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84 99862.1117 PMPB BajanBajanBajan CapitãoCapitão Júlio CésarJúlio César Capitão Júlio César FhabyoFhabyo HunterHunter Fhabyo Hunter OliveiraOliveira JúniorJúnior Oliveira Júnior TiagoTiago MeloMelo Tiago Melo DanielDaniel AlmeidaAlmeida Daniel Almeida BennyBenny GrenneGrenne Benny Grenne Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 CONCURSO PM-PB SÚMARIO LINGUA PORTUGUESA 1 a 72 RACIOCÍNIO LÓGICO 73 a 88 HISTÓRIA DA PARAIBA 89 a 100 NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL 101 a 116 NOÇÕES DE DIREITO PENAL 117 a 128 LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 128 a 152 LEGISLAÇÃO POLICIAL MILITAR DA PARAÍBA 152 a 160 DIREITO PENAL MILITAR 160 a 164 NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL 165 a 170 SOCIOLOGIA 171 a 188 GEOGRAFIA DA PARAÍBA 189 a 210 INFORMÁTICA 211 a 275 Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 1 LINGUA PORTUGUESA – PROF. OLIVEIRA JÚNIOR. Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 2 AULA 01 TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS A produção de textos orais e, posteriormente, de textos escritos sempre foi uma marca da socialização humana e de sua sedentarização após milênios de nomadismo pelos povos primitivos. Assim, o ser humano conseguiu desenvolver efetivamente marcas culturais que influenciaram o surgimento de processos identitários, os quais, por sua vez, influenciaram os objetivos de comunicação advindos dessa interligação social. Considerando esse contexto, os tipos e gêneros textuais existem para o provimento de necessidades sociais de comunicação entre os indivíduos em suas funções diárias dentro da comunidade. Sendo assim, os gêneros discursivos correspondem a certos padrões de composição de texto determinados pelo contexto em que são produzidos, pelo público a que eles se destinam, por sua finalidade e por seu contexto de circulação, entre outros aspectos. Dependendo do padrão de composição, este gênero será classificado dentro de uma tipologia textual. Paralelamente, o termo “tipologia textual” é usado para, de certo modo, organizar os textos, considerando suas características estruturais e linguísticas. Embora seja difícil isolar a forma de um texto de sua função social, a observação da tipologia predominante em cada gênero facilita tanto a produção do autor quanto a compreensão do leitor. Modernamente, as tipologias também são chamadas de sequências discursivas. Quando se faz a indicação de que um gênero pertence a uma tipologia, o que se está destacando é a predominância de um tipo sobre outros dentro de um mesmo texto, pois há gêneros mistos, ou seja, podem, ao mesmo tempo, apresentar características de mais de uma tipologia. Com a evolução da história, da ciência e da tecnologia, os gêneros textuais têm se diversificado cada vez mais e não param de se multiplicar, portanto, mesmo que fosse possível, seria exaustivo enumerar todos, por isso daremos destaque, em nosso estudo, aos gêneros e tipologias mais cobrados nos vestibulares. Veja exemplos da organização estabelecida entre tipologia e gênero textual. TIPOLOGIAS (OU SEQUÊNCIAS DISCURSIVAS) Gêneros textuais correspondentes NARRATIVA Crônica – fábula – conto – notícia – relato – história em quadrinho – roteiro de teatro e cinema – novela – romance – carta afetiva – memorial – resumo – anedota etc. ARGUMENTATIVA Artigo – editorial – manifesto – crônica argumentativa – carta opinativa – ensaio – discurso político etc. EXPOSITIVA Notícia – declaração – exposição de motivo etc. DESCRITIVA Objetivo, subjetivo (pessoa, objeto, paisagem, ambiente e cena) DIALOGAL* Telefonema – conversa informal – conversa com um vendedor – entrevista etc. INJUNTIVA Receita – guia de cidade – manual de montagem – horóscopo – verbete – texto publicitário – aviso etc. 1. A NARRAÇÃO Características: Situa seres e objetos no tempo (história). Recursos: Verbos de ação, discursos direto, indireto e indireto livre. A narrativa deve tentar elucidar os acontecimentos, respondendo às seguintes perguntas essenciais: O QUÊ? – o(s) fato(s) que determina(n) a história; QUEM? – a personagem ou personagens; COMO? – o enredo, o modo como se tecem os fatos; ONDE? – o lugar ou lugares da ocorrência QUANDO? – o momento ou momentos em que se passam os fatos; POR QUÊ? – a causa do acontecimento. Observe como se aplicam no texto de Manuel Bandeira esses elementos: Tragédia brasileira Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade. Conheceu Maria Elvira na Lapa: prostituída com sífilis, dermite nos dedos, uma aliança empenhada e os dentes em petição de miséria. Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estácio, pagou médico, dentista, manicure... Dava tudo quanto ela queria. Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado. Misael não queria escândalo. Podia dar em Maria Elvira uma surra, um tiro, uma facada. Não fez nada disso: mudou de casa. Viveram três anos assim. Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava de casa. Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, Olaria, Ramos, Bom Sucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, encantado, Rua Clapp, outra vez no Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do Mato, Inválidos... Por fim, na Rua da Constituição, Misael, privado de sentidos e inteligência , matou-a com seis tiros. A polícia foi encontrá-la caída em decúbito dorsal, vestida de organdi azul. Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 3 Manuel Bandeira O quê? Romance conturbado, que resulta em crime passional. Quem? Misael e Maria Elvira. Como? O envolvimento inconsequente de um homem de 63 anos com uma prostituta. Onde? Lapa, Estácio, Rocha, Catete e vários outros lugares. Quando? Duração do relacionamento: três anos. Por quê? Promiscuidade de Maria Elvira. 2. A ARGUMENTAÇÃO Nossa vida é uma constante argumentação. Talvez por isso, estejamos a todo momento tentando provar nossos pontos, nossos pensamentos, nossas vontades. Nosso, nós. A argumentação é justamente a tentativa de provar e de estabelecer a defesa de uma ideia pessoal, através de fatos, de observações do mundo, de condições de razoabilidade lógica, milimetricamente concatenados para que se conduza o leitor/ouvinte a aceitar tal posição. Em suma, argumentar é convencer e persuadir, fazer que o outro mude seu pensamento e ações. Para se fazer isso, precisa haver uma tese, acreditar nela e convencer o leitor a partir da transformação de informação em conhecimento. Leiam: Brás Cubas, o defunto-autor de Machado de Assis, diz em suas "Memórias Póstumas" que não teve filhos e não transmitiu a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. Talvez hoje ele percebesse acertada sua decisão: a postura de muitos brasileiros frente a intolerância religiosa é uma das faces mais perversas de uma sociedade em desenvolvimento. Com isso, surge a problemática do preconceito religioso que persiste intrinsecamente ligado à realidade do país, seja pela insuficiência de leis, seja pela lenta mudança de mentalidade social. É indubitável que a questão constitucional e sua aplicação estejam entre as causas do problema. Conforme Aristóteles, a poética deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De maneira análoga, é possível perceber que, no Brasil, a perseguição religiosa rompe essa harmonia; haja vista que, embora estejaprevisto na Constituição o princípio da isonomia, no qual todos devem ser tratados igualmente, muitos cidadãos se utilizam da inferioridade religiosa para externar ofensas e excluir socialmente pessoas de religiões diferentes. Segundo pesquisas, a religião afro-brasileira é a principal vítima de discriminação, destacando-se o preconceito religioso como o principal impulsionador do problema. De acordo com Durkheim, o fato social é a maneira coletiva de agir e de pensar. Ao seguir essa linha de pensamento, observa-se que a preparação do preconceito religioso se encaixa na teoria do sociólogo, uma vez que se uma criança vive em uma família com esse comportamento, tende a adotá-lo também por conta da vivência em grupo. Assim, a continuação do pensamento da inferioridade religiosa, transmitido de geração a geração, funciona como base forte dessa forma de preconceito, perpetuando o problema no Brasil. Infere-se, portanto, que a intolerância religiosa é um mal para a sociedade brasileira. Sendo assim, cabe ao Governo Federal construir delegacias especializadas em crimes de ódio contra religião, a fim de atenuar a prática do preconceito na sociedade, além de aumentar a pena para quem o praticar. Ainda cabe à escola criar palestras sobre as religiões e suas histórias, visando a informar crianças e jovens sobre as diferenças religiosas no país, diminuindo, assim, o preconceito religioso. Ademais, a sociedade deve se mobilizar em redes sociais, com o intuito de conscientizar a população sobre os males da intolerância religiosa. Assim, poder-se-á transformar o Brasil em um país desenvolvido socialmente, e criar um legado de que Brás Cubas pudesse se orgulhar. Percebe-se que o texto argumentativo se ancora em um ponto central e se desenvolve em torno dele: a tese. Uma tese/opinião é o coração do texto pois todos os argumentos que visam defendê-lo têm duas relações diretas com ele, a primeira uma lógica interna de tentativa de demonstração que essa tese não apenas é real como é coerente, faz sentido. A segunda, externa, condiciona a criação de argumentos à realidade do receptor, jogando uma partida entre aquilo que necessita-se dizer para convencer alguém e aquilo que esse alguém trataria como real dentro daquilo que gostaria de ouvir ou entenderia como verdade, de acordo com critérios sociais, culturais, identitários, etários, etc. TESE ARGUMENTOS CORRESPONDENTES O preconceito religioso persiste intrinsecamente ligado à realidade do país, seja pela insuficiência de leis, seja pela lenta mudança de mentalidade social – Embora esteja previsto na Constituição o princípio da isonomia, no qual todos devem ser tratados igualmente, muitos cidadãos se utilizam da inferioridade religiosa para externar ofensas e excluir socialmente pessoas de religiões diferentes. – A preparação do preconceito religioso se encaixa na teoria do sociólogo, uma vez que se uma criança vive em uma família com esse comportamento, tende a adotá-lo também por conta da vivência em grupo. – A continuação do pensamento da inferioridade religiosa, transmitido de geração a geração, funciona como base forte dessa forma de preconceito, perpetuando o problema no Brasil. Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 4 3. A EXPOSIÇÃO/DISSERTAÇÃO É a tipologia textual que tem por finalidade o desenvolvimento de mais informações, conhecimentos ou conteúdos ao leitor, por assim dizer. É o conjunto de gêneros textuais marcado especialmente pelo ajuntamento de fatos e dados sobre um determinado assunto para que o leitor, após a conclusão dessa leitura, tenha mais conhecimentos sobre aquele tema do que quando iniciou sua leitura. A bem da verdade, é muito difícil, num contexto de produção textual, que um discurso seja integralmente imparcial e sem marcação de argumentos, por isso, precisa-se ter em mente que o texto dissertativo jamais será 100% dissertativo. Mesmo assim, o autor busca sempre utilizar marcas que o distanciem do texto, efetivando a impessoalidade característica da dissertação, como verbos na terceira (3ª) pessoa — do singular ou do plural —, geralmente acompanhados do pronome “se”. Há quem use também a primeira (1ª) pessoa do plural. Semanticamente, a primeira pessoa do plural é mais impessoal do que a primeira pessoa do singular. Quando há um esforço da parte do autor em se distanciar do assunto abordado, tratando objetivamente dos fatos, dizemos que o texto é impessoal. Em textos científicos e dissertativos, como a dissertação, procura-se sempre escrever com impessoalidade, pois essa característica confere maior credibilidade ao texto, como se ele contivesse verdades universais e indiscutíveis. Vejamos um exemplo: “O maior estudo da história sobre a esclerose lateral amiotrófica conseguiu descobrir como mutações no gene KIF5A estão conectadas a sintomas da doença. A pesquisa, que contou com a colaboração de dezenas de países, foi publicada poucos dias depois da morte do cosmólogo Stephen Hawking, o portador mais famoso da doença, que viveu com ELA por 56 anos. O gene KIF5A (a sigla complicada quer dizer “membro 5A da família das cinesinas”) já tinha sido associado a outras duas doenças degenerativas com sintomas similares, como enfraquecimento, enrijecimento e perda do controle dos músculos. A nova análise sequenciou o DNA de mais de 125 mil pessoas para comprovar a importância do KIF5A no desenvolvimento da doença. Tudo tem a ver com o funcionamento do sistema nervoso e uma parte das células nervosas chamada axônio. Os axônios são uma espécie de cauda do neurônio, conectando-o ao tecido muscular ou a outros neurônios, e transmitindo mensagens na forma de impulsos elétricos. Outra forma de comunicação entre neurônios e o resto do corpo é a transmissão de proteínas entre células. E aí entra o KIF5A: em sua forma normal, ele produz uma proteína que é transportada via axônio de uma célula para outra. Quando esse gene sofre mutações, ele perturba a “rodovia” de transporte como um todo, impedindo o envio e o recebimento de proteínas essenciais para o funcionamento correto do cérebro e da medula espinhal. E no meio desse caos logístico, o cérebro vai perdendo o controle dos músculos, levando aos sintomas característicos da ELA. Mas é importante destacar que os próprios autores do estudo admitem que essa mutação provavelmente atinge uma minoria das pessoas com ELA. “Como assim?”, você deve estar pensando. Para quê, então, fazer um estudo desse tamanho e descobrir um gene que só afeta um tantinho de gente em uma doença que já é rara? A resposta dessa pergunta tem duas partes. Primeiro, tudo indica que várias mutações genéticas podem estar implicadas quando se fala de esclerose lateral amiotrófica. Uma porção de outros genes como o KIF5A já foram descobertos, alguns deles inclusive graças ao famoso Ice Bucket Challenge. Ou seja: várias alterações genéticas diferentes podem culminar numa mesma doença. E é por isso, em primeiro lugar, que o KIF5A é importante. Quando olhamos para o efeito que versões mutantes dele trazem para o sistema nervoso, entendemos melhor o mecanismo da ELA. E quando comparamos as consequências dessa mutação com as outras já conhecidas, conseguimos entender o que elas têm em comum – e descobrir um alvo que possa ser atingido com medicação, o que leva a tratar todas essas variáveis genéticas de uma vez só. Essa é, então, a segunda parte da resposta. A mutação KIF5A dá força a uma suspeita antiga dos cientistas: que são anormalidades no citoesqueleto dos axônios que estão por trás da ELA, seja qual for a variação genética responsável por esses defeitos. Isso torna o citoesqueleto um possível alvo para novas terapias que possam intervir e, no mínimo, reduzir o impacto da doença,que costuma matar de 2 a 5 anos depois do diagnóstico. “Tratamentos que possam potencialmente estabilizar ou consertar o citoesqueleto nos dão um alvo para o desenvolvimento de novas drogas capazes de tratar ELA [nas suas diferentes formas]”, concluem os autores da pesquisa, publicada no periódico Neuron”. 4. A DESCRIÇÃO A descrição tem como função produzir uma imagem mental que o leitor não vê, permitindo-lhe imaginar espaços, paisagens, objetos, seres reais ou imaginários, estáticos ou evolutivos e mediante a apresentação de aspectos característicos, de pormenores. Descrever não é enumerar, mas captar traços que sejam capazes de transmitir uma impressão autêntica. I – Descrição subjetiva: é a descrição pessoal com os pormenores, mas com o objetivo de criar uma https://super.abril.com.br/tudo-sobre/stephen-hawking/ https://super.abril.com.br/tudo-sobre/stephen-hawking/ https://super.abril.com.br/ciencia/desafio-do-balde-de-gelo-financiou-descoberta-ligada-a-doenca-de-stephen-hawking/ http://www.cell.com/neuron/fulltext/S0896-6273(18)30148-X Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 5 realidade nova, de transmitir emoções, captando a essência das coisas e pessoas. II – Descrição de lugares: a descrição é feita de forma que quem o descreve vê o lugar como se fosse uma “máquina fotográfica”, capta as partes interessantes, descobre expressões faciais. Exemplo de texto - “Cidades Mortas” - Monteiro Lobato “Quem dobra o morro da Samambaia, com a vista saturada pela verdura monótona, espairece na Grota Funda ao dar de chapa com uma sitioca pitoresca. E passa levando nos olhos a impressão daquela sépia afogada em campo verde: casebre de palha, terreirinho de chão limpo, mastro de Santo Antonio com os desenhos já escorridos pela chuva e a bandeira rota trapejante ao vento. Dois mamoeiros no quintal apinhados de frutos; canteiros de esporinhas com periquito em redor e manjericões entreverados. Um pé de girassol, magro e desenxabido, a sopesar no alto a rodela cor de canário; laranjeiras semimortas sob o toucado da erva-de-passarinho. Nos fundos da casa vê-se o lavadouro, descoivarado apenas, num poço onde o corgo rebrilha três palmos d´água. Sobre um tabuão emborcado a meio, lá está batendo roupa a Marianinha Pichorra, mulher de Pedro Pichorra, mãe de nove Pichorrinhas. É ali o sítio dos Pichorras e até a Grota Funda já é conhecida por Fundão da Pichorrada.” Lendo o texto de Monteiro Lobato é possível perceber que sua linguagem é bem típica do tempo em que viveu e que ele utiliza palavras que não são comumente usadas por nós. Aprenda com elas. Você sabia que o sobrenome “Pichorra” dado pelo autor à família de Grota Funda tem vários significados? Não!!!! Veja: Pichorra pode ser: pequeno cântaro de barro branco com bico e também estado de lassidão, preguiça. Bom, aí vêm novas palavras: cântaro e lassidão. Vamos lá, deixe de pichorra e procure o significado. III – Descrição de cena: É a descrição de uma pequena parte de um todo, podendo usar a emoção e as idéias. Exemplo de texto - “Menino de Engenho” - José Lins do Rego: “Há oito dias que relampeja nas cabeceiras. Meu avô ficava de noite por muito tempo a espreitar o abrir rápido do relâmpago para os lados de cima. E quando se cansava de tanto esperar, botava os moleques para isto. Lá um dia, para as cordas das nascentes do Paraíba, via-se, quase rente do horizonte, um abrir longínquo e espaçado de relâmpago: era inverno na certa no alto sertão. As experiências confirmavam que com duas semanas de inverno o Paraíba apontaria na várzea