Buscar

O tempo e o espaço nas instutuições ecolares

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

REPENSAR O TEMPO E O ESPAÇO NO DIA-A-DIA DA ESCOLA 
Evelise Maria Labatut Portilho - PUCPR* 
Liliamar Hoça - PUCPR** 
Resumo 
 
 
O presente estudo apresenta algumas considerações sobre a questão da 
organização do tempo e do espaço escolar, nas escolas organizadas em ciclos de 
aprendizagem. Os referenciais são trazidos por alguns autores, considerados de 
relevância e de uma investigação considerada como estudo piloto, com uma equipe 
de profissionais da Rede Municipal de Ensino de Curitiba. Foram levantadas as 
seguintes questões: quantas escolas no ano de 2005 estão realizando uma proposta 
de organização diferente o tempo e o espaço? Qual o tipo de organização proposta 
pelas escolas? Como as escolas estão compreendendo a proposição de repensar o 
tempo e o espaço. Este estudo aponta algumas considerações trazidas pela literatura 
educacional sobre o tema, onde os autores consultados tratam da importância de se 
discutir o significado do tempo e do espaço no processo de aprendizagem. Também 
identifica algumas propostas de organização de tempo e espaço, utilizadas pó 
algumas escolas, para estabelecer as primeiras análises sobre o que se revela na 
prática escolar e no saber docente sobre a organização de tempo e espaço. 
 
 
Palavras-chaves: tempo; espaço; aprendizagem; diversidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
*
 Professora Doutora do Programa de Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná – 
PUCPR - evelisep@onda.com.br 
**
 Pedagoga da Rede Municipal de Ensino de Curitiba e mestranda da Pontifícia Universidade Católica do 
Paraná – PUCPR – liliamarh@brturbo.com.br 
 
 
1471 
A imagem da escola, concebida historicamente, onde meninos e meninas de 
uma certa idade freqüentariam esse espaço projetado para cumprir a função de ensinar 
os conteúdos considerados clássicos, durante um tempo estabelecido e de uma 
maneira silenciosa e quase que contemplativa, não é a imagem nem a realidade que se 
conhece hoje. 
Quem trabalhou em uma escola de Ensino Fundamental ou quem lá trabalha, 
conhece muito bem como cada dia se configura. Tanto alunos como professores, não 
são apenas sujeitos contemplativos nessa instituição. É nesse dia-a-dia que os 
professores se deparam com muitos desafios em sua prática docente, alguns advindos 
de sua formação, outros administrativos, políticos, pedagógicos quanto aqueles que 
constituem as representações sobre o aluno e sobre a infância. 
Entrelaçado nestes desafios está, o fato de buscar compreender o significado da 
diversidade em sala de aula e de poder desenvolver um trabalho pedagógico voltado a 
essa questão. 
Mas o que pressupõe para a escola, para o professor e para os alunos a questão 
da diversidade? 
Os alunos se fossem questionados sobre o que é diversidade, poderiam 
responder como Tatiana Belinky em sua obra, cujo título é Diversidade: “Diversidade - 
Um é feioso... outro é bonito... um é certinho.... outro, esquisito”. Ou até assim: “Um é 
ligeiro... outro é mais lento... um é branquelo... outro é sardento”. A resposta dos alunos 
poderia também deixar muitas pessoas a pensar, pois poderiam dizer: “Um 
carrancudo... outro, tristonho... um divertido... outro, enfadonho”. Porém, não é possível 
deixar de mencionar que os alunos se percebem marginalizados quando em 
determinadas atividades propostas em sala de aula, precisam seguir um padrão, que 
pouco podem expressar sua maneira de compreender ou não interagem como 
necessitam com seus professores. 
Para o professor a diversidade pressupõe mudanças na dinâmica de relações 
com os alunos, supõe alterações nas atividades diárias, conseguindo alcançar um nível 
de reflexão, em que todos expressam seu pensamento e trabalham juntos, mas cada 
um partindo de suas possibilidades. Para que isto ocorra, será necessária a revisão na 
metodologia, na organização dos grupos de trabalho em sala e fora da sala, nas 
 
