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Reforma Pombalina de 1772

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- Difamação completa dos jesuítas.
- Construção de um modelo educativo adequado aos interesses da coroa.
- Necessidade de concentração do poder.
Nota histórica sobre a Universidade de Coimbra
- A reforma de 1772 ocorreu durante o reinado de D. José. Transformação do ensino
escolástico para o ensino moderno. O Marquês de Pombal era ministro do monarca.
Um caminho para pensar uma concepção de ciência moderna
- A revolução científica do século XVI estava indissoluvelmente ligada ao nome de Galileu
Galilei.
- A partir dessa revolução surgiram duas correntes que trataram os novos problemas do
conhecimento de maneira distinta. O racionalismo, proposto por Descartes; e o
empirismo de Francis Bacon. As duas correntes foram criticadas por Kant, que
inaugurou o método do criticismo.
- Revolução de Galileu: separação entre ciência e teologia. Visão moderna: vida ativa x
visão medieval: vida contemplativa.
- Causas aristotélicas: “por quê?” Galileu se interessava pelo “como?”. Aristóteles:
coerência x Galileu: experiência.
- Questionamento do lugar do homem no mundo. Não ocupa mais o centro.
- Exclusão dos conceitos de valor, da perfeição do sentido e da finalidade (causas formais
e finais). Preocupação limitada às causas eficientes. Mecanicismo: comparação da
natureza e do próprio a uma máquina, conjunto de mecanismos cujas leis precisam ser
descobertas.
- Pensamento medieval: indivíduo como amostra da espécie humana. Ser social.
Pensamento moderno: indivíduo autônomo, independente, essencialmente não social.
Individualismo.
A questão da construção do indivíduo: dos seus primórdios ao direito moderno
- Ciência moderna: utilidade das forças da natureza para beneficiar a humanidade.
- Nova cosmovisão: novo homem, nova cultura, nova sociedade.
- Antônio Teixeira tentou introduzir as formas de pensamento moderno em Portugal.
- 1759 : expulsão dos jesuítas.
- 1768: Real Mesa Censória: comissão para superintender a matéria educativa.
- 1771: Compêndio do Estado da Universidade de Coimbra (Compêndio)
- 1772: Estatutos da Reforma.
- Traços claros de absolutismo esclarecido. Jusnaturalismo. Fator sistêmico de Descartes,
Pufendorf, Leibniz e caráter matemático com Wolf.
- Ataques sistemáticos aos jesuítas.
- Deslocamento de uma sociedade eclesiástica para uma sociedade civil. Do direito divino
ao direito natural. Causas: emergência de uma burguesia poderosa.
- Portugal nasceu como um estado patrimonial, e não como um estado pactual.
- Jusnaturalismo parece ter aparecido em Portugal antes de 1750, na obra do brasileiro
Alexandre de Gusmão, que teria lido Pufendof, Heineek e Barberyac.
- Iluminismo português: igualitarismo naturalista e racionalista, bases do Direito Civil, da
individualidade e da igualdade que negavam a natureza social do homem e às bases
aristotélico-escolásticas de que o homem é um animal político.
- Dumont: Sociedade moderna: indivíduo é um valor supremo x sociedade holística
medieval: o valor se encontra na sociedade como um todo.
- Lei natural: origens no estoicismo (sustentáculo de monarquias: defesa da ordem, uma
liberdade interior indiferente às liberdades sociais e políticas. Sabedoria: respeitar a
autoridade real).
- Estado e igreja se entrelaçaram com a conversão do imperador romano Constantino,
criando um Estado Cristão.
- Mais tarde, conflitos entre a Igreja e o Imperador.
- Reforma Protestante: individualismo moderno. Indivíduo no mundo, sua legitimação é a
participação neste mundo e não o refúgio em outro mundo.
- Conflito entre a Igreja e os reis: absolutismo da Igreja e absolutismo monárquico.
- Direito natural moderno foi outro elemento que contribuiu para a criação do
individualismo moderno. Estado de natureza deduziu as bases do Estado democrático
moderno. Contrato social possibilitou a teorização do indivíduo autônomo. Ausência de
conciliação entre individualismo e autoridade, igualdade e diferença.
- Karl Polanyi: produção de um mercado auto-regulável não foi natural, mas um resultado
de intervenções estatais.
- Jusnaturalismo do Compêndio Histórico (1771): influência de Pufendorf e Thomasen.
Direito natural como produto da razão e não da revelação divina ou da vontade humana
constituída em poder.
- Martini: voluntarismo. Consegue combinar a igualdade natural primitiva e a desigualdade
política subsequente.