com a sua primeira cabeça d´água. O rio no verão ficava seco de se atravessar a pé enxuto. Apenas, aqui e ali, pelo seu leito, formavam-se grandes poços, que venciam a estiagem. Nestes pequenos açudes se pescava, lavavam-se os cavalos, tomava-se banho. Nas vazantes plantavam batata-doce e cavavam pequenas cacimbas para o abastecimento de gente que vinha das caatingas, andando léguas, de pote na cabeça. O seu leito de areia branca cobria-se de salsas e junco verde-escuro, enquanto pelas margens os marizeiros davam uma sombra camarada nos meios-dias. Nas grandes secas o povo pobre vivia da água salobra e da vazante do Paraíba. O gado vinha entreter a sua fome no capim ralo que crescia por ali. Com a notícia dos relâmpagos nas cabeceiras, entraram a arrancar as batatas e os jerimuns das vazantes.” Veja as palavras que José Lins do rego utiliza para descrever a cena. Você pode, além de ampliar seu vocabulário, descobrir também onde fica o rio Paraíba. A geografia também faz parte da produção de um texto. IV – Descrição física e psicológica das pessoas: é a descrição do caráter, dos hábitos, os gostos, o temperamento e seus aspectos físicos: altura, peso, cor de cabelo, olhos etc. Exemplo de textos: a) descrição física: “Dom Casmurro” - Machado de Assis: “José Dias amava os superlativos. Era um modo de dar feição monumental às idéias; não as havendo, servir a prolongar as frases. Levantou-se para ir buscar o gamão, que estava no interior da casa. Cosi-me muito à parede, e vi-o passar com as suas calças brancas engomadas, presilhas, rodaque e gravata de mola. Foi dos últimos que usaram presilhas no Rio de Janeiro, e talvez neste mundo. Trazia as calças curtas para que lhe ficassem bem esticadas. A gravata de cetim preto, com um arco de aço por dentro, imobilizava-lhe o pescoço; era então moda. O rodaque de chita, veste caseira e leve, parecia nele uma casaca de cerimônia. Era magro, chupado, com um princípio de calva; teria seus 55 anos. Levantou-se com o passo vagaroso do costume, não aquele vagar arrastado dos preguiçosos, mas de um vagar calculado e deduzido, um silogismo completo, a premissa antes da conseqüência, a conseqüência antes da conclusão. Um dever amaríssimo!” b) descrição psicológica: “Angústia” - Graciliano Ramos: “A minha criada Vitória anda em cinquenta anos, é meio surda e possui um papagaio inteiramente mudo, que pretende educar assim: Currupaco, papaco/ A mulher do macaco/ Ela fia, ela cose,/ Ela toma tabaco/ Torrado no caco O papagaio prega na velha o olho redondo. Em seguida cerra as pálpebras e baixa a cabeça. Às vezes se aborrece da gaiola e bate as asas. A dona corre para o quintal e espia a folhagem da mangueira: Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 6 - Meu louro, meu louro! Currupaco, papaco. Meu, Meu louro! Onde andará o sem-vergonha desse papagaio. Só se acomoda depois de percorrer a vizinhança e encontrar o fugitivo. Pega então a parolar com ele, que não diz nada. Quando se cansa, agarra o jornal e lê com atenção os nomes dos navios que chegam e dos que saem. Nunca embarcou, sempre viveu em Maceió, mas tem o espírito cheio de barcos. Dá-me freqüentemente notícias deste gênero: - O Pedro II chega amanhã. O Aratimbó vem com atraso. Terá havido desastre? .............................................................................. No princípio do mês, quando se aproxima o recebimento do ordenado, excita-se e não larga o Diário Oficial. - Faltam dois dias, falta um dia, é hoje. E faz cálculos que não acabam, cálculos inúteis, porque não gasta nada: usa os meus sapatos velhos e traz um xale preto amarelento que deve ter dez anos. Recolhe a mensalidade e mete-se no fundo do quintal, põe-se a esgravatar a terra como se plantasse qualquer coisa. Esquece os navios e as lições ao papagaio. .............................................................................. Nem à noite a pobre descansa: levanta-se pela madrugada e abre a porta do fundo, cautelosamente. Cautela inútil. Como é meio surda pensa que não faz barulho, mas arrasta os sapatões com força, e as pernas reumáticas atiram-na contra os móveis, às escuras,tropeçam nos degraus e cimento quebrado. Ausenta-se uma hora. Depois a porta range de novo e as pisadas reaparecem. Daí a pouco está a criatura resmungando, fazendo contas intermináveis”. Neste texto o vocabulário já é mais acessível, mas mesmo assim podemos encontrar sempre algo que escapa à nossa compreensão. V – Descrição de objetos: é descrever a característica única daquele objeto percebido por quem o descreve. Exemplo de texto: “Poesia Completa e prosa” - Vinicius de Moraes: VELHA MESA “É uma velha mesa esta sobre a qual bato hoje a minha crônica. Pouco mais de um metro por uns quarenta centímetros de largura. Móvel digno, com duas gavetas laterais, um verniz escuro cobria em outros tempos seu jacarandá. Às vezes me dá vontade de parar de escrever, descansar minha cabeça no seu duro regaço e ficar lembrando a infância longínqua. É uma velha querida mesa. Foi lixada para parecer mais nova, mas mostra ainda por toda parte as rugas que lhe causaram a minha inquietação juvenil. O canivete entalhou fundo em sua carne fibrosa e ainda é possível distinguir nomes de antigas amadas, quase esvanecidos. Lembro-me de que aqui à direita ficava o teu nome e louro, ó minha namorada de oito anos.” VI – Descrição objetiva: é a descrição exata, sem emoção, sem rodeios, tendo como foco a informação, o esclarecimento, a comunicação. Esse tipo de descrição é muito usado em relatórios. VII – Descrição de funcionamento: é a descrição utilizada em folhetos informativos. Usado em instruções para uso de aparelhos eletro-eletrônicos, bulas etc. 5. INJUNÇÃO No contexto das novas tecnologias e das diversas técnicas necessárias para bem usá-las, os textos injuntivos têm-se tornado cada vez mais criados, consumidos e trabalhados, especialmente se considerarmos a internet e a infinidade de possibilidades geradas a partir do seu uso. Mas isso não significa que anteriormente não existiam ou tinham menor valor os textos injuntivos. O texto injuntivo é marcado pela explanação, detalhamento e processamento de métodos e técnicas, sequenciais, para efetuar determinada ação. Nesse caso, dá-se ao leitor um passo a passo para que ele produza sem erros uma técnica que só seria feita adequadamente daquela forma. Exemplos claros disso são, nos dias atuais, os tutoriais. Vejamos exemplo: Como recuperar fotos apagadas do Google Fotos Quando você apaga uma foto, ela fica salva no app por 60 dias e depois é excluída definitivamente. Ou seja, se você excluiu alguma imagem dentro desse período, ainda tem chances de recuperar. Veja como! 1. Entre no aplicativo do Google Fotos (também funciona no iPhone!); 2. Toque no ícone de menu (representado por três listras horizontais) no canto superior esquerdo; 3. Entre na Lixeira; 4. Procure por fotos apagadas. Quando encontrar a que você deseja, segure o dedo sobre ela para selecionar. Se você quiser recuperar mais de uma, basta selecionar as outras fotos desejadas; 5. Toque no botão de Restaurar, representado por uma seta que fica no canto superior direito; 6. No canto superior esquerdo, toque no botão de Voltar (representado por uma seta); 7. Pronto! Agora é só procurar pela foto restaurada na biblioteca de fotos. Caso você não encontre, também existe a opção do prazo de 60 dias ter passado ou a foto não estar presente no Google Fotos. Se isso acontecer, não tem mais como recuperar a foto, a não ser que você tenha feito um backup do seu Android. https://tecnoblog.net/216124/fazer-backup-resturar-android/ Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 7 EXERCÍCIOS 01 – Ano: 2017|Banca: COSEAC|Órgão: UFF|Prova: Contador A IMAGEM NO ESPELHO Aos 20 anos escreveu suas memórias. Daí por diante é que começou a viver. Justificava-se: – Se eu deixar para escrever minhas memórias quando tiver 70 anos, vou esquecer muita coisa e mentir demais. Redigindo-as logo de saída, serão mais fiéis e terão a graça das coisas verdes. O que viveu depois disto não foi propriamente o que constava do livro, embora ele se esforçasse por viver o contado, não recuando nem diante de coisas desabonadoras. Mas os fatos nem sempre correspondiam ao texto e, para ser franco, direi que muitas vezes o contradiziam. Querendo ser honesto, pensou em retificar as memórias à proporção que a vida as contrariava. Mas isto seria falsificação do que honestamente pretendera (ou imaginara) devesse ser a sua vida. Ele não tinha fantasiado coisa alguma. Pusera no papel o que lhe parecia próprio de acontecer. Se não tinha acontecido, era certamente traição da vida, não dele. Em paz com a consciência, ignorou a versão do real, oposta ao real prefigurado. Seu livro foi adotado nos colégios, e todos reconheceram que aquele era o único livro de memórias totalmente verdadeiro. Os espelhos não mentem. (ANDRADE, C. D. de. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1981, p. 23.) “Aos 20 anos escreveu suas memórias. Daí por diante é que começou a viver. Justificava-se: – Se eu deixar para escrever minhas memórias quando tiver 70 anos, vou esquecer muita coisa e mentir demais. Redigindo-as logo de saída, serão mais fiéis e terão a graça das coisas verdes”. A construção dos parágrafos acima configura uma estrutura predominantemente: a) descritiva, com predomínio de fatos. b) enumerativa, com apenas um narrador. c) narrativa, com a presença de dois narradores. d) comparativa, com predomínio do passado. e) dissertativa, com explicitação de acontecimentos. 