 
1472 
questões voltadas ao tempo e ao espaço, assim como a revisão nos critérios de 
avaliação. Significa para o docente admitir que necessita conhecer mais como ocorre a 
aprendizagem, perceber que deve se conhecer enquanto pessoa que também aprende 
e que seu modo de aprender tem um elo de ligação com sua forma de ensinar. 
Como afirma Portilho (2005, p. 23): 
“... consideramos a versatilidade no ensino como um elemento essencial, 
principalmente porque não há um estilo único de ensinar apropriado para a totalidade 
dos alunos, nem dos programas de aprendizagem”. 
Para o docente tratar da diversidade implica rediscutir atitudes e / ou atividades 
de caráter homogeneizador dos processos de aprendizagem. 
O dito popular “o sol nasce para todos”, no processo de aprendizagem pode 
apresentar uma cruel realidade, pois todos os alunos são expostos ao mesmo tipo de 
atividade, ao mesmo modelo de ensino, aos mesmos parâmetros de avaliação. Cada 
um tem seu ritmo, seu tempo, sua experiência prévia, sua motivação diante da 
escolaridade e seu modo de conhecer, estabelecer referenciais para se situar nesse 
espaço escolar. 
Para a organização escolar tratar da diversidade será necessário repensar 
conjuntamente o projeto pedagógico, a organização do tempo e do espaço, buscando 
ter clareza de quanto e como o tempo é ocupado com atividades significativas para o 
desenvolvimento dos conteúdos e, quais espaços são utilizados e com qual 
intencionalidade. 
A diversidade pressupõe que os envolvidos no processo educativo concebam a 
aprendizagem como a interação entre a natureza e o meio, que segundo Coll (1996, 
p.334) o aluno sinta-se à vontade e confiante, nas relações com os adultos com os 
quais interage, mas também que assim esteja consigo. 
Diversas pesquisas vêm apontando para a singularidade do processo de 
aprendizagem e para a reflexão a cerca das experiências cognitivas, estéticas, sociais, 
biológicas e afetivas dos alunos. Este fato nos remete a pensar sobre como o tempo e o 
espaço são concebidos e organizados na hora da aprendizagem. 
Lima (1999, p.8) apresenta uma questão muito relevante sobre a aprendizagem 
e a relação com o tempo, quando afirma que o planejamento não deve ter apenas 
 
 
1473 
previsão de situações de aprendizagem, deve ter também o planejamento do tempo em 
que tais situações levarão para serem executadas e depois refletidas, para que o aluno 
possa fazer uma elaboração mental e consiga estabelecer relações, processar a 
informação, reformular a ação feita. 
Portanto refletir sobre a questão do tempo e do espaço no planejamento das 
atividades escolares, se traduz em um eixo muito importante para o desenvolvimento de 
ações que auxiliem tanto professores quanto alunos. 
 A intencionalidade que este estudo apresenta está, primeiramente em trazer 
algumas considerações sobre a organização do tempo e do espaço partindo da 
experiência vivida com a implantação da organização em ciclos nas escolas municipais 
de Curitiba e de referenciais trazidos pela literatura educacional. Em segundo lugar se 
propõe a identificar as formas de organização de tempo e espaço utilizada em algumas 
escolas, a partir de dados coletados em uma entrevista, considerada como estudo 
piloto, para o desenvolvimento de ações subseqüentes. É necessário esclarecer que o 
presente estudo irá compor um referencial mais abrangente sobre as representações 
docentes e os conceitos de tempo e de espaço como elementos a serem considerados 
no processo de aprendizagem. 
 