Análise das Fontes Históricas: O Compêndio Histórico da Universidade de Coimbra
(1771) e os Estatutos da Universidade de Coimbra de 1772.
- Atuação perniciosa dos jesuítas. Condenação.
- O papel do Estado na gestão da Universidade.
- Braga da Cruz: Intervenção estatal na universidade. Típica do norte da Europa, relação
dos príncipes com a Reforma. Apropriação do papel da Igreja pelos príncipes.
- Mudança sem a participação dos docentes. Política dirigista do despotismo.
- Sul da Europa: modelo da Idade Média.
- 1496: perseguição dos judeus.
- Poder dos jesuítas sobrepunha o poder papal. Universidade de Coimbra fora o centro de
articulação política jesuítica, cujo objetivo era manter os portugueses no obscurantismo.
- Postura predominante da modernidade: reformismo, revolução, Estado-nação calcado
no ideário liberal. Reis e príncipes adotam essa estratégia para manter o poder. Códigos
jusracionalistas.
- Cursos: Teologia. Estragos feitos pelos jesuítas no curso de cânones e leis.
Necessidade de instrução em latim e grego (gramática) para compreender a
jurisprudência. Retórica: forma de tornar viva uma língua morta. Visão histórica das
palavras para adquirir uma intuição histórica do mundo e de suas raízes. Lógica: porta de
todas as ciências, requisito para a boa inteligência das leis. Metafísica: crítica à
escolástica, defesa de uma metafísica não religiosa. Curso de filosofia racional.
Algumas reflexões sobre a reforma dos cursos jurídicos
- As reformas modernizantes efetuadas por Pombal representaram uma contundente
crítica do modelo jesuítico escolástico. Tratou-se de um corte paradigmático, baseado na
razão e na lógica racional.
- Essas novas ideias estavam baseadas no Jusnaturalismo, um direito estruturado na
razão humana e que seria igual e imutável para todos os homens e épocas, exposto
através de uma linguagem teórica e filosófica.
- De acordo com Braga da Cruz, juntamente com o Jusnaturalismo, o usus modernus
pandectarum iria desviar o rumo da nova evolução do direito privado português, que mais
tardiamente também vai receber influências do individualismo crítico e do liberalismo
político e liberalismo econômico.
- Diferentemente da escola de direito natural que preconizou um direito eterno e imutável,
estruturado na razão humana e igual para todos os homens em todas as épocas, o usus
modernus pandectarum foi um movimento alemão que preconizou um estado do direito
romano feito à luz desse direito natural de fundo racionalista. Uma referência desse último
movimento foi o alemão Heineccius .
- As críticas apresentados no Compêndio Histórico de Pombal visaram um Direito
Romano reorientado de forma a não entrar em conflito com o direito natural como base
das leis portuguesas.
- Nesse sentido, a reforma proposta por Pombal forneceu orientações iniciais sobre a
gramática, o latim, o grego e a metodologia de ensino, foi apontado o Direito Natural
como a base para os outros campos do direito.
- O Direito Natural era entendido como uma parte da Ética. A Ética anterior, de Aristóteles,
e usada pelos jesuítas, sofreu fortes críticas, sendo acusada de ética pagã. Assiste-se
assim, o surgimento de um discurso racionalizante apropriado pelo despotismo. Uma
tentativa do rei de manter o poder através da modernização do estado.
- A base para a ruptura da visão aristotélica de ensino pode ser encontrada em Verney,
que introduziu novas orientações paraa legislação, para a jurisprudência, no que se
refere ao direito privado e ao direito público, sendo o introdutor do Jusracionalismo
moderno. “A Boa Razão como princípio iluminante que conduz o homem às ações
honestas à sociedade civil”. Para ele, não há diferença entre Lei Natural, Lei Divina ou Lei
das Gentes.
- Em Portugal, a Lei da Boa Razão, de 1769, iniciou a modernização do direito português
e assegurou a supremacia da lei em relação ao costume. Ela fixou a doutrina sobre a
interpretação das leis, determinou em que casos poderia proferir assento com valor
normativo, limitando o abuso e atribuindo idêntico valor aos assentos de outros tribunais
superiores.
- A Reforma de 1772, realizada através dos Estatutos e do Compêndio Histórico,
centrava-se no estudo do Direito Natural e da História Civil das Nações. Realizou-se
assim, a imposição de uma orientação doutrinal às diferentes cadeiras, submetidas ao
Iluminismo e à Filosofia moderna.