02 – Ano: 2017 | Banca: IADES | Órgão: Fundação Hemocentro de Brasília – DF | Prova: Administrador Doação de sangue Ninguém está livre de precisar de uma transfusão de sangue. Ninguém está livre de sofrer um acidente, de passar por uma cirurgia ou por um procedimento médico em que a transfusão seja absolutamente indispensável. Como não existe sangue sintético produzido em laboratórios, quem precisa de transfusão tem de contar com a boa vontade de doadores, uma vez que nada substitui o sangue verdadeiro retirado das veias de outro ser humano. Todos sabemos que é importante doar sangue. Mas, quando chega a nossa vez, sempre encontramos uma desculpa - Hoje está frio ou não estou disposto; nesses últimos dias, tenho trabalhado muito e ando cansado; será que esse sangue não me vai fazer falta... - e vamos adiando a doação que poderia salvar a vida de uma pessoa. Sempre é bom repetir que o sangue doado não faz a menor falta para o doador. Consequentemente, nada justifica que as pessoas deixem de doá-lo. O processo é simples, rápido e seguro. Disponível em: <https://drauziovarella.com.br/drauzio/doacao-de- sangue/>.Acesso em: 23 dez. 2016, com adaptações a) narração, pois apresenta uma sucessão de ações que expressam a reação das pessoas diante da necessidade de doar sangue. b) dissertação, pois manifesta a opinião do autor a respeito da pouca ou nenhuma importância que as pessoas dão ao ato de doar sangue, o que justifica o fato de elas se recusarem a ser doadoras. c) narração, pois tem como foco central relatar o modo como as pessoas reagem para não doarem sangue, isto é, a forma como elas se esquivam da responsabilidade de serem doadoras. d) descrição, pois o autor faz apenas um registro objetivo e imparcial de um fato para demonstrar ao leitor a realidade em que se encontra a doação de sangue. e) dissertação, pois o autor defende uma opinião a partir da qual se pode concluir que reconhecer a importância de doar sangue não necessariamente garante que tal doação se concretize. 03 – Ano: 2017 | Banca: CESPE | Órgão: PC-GO | Prova: Delegado de Polícia Texto CB1A1AAA A diferença básica entre as polícias civil e militar é a essência de suas atividades, pois assim desenhou o constituinte original: a Constituiçãoda República Federativa do Brasil de 1988 (CF), em seu art. 144, atribui à polícia federal e às polícias civis dos estados as funções de polícia judiciária — de natureza essencialmente investigatória, com vistas à colheita de provas e, assim, à viabilização do transcorrer da ação penal — e a apuração de infrações penais. Enquanto a polícia civil descobre, apura, colhe provas de crimes, propiciando a existência do processo criminal e a eventual condenação do delinquente, a polícia militar, fardada, faz o patrulhamento ostensivo, isto é, visível, claro e perceptível pelas ruas. Atua de modo preventivo-repressivo, mas não é seu mister a investigação de crimes. Da mesma forma, não cabe ao delegado de polícia de carreira e Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 8 a seus agentes sair pelas ruas ostensivamente em patrulhamento. A própria comunidade identifica na farda a polícia repressiva; quando ocorre um crime, em regra, esta é a primeira a ser chamada. Depois, havendo prisão em flagrante, por exemplo, atinge-se a fase de persecução penal, e ocorre o ingresso da polícia civil, cuja identificação não se dá necessariamente pelos trajes usados. Guilherme de Souza Nucci. Direitos humanos versus segurança pública. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 43 (com adaptações). O texto CB1A1AAA é predominantemente a) injuntivo. b) narrativo. c) dissertativo. d) exortativo. e) descritivo. 04 – Ano: 2016 | Banca: SEGPLAN-GO | Órgão: SEGPLAN-GO | Prova: Técnico Agrimensor Leia o texto abaixo. Depois assinale a alternativa que apresenta o tipo textual predominante no texto. O uso do PET na reciclagem é diverso. Pode-se fazer muita coisa com essa matéria-prima, mas um dos destinos mais comuns é se transformar em fibra de poliéster. PET é o melhor e mais resistente plástico para fabricação de garrafas e embalagens. Devido às suas características, o PET mostrou ser o recipiente ideal para a indústria de bebidas em todo o mundo (as famosas garrafas de refrigerantes). Porém, com o aumento do consumo, surgiu um grande desafio a ser resolvido: o que fazer com as embalagens já utilizadas e descartadas, que poluem de forma indiscriminada o nosso planeta? Desde que o conceito de reciclagem surgiu, décadas atrás, a preservação do meio ambiente tornou-se o seu principal objetivo. Nesse sentido, a coleta e a reciclagem da embalagem PET têm sido incentivadas cada vez mais, permitindo o uso da matéria original para a fabricação de diversos produtos. Um dos mais interessantes é produção de fibras de poliéster. Essas fibras estão sendo largamente utilizadas na indústria têxtil e nas confecções. Disponível em: http://www.setorreciclagem.com.br a) Dissertativo b) Narrativo c) Descritivo d) Injuntivo e) Expositivo 05 – Ano: 2016 | Banca: FCC | Órgão: AL-MS | Prova: Nível Médio Um filme de viagem e de amor O filme Viajo porque preciso, volto porque te amo, dirigido por Karim Aïnouz e Marcelo Gomes, foi rodado no interior de cinco estados do Nordeste. A ideia inicial dos dois cineastas era fazer um documentário sobre as feiras do sertão. Entre a primeira e a última filmagem houve uma interrupção de nove anos, e a montagem final é, de fato, uma ficção sobre a viagem e o amor, sem perder uma dimensão crítica sobre a sociedade brasileira. O filme transcende o registro do mero documento, transmite emoções ao espectador e convida-o a refletir sobre a região e as pessoas que nela vivem e trabalham. Um dos achados do filme, cuja narração é conduzida pela voz de um geólogo, foi relacionar o estudo do solo com a desilusão amorosa. Uma sondagem no interior da terra árida tem como contraponto uma sondagem da alma das personagens. Como acontece com os bons romances, que se revelam com mais intensidade ao serem relidos, esse filme convida o espectador a assisti-lo duas vezes. (Adaptado de: HATOUM, Milton. Um solitário à espreita. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 134) Quanto ao seu gênero, esse texto é a) uma crônica imaginosa, na qual o autor expõe um roteiro de filme cuja finalidade é promover uma viagem simbólica pelas várias faces da cultura nordestina. b) uma reportagem rotineira, de vez que o autor se limita a dar uma notícia objetiva sobre a produção de um filme, ressaltando as condições materiais em que foi produzido. c) uma crônica crítica, pela qual o autor comenta a produção de um filme, cujo intento inicial foi alterado, e avalia suas qualidades artísticas e culturais. d) uma reportagem promocional, por meio da qual o autor divulga o lançamento de um filme cujo maior valor é retratar com fidedignidade aspectos da vida sertaneja. e) uma crônica informativa, escrita em tom pessoal, em que o autor fala da surpresa que lhe proporcionou um documentário sobre a diversidade das práticas culturais do Nordeste. 06 – Ano: 2016 | Banca: CONSULPLAN | Órgão: Prefeitura de Venda Nova do Imigrante – ES | Prova: Assistente social O coronel, que então morava já na cidade, tinha um compadre sitiante que ele estimava muito. Quando um filho do compadre Zeferino ficava doente, ia para a casa do coronel, ficava morando ali até ficar bom, o coronel é que arranjava médico, Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 9 remédio, tudo. Quase todos os meses o compadre pobre mandava um caixote de ovos para o coronel. Seu sítio era retirado umas duas léguas de uma estaçãozinha da Leopoldina, e compadre Zeferino despachava o caixote de ovos de lá, frete a pagar. Sempre escrevia no caixote: CUIDADO É OVOS – e cada ovo era enrolado em sua palha de milho com todo cuidado para não se quebrar na viagem. Mas, que o quê: a maior parte quebrava com os solavancos do trem. Os meninos filhos do coronel morriam de rir abrindo o caixote de presente do compadre Zeferino; a mulher dele abanava a cabeça como quem diz: qual...Os meninos, com as mãos lambuzadas de clara e gema, iam separando os ovos bons. O coronel, na cadeira de balanço, ficava sério; mas, reparando bem, a gente via que ele às vezes sorria das risadas dos meninos e das bobagens que eles diziam: por exemplo, um gritava para o outro – “cuidado, é ovos”! Quando os meninos acabavam o serviço, o coronel perguntava: – Quantos salvaram? Os meninos diziam. Então ele se voltava para a mulher: “Mulher, a quanto está a dúzia de ovos aqui no Cachoeiro?” A mulher dizia. Então ele fazia um cálculo do frete que pagara, mais do carreto da estação até a casa e coçava a cabeça com um ar engraçado: – Até que os ovos do compadre Zeferino não estão me saindo muito caros desta vez. [...] (BRAGA, R. O Compadre Pobre. In. BRAGA, R. 200 crônicas escolhidas. Rio de Janeiro: Record, 2013. Fragmento.) Considerando o modo de organização como o texto se apresenta e/ou características linguísticas utilizadas, pode-se afirmar que a) predominam os verbos de situação e as expressões qualificativas em geral. b) o