A experiência vivenciada 
 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9394, de 20 de 
dezembro de 1996, no Capítulo II (da Educação Básica), no artigo 23 dispõe sobre a 
forma de organização da educação básica, citando no texto que esta poderá se 
organizar em séries, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de 
estudos,grupos não seriados, com base na idade, na competência e em outros 
critérios. Das formas citadas, a mais conhecida e até o ano de 1999, adotada pela 
maioria das escolas da Rede Municipal de Ensino de Curitiba, era a organização 
seriada. 
Ainda fazendo referência a LDB, no parágrafo acima citado, fica subentendido 
que o processo de aprendizagem será o propulsor das mudanças na organização do 
 
 
1474 
ensino, pois o interesse neste irá recomendar as ações diversas, mobilizadoras e seus 
resultados. Assim está disposto na Lei: 
“Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos 
semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não-
seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma 
diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem 
assim o recomendar”.(Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.)· . 
 
A partir do segundo semestre de 1999, a Rede Municipal de Ensino de 
Curitiba, propõe para as escolas a organização do ensino em ciclos de 
aprendizagem. A intencionalidade naquele momento estava no fortalecimento das 
ações educativas que contemplassem as diversidades culturais, sociais e individuais, 
com o propósito de construção de aprendizagens significativas e pressupondo o 
pleno desenvolvimento dos alunos.(Projeto de Implantação dos Ciclos de 
Aprendizagem na Rede Municipal de Ensino de Curitiba. Curitiba, 1999). 
Para que esta proposta se efetivasse, diversas ações foram planejadas, 
muitas em decorrência de programas e projetos1 que já existiam nas escolas. Alguns 
dos encaminhamentos realizados a partir da proposta de ciclos foram: a 
reorganização do quadro de professores; o estabelecimento do professor co-regente 
que auxiliaria as turmas em conjunto com o professor regente; promoção de diversas 
capacitações ofertadas através de seminários, ciclos de estudos, cursos, oficinas, 
fórum, buscando a reflexão e revisão sobre os processos que permeiam tanto a 
organização em ciclos como a prática pedagógica. 
No contexto de organização das turmas em ciclos, desde a implantação até o 
momento da participação na equipe de assessoria às escolas, aparece o desafio de 
uma das pesquisadoras, em como repensar o tempo e o espaço escolar. Que relação 
se estabelece entre esses dois elementos e o processo de aprendizagem? Como o 
tempo será aproveitado em sala de aula e em quais espaços as atividades serão 
realizadas? 
 
 
 
1
 Ressalta-se que antes da implantação da organização em ciclos, projetos de capacitação, de 
consultorias, de assessoramentos sobre questões como da avaliação, alfabetização, aceleração de 
estudos, já estavam sendo efetivadas nas escolas municipais. 
 
 
1475 
Da experiência a reflexão 
 
No ano de 2002, um grupo de pedagogos da Rede Municipal de Ensino de 
Curitiba, num trabalho de assessoria as escolas, elaborou uma síntese do que naquele 
momento se entendia por organização do tempo e do espaço, como sugere o esquema 
abaixo: 
 
 
TEMPOS E SEUS ESPAÇOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Esta sistemática de organização previa o reagrupamento de alunos, no turno 
que freqüentavam, de acordo com as necessidades acadêmicas e potencialidades 
manifestadas. Não eram grupos fixos, que se estabeleciam por homogeneidade de 
dificuldade ou capacidades. Mas, grupos de alunos que deveriam circular nos diferentes 
espaços organizados, como por exemplo: o grupo da matemática, o grupo da 
alfabetização, o grupo do teatro, o grupo da produção de textos, e outros que fossem 
considerados necessários. 
Diagnóstico dos 
níveis de 
aproveitamento 
escolar 
Planejamento 
das ações de 
intervenção 
Identificação do 
professor com o 
grupo de trabalho 
Organização 
dos grupos 
com 
periodicidade 
definida 
 
Execução do 
trabalho 
Registro sistemático 
do desenvolvimento 
do trabalho e do 
desempenho dos 
alunos 
 
