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Prévia do material em texto

1 
 
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS 
CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
E-BOOK 
Português para comunicação I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Leopoldo, Setembro de 2013 
2 
 
Prezados alunos, 
 Este livro virtual que vocês estão prestes a desbravar é fruto do esforço 
conjunto de um grupo de professores de língua portuguesa do curso de 
Comunicação Social da UNISINOS, que se reuniu com o objetivo de qualificar 
a área, criando condições de ensino-aprendizagem condizentes com nossa 
realidade tecnológica e interativa. Cada uma de nós trouxe, de sua formação 
específica, as qualidades necessárias a fim de compor um material que 
apresentasse um conteúdo aprofundado e uma adequação às necessidades do 
momento em que vivemos. 
 A principal preocupação do grupo foi a de demonstrar que a língua 
portuguesa, além de ser parceira incontestável dos cursos da área de 
Comunicação, pode, também, inovar e se transformar, para garantir um efetivo 
suporte aos futuros profissionais do Jornalismo, da Publicidade e das Relações 
Públicas. Formulamos, então, um material no qual se pudesse perceber o 
quanto a língua portuguesa é dinâmica, para além das estáticas e cansativas 
aulas tradicionais de gramática pura; um material em que a aplicabilidade das 
questões gramaticais é permanentemente resgatada, por meio de textos e 
exercícios. 
Em nossa opinião, um profissional que utiliza a linguagem como 
instrumento em sua rotina diária precisa ser capaz de compreendê-la e 
vivenciá-la nos mais variados matizes, desde o seu âmbito mais informativo até 
à margem ilimitada do discurso literário. Por esse motivo, nos empenhamos em 
produzir um e-book em que, além da qualidade técnica, houve uma 
preocupação com a interlocução efetiva entre professor e aluno, corroborada 
pelos semestres em que cada uma de nós já ministrou esta disciplina. 
Para finalizar, é importante referir que, se houve muito esforço e 
trabalho, houve também o privilégio de conviver em um grupo que se propôs a 
realizar uma tarefa e o conseguiu de maneira harmoniosa, visando a uma meta 
significativa. Esperamos que vocês possam desfrutar deste e-book com o 
mesmo empenho e o mesmo prazer que nós tivemos ao realizá-lo. 
As autoras 
 
3 
 
Conteúdo 
PONTUAÇÃO E ESTRUTURA FRASAL .......................................................................................... 4 
PRONOMES RELATIVOS ........................................................................................................... 25 
NARRAÇÃO ............................................................................................................................. 49 
REGÊNCIA VERBAL, REGÊNCIA NOMINAL E CRASE ................................................................... 67 
DISCURSOS ............................................................................................................................. 91 
OS TEMPOS VERBAIS E O TEXTO NARRATIVO ........................................................................ 106 
BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................... 125 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PONTUAÇÃO E ESTRUTURA 
FRASAL 
 
Martha Dreyer de Andrade Silva 
 
5 
 
 
 
I. ESTRUTURA DE FRASES E PONTUAÇÃO: REGRAS BÁSICAS PARA O 
USO DA VÍRGULA 
 
a) Um pouco de teoria 
As frases, em língua portuguesa, organizam-se numa sequência lógica que, 
normalmente, segue o padrão abaixo. 
 
 
SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO VERBAL + COMPLEMENTO 
CIRCUNSTANCIAL 
 
 
Exemplo: 
Nóstemosaula de portuguêsnas quintas-feiras à noite. 
 
Essa frase segue o padrão referido: 
Sujeito = nós 
Verbo = temos 
Complemento verbal = aula de português 
Complemento circunstancial (adjunto) = nas quintas-feiras à noite. 
 
Reflita: de que outras maneiras poderíamos escrever essa frase sem 
alterar seu sentido, isto é, apenas alterando o padrão: mudando os 
elementos de lugar, omitindo algum dos elementos etc.? 
 
1. 
_______________________________________________________________ 
2. 
_______________________________________________________________ 
3. 
_______________________________________________________________ 
4. 
_______________________________________________________________ 
 
 
Reveja as frases que você escreveu acima e observe: você pontuou com 
vírgula(s) alguma dessas novas frases? Quais? 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
 
Você saberia dizer por que pontuou, ou por que não pontuou as frases? 
6 
 
A partir daí, temos algumas REGRAS BÁSICAS para empregarmos ou não 
a vírgula : 
 
1. Entre sujeito e verbo existe vírgula? ( ) sim ( ) não 
 
2. Entre verbo e complemento verbal existe vírgula? ( ) sim ( ) não 
 
3. Quando se desloca o complemento circunstancial (adjunto) para outro lugar 
da frase, esse deslocamento deve ser marcado por vírgula? ( ) sim ( ) não 
 
Conclusão: 
Entre os elementos chamados essenciais de uma oração (o sujeito e o 
predicado - este, formado pelo verbo e pelo complemento do verbo), não existe 
vírgula. Também não haverá vírgula separando o verbo de seu complemento 
em uma frase. 
A vírgula existirá quando se deslocar o complemento circunstancial do final 
para o início ou para o ―meio‖ da frase. 
 
 
Algo semelhante ocorre com o chamado aposto, que pode ser descrito 
como um termo acessório em uma oração; um termo que explica ou 
esclarece algo sobre outro termo. O aposto sempre é pontuado: 
 
As mulheres são as principais vítimas do tráfico humano,terceira atividade 
ilegal mais rentável do mundo. 
 
Reescrevendo a frase com o aposto no início, poderíamos ter algo assim: 
 
Terceira atividade ilegal mais rentável do mundo, o tráfico humano tem nas 
mulheres suas principais vítimas. 
 
Ou, com o aposto no meio da frase: 
 
O tráfico humano, terceira atividade ilegal mais rentável do mundo,tem nas 
mulheres suas principais vítimas. 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
b) Exercícios: 
1.Leia o enunciado a seguir e o reescreva duas vezes, modificando o 
padrão frasal e observando o uso adequado da(s) vírgula(s). 
600 mil litros de leite haviam sido recolhidos da Latvida após a comprovação de 
fraude. 
(Adaptado de notícia do site www.terra.com.br) 
 
REESCRITA 1: 
 
 
 
 
REESCRITA 2: 
 
 
 
 
2. Observe o que acontece na frase abaixo, que contém elementos 
essenciais (sujeito e verbo) e um complemento verbal: ela passa de 
simples a complexa à medida que se acrescentam complementos 
circunstanciais. Ao mesmo tempo, a pontuação também vai ficando mais 
complexa: 
 
O mundo precisa de amor. 
Nessa frase: 
Sujeito = O mundo 
Verbo = precisa 
Complemento do verbo = de amor 
 
Veja: quanto mais complementos circunstanciais (adjuntos) 
acrescentarmos a essa informação, mais vírgulas teremos de acrescentar 
à frase. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
NÚMERO DE 
ADJUNTOS 
ACRESCENTADOS 
 
 
COMO A FRASE FICA? 
 
NÚMERO DE VÍRGULAS 
ACRESCENTADAS: 
 
1 
Hoje e sempre, o mundo precisa 
de amor. 
 
Somente 1, pois o adjunto 
está no início da frase. 
 
1 
O mundo, hoje e sempre, precisa 
de amor. 
 
São 2, pois o adjunto está 
no meio da frase. 
 
2 
Hoje e sempre, o mundo, com 
toda a certeza, precisa de amor. 
 
São 3, pois há doisadjuntos: um no início, e 
outro no meio da frase. 
 
3 
Hoje e sempre, apesar da 
descrença, o mundo, com toda a 
certeza, precisa de amor. 
São 4, pois há adjuntos no 
início e no meio da frase, e 
há uma vírgula separando 
dois adjuntos. 
 
4 
Hoje e sempre, apesar da 
descrença, apesar das 
dificuldades, o mundo, com toda a 
certeza, precisa de amor. 
São 5, pois, igualmente, há 
adjuntos no início e no meio 
da frase, e, novamente, há 
vírgulas separando 
adjuntos. 
(Adaptado de FARINA, Sérgio. A vírgula ensina a ler e a 
escrever.) 
 
O que se pode perceber? 
 
- A informação essencial (sujeito, verbo, complemento verbal) permaneceu em 
cada frase. 
 