predomínio da descrição revela a caracterização da composição do ambiente. c) através da sequência da enunciação dos fatos pode-se reconhecer determinadas ações encadeadas temporalmente. d) a narrativa apresentada é um recurso argumentativo utilizado pelo autor para expor de forma explícita seu ponto de vista. GABARITO 01 – A 02 – E 03 – C 04 – A 05 – C 06 – C AULA 02 FIGURAS DE LINGUAGEM Criar textos é a arte de repassar ideias. É o que temos visto em nossas aulas desde o começo do ano. Para isso, precisa-se, na maioria dos casos, buscar palavras e sentidos que exprimam e passem ao enunciatário da mensagem o conjunto das ideias que queremos que ele compreenda e processe. Contudo, as palavras, em seu sentido dicionarizado, nem sempre conseguem passar a completudede sentidos e entendimentos que desejamos repassar. Nesse contexto, os falantes criam e recriam os usos que fazem da linguagem e de sua expressão. Nesse entremeio se configuram as figuras de linguagem, elas são um upgrade nos significados e sentidos, fazendo com que certas expressões, muitas vezes combinadas a contextos, repassem novos sentidos, concatenando ideias e deixando o texto bem mais fácil de entender detalhes que fugiriam ao uso ortodoxo da linguagem sob seu prisma dicionarizado. As figuras de linguagem, então, são um recurso de expressividade, que buscam, de certa forma, renovar o entendimento dos textos e de seu uso social cotidiano. Pensando nisso, essas figuras podem ser divididas em três grandes grupos: I – Figuras de palavras Esta subdivisão consiste em, pontualmente, desviar uma palavra de seu sentido original dicionarizado, buscando renovar ou aprofundar sua expressão, assim, as figuras de linguagem pertencentes a esta divisão têm modificação puramente vocabular. II – Figuras de construção (ou de sintaxe) Neste caso, a inter-relação gramatical entre as palavras, ou seja, o conjunto de mecanismos gramaticais que formam frases é modificado de forma a modificar a ideia, o estilo ou o foco da expressão de um conjunto de palavras que forme sentido. III – Figuras de pensamento Neste caso, uma expressão (conjunto vocabular) ou até mesmo a relação semântica (agora não mais gramatical) de frases e períodos são encaixadas e reencaixadas de forma intencional e lógica para repassar outros sentidos e realçar ideias que queiram ser repassadas ao leitor. I – Figuras de Palavras Comparação: é feita de forma “explícita”, ou seja, com uso de conectivo comparativo (como, tal qual, igual) Minha irmã é bondosa como um anjo. Metáfora: é uma comparação abreviada, associação de idéias ou de característica comum entre dois seres. Nasce por meio da analogia e da similaridade e dispensa os conectivos que aparecem na comparação. Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 10 Minha irmã é um anjo. Metonímia: é a utilização de uma palavra por outra, porque mantêm elas uma relação constante ou contigüidade de sentido. Eis os principais casos: o autor pela obra: Você já leu Camões? o efeito pela causa: Respeite minhas rugas. o instrumento pela pessoa: Júlio é um bom garfo. o continente pelo conteúdo: Ele comeu dois pratos. o lugar pelo produto: Ele gosta de um bom havana. a parte pelo todo: Não tinha teto aquela família. o singular pelo plural: O paulista adora trabalhar. o indivíduo pela espécie ou classe: Ele é um judas. a matéria pelo objeto: A porcelana chinesa é belíssima. a marca pelo produto: pacote de bombril, fazer a barba com gilete, mascar um chiclete. Catacrese: metáfora tão usada que perdeu seu valor de figura e tornou-se cotidiana, não representando mais um desvio: céu da boca; cabeça do prego; asa da xícara; dente de alho; pé da cadeira. Também se encontra no emprego impróprio por esquecimento ou ignorância de origem. Isso ocorre pela inexistência de palavras mais apropriadas e dá- se devido à semelhança da forma ou da função: ferradura de prata; embarcar no avião; fazer sabatina na sexta-feira; péssima caligrafia; ficou de quarentena dois meses; fazer uma novena durante esta semana. Antonomásia: é uma espécie de apelido que se confere aos seres, valorizando algum de seus feitos ou atributos. Leu a obra do Poeta dos Escravos (Castro Alves). O Rei do Futebol fez mais de mil gols (Pelé). Você gosta da Terra da Garoa (São Paulo)? Sinestesia: é a figura que proporciona a mistura de percepções, mistura de sentidos. Tinha um olhar gelado. II – Figuras de Construção Por repetição/reuso de termo: Aliteração: repetição de fonemas idênticos ou semelhantes. Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando. (Guimarães Rosa) Polissíndeto: repetição de conjunções (síndetos). Não sorriu, nem feliz ficou, nem quis me ver, nem se importou com a partida. E resmunga, e chora, e grita, e pula, e berra. Repetição: é a repetição de palavras com o intuito de exprimir a idéia de progressão e intensificação. Aquela noite era linda, linda, linda. Enquanto tudo isso acontecia, a garota crescia, crescia. Anáfora: é também a repetição de palavras, porém no início de frase ou versos. Eu quase não saio Eu quase não tenho amigo Eu quase não consigo Ficar na cidade sem viver contrariado (Gilberto Gil) Anadiplose: consiste em repetir, no início de uma oração ou de um verso, a última palavra da oração ou verso anterior. Ofendi-vos, meu Deus, é bem verdade, verdade é, meu senhor, que hei delinqüido, delinqüido vos tenho, e ofendido; ofendido vos tem minha maldade (Gregório de Matos) Pleonasmo: repetição da mesma idéia com objetivo de realce. Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal (Fernando Pessoa) Hipérbato: é a alteração da ordem direta dos termos ou das próprias orações. Aquela pessoa nunca mais quero ver. Da casa saíram as crianças. Da igreja estava ele na frente. Por desvinculação de termo Anacoluto: é a quebra da estrutura normal da frase a fim de introduzir nova palavra sem ligação sintática com as demais. Minha vida, tudo sem importância. Eu, eles diziam que a culpa era minha. Por omissão de termo Assíndeto: ausência da conjunção entre palavras ou entre orações de um período. Nunca tivemos glória, amores, dinheiro, perdão. Vim, vi, venci. Elipse: É a omissão de palavra ou expressão que pode ser facilmente subentendida. Requer-se seja intimado. Toda a cidade parada por causa do calor. Zeugma: é um tipo de elipse. Ocorre zeugma quando duas orações compartilham o termo omitido, isto é, quando o termo omitido é o mesmo que aparece na oração anterior. Exemplos: Na terra dele só havia mato; na minha, só prédios. Meus primos conheciam todos. Eu, poucos. Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 11 III – Figuras de Pensamento Antítese: aproximação de idéias de sentidos opostos. Tinha na alma um herói e um covarde. Eufemismo: emprego de palavra ou expressão com objetivo de amenizar alguma verdade triste, chocante ou desagradável. Ele foi desta para melhor. Paradoxo ou oxímoro: é o emprego de duas idéias antagônicas, que se excluem mutuamente, mas que aparecem em uma mesma frase. “Amor é fogo que arde sem se ver; é ferida que dói e não se sente” (Camões) "Estou cego e vejo " (Carlos Drummond de Andrade) Hipérbole: exagero proposital. Estou morrendo de alegria. Chorou um rio de lágrimas. Ironia: forma intencional de dizer o contrário do que pensamos. Ele era fino e educado (comeu como um porco), além de ser gentil (nem disse obrigado). Personificação ou prosopopéia: É dar a vida ao seres inanimados ou dar características humanas aos animais e objetos. A formiga disse que tinha de trabalhar A vida ensinou-me a ser humilde. Silepse: é a concordância que se faz com a idéia, e não com a palavra expressa. Há três tipos: de gênero: Vossa Santidade será homenageado. de pessoa: Os brasileiros somos massacrados. de número: Havia muita gente na rua, corriam desesperadamente. Apóstrofe: invocação ou interpelação de ouvinte ou leitor, seres reais ou imaginários, presentes ou ausentes. Também é conhecido como vocativo. Ó Deus! Mereço tanto sofrimento? Tenha piedade, Senhor, de seus filhos. Gradação: aumento ou diminuição gradual. A paixão crescia, amadurecia, vingava... 01 – Ano: 2017 | Banca: COPESE – UFJF | Órgão: UFJF | Prova: Técnico de Tecnologia da Informação Ler devia ser proibido (Guiomar de Gramont*) A pensar a fundo na questão, eu diria que ler devia ser proibido. Afinal decontas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os exemplos de Don Quixote e Madame Bovary. O primeiro, coitado, de tanto ler aventuras de cavalheiros que jamais existiram, meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre Rocinante. Quanto à pobre Emma Bovary, tornou-se esposa inútil para fofocas e bordados, perdendo-se em delírios sobre bailes e amores cortesãos. Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem a leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria mais afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar enriquecê-lo com cabriolas da imaginação. Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria nunca o sumo Bem de Aristóteles: o conhecer. Mas para que conhecer se, na maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens? Se o que deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais? Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem necessariamente ser longos. Ler pode gerar a invenção. Pode estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do que lhe é devido. Além disso, os livros estimulam o sonho, a imaginação, a fantasia. Nos transportam a paraísos misteriosos, nos fazem enxergar unicórnios azuis e palácios de cristal. Nos fazem acreditar que a vida é mais do que um punhado de pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens. Estrelas jamais percebidas. É preciso desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede de aceitar nossas realidades cruas. Não, não deem mais livros às escolas. Pais, não leiam para os seus filhos, podem levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro patas, sem noção de progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer guerras, destruição, violência. Professores, não contem histórias, podem estimular uma curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a repetição e para o trabalho duro. Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos, em um mundo administrado, onde ser livre não passa de uma ficção sem nenhuma verossimilhança. Seria impossível controlar e organizar a sociedade se todos os seres humanos Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 12 soubessem o que desejam. Se todos se pusessem a articular bem suas demandas, a fincar sua posição no mundo, a fazer dos discursos os instrumentos de conquista de sua liberdade. O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas leem por razões utilitárias: para compreender formulários, contratos, bulas de remédio, projetos, manuais, etc. Observem as filas, um dos pequenos cancros da civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem magicamente transportados para outras dimensões, menos incômodas. É esse o tapete mágico, o pó de pirlimpimpim, a máquina do tempo. Para o homem que lê, não há fronteiras, não há cortes, prisões tampouco. O que é mais subversivo do que a leitura? É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para se divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns, jamais àqueles que desenvolvem trabalhos práticos ou manuais. Seja em filas, em metrôs, ou no silêncio da alcova… Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um. Afinal de contas, a leitura é um poder, e o poder é para poucos. Para obedecer, não é preciso enxergar, o silêncio é a linguagem da submissão. Para executar ordens, a palavra é inútil. Além disso, a leitura promove a comunicação de dores, alegrias, tantos outros sentimentos. A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna coletivo o individual e público, o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida. Ler pode tornar o homem perigosamente humano. Publicado originalmente em: A formação do leitor: pontos de vista. Org. Juan Prado e Paulo Condini, Leia Brasil, 1999. *Escritora e professora de Filosofia no Instituto de Filosofia e Artes da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) Atente para as frases a seguir: “Sem leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram.” “Além disso, o livro estimula os sonhos, a imaginação, a fantasia.” Os enunciados apresentam, respectivamente, os seguintes recursos estilísticos: a) Eufemismo e metáfora. b) Ironia e metonímia. c) Metonímia e ironia. d) Personificação e metáfora. e) Hipérbole e ironia. 02 – Ano: 2017 | Banca: CONSULPLAN | Órgão: TRF - 2ª REGIÃO | Prova: Analista Judiciário - Área Administrativa Texto para responder à questão. * Final do romance “Vidas Secas” que narra a família de Fabiano, mais uma vez, se retirando para algum outro lugar, em virtude da seca: Pouco a pouco uma vida nova, ainda confusa, se foi esboçando. Acomodar-se-iam num sítio pequeno, o que parecia difícil a Fabiano, criado solto no mato. Cultivariam um pedaço de terra. Mudar-se-iam depois para uma cidade, e os meninos frequentariam escolas, seriam diferentes deles. Sinhá Vitória esquentava-se. Fabiano ria, tinha desejo de esfregar as mãos agarradas à boca do saco e à coronha da espingarda de pederneira. Não sentia a espingarda, o saco, as pedras miúdas que lhe entravam nas alpercatas, o cheiro de carniças que empestavam o caminho. As palavras de Sinhá Vitória encantavam-no. Iriam para diante, alcançariam uma terra desconhecida. Fabiano estava contente e acreditava nessa terra, porque não sabia como ela era nem onde era. Repetia docilmente as palavras de Sinhá Vitória, as palavras que Sinhá Vitória murmurava porque tinha confiança nele. E andavam para o sul, metidos naquele sonho. Uma cidade grande, cheia de pessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e necessárias. Eles dois velhinhos, acabando-se como uns cachorros, inúteis, acabando- se como Baleia. Que iriam fazer? Retardaram-se, temerosos. Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, Sinhá Vitoria e os dois meninos. (Vidas Secas, Graciliano Ramos.) Em “Eles dois velhinhos, acabando-se como uns cachorros, inúteis, acabando-se como Baleia.” (3°§) a construção apresentada é feita empregando-se, como recurso linguístico, a) a evidência de oposição estabelecida através de uma relação comparativa entre elementos distintos. b) uma palavra em sentido figurado, baseando-se em uma comparação subentendida entre dois termos. c) o exagero do sentido com o objetivo de conferir ênfase à informação apresentada, constituindo uma variação de metáfora. d) uma relação de semelhança entre dois termos atribuindo características de um a outro por meio de um elemento comparativo explícito. 03 – Ano: 2017 | Banca: IBFC | Órgão: AGERBA | Prova: Técnico em Regulação Primeira classe (Moacyr Scliar) Durante anos, o homem teve um sonho: queria Concurseiro Mossoroense. Com você antes,durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 13 viajar de avião na primeira classe. Na classe econômica, ele, executivo de uma empresa multinacional, era um passageiro habitual; e, quando via a aeromoça fechar a cortina da primeira classe, quando ficava imaginando os pratos e as bebidas que lá serviam, mordia-se de inveja. Talvez por causa disso trabalhava incansavelmente; subiu na vida, chegou a um cargo de chefa que, entre outras coisas, dava-lhe o direito à primeira classe nos voos. E assim, um dia, ele embarcou de Nova Délhi, onde acabara de concluir um importante negócio, para Londres. E seu lugar era na primeira classe. Seu sonho estava se realizando. Tudo era exatamente como ele imaginava: coquetéis de excelente quantidade, um jantar que em qualquer lugar seria considerado um banquete. Para cúmulo da sorte, o lugar a seu lado estava vazio. Ou pelo menos estava no começo do voo. No meio da noite acordou e, para sua surpresa, viu que o lugar estava ocupado. Achou que se tratava de um intruso; mas, em seguida, deu-se conta de que algo anormal ocorria: várias pessoas estavam ali, no corredor, chorando e se lamentando. Explicável: a passageira a seu lado estava morta. A tripulação optara por colocá-la na primeira classe exatamente porque, naquela parte do avião, havia menos gente. Sua primeira reação foi exigir que removessem o cadáver. Mas não podia fazer uma coisa dessas, seria muita crueldade. Por outro lado, ter um corpo morto a seu lado horrorizava-o. Não havendo outros lugares vagos na primeira classe, só lhe restava uma alternativa: levantou-se e foi para a classe econômica, para o lugar que a morta, havia pouco, ocupara. Ou seja, ao invés de um upgrade, ele tinha recebido, ainda que por acaso, um downgrade. Ali ficou, sem poder dormir, claro. Porque, depois que se experimenta a primeira classe, nada mais serve. Finalmente, o avião pousou, e ele, arrasado, dirigiu-se para a saída, onde o esperavam os parentes da falecida para agradecer-lhe. Disse um deles, que se identificou como filho da senhora: “Minha mãe sempre quis viajar de primeira classe. Só conseguiu morta graças à sua compreensão. Deus lhe recompensará”. Que tem seu lugar garantido no céu, isso ele sabe. Só espera chegar lá viajando de primeira classe. E sem óbitos durante o voo. No último parágrafo, o trecho “Que tem seu lugar garantido no céu” ilustra uma figura de linguagem conhecida como: a) hipérbole. b) personificação. c) metonímia. d) eufemismo. e) comparação. 