Reorganização sucessiva dos 
grupos 
 
 
1476 
A proposta apresentada sugeria contextos significativos de aprendizagem, com 
ações que possibilitassem a troca de experiências entre professores e alunos, partindo 
da utilização do tempo (dia da semana, quantidade de horas) e dos espaços 
disponíveis na escola, já que uma das maiores queixas era a falta de tempo para o 
aluno assimilar informações ou realizar algo diferente em sala de aula. Porém é 
necessário fazer uma observação aqui. 
Desta experiência fica a dúvida: este modelo de organização foi suficientemente 
claro, para que os professores percebessem que ao aproximar determinadas crianças 
que estavam apresentando algum tipo de necessidade acadêmica ou uma 
potencialidade que poderia estar sendo mais desenvolvida, o planejamento das 
atividades para estes grupos, previam a questão do tempo e do espaço na execução da 
atividade e na reflexão sobre a mesma? 
Essa ação-reflexão, em um determinado tempo e espaço, que não era o já 
habitual de sala de aula, possibilitou aos alunos expressarem o que sabiam e realizar 
tais atividades, mediados pela ação intencional do professor e pelos colegas em suas 
exposições? 
A proposta envolvia também a utilização de espaços disponíveis na escola, como 
a biblioteca, a sala de informática, as salas de aula, objetivando a variação do espaço 
sala de aula. 
O pensamento desta forma de repensar o tempo e o espaço estaria 
contemplando o que lembra Ivany Souza Ávila, que é necessário assegurar 
oportunidades de aprendizagem, entender e analisar que as propostas não terão 
caráter compensatório de faltas ou carências no âmbito pedagógico, e que o trabalho 
que se organiza, não deverá ratificar as desigualdades, que colocam em situação de 
inferioridade uns em relação a outros. 
Pode-se observar que o dia-a-dia escolar privilegiou a questão do tempo e do 
espaço como tarefas administrativas, as quais se apresentam de forma concreta 
seguindo o calendário civil, seguindo a divisão dos horários, a dimensão e distribuição 
das salas, corredores, salas de múltiplo uso, laboratórios, parte administrativa, pátios. 
A própria palavra tempo apresenta uma singularidade, pois as pessoas 
compreendem esta palavra, sem observar o conceito implícito que ela contém, ficando 
 
 
1477 
apenas do seu significado aparente. A palavra tempo faz referência ao tempo 
cronológico, o tempo físico, socialmente estabelecido. Mas também é importante 
pensar-se no tempo subjetivo, ou o tempo vivido, o tempo da consciência, das 
emoções. 
Sponville (2000, p18): 
“Digamos que a palavra é clara, que todos a compreendem; mas nem a coisa 
nem o conceito o são, e trata-se então de pensa-los.” 
Esse tempo vivido é um tempo que se estabelece nas ações desenvolvidas pelas 
pessoas no cotidiano e que podem constituir-se em aprendizagens significativas, mas 
que não estão vinculadas ao tempo contado em minutos ou horas, pois a vivência de 
determinadas situações, é que possibilitam o desencadeamento de processos 
cognitivos e emocionais, particulares em cada pessoa, e estão relacionados ao 
processo de desenvolvimento de ordem biológica, psicológica e cultural. 
Repensar a organização de tempo e espaço na escola, em seu cotidiano é 
repensar diversas estruturas que compõe esta instituição. 
É possível ilustrar a questão com a declaração encontrada no livro de Miguel 
Arroyo, Imagens Quebradas (2004, p.206): “Sempre soube que tinha que planejar o 
tempo de minha aula, prever o que ensinar e o que aprender em cada bimestre e 
série, porém ignorei os tempos dos alunos”. 
Acrescenta-se a esta citação, a relação com o espaço, considerado disponível 
para a ação de ensinar e aprender. Ao se fazer opção por um determinado 
encaminhamento das atividades, que serão desenvolvidas com os alunos, percebe-se que esta escolha é determinada e determinante de um tempo e de um espaço? 
 