- Entre sujeito, verbo e complemento do verbo, nunca há vírgulas, a menos 
que um adjunto tenha sido colocado entre eles. 
 
 - Ou seja, é com o acréscimo de adjuntos, no início ou no meio do 
enunciado, que se passa a, obrigatoriamente, usar vírgulas. 
 
 
Faça de modo semelhante com as frases abaixo: acrescente adjuntos e 
pontue as frases adequadamente. 
 
1. Informação essencial: Luísa chegou do Canadá. 
 
9 
 
N. de 
vírgulas 
Como a frase fica? 
1 
 
 
2 
 
 
3 
 
 
4 
 
 
 
 
 
2. Informação essencial: Não houve briga entre as torcidas. 
 
N. de 
vírgulas 
Como a frase fica? 
1 
 
 
2 
 
 
3 
 
 
4 
 
 
5 
 
 
 
3. Em relação ao enunciado abaixo, retirado de uma notícia, observe a 
pontuação e responda ao que é proposto. 
 
“A Coordenadoria de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Cispoa), órgão 
da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio do Rio Grande do Sul, 
interditou completamente nesta quarta-feira a Latvida e suspendeu 
temporariamente todas as atividades de laticínio da empresa após a 
descoberta de adulteração do leite comercializado pela companhia.” 
(Adaptado de notícia do site www.terra.com.br) 
 
 
 
 
 
 
10 
 
a) Qual é a informação essencial desse enunciado (isto é, a informação 
sem os adjuntos e o aposto que a frase apresenta)? 
 
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________ 
 
b) O enunciado apresenta complementos circunstanciais (adjuntos) que, 
mesmo localizados no meio da informação, não foram devidamente 
pontuados. Localize esses adjuntos e pontue o trecho com vírgulas. 
 
 
c) O enunciado apresenta um aposto – este, devidamente pontuado: ―A 
Coordenadoria de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Cispoa), 
órgão da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio do Rio 
Grande do Sul, interditou (...)‖. Diz-se sobre o aposto que ele seria um 
―termo acessório‖ da oração. Diante do que você lê no enunciado, bem 
como diante do fato de que o texto no qual ele se insere faz parte é uma 
notícia, reflita: será que esse enunciado poderia ser escrito (e 
publicado) sem esse aposto? Por quê? Ou seja, será que o aposto, 
aí, é um “termo acessório”? 
 
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
____________________________________________________________ 
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
____________________________________________________________ 
c) Demais regras para emprego da vírgula 
1. Usa-se a vírgula para separar termos ou orações de mesma função 
sintática (itens de uma enumeração). 
Ex.: Vendo automóvel Gol ano 2009, branco, motor 1.6, único dono. 
2. Para separar a localidade da data, em correspondências. 
Ex.: São Leopoldo, 5 de agosto de 2013. 
3. Para marcar a supressão (omissão) do verbo. 
Ex.: Para o churrasco, você traz a carne, e eu, as bebidas. 
11 
 
4. Para isolar expressões como isto é, ou seja, a saber, em outras 
palavras, aliás, ou melhor, por exemplo, além disso, na verdade... 
Ex.: Vejam, por exemplo, o que dizem os jornais. 
5. Para isolar o predicativo deslocado. 
Ex.: O vencedor, muito satisfeito, foi buscar seu prêmio. 
6. Para separar conjunções deslocadas. 
Ex.: Não se fazem bons cidadãos sem boas escolas. Investir em educação é, 
portanto, mais do que necessário. 
d) Regras para o emprego do ponto-e-vírgula 
1. Usa-se o ponto-e-vírgula para separar duas orações coordenadas 
adversativas não unidas por conjunção. 
Ex.: Eu tentei lhe dizer a verdade; você não quis me ouvir. 
2. Separar partes de um período que já se encontram interiormente 
separadas por vírgulas. 
Ex.: Para uns, o “fast-food” é uma refeição perfeita para a vida apressada; para 
outros, é um veneno. 
3. Para separar orações coordenadas adversativas e conclusivas com 
conetivo deslocado. 
Ex.: Achei que tivesse deletado o arquivo; encontrei-o, porém, depois de muita 
procura. 
4. Para separar os diversos itens de uma série, quando estes estiverem 
dispostos em linhas diferentes. 
Ex.: Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
 
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por 
práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou 
nocivos; 
 
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e 
serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; 
 
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, 
com especificação correta de quantidade, características, composição, 
qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que 
apresentem; 
(...) 
 
12 
 
Regras para o emprego de dois pontos, aspas, parênteses e travessão 
EMPREGAM-SE OS DOIS PONTOS PARA: 
1. introduzir uma série de itens (enumeração). 
Ex.: Alguns elementos importantes para a construção de um texto são: a 
clareza das informações, a adequação do vocabulário, o respeito às normas 
gramaticais e a organização dos parágrafos. 
2. Introduzir uma citação direta (reprodução exata de discurso alheio). 
Ex.: O jogador afirmou que não tem mais esperança de voltar a ser convocado: 
“A Seleção Brasileira já é passado para mim.”, disse ele, em entrevista a uma 
emissora de TV. 
3. Introduzir uma explicação, explicitação, síntese ou consequência do 
que foi enunciado anteriormente. 
Ex.: Só espero uma coisa: que não chova no final da semana. 
TRAVESSÕES SÃO EMPREGADOS PARA: 
1. indicar, nos diálogos (em discurso direto), mudança de interlocutor. 
Ex.:  Alô! 
 Alô! Por favor, o João está em casa? 
2. Isolar termos, expressões ou orações intercaladas com finalidade de 
dar-lhes destaque. 
Ex: Peritos usaram luminol – sustância química que permite encontrar vestígios 
de sangue, mesmo que o local tenha sido limpo –, mas nada foi encontrado no 
local. 
PARÊNTESES SÃO EMPREGADOS PARA: 
1. intercalar uma explicação ou circunstância acessória. 
Ex.: Na segunda-feira, foram ouvidos 14 policiais militares da Unidade de 
Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha. 
2. Intercalar uma reflexão, um comentário ou observação à margem do 
que se afirma. 
Ex.: Por dez vezes (e eu não estou exagerando), tentei encontrar você em 
casa. 
 
13 
 
ASPAS SÃO EMPREGADAS: 
1. na transcrição literal de um texto. 
Ex.: “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena” (Fernando Pessoa) 
2. Para sinalizar estrangeirismos, latinismos, arcaísmos, neologismos e 
coloquialismos. 
Ex.: O personagem Henry Chinaski é o “alter ego” do autor Charles Bukowski. 
3. Para denotar ironia. 
Ex.: Você, realmente, prestou-me um “grande” favor...4. Para destacar nomes de obras de arte ou publicações em geral. 
Ex.: Um dos livros de ficção mais vendidos em 2012 foi “Cinquenta Tons de 
Cinza”, de E. L. James. 
 
II. A VÍRGULA E OS PROBLEMAS DE ESTRUTURA FRASAL: AS FRASES 
FRAGMENTADAS 
 
a) A teoria 
As frases fragmentadas são aquelas que não têm estrutura completa 
quando deveriam ter. Conforme Moreno e Guedes (1997, p. 68): 
 
A incapacidade de reconhecer o que seja uma frase 
simples leva à produção de frases fragmentadas. Este 
erro de escrita – um dos mais primários – consiste em 
pontuar uma oração subordinada ou uma simples locução 
como se fosse uma frase completa. 
 
Ou seja, nas frases fragmentadas, uma oração fica, incorretamente, 
separada da outra oração por um ponto final, como nos exemplos a seguir. 
 
Eu estava tentando arranjar dinheiro para o ingresso.Quando vi, na calçada, 
uma nota de cinquenta. 
Oração 1 (principal) Oração 2 (subordinada) 
Separadas por ponto = ERRADO! 
 
Se as pessoas tivessem orientação sobre o uso da Internet. Não haveria 
tantos casos de fraudes. 
Oração 1 (subordinada) Oração 2 (principal) 
Separadas por ponto = ERRADO! 
 
14 
 
Também não é correto separar outros elementos da oração por ponto: 
 
De acordo com os jornais.O dólar subiu de novo. 
Adjunto. Oração principal 
Separados por ponto = ERRADO, mesmo que, aqui, não 
tenhamos, exatamente uma oração, e sim, um adjunto. Veja: na 
parte destacada, não há verbo; então, não se trata de uma 
oração. 
 
