explicada por Capellethi,Mauro; Carth,Bryan (2002).
A expressão "acesso à justiça" é reconhecidamente de difícil definição, mas serve para determinar duas finalidades básicas do sistema jurídico – o sistema pelas quais as pessoas podem reivindicar seus direitos e ou resolver seus litígios sob as promessas do Estado que, primeiro deve ser realmente acessível a todos; segundo ele deve produzir resultados que sejam individual e socialmente justos.
Acesso á Justiça nada tem a ver com o acesso aos direitos fundamentais do homem, assim como confirma Dinamarco (1995,p.303 apud Leal, 2011): “Algo posto as disposição das pessoas como vistas a fazê-las mais felizes (ou menos felizes), mediante a eliminação dos conflitos que as envolvem como decisões justas”. 
 A expressão “acesso á justiça” não é a síntese de todos os princípios e garantias constitucionais do processo, sendo desta forma fundamentada por Leal (2011):”Atualmente o modelo constitucional do processo democrático é que, por incorporar o principio da ampla defesa pelo direito de ação, é que gera o livre acesso á jurisdição, como direito irrestrito de provocar a tutela legal (art. 5°, XXXV,CF/1998).
 Primeiro, o sistema deve ser igualmente acessível a todos, onde se constitui a principal forma de garantia dos direitos subjetivos. Sendo assim, é um direito protegido pela nossa Carta Magna, no artigo 5º., incisos XXXV e LXXIV: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” e “o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”. Desta forma, ele deve produzir resultados que sejam individual e socialmente justos. Sem dúvida, uma premissa básica será de que a justiça social, tal como desejada por nossas sociedades modernas, pressupõe o acesso efetivo. 
 Desta forma abrangida pela definição de Leal (2011): “O Acesso á justiça faz-se pelo direito de ação criado pela norma constitucional como direito incondicionado de movimentar a atividade jurisdicional do Estado”.
 Mas, nem sempre foi assim, para chega a esse ponto de hoje ouvi varias evoluções no conceito de acesso á justiça, como explica Capellethi,Mauro; Carth,Bryan (2002).
(...) Nos estados liberais “burgueses” dos séculos dezoito e dezenove, os procedimentos adotados para a solução dos litígios civis refletiam a filosofia essencialmente individualista dos direitos, então vigorantes. Direito ao acesso á proteção judicial significava essencialmente o direito formal do individuo agravado de propor ou contestar uma ação. A teoria era a de que, embora o acesso á justiça pudesse ser um “direito natural”, os direitos naturais não necessitavam de uma ação do Estado para sua proteção. Esses direitos eram considerados anteriores ao Estado; sua preservação exigia apenas que o Estado não permitisse que eles fossem infringidos por outros. O Estado, portanto, permaneceria passivo, com relação a problemas tais como a aptidão de uma pessoa para reconhecer seus direitos e defendê-los adequadamente, na pratica. 
 Mas à medida que a sociedade cresceram em tamanho e complexidade, é indubitável que o conceito de direitos humanos começou a sofrer uma transformação radical, como bem será discorrida por Capellethi,Mauro; Carth,Bryan (2002).
A partir do momento em que as ações e relacionamentos assumiram cada vez mais coletivos que individual, as sociedades modernas necessariamente deixaram pata trás a visão individualista dos direitos, refletida nas “dedaraçoes de direitos”, típicas dos séculos dezoito e dezenove. O movimento fez-se no sentido de reconhecer os direitos e deveres sociais dos governos, comunidades, associações e indivíduos. Esses novos direitos humanos, exemplificados pelo preambulo da Constituição Francesa de 1946, são, antes de tudo, os necessários para tornar efetivos, quer dizer, realmente acessíveis a todos, os direitos antes proclamados (...). Tornou-se lugar comum observar que a atuação positiva do Estado é necessária para assegurar o gozo de todos esses direitos sociais básicos (...). De fato, o direito ao acesso efetivo tem sido progressivamente reconhecido como sendo de importância capital entre os novos direitos individuais e sociais, uma vez que a titularidade de direitos é destituída de sentido, na ausência de mecanismos para sua reivindicação .O acesso á justiça pode, portanto ser encarado como o requisito fundamental – o mais básico dos direitos humanos – de um sistema jurídico moderno e igualitário que pretenda garantir, e não apenas proclamar os direitos de todos.
 Entretanto Existem grades obstáculos ao acesso efetivo à justiça que precisam ser superados para que se possa falar em plena consecução da função estatal de eliminar os conflitos sociais surgidos através de uma pacificação com justiça. 
 Os denominados pontos sensíveis do sistema, nos ensinamentos de DINAMARCO, CINTRA e GRINOVER (2007, p.34) abrangem três aspectos: 
O primeiro refere-se a admissão no processo com a eliminação das desigualdades que desestimulam as pessoas a litigar; o segundo ao modo do processo, no qual devem ser observados o devido processo legal, a brevidade processual e a participação efetiva do juiz no processo; e o terceiro, refere-se a utilidade e justiça das decisões.
 Para Ada Pellegrini Grinover (2000, p. 19), os obstáculos podem comprometer a efetivação da prestação jurisdicional, considerando que:
 A sobrecarga dos tribunais, a morosidade dos processos, seu custo, a burocratização da justiça, a complicação procedimental, tudo leva à insuperável obstrução das vias de acesso à justiça e ao distanciamento cada vez maior entre o Judiciário e seus usuários.