04 – Ano: 2017 | Banca: IBADE | Órgão: Prefeitura de Rio Branco – AC | Prova: Nutricionista Texto para responder à questão. Uma estranha descoberta Lá dentro viu dependurados compridos casacos de peles. Lúcia gostava muito do cheiro e do contato das peles. Pulou para dentro e se meteu entre os casacos, deixando que eles lhe afagassem o rosto. Não fechou a porta, naturalmente: sabia muito bem que seria uma tolice fechar-se dentro de um guarda- roupa. Foi avançando cada vez mais e descobriu que havia uma segunda fila de casacos pendurada atrás da primeira. Ali já estava meio escuro, e ela estendia os braços, para não bater com a cara no fundo do móvel. Deu mais uns passos, esperando sempre tocar no fundo com as pontas dos dedos. Mas nada encontrava. “Deve ser um guarda-roupa colossal!”, pensou Lúcia, avançando ainda mais. De repente notou que estava pisando qualquer coisa que se desfazia debaixo de seus pés. Seriam outras bolinhas de naftalina? Abaixou-se para examinar com as mãos. Em vez de achar o fundo liso e duro do guarda- roupa, encontrou uma coisa macia e fria, que se esfarelava nos dedos. “É muito estranho”, pensou, e deu mais um ou dois passos. O que agora lhe roçava o rosto e as mãos não eram mais as peles macias, mas algo duro, áspero e que espetava. – Ora essa! Parecem ramos de árvores! Só então viu que havia uma luz em frente, não a dois palmos do nariz, onde deveria estar o fundo do guarda-roupa, mas lá longe. Caía-lhe em cima uma coisa leve e macia. Um minuto depois, percebeu que estava num bosque, à noite, e que havia neve sob os seus pés, enquanto outros flocos tombavam do ar. Sentiu-se um pouco assustada, mas, ao mesmo tempo, excitada e cheia de curiosidade. Olhando para trás, lá no fundo, por entre os troncos sombrios das árvores, viu ainda a porta aberta do guarda- roupa e também distinguiu a sala vazia de onde havia saído. Naturalmente, deixara a porta aberta, porque bem sabia que é uma estupidez uma pessoa fechar-se num guarda-roupa. Lá longe ainda parecia divisar a luz do dia. – Se alguma coisa não correr bem, posso perfeitamente voltar. E ela começou a avançar devagar sobre a neve, na direção da luz distante. Dez minutos depois, chegou lá e viu que se tratava de um lampião. O que estaria fazendo um lampião no meio de um bosque? Lúcia pensava no que deveria fazer, quando ouviu uns pulinhos ligeiros e leves que vinham na sua direção. De repente, à luz do lampião, surgiu um tipo muito estranho. Era um pouquinho mais alto do que Lúcia e levava uma sombrinha branca. Da cintura para cima parecia um homem, mas as pernas eram de bode (com pelos pretos e acetinados) e, em vez de pés, tinha cascos de bode. Tinha também cauda, Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 14 mas a princípio Lúcia não notou, pois ela descansava elegantemente sobre o braço que segurava a sombrinha, para não se arrastar pela neve. Trazia um cachecol vermelho de lã enrolado no pescoço. Sua pele também era meio avermelhada. A cara era estranha, mas simpática, com uma barbicha pontuda e cabelos frisados, de onde lhe saíam dois chifres, um de cada lado da testa. Na outra mão carregava vários embrulhos de papel pardo. Com todos aqueles pacotes e coberto de neve, parecia que acabava de fazer suas compras de Natal. Era um fauno. Quando viu Lúcia, ficou tão espantado que deixou cair os embrulhos. – Ora bolas! - exclamou o fauno. [...] LEWIS, C.S. Uma estranha descoberta.In: As Crônicas de Nárnia .Tradução de Paulo Mendes Campos. São Paulo: Martins Fontes, 2005. p.105-6. Volume único. Em “Pulou para dentro e se meteu entre os casacos, deixando que eles lhe afagassem o rosto.” há uma figura de linguagem, denominada: a) eufemismo. b) hipérbole. c) catacrese. d) prosopopeia. e) metonímia. 05 – Ano: 2017 | Banca: MS CONCURSOS | Órgão: Prefeitura de Piraúba – MG | Prova: Agente Fiscal Figuras de linguagem, também chamadas figuras de estilo, são recursos especiais de que se vale quem fala ou escreve, para comunicar à expressão mais força e colorido, intensidade e beleza. Sendo assim, assinale a alternativa onde temos uma figura de linguagem chamada metáfora: a) O rei dos animais foi generoso.(= leão). b) As derrotas e as desilusões são amargas. c) Foi o que vi com os meus próprios olhos. d) Chorou rios de lágrimas. GABARITO 01 – B 02 – D 03 – D 04 – D 05 – B AULA 03 CRASE A língua portuguesa é, frente a diversas outras, uma língua majoritariamente vocálica. Por isso, é normal que duas vogais se encontrem na construção de uma palavra ou de um texto. Mas e quando elas são iguais. É isso o que acontece com o a preposição com o a artigo ou de início de alguns pronomes, entre outras situações. A esse fenômeno damos o nome de crase. Crase vem do grego (crasis) e significa junção, fusão. Esse fenômeno gramatical é indicado pelo acento grave (`, virado à esquerda). O entendimento do fenômeno é muito simples, contudo precisamos ter atenção com suas regras de ocorrência e principalmente às exceções. Vejamos: Regra 1: ocorrerá crase quando o termo regente pedir preposição “a” e o termo regido aceitar o artigo definido feminino “a”. Vejamos: Comprei flores à namorada Quem compra, compra algo a (preposição)alguém a (artigo definido feminino) namorada. = crase!!! Vamos à praia. Quem vai, vai a (preposição) algum lugar a (artigo definido feminino) praia. = crase!!! Bizu!!! – Nos casos acima, perceba que um macete muito simples de detectar a obrigatoriedade do fenômeno da crase é o de promover a troca do termo regido feminino por um masculino correlato. Veja: – Comprei flores ao namorado – Vamos ao mercado Aparecendo “ao” (preposição + artigo masculino definido), deve ocorrer a crase na situação envolvendo o gênero feminino. Regra 2: ocorrerá crase se o termo regente exige preposição “a” e o termo regido é um pronome demonstrativo a, aquele(s), aquela(s), aquilo, não importando, neste caso, o gênero do termo regido. Refiro-me àquilo de que falei ontem Quem se refere, refere-se a (preposição) algo aquilo (pronome demonstrativo) = crase!!! Essa casa é semelhante à que vimos no outro local. Quem vai, vai a (preposição) algum lugar a (pronome demonstrativo, retoma casa) = crase!!! É interessante pontuar que no uso dos demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo é possível tanto usar a preposição separada (a aquilo de que falei ontem) como a preposição craseada com o pronome (vide exemplo). Regra 3: ocorrerá crase em locuções adverbiais, adjetivas, conjuntivas e prepositivas em que o núcleo dessa locução for uma palavra feminina. As principais locuções são: Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 15 Às pressas À medida que À tarde Às claras Às ocultas À noite À vontade À beça Às avessas À revelia À direita À esquerda À procura À luz À toa À deriva À frente de À proporção que À beira de À semelhança de Às vezes Entre vários outros Crase facultativa: a indicação do fenômeno da crase será opcional, portanto estilístico, quando anteceder os pronomes possessivos minha, tua, sua, nossa e vossa (e suas respectivas flexões plurais) e quando suceder a preposição até. A aluna não assistia a/à sua aula atentamente Quem se assiste (observar), assiste a (preposição) algo a sua (artigo + pron. possessivo) / sua (pron. possessivo) = crase facultativa!!! O motorista dirigiu até as/às 10h da noite. Preposição até a depois de até = crase facultativa!!! Casos em que NÃO ocorre crase: – Diante de substantivos masculinos Escreveu o poema a lápis. Selou o saco a vácuo. – Diante de verbos Estavam a namorar. O réu nada tem a dizer. – Diante de pronomes e de expressões de tratamento (exceto os que se referem à mulher: senhora, senhorita, madame, dona) Parabéns a você. Entreguei flores a vossa senhoria. Parabéns à madame. Entreguei flores à senhorita. – Diante de numerais cardinais Chegou a quarenta o número de resgatados. Daqui a dois dias acontecerá a festa. – Entre palavras repetidas no adjunto adverbial formando expressão Tiveram uma conversa tete a tete. Competiram palmo a palmo – Em situações de singular + plural Não vou a missas. Não cedo a pressões. Casos interessantes: Palavra “distância”: Quando a palavra “distância” vier especificada, usa-se a crase. Se não houver especificação, a crase é invalidada. Vejamos Ex. 1: A casa fica à distância de 5km daqui. Ex. 2: Foi reconhecido a distância. Nomes geográficos: Não há crase, a menos que haja modificação por elemento restritivo ou qualitativo em relação às cidades. Ex. 1: Bem-vindos a Paris Ex. 2: Bem-vindos à Paris-Luz Ex. 3: Fui a Roma Ex. 4: Fui à Roma Antiga Já no caso dos estados brasileiros, apenas Bahia e Paraíba recebem crase: Ex. 1: Bem-vindos à Bahia. Ex. 2: Fui à Paraíba e a Sergipe. Por fim, em relação a países, alguns aceitam crase e outros não. Vejamos a tabelinha didática. ACEITAM NÃO ACEITAM Fui à Índia* Fui a Portugal Fui à Rússia* Fui a Angola Fui à Venezuela* Fui a Moçambique Fui à Espanha Fui a Israel Fui à Holanda Fui a El Salvador Fui à Inglaterra Fui a Liechtenstein *Casos de crase obrigatória Antes de expressões adverbiais subentendidas: Usa-se obrigatoriamente crase, se a expressão subentendida puder ter núcleo feminino. Veja que interessante: Ex. 1: Fez um gol à Neymar. (à moda de) Ex. 2: Arroz à grega. (à la) Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 16 EXERCÍCIOS 01 – Ano: 2017 | Banca: Fundação La Salle | Órgão: SUSEPE-RS | Prova: Agente Penitenciário (Superior) Moradores fixam placas em ruas no RS para avisar sobre furtos e assaltos 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 Moradores de duas das principais cidades do Rio Grande do Sul fixaram placas para denunciar o perigo em regiões onde acontecem crimes. A iniciativa, registrada em Porto Alegre e em Caxias do Sul, na Serra, tem como objetivo alertar quem passa por locais onde já ocorreram furtos e assaltos. Uma placa amarela fixada na parede de um prédio na Travessa Cauduro no Bairro Bom Fim, Região Central de Porto Alegre, alerta que os carros estacionados na região costumam ser arrombados. A professora Mariú Jardim concorda com o aviso. "Quase todos os dias, sempre há assalto. E o pior,____mão armada", diz a moradora. O DJ Jonathan Trevisan conta que um colega teve o carro roubado em frente ao prédio onde mora. "O cara estava com a arma no peito dele. O outro percebeu que eu estava na janela, apontou a arma para mim e me mandou entrar e ficar quieto", conta. No Centro da capital, a Rua Chaves Barcellos também virou alvo dos bandidos, de acordo com o relato de quem vive ou trabalha na região. "Não____para deixar dinheiro na