O Deputado nasceu em Nova Luanda.Uma pequena cidade do Ceará. 
Oração principal. Aposto 
Separados por ponto = ERRADO. Aqui, novamente, não temos 
oração, e sim um aposto, mas a separação por ponto também é 
incorreta nesse caso. 
 
 
Para evitar as frases fragmentadas, é preciso observar o uso da vírgula: 
 
1. Vírgula no período composto por SUBORDINAÇÃO 
- Quando o período for formado por ORAÇÃO PRINCIPAL + ORAÇÃO 
SUBORDINADA: 
O homem passou a ser observado pelos seguranças quando entrou na loja. 
Observe: 
O homem passou a ser observado pelos segurançasquando entrou na loja. 
 
oração principal (não contém o conectivo) oração subordinada 
(apresenta o conectivo = ―quando‖) 
Nessa ordem,não há vírgula entre as orações. 
*EXCEÇÃO: orações subordinadas adjetivas, que veremos mais adiante. 
 
- Quando o período for formado por ORAÇÃO SUBORDINADA + ORAÇÃO 
PRINCIPAL: 
Quando entrou na loja, o homem passou a ser observado pelos seguranças. 
Inverte-se a ordem; então, nesse caso, há vírgula entre as orações. 
 
 
 
15 
 
Observe: 
Quando entrou na loja,o homem passou a ser observado pelos seguranças. 
 
oração subordinada oração principal 
 
- Se a oração subordinada estiver intercalada: 
O homem, quando entrou na loja,passou a ser observado pelos seguranças. 
 
Oração fica entre vírgulas. 
 
2. Vírgula no período composto por COORDENAÇÃO 
Entre as ORAÇÕES COORDENADAS, haverá vírgula. Exemplos: 
a) Um funcionário da imobiliária entregou as chaves ao comprador do 
imóvel,mas a casa ainda estava ocupada. 
b) Ele não poderia ter entregado as chaves,pois a casa ainda estava 
ocupada. 
*Exceção: antes de ―porque‖, não se costuma empregar vírgula: 
Ele não poderia ter entregado as chaves porque a casa ainda estava 
ocupada. 
c) A casa ainda estava ocupada;portanto, ele não poderia ter entregado as 
chaves. 
 ↑ 
Antes de ―portanto‖ ou ―por isso‖ = convém usar ponto-e-
vírgula. 
d) O comprador sentiu-se constrangido,e a imobiliária lhe pediu desculpas 
pelo fato. 
 ↑ 
Normalmente, não se emprega a vírgula antes do conectivo ―e‖. Nesse caso, 
porém, ela foi necessária, pois o período se compõe de duas orações com 
sujeitos diferentes: 
O comprador sentiu-se constrangido,e a imobiliária lhe pediu desculpas pelo 
fato. 
Sujeito: o comprador Sujeito: a imobiliária 
16 
 
 
3. Vírgula no APOSTO e no VOCATIVO 
Conforme já se viu, a vírgulasepara o aposto: 
 
William Shakespeare, poeta e dramaturgo inglês,é considerado um dos 
maiores artistas de todos os tempos. 
 
Aposto 
 
 
A vírgula separatambém o vocativo: 
 
Observem atentamente esta cena, senhores telespectadores! 
 
 
Vocativo = um chamamento. 
 
 
b) Mas, como recurso de estilo, pode ser adequado fragmentar as frases? 
A linguagem da literatura permite, muitas vezes, os desvios à norma 
gramatical, e a fragmentação de frases é um desses desvios. Na linguagem da 
publicidade, isso também é comum. Veja a seguir: 
 
“Para um verdadeiro homem. Um verdadeiro cigarro. Com um 
verdadeiro gosto.” 
 
“Jovens com vontade de progredir. De subir na vida.” 
(Exemplos retirados de LUFT, Celso Pedro. A Vírgula. São Paulo: Ática 
2006.) 
 
Ou 
 
 
―Durante o mês de janeiro, o Banco do Brasil colocou nomes de 
brasileiros como você nas fachadas das agências. Porque só um banco que 
tem o Brasil no nome pode ser ao mesmo tempo o Banco do João, da 
Carla e do Pedro.‖ (exemplo retirado da revista Veja) 
 
―Com capacidade para regaseificar até 7 milhões de metros cúbicos de 
GNL [gás natural liquefeito] por dia, o Terminal assegura maior flexibilidade e 
segurança na oferta de gás natural no Brasil. E representa mais uma garantia 
de que o Ceará tem todo o gás de que precisa para impulsionar seu 
desenvolvimento.‖ (revista Veja) 
17 
 
 
―Faça um Plano de Previdência SulAmérica. E no futuro ele não vai 
precisar de superpoderes para entrar na faculdade.‖ (revista Veja) 
 
→ Reflita: por que isso “pode” acontecer na linguagem da 
publicidade? 
 
 
 
c) Exercício: 
O texto a seguir, uma notícia, não deveria apresentar frases 
fragmentadas. Localize-as e reescreva-as a fim de adequar a linguagem 
do texto. 
 
 „Quando o vi, não tive dúvida‟, diz mãe de bebê encontrado 
Ela reconheceu criança deixada em maternidade como filho sequestrado. Maria 
de Lourdes de Oliveira vai prestar depoimento na 36ª DP. 
 
Alícia UchôaDo G1, no Rio 
 
 ―Quando o vi, não tive dúvidas‖. Afirmou Maria de Lourdes de Oliveira, mãe do 
menino Carlos Eduardo de Oliveira. De apenas 10 dias. Ela reconheceu, nesta 
quarta-feira (24), o filho sequestrado no último domingo (21) como sendo o 
bebê deixado, nesta madrugada, em frente ao Instituto da Mulher Fernando 
Magalhães. Em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio. 
 
―Soube pela imprensa que tinham encontrado. Agora quero levar ele pra casa e 
namorar muito o meu bebê‖, disse ela. Enquanto deixava o hospital para 
prestar depoimento na 36ª DP (Santa Cruz), responsável pelo caso. 
 
Lá, Maria de Lourdes teve que fazer mais um reconhecimento. Desta vez, de 
uma mulher suspeita de ser a sequestradora. Ela foi detida nesta manhã, na 
Penha, subúrbio do Rio, com as mesmas características apresentadas pelo 
retrato falado, mas a mãe do bebê não a reconheceu. "Estamos felizes, mas 
ainda queremos que peguem essa mulher e ela pague pelo que fez", resumiu a 
sobrinha de Maria de Lourdes, Josiane dos Santos. 
 
Como o bebê foi encontrado 
Carlos Eduardo foi encontrado dormindo na madrugada na calçada do hospital. 
O menino estava num bebê conforto, dentro de uma caixa de papelão. O 
primeiro a vê-lo foi o porteiro Sérgio Casseres. Que levou o bebê aos cuidados 
de uma enfermeira e chamou a polícia. 
 
18 
 
Segundo Casseres. Com ele estava uma reportagem de jornal com a notícia do 
sequestro de Carlos Eduardo. Além de uma mamadeira, uma lata de leite e 
fraldas. . 
 
 
Investigação 
Responsável pelo caso, o delegado Aguinaldo Ribeiro, da 36ª DP (Santa Cruz), 
também foi ao hospital. De acordo com ele,ainda não há identificação do carro 
usado no dia do crime e nem suspeitas de sua motivação. 
 
"Esperamos que a divulgação do retrato falado nos ajude a encontrar essa 
mulher. Hoje vamos ouvir os funcionários do Hospital Pedro II (onde o bebê 
nasceu) para saber como essa pessoa teve acesso a informações que só o 
hospital tinha", explicou Ribeiro. 
 
 (Adaptado de www.globo.com.) 
 
 
III. A VÍRGULA E OS PROBLEMAS DE ESTRUTURA FRASAL: AS FRASES 
“SIAMESAS” 
 
a) A teoria 
 
As ―frases siamesas‖ constituem um problema muito comum na 
construção de frases. Veja um caso assim no parágrafo a seguir. 
 
No dia 12 de março de 2011, Cláudio da Silva, estudante, 20 anos, saiu 
de casa para adquirir um produto em uma loja de informática. Ao chegar à 
loja Megacenter Informática, passou a ser observado por seguranças do 
local, um dos seguranças lhe causou constrangimento,acusou-o de roubar 
artigos da loja. 
 