METODOLOGIA 
 
Nesta pesquisa objetivamos coletar alguns dados a partir de questões 
exploratórias, sobre as organizações de tempo e espaço realizadas pelas escolas 
seguindo seguinte metodologia: 
 
 
 
 
1478 
Participantes: 
Este estudo contou com a participação de uma equipe de pedagogos (a qual 
passara a ser identificada como equipe X), os quais assessoram 24 (vinte e quatro) 
escolas da Rede Municipal de Ensino de Curitiba. 
Instrumento: 
O instrumento utilizado para este estudo piloto foi a pesquisa qualitativa, 
utilizando um questionário semi estruturado. 
Procedimentos: 
Para o desenvolvimento do instrumento, foi realizada uma reunião e 
desenvolvida uma entrevista com a equipe no Núcleo Regional da Educação, e uma 
das pesquisadoras. As perguntas realizadas e as respostas dadas foram gravadas, 
com a autorização da respectiva equipe e transcrita posteriormente. 
As questões selecionadas para este trabalho foram os seguintes: quantas 
escolas neste ano estão realizando uma proposta de organização diferente o tempo e 
o espaço? Qual o tipo de organização proposta pelas escolas? Como as escolas 
estão compreendendo a proposição de repensar o tempo e o espaço. 
 
ANÁLISE DOS DADOS 
Foi possível trazer para o início deste estudo estabelecer dois eixos que 
julgamos serem importantes para a discussão sobre o repensar da organização: o 
número de escolas que atualmente estão realizando uma proposta de organização de 
tempo e espaço e o tipo de organização proposta e como a equipe de profissionais, 
das escolas estão se posicionam diante da questão da proposição feita. 
A equipe entrevistada inicialmente nos comunicou que cada escola a partir de 
suas necessidades buscou estabelecer o caminho para organizar o tempo e o espaço. 
Quanto ao número de escolas e o tipo de organização encontramos os 
seguintes dados: 3 - turmas organizadas por nível acadêmico e por um tempo 
determinado; 5 - organização de grupos em um dia da semana, de acordo com as 
necessidades acadêmicas apresentadas; 1 - utilizando oficinas de dança, artes, 
música; 1 - organizando oficinas com as disciplinas de Língua Portuguesa, 
 
 
1479 
Matemática; 1 - organização de grupos em projetos; 1 - reagrupamentos na sala de 
aula. 
As escolas estão entendendo a proposição de repensar o tempo e o espaço, 
como uma possibilidade a mais de estarem auxiliando as crianças, principalmente 
quando se evidencia a questão da diversidade, que não se aprende todos da mesma 
forma, que uma única metodologia não daria conta do processo de aprendizagem. 
 
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES 
 
A partir das contribuições que nos foram trazidas pelo estudo piloto e 
comparadas a outras relativas à experiência profissional de uma das pesquisadoras, 
percebemos a necessidade do aprofundamento teórico, precedendo de reflexões 
sobre as práticas desenvolvidas pelas escolas em relação ao trabalho com os 
elementos tempo e espaço. 
O trabalho docente necessita de uma fundamentação sobre como esse tempo 
e esse espaço irão favorecer o real aprendizado dos alunos. O pensamento sobre a 
diversidade, sobre os ritmos de trabalho individual, carecem de uma sustentação 
teórica para que não se recaia em práticas descontextualizadas e “recheadas” da 
concepção do “achismo” (acho que precisa disso...; acho que este espaço é....; acho 
que precisa de mais tempo....; acho que precisa dar tempo a ele....), que podem estar 
servindo de justificativa para o não aprendizado dos alunos. 
No Projeto de Implantação dos Ciclos de Aprendizagem (SME/Curitiba, 1999, 
p.36) diz que: “Reorganizar a ação pedagógica para que o tempo e o espaço escolar 
ganhem maior flexibilidade é um desafio a ser enfrentado pelas escolas na atualidade, 
pois o rimo dos processos sociais vem exigindo a constante reordenação da vida 
cotidiana dos sujeitos.”, isto nos aponta para o estudo e construção coletiva do 
significado da flexibilização do tempo e do espaço e também sobre o que representa a 
singularidade do processo de aprendizagem na dinâmica educacional presente hoje 
nas escolas. 
Buscar a compreensão sobre o tempo de aprendizagem do aluno é entender 
como esse aluno aprende, suas estratégias. É também fazer referência aos espaços 
 
