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TEORIA GERAL DOS CONTRATOS

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TEORIA GERAL DOS CONTRATOS
Contrato: é a fonte de obrigação que tem por fim criar, modificar ou extinguir direitos. É um negocio jurídico bilateral, um acordo de vontades, com a finalidade de produzir efeitos no âmbito do Direito.
Função social do contrato: no Direito Civil o contrato esta presente não só no direito das obrigações como também no direito de empresa, direito das coisas, direito de família e de sucessões. Por tanto o contrato tem função social, sendo vinculo de circulação de vida, e de riqueza, centro de vida dos negócios jurídicos e propulsor da expansão capitalista. O código civil tornou explicito que a liberdade de contratar só pode ser exercida em consonância dos fins sociais do contrato, implicando os valores sociais da boa-fé e da probidade (arts 421 e 422, CC).
Função social do contrato e desconsideração da pessoa jurídica.
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Requisitos de validade do contrato:
Podem ser de:
Ordem geral, comum a todos os contratos:
*agente capaz;
*objeto licito, possível, determinado ou determinável;
*forma prescrita ou não defesa em lei:
#forma livre: é predominantemente aceita no direito brasileiro, sendo qualquer meio de manifestação de vontade não imposto obrigatoriamente por lei;
#forma solene: é exigida pela lei como requisito de validade de determinados negócios jurídicos;
#forma contratual: é a convencionada pelas partes;
Ordem especial: esta diretamente associado ao consentimento das partes, consentimento esse que pode ser tácito ou expresso. O consentimento tácito esta associado a conduta do agente. Já o expresso é consentimento escrito.
O silêncio na fase contratual: 
Pode ser interpretado como manifestação de vontade, quando as circunstancias ou os usos o autorizarem, e não for necessária declaração expressa de vontade, e quando a lei a autorizar, nos casos de renovação de contratos advocatícios, por exemplo.
Obs.: como o contrato por definição, é um acordo de vontades, não se admite a existência de contrato consigo mesmo ou autocontrato, regra do art 117, CC.
Princípios fundamentais do Direito contratual
Autonomia da vontade: é a liberdade de contratar. Os contratantes, podem acordar o que quiserem, respeitando os requisitos de validade dos contratos;
Supremacia da ordem pública: quando o Estado intervem nas relações contratuais, mitiga o principio da autonomia da vontade e faz prevalecer o principio da supremacia da ordem pública;
Consensualismo: o contrato considera-se celebrado com o acordo de vontades;
Relatividade: funda-se na ideia de que os efeitos do contrato só se produzem em relação às partes, aqueles que manifestarem a sua vontade não afetando terceiros;
Obrigatoriedade e revisão dos contratos: representa a força vinculante das obrigações e suas convenções. Por força do principio da autonomia da vontade ninguém se obriga a contratar. Os que o fizerem, porem sendo o contrato valido e eficaz, devem cumpri-lo pois assim existe a necessidade jurídica dos negócios.
Boa-fé: até prova em contrario, presume-se que todo e qualquer contratante esta de boa-fé. Boa-fé esta que pode ser subjetiva, que diz respeito ao conhecimento ou ignorância da pessoa relativamente a certos fatos. Já a boa-fé objetiva que diz respeito a normas de comportamento fundada em um principio geral de direito, segundo o qual todos devem agir de boa-fé, nas relações reciprocas.
Interpretação de contratos
Interpretar o negocio jurídico é, portanto, precisar o sentido e o alcance do conteúdo da declaração de vontade, busca-se apurar a vontade concreta das partes, não a vontade interna, psicológica, mas a vontade objetiva, o conteúdo das normas que nascem de sua declaração.