Esse parágrafo apresenta, conforme destacado, dois problemas relativos 
à presença de ―frases siamesas‖. São orações que têm estrutura completa 
(sujeito + verbo + complemento verbal) e que foram, indevidamente, 
separadas apenas por uma vírgula. 
 
ORAÇÃO 1: ORAÇÃO 2: 
Um dos seguranças lhe causou constrangimento,acusou-o de roubar 
artigos da loja. 
19 
 
 
A vírgula, nesse caso, é insuficiente para separar essas orações. 
 
Para eliminar o problema, você pode optar entre as seguintes soluções: 
1. usarponto-e vírgula em lugar da vírgula: 
Um dos seguranças lhe causou constrangimento; acusou-o de roubar 
artigos da loja. 
Trata-se de um sinal de pontuação que tem mais ―força‖ que uma 
vírgula. 
 
2. Manter a vírgula e empregar um conector (conjunção) que relacione 
logicamente as orações: 
Um dos seguranças lhe causou constrangimento, pois oacusou de 
roubar artigos da loja. 
OU 
Um dos seguranças lhe causou constrangimento, já que oacusou de 
roubar artigos da loja. 
 
A relação estabelecida é de causalidade; os conectores “pois” e 
“já que” marcam esse tipo de relação lógica. Nesse caso, 
éessencial observar a relação de sentido que se estabelece 
entre as orações. 
 
 
b) Exercício: 
Reescreva os enunciados a seguir, procurando eliminar o problema das 
“frases siamesas”. Empregue conectores entre as orações. 
 
1. O veículo chocou-se com violência contra o poste, nenhum dos ocupantes 
feriu-se gravemente. 
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________ 
 
20 
 
 
 
 
 
2. A arara azul é um animal em extinção, não pode ser caçada. 
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________ 
 
3. O pedestre nunca pode estar desatento, um minuto de descuido pode 
custar-lhe a vida. 
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________ 
 
4. O invasor forçou a entrada pela porta da frente, depois tentou arrombar a 
porta dos fundos. 
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________ 
 
A PONTUAÇÃO NAS ORAÇÕES ADJETIVAS 
 
a) O QUE SÃO ORAÇÕES ADJETIVAS? 
As orações adjetivas são assim denominadas por funcionarem como 
adjetivos. São introduzidas por pronome relativo (que, o qual – e flexões – , 
cujo – e flexões –, onde). 
 
 
21 
 
CLASSIFICAÇÃO: 
As orações adjetivas classificam-se em restritivas e explicativas. 
1. Restritivas: são as orações que determinam, delimitam, restringem o 
antecedente. Não são separadas por vírgula da oração principal. 
 Exemplo: Pessoas que mentem não são dignas de confiança. 
► O que se pode depreender daí: todas as pessoas não são dignas de 
confiança? 
A resposta é relacionada à ausência da vírgula marcando a oração adjetiva! 
 
2. Explicativas: são as orações que explicam ou esclarecem o termo 
antecedente, atribuindo-lhe uma qualidade que lhe é inerente ou 
acrescentando-lhe uma informação acessória. São sempre separadas 
por vírgula – ou por vírgulas – da oração principal. 
 Exemplo: Os consumidores, que devem ter seus direitos respeitados, 
às vezes são lesados pelo comércio. 
► Já desse exemplo, o que se pode depreender: todos os consumidores 
devem ter seus direitos respeitados? 
E as vírgulas, têm relação com essa interpretação? 
 
b) ORAÇÕES ADJETIVAS E PRESSUPOSTOS 
Leia e compare os enunciados a seguir. 
 
I - Os funcionários, que fizeram hora extra na sexta-feira, não trabalharão no 
sábado. 
X 
II - Os funcionários que fizeram hora extra na sexta-feira não trabalharão no 
sábado. 
 
22 
 
É possível perceber que ambos contêm orações adjetivas: o primeiro está 
pontuado com vírgulas (ou seja, apresenta oração adjetiva explicativa), e o 
segundo não está (apresenta oração adjetiva restritiva). 
No entanto, a classificação das orações adjetivas em restritivas e explicativas 
não se restringe à presença da vírgula. O fato é que orações adjetivas trazem 
informações implícitas, pressupostas, aos enunciados em que aparecem. 
Veja: 
- Em I, a oração adjetiva explicativa, por tomar o referente ―Os funcionários‖ em 
sua totalidade, deixa implícito que TODOS os funcionários tenham feito hora 
extra na sexta-feira e, portanto, não trabalharão no sábado. 
- Já em II, como a oração é restritiva, o referente ―Os funcionários‖ não é tomado 
em sua totalidade, e sim em parte. Quer dizer, no caso do enunciado II, temos 
uma oração adjetiva restritiva, que se refere a uma PARTE de um grupo, ou 
seja: no caso, fica pressuposto que apenas uma parte dos funcionários não 
trabalhará no sábado: aqueles que fizeram hora-extra na sexta-feira. 
 
c) EXERCÍCIOS 
1. As frases abaixo precisam de pontuação: vírgulas, ponto-e-vírgula, dois 
pontos e aspas. Reescreva cada uma delas, pontuando-as 
adequadamente. 
 
a) Eu gosto de MPB você prefere música sertaneja. 
b) Chico Bento personagem do cartunista Maurício de Souza, representa o 
caipira do interior de São Paulo. 
c) O mecânico falou se o senhor quiser eu posso fazer um orçamento para 
o conserto do motor. 
d) Quando Maria Rita liga para Fernando e ele não atende ao telefone ela 
imediatamente pensa será que ele não quer mais nada comigo? 
e) Ao dirigir pela estrada após o temporal vi cenas assustadoras muitas 
casas destelhadas, muros desabados pessoas recolhendo móveis e postes 
caídos. 
f) Em vez de apenas criticar seus colegas procure conversar com eles e 
tudo ficará bem. 
g) Você não está acima do peso é seu espelho que não funciona. 
23 
 
h) O computador pessoal que se popularizou no final do século XX já 
tornou muita coisa mais ágil em nosso cotidiano. 
i) Eu irei à praia mesmo que de acordo com a previsão do tempo o tempo 
continue nublado. 
j) Já fazia horas que caminhávamos pelo campo quando avistamos ao 
longe um homem capinando. Aproximamo-nos dele e lhe perguntamos senhor, 
que lugar é este? O homem se assustou ao nos ver e respondeu com outra 
pergunta o que fazem aqui neste fim-de-mundo?Respondemos que estávamos 
perdidos e lhe perguntamos também se em sua casa havia um telefone que 
pudéssemos usar. 
k) Se a vida lhe oferecer um limão não se incomode nem desista faça uma 
limonada. 
l) Veja só que coincidência sonhei com você ontem e hoje por acaso você 
passa aqui pela minha rua. 
m) Suas opções são as seguintes ou você tira férias logo após o Natal ou 
tira só depois do Carnaval. 
n) O povo pode se continuar unido reivindicar melhorias na saúde e na 
educação que nas promessas dos políticos sempre são tidas como prioridades. 
 
2. Identifique a diferença de sentido entre estes outros dois enunciados, 
partindo do fato de que ambos apresentam orações adjetivas. 
ATENÇÃO: não basta classificar cada oração adjetiva; explique a 
diferença de sentido que a pontuação imprime a cada enunciado! 
 
As pessoas que se apaixonam perdem a razão, a fome e o sono. 
As pessoas, que se apaixonam, perdem a razão, a fome e o sono. 
 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
 
24 
 
► Como você chegou a essa conclusão? 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
 
 
 
 
 
25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRONOMES RELATIVOS 
 
Rogéria Pacheco 
 
26 
 
O pronome relativo desempenha duas funções importantes: substituir 
um termo já expresso e eliminar a ambiguidade, especificando o antecedente. 
O pronome relativo faz referência a um termo anterior, estabelecendo, assim, 
uma relação entre duas orações. 
 