 
1480 
que podem contribuir para a organização de trabalhos diversificados, possibilitando o 
que a escola reconheça a sua construção acerca dos conceitos de temporalidade e 
espacialidade. 
Segundo Tescarolo (2004, p.104): “A escola necessita, em seu contexto tantas 
vezes fraturado, da elaboração de um plano de ação de caráter sistemático e 
permanente, desde que igualmente flexível e dinâmico, para definir expectativas, 
metas, recursos, prever conseqüências e um esquema de acompanhamento e 
regulação em todos os níveis de organização.” 
Portanto propor um repensar da organização dos tempos e espaços escolares 
prevê o estabelecimento de objetivos, de um planejamento coletivo, da análise 
constante dos processos de aprender e ensinar. Precisa estabelecer a cooperação para 
que as intervenções pedagógicas sejam particularmente produtivas e que a 
organização em ciclos não se constituam apenas em uma mudança de nomenclatura, 
mas todo um redimensionamento do cenário escolar. 
 
REFERENCIAS 
 
ARROYO, M. Imagens Quebradas: trajetórias e tempos de alunos e mestres. 
Petrópolis, RJ: Vozes, 2004. 
ÁVILA, I.S. Escola e sala de aula. Porto Alegre: editora UFRGS, 2004. 
BELINKY, T. Diversidade. São Paulo: Quinteto Editorial, 1999. 
CURITIBA, Secretaria Municipal da Educação. Projeto de Implantação dos Ciclos de 
Aprendizagem na rede Municipal de Ensino de Curitiba. Curitiba, 1999. 
FERREIRA, V. M. R. ARCO-VERDE, Y. F. DE S. Chrónos & Kairós: o tempo nos 
tempos da escola. Educar em revista, Curitiba: Editora UFPR, n.17. , pp 63- 78. 
GIMENO, S. ; PÉREZ , A. I. Compreender e transformar o ensino. 4ª ed. Porto Alegre: 
Artmed, 1998. 
LIMA, E. S. Desenvolvimento e aprendizagem na escola: aspectos culturais, 
neurológicos e psicológicos. São Paulo: GEDH, 1999. 
____________ Ciclos de formação - uma reorganização do tempo escolar. São Paulo: 
GEDH, 2000. 
 
 
1481 
MOLL, J.; e colaboradores. Ciclos na escola, tempos na vida criando possibilidades. 
Porto Alegre: Artmed, 2004. 
PÁTIO, revista pedagógica. A organização do tempo e do espaço na escola. Porto 
Alegre: Artmed. Ano VIII. Nº 30, maio/ julho, 2004. 
PERRENOUD, P. Pedagogia diferenciada: das intenções à ação. Porto Alegre: Artmed, 
2000. 
______________ Os ciclos de aprendizagem: um caminho para combater o fracasso 
escolar. Porto Alegre: Artmed, 2004. 
PORTILHO, EML. Evaluación de los Estilos de Aprendizaje y Metacognición en 
Estudiantes Universitários. IN: Revista Psicopedagogia. São Paulo: nº 67, volume 22, 
p. 14-25, 2005. 
SPONVILLE, A. C -. O Ser Tempo: algumas reflexões sobre o tempo da consciência. 
São Paulo: Martins Fontes, 2000. 
TESCAROLO, R. A escola como sistema complexo: a ação, o poder e o sagrado. São 
Paulo: Escrituras Editora, 2004. 
TUMA, M. M. P. A escola e o tempo. Londrina: Ed. UEL, 2001. 
VIELLA, M. DOS A. Org. Tempos e espaços de formação. Chapecó: Argos, 2003.

Outros materiais