Espécies de interpretação
Declaratória: quando tem como único escopo a descoberta da intenção comum dos contratantes, no momento da celebração do negocio;
Construtiva ou integrativa: quando objetiva o aproveitamento do contrato, mediante suprimento de lacunas e pontos omissos deixados pelas partes;
Interpretação nos contratos de adesão: quando houver no contrato de adesão clausulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á interpretar da maneira mais favorável ao aderente, conforme regra do art. 423, CC;
Interpretação dos contratos de consumo (CDC): pela regra do art. 47, CDC, as clausulas contratuais serão interpretadas da maneira mais favorável ao consumidor;
Pactos sucessórios: dispõe a regra do art. 426, CC, não poder ser objeto de contrato herança de pessoa viva. O contrato é nulo em razão da impossibilidade jurídica do objeto.
Obs.: no nosso ordenamento jurídico só se admite duas formas de sucessão, a legitima e a testamentaria. Assim só existe partilha inter vivos, permitida no art. 2018, CC, que pode ser considerada exceção à norma do art. 426, CC.
Principais classificações contratuais
Quanto aos direitos e deveres das partes envolvidas
Contrato unilateral: é aquele em que apenas uma das partes assume deveres em face do outro. Apenas uma das partes aufere vantagens perante o outro. Por exemplo doação.
Bilateral: os contratantes são simultânea e reciprocamente credores e devedores uns dos outros, produzindo no negocio jurídico direitos e deveres para ambos os envolvidos de forma proporcional. Ex.: compra e venda.
Plurilateral: os contratantes são simultânea e reciprocamente considerados credores e devedores, sendo que neste tipo de contratos envolvem varias pessoas, tendo direitos e deveres de forma proporcional. Ex.: consorcio; sublocação; seguro de vida.
Quanto ao sacrifício patrimonial das partes
Oneroso: aquele que tras vantagens para ambos os contratantes, pois estes sofrem o mencionado sacrifício patrimonial, ambas as partes assumem deveres obrigacionais, havendo um direito subjetivo a ser _______________. Ex.: locação; compra e venda; empreitada;
Gratuito ou benéfico: aquele que onera somente uma das partes, proporcionando à outra uma vantagem sem qualquer contra prestação. Ex.: doação;
Quanto ao momento de aperfeiçoamento do contrato
Consensual: aquele que tem aperfeiçoamento pela simples manifestação de vontade das partes envolvidas;
Real: apenas se aperfeiçoa com a entrega da coisa para o outro contratante. Ex.: empréstimo;
Quanto aos riscos que envolvem a prestação
Comutativo: aquele em que as partes já sabem quais são as prestações, ou seja, essas são conhecidas ou pré estimadas. Ex.: empreitada;
Aleatório: a prestação de uma das partes não é conhecida com exatidão. Ex.: jogo e aposta; seguro; títulos de capitalização;
Quanto a previsão legal
Típico: aquele que tem uma previsão legal mínima, ou seja, um estatuto legal suficiente;
Atípico: não há previsão legal mínima, pois o art. 425, CC, dispõe que é licita a criação de contratos atípicos, desde que observados os preceitos gerais da codificação privada e observância aos princípios da função social do contrato e o da boa-fé objetiva;
Quanto a negociação do conteúdo pelas partes
Adesão: aquele em que uma parte ou estipulante, impõe o conteúdo negocial restando à outra parte, o aderente, duas opções, aceitar ou não o negocio jurídico, através de seu conteúdo;
Paritário: aquele em que o conteúdo é discutido livremente entre as partes. Ex.: locação;
Quanto à presença de solenidades
Formal: aquele que exige qualquer formalidade como é o caso da forma escrita;
Informal: não exige qualquer formalidade, constituindo regra geral dos contratos pelo sistema civil brasileiro (art. 107, CC, é aquele que consagra a liberdade das formas);
Solene: é aquele que exige solenidade pública;
Não solenes: não há necessidade de se lavrar escritura publica;
Quanto à dependência contratual
Principal: é aquele que existe por si só, não havendo qualquer relação de dependência com outro;
Acessório: aquele cuja validade depende da existência de um contrato principal para existir;
Quanto ao momento do cumprimento
Execução imediata: aquele que tem aperfeiçoamento e cumprimento de imediato como no caso da compra e venda à vista;
Execução diferida: tem o cumprimento previsto de uma só vez no futuro;
Execução continuada: é aquele que tem ocumprimento previsto de uma forma sucessiva e periódica no tempo. Ex.: compra e venda parcelada;
Quanto à pessoalidade
Pessoal, personalíssimo ou intuito personae: 
Impessoal: aquele em que a pessoa do contratante não é relevante para a conclusão do negocio;
Quanto à Definitividade:
Preliminar: negocio que tende à celebração de outro no futuro;
Definitivo: não tem qualquer dependência futura no aspecto temporal. Ex.: compra e venda à vista;
Da formação dos contratos
os contratos começam com as negociações preliminares. Quanto maior o valor dos bens, maiores serão as negociações preliminares. Essas negociações não obrigam, nem vinculam os contratantes, pois não passam de especulações.