Observe o uso do pronome relativo: 
Foram encontradas soluções para o problema. O problema preocupa os 
gestores. 
Foram encontradas soluções para o problema que preocupa os 
gestores. 
Pode-se notar a palavra que substituindo o termo problema e 
relacionando a segunda oração com a primeira. 
Analise o enunciado: 
Foi colocado um material perecível no refrigerador que estava 
estragado. 
Na frase acima, a palavra que pode retomar dois antecedentes (ou um 
material perecível; ou no refrigerador). Portanto, é necessária a 
reestruturaçãodessa frase para eliminar a ambiguidade. Por exemplo: 
Foi colocado um material perecível que estava estragado no 
refrigerador. 
Foi colocado, no refrigerador que estava estragado, um material 
perecível. 
 
Os pronomes relativos são divididos em: 
• variáveis: o qual, os quais , a qual, as quais/ cujo, cujos, cuja, 
cujas/ quanto, quantos, quanta, quantas; 
• invariáveis:que, quem, onde, quando, como. 
 
 
 
 
 
27 
 
Emprego dos pronomes relativos 
O pronome relativo quem se refere a uma pessoa ou a uma 
personificação. Exemplos: 
Conheci o rapaz sobre quem você me falou. 
Esta é a minha moto a quem trato como companheira. 
OBS.:O pronome quem sempre vem acompanhado de preposição. 
 
O pronome relativo que faz referência aos seres em geral, que estejam 
tanto no masculino ou no feminino, como no singular ou no plural. Exemplos: 
Sou afetiva com o gato que você me presenteou. 
Nós distribuímos os agasalhos que você doou. 
Mário Quintana que morou em Porto Alegre foi um poeta talentoso. 
O cargo a que aspiro exige muitos desafios. 
OBS.: O pronome relativo que pode ser usado sem preposição ou com 
preposição de apenas uma única sílaba (a, com, de, em, por, etc.). 
 
Os pronomes relativos o qual, os quais, a qual e as quaisconcordam em 
gênero e número com os termos a que se referem. Exemplos: 
Os amigos com os quais compartilho minhas vivências são pessoas 
especiais. 
A emprese para a qual trabalho tem a matriz no exterior. 
OBS.: Geralmente o pronome relativo o qual e suas flexões são 
acompanhados de preposições que têm duas sílabas ou mais (sobre, perante, 
etc.). 
 
Os pronomes relativos onde, quando e como retomam ideias que 
indicam lugar, tempo e modo respectivamente. Exemplos: 
A cidade onde nos conhecemos mudou de nome. 
Naquela noite, quando todos estavam dormindo, você chegou de 
viagem. 
A maneira como você me trata é diferenciada. 
28 
 
 
Os pronomes relativos cujo, cujos, cuja e cujas estabelecem relação de 
posse entre o termo anterior e o posterior que os acompanham. Exemplo: 
Os alunos cujos resultados das avaliações são positivos estão 
aprovados. 
Em vários países, há pessoas famosas sobre cujas vidas pouco se 
divulga. 
OBS.: Diferentemente dos outros pronomes relativos, cujo, cujos, cuja, 
cujas referem-se a um termo subsequente, estabelecendo concordância em 
gênero e número. 
É importante lembrar que é errado usar artigoentre o pronome cujo (ou 
cujos, ou cuja, ou cujas) e o termo posterior a eles. 
 
Os termos quanto, quantos, quanta e quantas assumem o papel de 
pronomes relativos, se vierem antecipadamente acompanhados dos pronomes 
indefinidos tudo, todo(s), toda(s), tanto(s) e tanta(s). 
Discutiram tudo quanto era preciso para a tomada de decisão. 
 
Pronome Relativo Preposicionado 
Os pronomes relativos concordam em gênero e número com os termos 
antecedentes ou posteriores a que se referem. 
E é necessário considerar o verbo da oração introduzida pelo pronome 
relativo, pois,se o verbo exigir preposição, ela deve preceder o pronome 
relativo empregado na frase. Por isso, observe, nos exemplos abaixo, o 
emprego do pronome relativo preposicionado. 
Este é o diretor a quem nós nos referimos. (= Este é o diretor. Nós nos 
referimos a ele.) 
Este é o diretor de quem nós gostamos. (= Este é o diretor. 
Nósgostamos dele.) 
Este é o diretor em quem nós confiamos. (= Este é o diretor. Nós 
confiamos nele.) 
Este é o diretor com quem conversamos sempre. (= Este é o diretor. Nós 
conversamos sempre com ele.) 
29 
 
Este é o diretor sobre cujas propostas nós falamos. (= Este é o diretor. 
Nós falamos sobre as propostas dele.) 
 
EXERCÍCIOS 
 
1. Complete a lacuna das frases utilizando um pronome relativo. 
Em alguns casos, você terá de colocar uma preposição antes do 
pronome. 
 
a) O humor ________ precisamos é indispensável para o sucesso 
dos relacionamentos. 
b) As ideias ________ ela tentou convencer-nos são falaciosas. 
c) Os resultados ________ você duvida são frutos de longas 
discussões. 
d) Você pode sugerir-me um lugar ______ devo conhecer nas 
minhas férias? 
e) Aquela é a praça _______ acontecem muitas coisas misteriosas. 
f) Esta é a cidade _________ pontos turísticos lhe recomendei. 
g) Encaminhamos alguns projetos sociais ______ são bastante 
favoráveis à sociedade. 
h) Em todas as metrópoles, há pessoas famosas _______ pouco se 
tem notícias. 
i) Aqueles rapazes namoram meninas ______ pais são policiais. 
j) Conheci meu melhor amigo na cidade maravilhosa _______ as 
belezas naturais formam um cenário inesquecível. 
 
 
 
 
30 
 
2. Em cada item, há duas orações. Reescreva-as sob a forma de 
um único período, utilizando o pronome relativo adequado para essa 
transformação. Se o verbo exigir preposição, não se esqueça dela. 
 
a) O escritório está em reforma. Eu trabalho nesse escritório. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________b) Aqui estão as pessoas. Seus animais de estimação foram 
encontrados. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
c) Não encontrei o livro. Preciso comentar sobre esse livro. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
d) Os dados da pesquisa pertencem ao IBGE. Os dados da pesquisa 
estão atualizados. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
 
 
 
 
31 
 
e) Seguem as orientações. Poderemos realizar o trabalho com essas 
orientações. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
f) Esta é a mulher. O filho dessa mulher está desaparecido. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
g) A pesquisa revelou resultados surpreendentes. Foram levantados 
vários dados para essa pesquisa. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
h) É muito bonita a atriz da peça teatral. Vamos assistir a essa peça 
teatral. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
i) Prenderam o empresário. Seus filhos menores dirigiam em alta 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
 
 
32 
 
j) A arma tem um grande poder destrutivo. Nós falamos dessa arma 
para as autoridades. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
k) Aquelas moças são as secretárias executivas. Essas secretárias 
vão para o Chile. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
l) Ele fez o projeto. Não se pode construir o prédio sem esse 
projeto. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
m) Leia este artigo. O autor desse artigo é um jornalista renomado. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
n) Aqui estão as ferramentas. O aparelho foi montado com essas 
ferramentas. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
 
33 
 
o) Estes são os menores abandonados. A assistente social escreveu 
sobre esses menores. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
p) Na semana passada, fizemos o trabalho desta disciplina. Nós 
tivemos nosso primeiro encontro na semana passada. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
q) Ele comprou uma mesa. O tampo dessa mesa estava quebrado. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
r) Paulo é um aluno estudioso. Ele gosta de ler. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
s) Este é o carro. O banco desse carro está com problemas. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
 
 
34 
 
t) Todos estão olhando para aquelas pessoas. Aquelas pessoas têm 
nomes diferentes. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
u) João é um ator famoso. Seus pais são cineastas. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
v) Ele é o cantor e compositor Chico Buarque. Referi-me a ele. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
w) Li um belo poema. O escritor desse poema vai ajudar um órgão 
beneficente. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
x) A cidade é muito bonita. Moro com meus irmãos nessa cidade. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________________________________ 
 
 
 
35 
 
y) Fiz a revisão do exercício. O resultado desse exercício está certo. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
z) Aquele homem tem uma voz excepcional. Ele casou com uma 
mulher amorosa. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
aa) Enviamos um e-mail. O assunto do e-mail é a festa de formatura. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
 
 
3. Explique a ambiguidade da frase seguinte e proponha alguma 
forma de resolvê-la: 
A secretária executiva do diretor da empresa que não pode concluir seu 
trabalho prejudicou o faturamento mensal, repercutindo drasticamente no 
orçamento dos funcionários. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
 