 Assim, para alcançar o real e satisfatório acesso à justiça, o litigante deverá ultrapassar todos esses obstáculos que, muitas vezes trazem consigo próprio comprometimento de seus direitos em juízo.
 Já explicado toda a seu evolução, e seus obstáculos discorreremos agora sobre a Celeridade processual, que significa dar ao processo o tempo necessário para a solução do litígio, garantindo os princípios da ampla defesa e do segundo grau de jurisdição, dando solução ao caso concreto sem que este tempo comprometa o próprio direito tutelado da vítima, que anseia pela paz.
 O Princípio da Duração Razoável do Processo prima que o processo não pode ter dilações indevidas, devendo ter um tempo razoável para garantir o amplo direito de defesa. Como a positivação é nova, a doutrina busca subsídios na jurisprudência europeia em que o princípio existe há mais tempo. Segundo Wambier:
A garantia da razoável duração do processo constitui desdobramento do princípio estabelecido no art. 5º, XXXV. É que, como a lei não pode excluir da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça ao direito, é natural que a tutela a ser realizada pelo Poder Judiciário deve ser capaz de realizar, eficazmente, aquilo que o ordenamento jurídico material reserva à parte. E eficaz é a tutela jurisdicional prestada tempestivamente, e não tardiamente. (WAMBIER, 2005, p. 26 apud Oliveira,Pimentel ).
 
 A demora do processo é conquista histórica, era direito fundamental implícito no devido processo legal, com previsão expressa apenas nos tratados internacionais, como: Pacto de São José da Costa Rica, Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Convenção Americana e Europeia de Direitos Humanos. Não tinha previsão expressa na Constituição Federal de 1988; foi incorporada após o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004. Desse modo, “os parâmetros param se aferir a razoabilidade na duração do processo são a complexidade da causa, a estrutura do Poder Judiciário e o comportamento das partes”. (BATISTA, 2010, p.54-55).
 Há de se reconhecer que o decurso do tempo é uma necessidade para atingir os fins do processo e para assegurar os direitos dos particularesque nele intervém. Neste caso, seria uma morosidade necessária, quando o tempo é destinado à organização do processo, ao transporte dentre diversos locais, à prática de atos processuais, resumidamente, a preparação e exercício da defesa pelas partes e à análise e decisão por parte das autoridades judiciárias.
 Partindo desse viés, Coelho fala que: 
 A tarefa do legislador processual, na atual quadra histórica, deve objetivar alcançar o equilíbrio das duas exigências contrapostas da rápida solução do litígio, tendente a trazer justiça o quanto antes, e o direito ao contraditório, assegurador da segurança jurídica e de uma maior qualidade dos julgados, buscando a prestação jurisdicional efetiva, parâmetro de democracia e de civilidade, essencial ao desenvolvimento do país. (COELHO, 2010, p.14)
 Para haver uma celeridade efetiva para Coelho depende de três fatores que segundo ele são:
A prestação jurisdicional célere e efetiva depende do tripé de fatores, de que a nova norma processual é apenas um aspecto. Os outros dois são a ampliação da estrutura organizacional do Judiciário, que deve se guiar pelo planejamento, moralidade, transparência e eficiência; e a mudança cultural ou de valores, com a consciência de que a Justiça desacreditada e ineficiente não é boa para ninguém, ruim para a sociedade, péssima para as partes e seus procuradores. (COELHO, 2010, p.150).
 Pode-se concluir que a morosidade processual tem fundamental importância quando se trata de garantir as partes que seus direitos sejam respeitados, havendo tempo para iniciar um processo, preparação para a defesa do réu, prazos para citações, cartas precatórias, enfim, para os trâmites normais processuais. A morosidade processual é prejudicial a ambas as partes do processo. Considerando que, todos aqueles que procuram o Poder Judiciário possuem um conflito a ser resolvida, a espera incansável pela sentença durante muitos anos constitui afronta direta ao princípio da celeridade processual, contido no artigo 5º, inciso LXXIII da Constituição Federal. Uma decisão tardia não pode ser avaliada como justa. Tanto o requerente, como o réu, são prejudicados pela espera, eis o processo perde sua função.
Referências:
CAPELLETTI, Mauro; CARTH, Bryan. Acesso à justiça. Tradução e Revisão de Ellen 
Graice Northfleel. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris, 2002.
LEAL, Rosemiro. Teoria Geral do Processo. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014. p. 
36-41. 
CINTRA, Antônio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, 
Cândido Rangel. Teoria geral do processo. 30. ed. São Paulo: Malheiros, 2014.
COELHO, Marcos Vinícius Furtado. O Anteprojeto de Código de Processo Civil: a busca por celeridade e segurança. In: Revista de Processo 185. Ano 35. São Paulo: RT, 2010, 144-150.
BATISTA, Keila Rodrigues. Acesso à Justiça: Instrumentos viabilizadores. São Paulo: Letras Jurídicas, 2010.
Celeridade Processual: O Direito Fundamental a uma Decisão em Prazo Razoável ao Processo Penal. Disponível em:< http://eventos.uenp.edu.br/sid/publicacao/artigos/23.pdf>. Acesso em 25 mar.2016.

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