bolsa, celular também, _______ eles sempre estão pegando", conta a atendente Natália Cristiane dos Santos. Escrito à mão em um pedaço de papelão fixado em um poste, um pedido deixado por um comerciante mostra que a situação chegou ao limite: "Prezados ladrões, peço a gentileza de respeitar esta rua". A Brigada Militar diz que planeja aperfeiçoar o uso de um aplicativo de cellular para receber informações da comunidade, segundo o comandante interino do 9º Batalhão, major Macarthur Vilanova. "A comunidade que está no terreno, que está vivenciando o dia a dia da sua área, do seu bairro, nos informa coisas que a polícia às vezes não enxerga, pontos em que os delinquentes estão se concentrando, locais mais vulneráveis e horários", explica. Em Caxias do Sul, na Serra gaúcha, uma placa próxima ____ uma das principais universidades da cidade diz que lá há um alto índice de arrombamento de veículos. O empresário Mateus Pasquali conta ter idealizado ____ iniciativa após encontrar pelo chão material 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 que, segundo ele acredita, foi furtado dos carros estacionados. "Já recolhi jaleco de funcionário e de estagiário do hospital geral. Muitas vezes, alguma capa de câmera fotográfica, porque acho que a câmera acabaram furtando. E como isso se repete há alguns meses, desde dezembro eu venho acompanhando, eu e um funcionário que trabalha comigo tomamos a atitude de produzir essa placa e colocarmos aí para tentar evitar que o pessoal estacione nesse ponto", conta. A Brigada Militar pede que as vítimas registrem as ocorrências. "Não temos nenhum registro do ano passado e até agora, em janeiro de 2017, também não temos registro, então é importante que as pessoas registrem os furtos e roubos de veículos porque ________ disso que a Brigada Militar faz seu planejamento", diz osubcomandante do 12° Batalhão da cidade gaúcha, major Emerson Ubirajara. Disponível em <http://g1.globo.eom/rs/rio-grande-do- sul/noticia/2017/02/moradores-fixam-placas-em-ruas-no-rs-para- avisar-sobre-furtose-assaltos.html>. Considerando o emprego do sinal indicativo de crase, assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas das linhas 15, 45 e 49. a) à - à - a b) à - a - a c) a - à - à d) à - à - à e) a - a - a 02 – Ano: 2017 | Banca: FUNDEP (Gestão de Concursos) | Órgão: UFVJM-MG | Prova: Administrador Releia o trecho a seguir. “Somos bons reconhecedores de fisionomias, porque essa habilidade foi essencial à sobrevivência.” Em relação ao uso do acento indicativo de crase nesse trecho, assinale a alternativa INCORRETA. a) Sinaliza a contração de um artigo e uma preposição. b) O acento é obrigatório c) É regido pelo adjetivo “essencial”. d) Indica que o substantivo “sobrevivência” está sendo usado em sentido genérico. 03 – Ano: 2017 | Banca: IADES | Órgão: CRF – DF | Prova: Assistente Administrativo Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 17 TEXTO 2 Todas as alternativas a seguir apresentam um trecho extraído do texto, seguido de uma proposta de nova redação. Entretanto, em apenas uma delas, a substituição de um fragmento pelo outro seria possível, pois preservaria o sentido original e estaria em conformidade com as regras prescritas pela norma-padrão acerca da colocação pronominal, da regência e do uso do sinal indicativo de crase. Assinale essa alternativa. a) “Faz bem contar com um farmacêutico” / Faz bem à qualquer pessoa ter à sua disposição um farmacêutico. b) “Faz bem contar com um farmacêutico” / Se prejudica a si mesmo quem não conta com um farmacêutico. c) “Ele é um profissional indispensável” / Ele é um profissional que não pode-se dispensar. d) “(...) no cuidado com a sua saúde” / no cuidado que se dispensa a sua saúde. e) “(...) e está sempre perto de você” / e sempre encontra-se próximo à você. 04 – Ano: 2017 | Banca: FEPESE | Órgão: CIDASC | Prova: Auxiliar Operacional Leia o excerto abaixo. Ele faz parte da crônica “A outra noite” de Rubem Braga. A outra noite. Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite de vento sul e chuva, tanto lá como aqui. Quando vinha para casa de táxi, encontrei um amigo e o trouxe até Copacabana; e contei a ele que lá em cima, além das nuvens, estava um luar lindo, de lua cheia; e que as nuvens feias que cobriam a cidade eram, vistas de cima, enluaradas, colchões de sonho, alvas, uma paisagem irreal. Assinale a alternativa correta. a) As palavras: “chapéus, ideia, glúten, tábua, papéis e leem” não apresentam erro quanto à acentuação gráfica. b) A crase na expressão “Fui à São Paulo” é optativa, assim o autor optou por não usar. c) As palavras “lá” e “além” possuem a mesma justificativa para receberem acento gráfico. d) As nuvens estavam pouco espessas e permitiam ao narrador visualizar o céu acima delas. e) As palavras “Copacabana, paisagem e enluaradas” são proparoxítonas. 05 – Ano: 2017 | Banca: COPESE – UFJF | Órgão: UFJF | Prova: Técnico de Tecnologia da Informação Leia atentamente as frases abaixo: I . Fiz um apelo à minha colega de trabalho. II . Escrevi um longo e-mail à Lúcia. III . Ler faz muito mal às pessoas. IV . A leitura induz à loucura. Tendo em vista as regras de uso do sinal indicativo de crase, marque a alternativa CORRETA: a) O uso da crase é obrigatório em todas as frases. b) O uso da crase é facultativo em todas as frases. c) O uso da crase é facultativo nas frases I e III. d) O uso da crase é obrigatório nas frases II e IV. e) O uso da crase é facultativo nas frases I e II. GABARITO 01 – B 02 – D 03 – D 04 – A 05 – E AULA 04 DA ORAÇÃO E DO PERÍODO SINTAXE DA ORAÇÃO 1. Sujeito e predicado Sujeito: termo sobre o qual recai a afirmação do predicado e com o qual o verbo concorda. predicado: termo que projeta uma afirmação sobre o sujeito. Ex.: As andorinhas voavam em festa. sujeito predicado 2. Tipos de sujeito Determinado: o predicado se refere a um termo explícito na frase. Mesmo que venha implícito, pode ser explicitado. Ex.: A noite chegou fria. O sujeito determinado pode ser: – Simples: tem só um núcleo: Ex.: A caravana passa. – Composto: tem mais de um núcleo: Ex.: A água e o fogo não coexistem. Indeterminado: o predicado não se refere a qualquer elemento explícito na frase, nem é possível identificá- lo pelo contexto. Ex.: Falaram de você. (?) Falou- se de você. Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 18 Inexistente: o predicado não se refere a elemento algum. Ex.: Choverá amanhã. Ex.: Haverá reclamações. Ex.: Faz quinze dias que vem chovendo. 3. Termos ligados ao verbo Objeto direto: completa o sentido do verbo sem preposição obrigatória. Ex.: Os pássaros fazem seus ninhos. Objeto indireto: completa o sentido do verbo por meio de preposição obrigatória. Ex.: A decisão cabe ao diretor. Adjunto adverbial: liga-se ao verbo, não para completá-lo, mas para indicar circunstância em que ocorre a ação. Ex.: O cortejo seguia pelas ruas. Agente da voz passiva: liga-se a um verbo passivo por meio de preposição para indicar quem executou a ação. O fogo foi apagado pela água. 4. Termos ligados ao nome Adjunto adnominal: caracteriza o nome a que se refere sem a mediação de verbo. Ex.: As fortes chuvas de verão estão caindo. Predicativo: caracteriza o nome a que se refere sempre por meio de um verbo. Pode ser do sujeito e do objeto. Ex.: As ruas dormiam quietas . suj. pred. suj. Ex.: Os juízes consideram injusto o resultado. pred. obj. obj. dir. Aposto: termo de núcleo substantivo, que se liga a um nome para identificá-lo. O aposto é sempre um equivalente do nome a que se refere. Ex.: O tempo, inimigo impiedoso, foge apressado. Complemento nominal: liga-se ao nome por meio de preposição obrigatória e indica o alvo sobre o qual se projeta a ação. Ex.: Procederam à remoção das pedras. 5. Vocativo Termo isolado, que indica a pessoa a quem se faz um chamado. Vem sempre entre vírgulas e admite a anteposição da interjeição “ó”. Ex.: Amigos, eu os convido a sentar. SINTAXE DO PERÍODO 1. Orações subordinadas substantivas São aquelas que desempenham a mesma função sintática do substantivo. Podem ser: a) Subjetiva: exerce a função de sujeito do verbo da oração principal. Ex.: É necessário que você volte. Ex.: Conta-se que havia antigamente um rei. Ex.: Convém que lutemos. b) Objetiva direta: exerce a função de objeto direto da oração principal. Ex.: Eu desejava que você voltasse. Ex.: O professor deseja que seus alunos sejam bem sucedidos nos exames. c) Objetiva indireta: exerce a função de objeto indireto do verbo principal. Ex.: Não gostaram de que você viesse. Ex.: Ansiávamos por que ele terminasse a perigosa aventura. d) Predicativa: exerce a função de predicativo. Ex.: A verdade é que ninguém se omitiu. Ex.: Os meus votos são que triunfes. e) Completiva nominal: desempenha a função de complemento nominal. Ex.: Não tínhamos dúvida de que o resultado seria bom. Ex.: Carlos fez referência a que eu o acompanhasse. f) Apositiva: desempenha a função de aposto em relação a um nome, geralmente vem depois de dois pontos ou, em casos mais raros, de vírgula (ou entre vírgulas). Ex.: Só nos disseram uma coisa: que nos afastássemos. Ex.: Aquele grande sonho, que o filho volte, continua a acalentar as esperanças da mãe. 2. Orações subordinadas adjetivas São aquelas que desempenham função sintática
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