 
36 
 
4. Reescreva as frases abaixo, fazendo a correção dos termos 
sublinhados. Para tanto, empregue o pronome relativo adequado, 
acompanhado de preposição, de acordo com a exigência do verbo. 
a) Nós não vamos solicitar um pedido que não concordamos. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
b) O rapaz que ela gosta é muito competente. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
c) O jornal que ele se referiu é Folha de São Paulo. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
d) As músicas de axé que os cantores são baianos têm a letra mais 
divertida. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
e) Os alunos estão certos que vão ser aprovados. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
f) O inverno é a estação do ano que ocorre mais doenças 
respiratórias. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
g) Somente neste exato momento, eu me dei conta que a festa 
acabou. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
 
37 
 
h) A moça que ele conversou em sala de aula é amiga de meu 
irmão. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
i) O problema que me deparei foi resolvido. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
j) Os professores que me refiro são muito legais. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
k) No Rio de Janeiro, a praia que ele foi era Copacabana. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
l) O armário que eu coloquei o livro estava se quebrando. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
m) Adoro consultar na internet, mas ela faz que eu passe muito 
tempo ―no computador‖. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
n) Nós encontramos a resposta que precisávamos. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
o) A aluna que a tatuagem era a expressão loveforever recebeu 
destaque pelo seu talento. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
 
38 
 
p) O jogador que ele entregou o prêmio estava rindo dos 
perdedores. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
q) Aquela é a guria que te falei. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
r) O hotel que nós ficamos tinha até piscina. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
s) Gostamos muito do espetáculo que já tínhamos ouvido bons 
comentários. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
t) As regras que nós nos revoltamos foram consideradas inválidas. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
u) O lazer que ansiamos é necessário. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
v) Já existe ordem para fechar as empresas que as chaminés 
expelem fumaça descontroladamente. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
w) Há pessoas que seus nomes nunca lembramos. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
 
39 
 
x) A guerra que devemos lutar só traz discórdia e tristeza à 
sociedade. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
y) Na semana passada, que nos encontramos, finalizamos o 
trabalho desta disciplina. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
z) Foram criados grupos de trabalho que a finalidade é avaliar as 
novas estratégias sociais. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
 
5. Leia os textos abaixo e responda às questões que seguem, 
após cada um deles. 
 Texto I 
 DO RISO À CRÍTICA SOCIAL 
 O Brasil reconhecia em Chico Anysio (1931-2012) um artista múltiplo, 1 
que tinha no riso o denominador comum. Ninguém o igualava na capacidade 2 
de criar tipos, cada qual com voz, fala, fisionomia e trejeitos próprios. Além de 3 
atuar, escrevia para teatro e televisão. Seus textos aparecem também em livros 4 
de crônicas e de pequenas narrativas, revelando o modo de ser do nordestino 5 
e seu contato com pessoas do povo. 6 
 Uma das marcas de seu humor é a preocupação social, que transparece 7 
na criação de personagenscomo o professor Raimundo – uma crítica à 8 
situação econômica do magistério – ou Justo Veríssimo – que representa o 9 
avesso da hipocrisia dos políticos ladinos em mascarar seu desprezo pelo 10 
povo. A criação de personagens como esses reforça a concepção que tinha do 11 
humor; o riso devia fazer pensar, revelando as deformações do indivíduo e as 12 
injustiças sociais. 13 
 Chico Anysio não teria sido o humorista que foi se não associasse a 14 
preocupação social à consciência linguística. O humor, afinal de contas, está 15 
nas palavras. O que há de risível em pessoas, fatos, situações deriva 16 
sobretudo da forma de os representar. Para torná-los engraçados é preciso 17 
40 
 
dominar uma retórica em cujo repertório se incluem figuras de linguagem, jogos 18 
vocabulares, frases de efeito, aproximação de elementos contrastantes. 19 
 No retrato que faz de si, publicado com exclusividade pelo jornal O 20 
Globo por ocasião de sua morte [http://tinyurl.com/retratochico], o artista alia o 21 
humor ao lirismo. O mergulho no passado é uma das marcas da ―escrita do 22 
eu‖, que busca recompor vivências perdidas. Mesmo num escrito tão pessoal, o 23 
autor amplifica as referências subjetivas num ―nós‖ que engloba meninos 24 
pobres como ele, e com essa visão solidária afirma sua brasilidade. 25 
 
Chico Viana (doutor em Teoria Literária pela 
UFRJ e professor de gramática em João Pessoa – www.chicoviana.com) 
FONTE: Revista Língua Portuguesa – Ano 7 – Número 79 – Maio de 2012 – 
www.revistalingua.com.br 
41 
 
 
QUESTÕES 
1. Indique o termo antecedente a que se referem os pronomes 
relativos abaixo: 
a) que (linha 1) 
____________________________________________________ 
b) que (linha 7 ) 
____________________________________________________ 
c) que (linha 9 ) 
____________________________________________________ 
d) que (linha 11 ) 
____________________________________________________ 
e) cujo (linha 16 ) 
____________________________________________________ 
f) que (linha 21) 
____________________________________________________ 
g) que (linha 23 ) 
____________________________________________________ 
 
2. Em cada item, há duas orações. Após a leitura, reescreva-as sob a 
forma de um único período, utilizando um pronome relativo 
adequado e fazendo as alterações necessárias. 
 
a) O Brasil reconhecia um artista múltiplo em Chico Anysio. Seus 
textosapareceram também em livros de crônicas e de pequenas 
narrativas. 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
b) O personagem de Justo Veríssimo denuncia a hipocrisia na política 
brasileira. Esse personagem mascara seu desprezo pelo povo. 
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________ 
42 
 
 
c) Chico Anysio associa a preocupação social à consciência linguística. 
Para Chico Anysio, o humor está nas palavras. 
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________ 
 
43 
 
 
 Texto II 
ENTRE A TERRA E O CÉU 
Gregório de Matos traduz as contradições do homem barroco. Seus 1 
poemas associam o lirismo amoroso e a contrição religiosa à sátira irreverente, 2 
que por vezes descamba para a pornografia. Neles se expressa a dualidade 3 
corpo/alma típica da escola literária à qual o poeta se afiliou. 4 
Gregório foi sobretudo um crítico de costumes. Sua disposição em 5 
denunciar desmandos administrativos e mazelas de caráter foi facilitada pela 6 
natureza da sociedade em que viveu, marcada pelo desregramento moral. Na 7 
Bahia do século 17, eram enormes as contradições de uma sociedade que 8 
pregava a renúncia aos bens materiais ao mesmo tempo que deles se 9 
recheava. 10 
O poeta investia sobretudo contra os portugueses que exploravam a 11 
Colônia, subtraindo-lhe o açúcar e o pau-brasil, mas não poupava também os 12 
nativos; criticava o servilismo dos mulatos diante dos nobres, a usura dos 13 
comerciantes e a licenciosidade sexual das mulheres. 14 
No barroco há duas grandes correntes: a cultista, marcada pelos jogos 15 
formais; e a conceptista, caracterizada pela sutileza dos conceitos. Costuma-16 
se vincular Gregório de Matos à primeira, embora nem sempre seja fácil 17 
distinguir em seus versos uma vertente da outra. Por vezes as duas tendências 18 
se fundem, como no famoso soneto dedicadoa um braço perdido, do Menino 19 
Jesus, que foi desacatado por infiéis na Bahia. A sequência de imagens que 20 
articulam parte e todo evolui, dialeticamente, a partir do conceito segundo o 21 
qual ―o todo sem a parte não é todo‖. 22 
A polarização entre o divino e o mundano transparece na crítica que o 23 
poeta faz a representantes da igreja. Seus alvos preferidos são os religiosos 24 
que não honram o voto que fizeram e, com isso, concorrem para trazer 25 
descrédito à religião. A postura moralista e até piedosa que assume nesse tipo 26 
de composições confirma a dualidade em que se debate o seu espírito. 27 
 
Chico Viana 
FONTE: Revista Língua Portuguesa – Ano 8 – Número 84 – Outubro de 2012 
www.revistalingua.com.br 
 