- Com a Reforma Pombalina de 1772, foi criado o Método Sintético Demonstrativo
Compendiário (que vigorava nas universidades alemãs), baseado na linguagem
científica, em favor da lógica moderna preponderando sobre a dialética e a retórica. O
homem letrado é entendido como um homem de ciência e não mais um bom orador.
- De acordo com o novo Método, os princípios do direito fariam a passagem da Ética para
o Direito Natural e deste para o Direito Civil. Os direitos vão sendo apreendidos
progressivamente desde o indivíduo, para o homem enquanto integrante da humanidade,
para o homem pertencente a uma família, para o homem pertencente à sociedade civil.
- A divisão do conteúdo do novo método é assim apresentada: Jurisprudência Natural;
Direito Natural tomando em Espécie; Direito Público Universal; Direito das Gentes.
- O direito seria determinado racionalmente através de conexões lógicas. O Direito Natural
atuaria como elemento sistematizador do Direito Positivo. Ele brota da razão, afirmando
os deveres humanos gerais. É fruto de uma vontade superior (Deus), antecedendo o
Estado, que emana da autoridade civil (legislador)
- Dessa forma, o Direito Natural pode ser encarado como o introdutor da mentalidade
moderna, base para os conceitos de igualdade, direito impessoal, indivíduo moderno, o
que pode ser apreendido pela exposição de Rousseau.
- Reitor Reformador D. Francisco de Lemos: “a Razão Natural são as palavras de Deus
escrita e ensinada.”
- A racionalidade proposta no direito foi útil para a montagem de um Estado moderno
onde a unidade do direito levaria à igualdade civil e às metamorfoses econômicas e
sociais que se sentiam na conjuntura portuguesa da época. Liberdade econômica e
política.
- A partir de tais mudanças, houve a tentativa de um novo Código português em 1788.
- Jesuítas: todo poder emana de Deus x Reformadores: origem social do pacto feito pelo
consentimento dos homens. A legitimação do poder se encontra no próprio homem que o
instituiu. Essa nova premissa permitiu a criação do Estado como organismo distinto da
sociedade civil. O poder não é mais herdado, mas conquistado através de instrumentos
legais. Separação do público do privado. O espírito moderno está em descobrir o valor da
coisa pública, separada dos interesses particulares.
- Professor Mello Freire: responsável pela construção, sistematização e
institucionalização do direito moderno em Portugal. Influências de Pufendorf, Thomasius,
Heineccius, Leibniz, Wolff, Martini. “Na parte do direito público, Mello Freire foi
excessivamente conservador na defesa do absolutismo de direito divino, no direito
criminal foi um fervoroso adepto das doutrinas humanitárias de Beccaria e Filangieri.”
- Tais influências chegaram ao Código Criminal brasileiro de 1830, através de Bernardo
Pereira de Vasconcelos.
- Beccaria: liberalismo. “sentido literal da norma; a liberdade individual era garantida pelo
regime da legalidade, na luta contra o arbítrio da autoridade e clareza das leis e a luta
contra a interpretação dos juízes”. Leis universais, que impunham limites, resguardem a
liberdade e igualdade entre os homens. Direito penal: penas menores e possíveis. “para a
punição não ser um ato de violência contra o cidadão, deveria a pena ser de modo
essencial, pública, pronta, necessária, a menor das penas aplicáveis nas circunstâncias
referidas, proporcionada pela lei.” Contribuição para o Direito Penal e Processo Penal
modernos. Foucault: tecnologia do poder sobre o corpo.
- Reforma pombalina: superação da dicotomia entre teoria e prática pelo conhecimento
reflexivo vinculado a uma prática social “real”, à investigação reflexiva e na utilidade
prática da mesma. Moderna concepção da ciência proposta por Galileu.
- Fusão do Humanismo com o Jusracionalismo. Razão é inerente ao homem, permitindo
distinguir o verdadeiro do falso. Boa razão permite deduzir a ética, e em seguida, os
princípios do direito natural.
- Interpretação das leis através da gramática, da lógica, da história e da tradição. Método
da investigação reflexiva, dedutiva.
- Reformas pombalinas permitiram a construção de uma burocracia de juristas para
reformar o Estado português. Max Weber: juristas universitários transformaram a empresa
política em Estados racionalizados.
- Crítica do professor à autora: Ela diz que a Reforma de Pombal procurou uma
legitimação que não viesse de uma concepção católica, mas sim da razão natural, da
razão para as medidas políticas e administrativas de Portugal. O professor Alfredo lembra
que Pombal também era católico, que apesar das críticas implacáveis aos jesuítas, o
catolicismo em si não foi colocado em questão.

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