A manifestação de vontade
É o primeiro e mais importante requisito de existência do negocio jurídico.
Proposta
A proposta, oferta, policitação, é uma declaração de vontade receptícia, dirigida por uma pessoa a outra, a quem se pretende contratar por força da qual, a primeira manifesta sua intenção de se considerar vinculada, se a outra parte aceitar.
Fases da proposta
Negociação preliminar/ da puntação;
Proposta;
Aceitação ou conclusão do negocio, que pode ser celebrado mediante contrato preliminar ou definitivo;
A proposta deve ser seria e consciente pois vincula o proponente. Segundo a regra do art. 427,CC. Deve ser ainda clara e precisa, completa e inequívoca, ou seja, a de ser formulada em linguagem simples, compreensível ao oblato, mencionando todos os elementos e dados do negocio jurídico necessários ao esclarecimento do destinatário e representando a vontade inquestionável do proponente.
Oferta no CDC
É mais ampla que no código civil, pois normalmente dirigisse a pessoas indeterminadas (contratação em massa). A recusa indevida em dar cumprimento a oferta, da ensejo a execução especifica (art. 35, CDC), podendo o consumidor buscar seus direitos perante as autoridades públicas.
Oferta no CC
Dispõe o art. 427, CC : “a proposta de contrato obriga o proponente, se o contrario não resultar dos termos dela, da natureza do negocio ou das circunstancias do caso”.
Obs.: portanto, desde que séria e consciente a proposta vincula o proponente. A obrigatoriedade da proposta consiste no ônus, imposto ao proponente, de mantê-la por certo tempo a partir de sua efetivação e de responder por suas consequências por acarretar ao ablato uma fundada expectativa de realização do negocio, levando-o muitas vezes como já dito a elaborar projetos a efetuar gastos e despesas, a promover liquidação de negócios e cessação de atividades.
Obs.: deixa de ser obrigatória a proposta:
Se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que também contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante;
Se, feita sem prazo a pessoa ausente tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente;
Se, feita a pessoa ausente não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado;
Se, antes dela ou simultaneamente chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente;
Aceitação: é a concordância dos termos da proposta, a manifestação da vontade imprescindível para que se repute concluído o contrato.
Requisitos: deve ser pura e simples. Se apresentada fora do prazo com adições, importara em nova proposta.
Hipóteses em que a proposta/aceitação não trem forca vinculante:
Quando chegar tarde ao conhecimento do proponente, caso em que este deverá avisar o aceitante, sob pena de pagar por perdas e danos;
Se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante, por exemplo, arrependimento.
Momento da conclusão do contrato:
Contrato entre presentes: se o contrato for celebrado entre presentes, a proposta poderá estipular ou não, prazo para aceitação. Se o policitante não aceitar ou não estabelecer nenhum prazo, esta devera ser manifestada imediatamente sob pena de a oferta perder sua forca vinculativa. Se, no entanto o policitante estipulou prazo, a aceitação devera operar-se dentro dele, sob pena de desvincular-se o proponente
Contrato entre ausentes: entre presentes, os contratos reputam-se celebrados no momento de sua aceitação. Já entre ausentes, por correspondência ou intermediário, esse passa por 3 fases:
Da declaração propriamente dita, considera-se o momento da redação do contrato;
Da expedição;
Da recepção(entrega ao destinatário);

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