 
44 
 
 
QUESTÕES 
 
1. Indique o termo antecedente a que se referem os pronomes 
relativos abaixo: 
 
a) que (linha 2 ) 
____________________________________________________ 
b) à qual (linha 4) 
____________________________________________________ 
c) em que (linha 7) 
____________________________________________________ 
d) que (linha 8 ) 
____________________________________________________ 
e) que (linha 10) 
____________________________________________________ 
f) que (linha 18) 
____________________________________________________ 
g) que (linha 19) 
____________________________________________________ 
h) o qual (linha 20) 
____________________________________________________ 
i) que (linha 21) 
____________________________________________________ 
j) que (linha 22) 
____________________________________________________ 
k) que (linha 23) 
____________________________________________________ 
l) que (linha 24) 
____________________________________________________ 
m) em que (linha 25) 
____________________________________________________ 
 
45 
 
2. Em cada item, há duas orações. Após a leitura, reescreva-as sob a 
forma de um único período, utilizando um pronome relativo 
adequado e fazendo as alterações necessárias. 
 
a) Gregório de Matos traduz as contradições do homem barroco. Seus 
poemas associam o lirismo amoroso à sátira irreverente. 
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________ 
b) No século 17, pregava-se a renúncia aos bens materiais. No século 
17, a sociedade se recheava de luxos. 
_______________________________________________________
_______________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________________ 
c) Gregório de Matos investia sobretudo contra os portugueses. 
Gregório de Matos também criticava os nativos. 
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________ 
d) A polarização entre o divino e o mundano transparece na crítica 
gregoriana. Nessa crítica, a postura moralista e até piedosa 
confirmam a dualidade. 
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
46 
 
Texto III 
 
FUTEBOL DRAMÁTICO 
 
Antônio Candido define a crônica como gênero despretensioso, que se 1 
faz ―ao rés do chão‖, a partir de elementos menores do cotidiano apresentados 2 
de ângulos imprevistos pelos cronistas que conseguem transformar o ordinário 3 
em extraordinário e, assim, escapar da devoração do tempo. 4 
 É o caso de Nelson Rodrigues(1912 – 1980) em suas famosas crônicas 5 
esportivas, quase sempre melhores do que o jogo comentado, irônica e 6 
apaixonadamente, por esse torcedor do Fluminense que ficaria evidentemente 7 
feliz com a vitória do seu time na comemoração do centenário do Fla X Flu. 8 
Felicidade maior, no entanto, seria vivida por seus leitores no dia seguinte, 9 
quando abrissem o jornal e encontrassem uma de suas deliciosas crônicas. O 10 
autor de Vestido de Noiva teria nos dado um texto mais emocionante do que o 11 
jogo sem criatividade ocorrido em 8 de julho passado. 12 
 À Sombra das Chuteiras Imortais( Cia. Das Letras, 1993) – título 13 
homônimo ao da coluna que escrevia de terça a domingo para o jornal O Globo 14 
- reúne, em primorosa organização de Ruy Castro, 70 crônicas esportivas, 15 
publicadas originalmente na revista Manchete Esportiva e em O Globo, das 16 
décadas de 50 a 70. 17 
 Não é justo nem exato dizer que essas crônicas falam sobre futebol 18 
apenas. Elas têm o futebol como pretexto, mas tratam de muitas outras coisas: 19 
amor, inveja, ciúme, ira, morte, coragem, esperança, literatura, filosofia, 20 
religião. 21 
 Como escreve Ruy Castro, na apresentação do volume, Nelson operava 22 
uma transformação no jogo, ―jogando-o numa dimensão de eternidade‖ (p.10). 23 
Ao correr de sua pena, os jogadores, juízes, bandeirinhas, massagistas eram 24 
alçados à categoria de anjos, demônios, deuses, e o campo se transformava 25 
em um palco onde se desenrolavam tragédias, comédias e, principalmente, 26 
tragicomédias, como se pode ver na crônica "Conveniência de ser covarde‖ 27 
(Manchete Esportiva , 17/12/1955, p. 16-17). 28 
47 
 
 
 
Susana Souto( pesquisadora e professora da Universidade Federal de 
Alagoas) 
FONTE:Revista Língua Portuguesa – Ano 8 – Número 82 – Agosto de 2012 – 
www.revistalingua.com.br 
 
 
QUESTÕES 
 
1. Indique o termo antecedente a que se referem os pronomes 
relativos abaixo: 
a) que (linha 1) 
______________________________________________________ 
b) que (linha 3) 
______________________________________________________ 
c) que (linha 7) 
______________________________________________________ 
d) quando (linha 9) 
______________________________________________________ 
e) que (linha 14) 
______________________________________________________ 
f) onde (linha 23) 
______________________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48 
 
2. Em cada item, há duas orações. Leia-as atentamente e reescreva-as 
sob a forma de um único período, utilizando um pronome relativo 
adequado e fazendo as alterações necessárias. 
a) A crônica é um gênero textual despretensioso. Os temas da crônica 
abordam elementos do cotidiano sobre diversos ângulos. 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
b) Nelson Rodrigues escreve irônica e apaixonadamente sobre futebol em 
suas crônicas esportivas. Os torcedores se deliciam com textos 
emocionantes nessas crônicas esportivas. 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
c) As crônicas de Nelson Rodrigues não falam apenas sobre futebol. O 
futebol figura como pretexto para outras discussões. 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 
 
49 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NARRAÇÃO 
 
Alessandra Flach 
 
 
50 
 
Contar histórias é um ato que faz parte de nossa vida. Contamos sobre o 
nosso dia, sobre situações curiosas, inusitadas, trágicas, engraçadas. Também 
é pela narração que podemos noticiar um fato, relatar um episódio, apresentar 
o histórico de uma empresa, vender um produto ou uma ideia. Enfim, narrar é 
uma forma de compartilhar experiências. 
Uma imagem, um símbolo ou uma representação iconográfica também 
podem contar uma história, como podemos perceber, por exemplo, nesta 
criação do fotógrafo americano David LaChapelle: 
 
Figura 1 Ewan Macgregor:Dollhouse Disaster,Love Scorned from Dream 
EvokeSurrealism, DavidLaChapelle.Disponível em: 
 http://widicare.blogspot.com.br/2011/05/david-lachapelle.html. Acesso 
em: 10 ago. 2013. 
Notadamente, a imagem sugere uma situação que se desenvolve no 
tempo e no espaço, envolvendo a interação de personagens. O espectador, 
valendo-se de sua criatividade, imagina as sequências dessa história a partir 
dos indícios apresentados. 
Uma questão recorrente acerca do texto narrativo é o propósito de 
chamar a atenção do interlocutor, seduzir, convencer. Desse modo, tão 
importante quanto o que é dito é a maneira como isso é feito.Paulo Guedes 
(2004, p.89) refere que ―a produção de texto produz, em primeiro lugar, 
imagem, no sentido publicitário do termo‖. Há, de fato, uma expectativa em 
torno do texto a ser lido, em torno de quem o escreveu e do conteúdo 
apresentado. Precisamos, então, nos preocuparmos em oferecer ao 
interlocutor (ouvinte/leitor) elementos para que seja possível recriar a ―imagem‖ 
do acontecimento narrado. 
51 
 
 Sendo assim, alguns aspectos precisam ser considerados: 
1. Progressão textual: encadeamento entre as partes do texto, entre as 
ações, sucessão temporal. 
2. Propósito/efeitos: obviamente, todo texto existe com alguma finalidade. 
Isso precisa ficar claro ao narrar uma história, bem como precisam ficar 
claros os meios utilizados para contar – sejam eles suspense, exagero, 
imparcialidade, impessoalidade ou subjetividade. É importante pensar 
nos sentidos que a história possibilita. 
3. Interlocutores: constituem parte essencial da produção do texto. Deve-
se pensar em quem vai ler o texto e com que objetivos. Desse modo, 
fica mais fácil estruturar a história, antevendo prováveis reações de 
parte do leitor, ou mesmo o que este pretende com a leitura. 
 
ENTRE A NARRATIVA E A NARRAÇÃO 
 Agora é necessário que façamos algumas considerações sobre o 
que, de fato, é a narração e quais são seus componentes. Para tanto, vamos 
partir do conceito de narrativa.Narrativa é o aspecto de transformação, ou seja, a passagem de uma 
situação a outra. Assim, um texto pode ter características narrativas, mas não 
ser uma narração. Veja-se, por exemplo, o caso do editorial de jornal. Nele, 
pode-se partir de umanarrativa (Um jovem reencontrou a mãe depois de 10 
anos de separação.) para desenvolver um comentário, uma análise (Há que se 
tomar providências quanto ao grande número de crianças desaparecidas no 
país. Não se pode aceitar o descaso com que as autoridades tratam do 
assunto...). Predomina, nesse caso, um estilo argumentativo, já que o editorial 
é um gênero textual que se caracteriza pelo desenvolvimento de argumentos e 
reflexões. 
Narraçãoé, portanto, um texto em que PREDOMINA o aspecto da 
narratividade. Em outras palavras, narração é a sistematização do conjunto de 
situações que se sucedem, que se transformam ao longo do tempo, e em 
espaços bem definidos. Envolve alguém que conta a história (narrador) e 
aqueles sobre os quais se desenvolve a história (personagens). 
Esquematicamente, a narração parte de uma situação inicial, a qual é 
perturbada por uma complicação. Isso desencadeia uma sucessão de ações 
que se articulam e se relacionam, levando a mudanças de estado. Muitas 
vezes, há um momento-chave na história, momento de grande tensão, de 
grande expectativa. Por fim, dá-se um desfecho, encaminha-se a história para 
uma conclusão. Alguns desses pontos podem ser omitidos, mas não se pode 
52 
 
eliminar a sucessão de acontecimentos, que é característica fundamental da 
narração. 
O ato de narrar ocorre no presente, mas o evento narrado já é passado 
no momento em que é contado. Desse modo, são usados os tempos verbais 
no passado (pretérito perfeito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito, 
futuro do pretérito) para indicar as relações temporais (antes, durante e após os 
fatos principais)da história ocorrida. 
Para que seja possível entender plenamente as situações narradas, é 
preciso atentar para alguns tópicos: 
 Quanto ao narrador:é aquele que organiza a narrativa e conta a história. 
Seu envolvimento com o fato narrado pode variar: poder ser mais 
imparcial, situando-se fora dos fatos narrador (narrador em 3ª pessoa) 
ou pode estar diretamente envolvido (como testemunha ou personagem, 
1ª pessoa). É importante lembrar que narrador e autor são categorias 
diferentes. Não podem ser confundidos. 
 Quanto aos personagens: podem ser reais (quando se refere um fato 
que aconteceu, como no caso de uma notícia) ou ficcionais (criados pelo 
autor). Em ambos os casos, é importante que, na narrativa, suas ações, 
comportamentos e características sejam referidos de forma satisfatória, 
para que o interlocutor compreenda sua papel na trama. 
 Quanto ao tempo: é importante definir quando a história aconteceu e 
quanto tempo durou, para que se estabeleça, com clareza, a sucessão 
dos episódios narrados. 
 Quanto ao espaço: também deve ser facilmente identificado. O lugar, o 
cenário, os espaços, são todos elementos que contribuem para situar os 
acontecimentos. 
 Quanto às circunstâncias narrativas: em relação às pessoas envolvidas, 
ao tempo e ao espaço, é essencial indicar o modo como se apresentam, 
pois isso ajuda a criar a imagem da cena. Uma noite estrelada, por 
exemplo, compõe um cenário completamente diferente de uma noite 
chuvosa. 
 
A DESCRIÇÃO A SERVIÇO DA NARRAÇÃO 
 Se a narração, como vimos, tem o objetivo de apresentar um 
história, uma sucessão de acontecimentos que se relacionam e que levam a 
desdobramentos específicos, um aspecto importante para compor a sequência 
de acontecimentos é a descrição. 
53 
 
 A descrição é responsável por transmitir ao interlocutor a imagem 
do que está ocorrendo. É, portanto, influenciada pelas impressões de quem 
conta a história (narrador). A descrição precisa estar a serviço da narração, ou 
seja, cada detalhe descrito deve contribuir para representar os fatos. Se 
descrevemos um ladrão como atrapalhado, então a condição de ―atrapalhado‖ 
deve contribuir para explicar o fato de, por exemplo, ter ficado preso na janela 
da casa ao fugir. 
 
ESTUDO DE CASO 
Leia o texto a seguir, publicado no caderno Donna, do jornal Zero Hora, 
no dia 14 de agosto de 2011. 
A mais bonita da festa 
De como um repórter ficou cara a cara com a top gaúcha Carol 
Trentini e sobreviveu para contar a história – do próprio encontro e da 
modelo, uma das mais requisitadas do mundo 
 
Um amigo jornalista disse, certa vez, que entrevistar modelos ou 
mulheres muito bonitas exige uma abordagem semelhante à de uma balada. A 
tese de bar é questionável e vale, claro, apenas para repórteres do sexo 
masculino. Pensei no argumento do meu colega de profissão a caminho do 
Resort Infinity Blue Recanto das Águas, em Balneário Camboriú (SC). 
 
No local estava marcada uma entrevista de mais ou menos uns 20 
minutinhos, como me fez crer a assessoria da top gaúcha Carol Trentini. 
 
REGRA Nº 1 DA ENTREVISTA-BALADA: VÁ ACOMPANHADO DE UM BOM 
AMIGO 
 
Na empreitada, o fotógrafo Felipe Carneiro, do jornal Diário Catarinense, 
profissional rodado – trabalhou como assistente dos principais nomes da 
fotografia do Brasil – e acostumado às lides de produção de moda, luzes e 
egos. Antes do ensaio fotográfico, não notei o Felipe apreensivo. Ele me 
contaria depois que só ficou à vontade mesmo quando, após o primeiro clique, 
conferiu o resultado no visor da câmera e gostou do que viu. 
Modelo internacional, aos 18 anos Carol já era a queridinha da poderosa 
editora de moda Anna Wintour (assitiu ao filme O Diabo Veste Prada? Sim, é 
ela a personagem interpretada por Meryl Streep). Também já posou para 
mestres da fotografia, como Steven Meisel, Irving Penn e David Sims. Agora, 
54 
 
em sua lista, pode colocar o nome do meu parceiro de balada, ops, de 
entrevista, Felipe Carneiro. 
Sábado de céu azul, temperatura beirando os 20°C, sol e quase nenhum vento. 
Carol está no bar do hotel, ao ar livre. Na mesa, uma cuia de chimarrão (ela 
adora e diz que sempre leva erva para Nova York) e uma garrafa térmica. A 
modelo levanta e parece que não para mais de erguer seu 1m84cm de altura. 
Está de sapatilhas com detalhe nos tornozelos, os cabelos bem finos 
displicentemente presos no alto da cabeça, óculos Ray-Ban e um casaco de 
malha 7/8 cinza sobre uma blusa preta. Chama a atenção a saia preta de couro 
muito curta e a ausência de meia-calça. Além da altura e da beleza, Carol se 
faz notar também pelo estilo. É fácil perceber que fica confortável 
movimentando seu corpo de 54 quilos. Mesmo os que não a conhecem devem 
ter certeza de que ela é modelo. Carol parece mesmo uma top internacional, 
dessas que, um dia, estarão na capa da Vogue norte-americana. Parece sem 
querer parecer. 
– Oi. Boa tarde. Tudo bem? – diz ela, antes de se atrapalhar com o número de 
beijinhos no rosto. – Nunca sei se são dois ou três. Ou só um. 
REGRA Nº 2: DEIXE A GAROTA CONFORTÁVEL 
Não foi preciso utilizar o ―vamos conversar em um lugar mais tranquilo?‖. Carol 
abandonou o chimarrão. 
– Vamos sentar ali no sol? – pergunta, toda simpática, mas em tom assertivo. 
 
Sentada, com as pernas cruzadas, o corpo ligeiramente voltado para o 
interlocutor, foi possível reparar nos traços delicados do rosto oval, no nariz 
afilado, nos lábios finos – com o superior mais fino ainda – e nas sardas um 
pouco disfarçadas pelo pó. O conjunto tem formas absolutamente 
proporcionais. 
 
REGRA Nº 3: ENGATE UM BOM PAPO 
Carol fala gesticulando e com olhar firme sobre dinheiro. De uma família 
simples de Panambi, no interior do Rio Grande do Sul, nunca passou 
necessidade, mas

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