Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Dos crimes contra a honra Direito Penal IV – Prof. Rafael Faria 1) Introdução: a) Localização topográfica: Os crimes contra a honra se encontram no Título I da Parte Especial do Código Penal (dos crimes contra a pessoa). Mais especificamente, se encontram no Capítulo V (dos crimes contra a honra). São três os crimes contra a honra previstos no CP: calúnia (art. 138), difamação (art. 139) e injúria (art. 140). No art. 141, estão previstas as disposições comuns aos três crimes. No art. 142, estão previstas hipóteses de exclusão dos crimes de injúria e difamação. Por sua vez, no art. 143, se prevê as hipóteses de retratação nos crimes de calúnia e difamação. Por fim, no art. 144 está previsto o instituto do pedido de explicações, enquanto o art. 145 trata da ação penal relativa aos crimes contra a honra. Vejamos abaixo: “CAPÍTULO V DOS CRIMES CONTRA A HONRA Calúnia Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. § 2º - É punível a calúnia contra os mortos. Exceção da verdade § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: 2 I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. Difamação Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Exceção da verdade Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. Injúria Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. § 3 o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997) Disposições comuns Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; 3 II - contra funcionário público, em razão de suas funções; III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003) Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica- se a pena em dobro. Exclusão do crime Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível: I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador; II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar; III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício. Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade. Retratação Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa. (Incluído pela Lei nº 13.188, de 2015) Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa. Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3 o do art. 140 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.033. de 2009)”. 4 b) Proteção à honra na Constituição Federal: A honra é um bem considerado constitucionalmente inviolável, encontrando previsão no art. 5º, X, da Carta Maior, o qual estabelece: “X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”. Apesar de a previsão constitucional dizer respeito à proteção da honra apenas na esfera civil, tradicionalmente os Códigos Penais dos diversos países tem estabelecido a proteção à honra do ponto de vista criminal. c) Distinção entre honra objetiva e honra subjetiva: Tradicionalmente e, para fins didáticos, compreende-se a honra em dois aspectos: objetivo e subjetivo. A honra objetiva, segundo Greco, corresponde ao conceito que o sujeito acredita que goza no meio social. Conforme Carlos Fontán Balestra, trata-se do “juízo que os demais formam de nossa personalidade e, através do qual a valoram”. Em linhas simples, trata-se da reputação do indivíduo. Por sua vez, a honra subjetiva se refere, ainda na lição de Greco, como “o conceito que a pessoa tem de si mesma, dos valores que ela se autoatribui e que são maculados com o comportamento levado a efeito pelo agente”. Nos crimes aqui estudados, tem-se que a calúnia e a difamação ofendem a honra objetiva; enquanto isso, a injúria viola a honra subjetiva. d) Meios de execução nos crimes contra a honra: Os crimes contra a honra podem ser praticados pelos mais diversos meios possíveis, destacando-se, porém, seu cometimento por meio da linguagem falada, escrita, mímica, simbólica e figurativa. 5 A depender do meio de execução do crime contra a honra, poderá ser eliminada ou afirmada a possibilidade de tentativa, conforme veremos a frente. e) Imunidades dos Senadores, Deputados e Vereadores: O art. 53 da Constituição concedeu aos Deputados e Senadores com a denominada imunidade material. De acordo com o referido dispositivo: “Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos”. Assim, os Deputados e Senadores, na defesa de seu mandato, poderão emitir livremente suas opiniões, palavras e votos de acordo com a suaconsciência, sem temer retaliações no âmbito civil ou penal. Entretanto, a doutrina, capitaneada por Damásio, estabelece que para se reconhecer a referida imunidade, devem estar previstos dois requisitos: 1º) que a ofensa seja cometida no exercício do mandato; 2º) que haja nexo de necessidade entre tal exercício e o fato cometido. Desta feita, conforme explica Greco, se um deputado, ao defender o projeto de lei por ele criado, critica o Presidente da República argumentando que o diploma legal que ele editou favoreceu a corrupção, sendo necessária regulamentação urgente sob pena de se lesar o erário, não poderá ser responsabilizado por qualquer infração contra a honra do Presidente da República, pois seus argumentos estão ligados diretamente ao exercício de seu mandato. De outro lado, se o mesmo Deputado disser, na tribuna, que o Presidente deveria cuidar melhor de sua esposa, pois tem conhecimento de suas traições, não há qualquer ligação política de tal com o a defesa do mandato do Deputado. Conclui-se, pois, que nessa hipótese, o Deputado poderá ser processado pelo delito contra a honra que cometera. 6 f) Concurso de crimes: Acerca da possibilidade de concurso de crimes entre calúnia, injúria e difamação, Rogério Sanches da Cunha ensina haver três posições doutrinárias e jurisprudenciais, a saber: a) trata-se de hipótese de continuidade delitiva, pois ofendem o mesmo bem jurídico (RT 545/344); b) aplica-se o princípio da consunção, ou seja, o crime mais leve é absorvido pelo mais grave, não importando a espécie de honra ofendida; c) é possível o concurso de crimes somente quando das condutas são atingidas honras diferentes – deste modo, admite-se o concurso, material ou formal, a depender do caso, entre calúnia (difamação) e injúria. Superada esta breve introdução, passemos a analisar os crimes contra a honra em específico. 2) Calúnia: a) Previsão legal: “Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.” b) Análise do dispositivo: A calúnia é o crime contra a honra mais grave previsto no Código Penal. Para a sua ocorrência, exige-se a presença de três elementos básicos, conforme ensina Greco. São eles: 1) a imputação de um fato; b) esse fato imputado à vítima deve, obrigatoriamente, ser falso; c) além de falso, o fato deve ser definido como crime. Além disso, o sujeito ativo deverá ter conhecimento dessa falsidade, pois se acreditar que o fato definido como crime é verdadeiro, ficará afastado o crime de calúnia, por 7 erro de tipo. De igual modo, o fato imputado pelo agente à vítima deverá ser determinado. Ressalte-se que a atribuição de atributos pejorativos contra a vítima que não sejam FATOS poderá configurar o crime de injúria, mas não o de calúnia. Por exemplo, se o sujeito ativa chamar a vítima de “ladrão”, estará atribuindo a ele uma qualidade pejorativa, mas não um fato, motivo pelo qual, nessa hipótese, cometerá o crime de injúria, mas não o de calúnia. O sujeito ativo será responsabilizado tanto na hipótese de imputar fato falso definido como crime à vítima como também quando o fato definido como crime seja verdadeiro, mas o agente imputa falsamente sua autoria à vítima. Por fim, deve-se destacar que, por expressa disposição legal, o falso fato atribuído à vítima deve ser definido como crime, não se configurando a calúnia se tal fato se tratar de mera contravenção penal. No caso de ser atribuído fato falso definido como contravenção penal, restará caracterizado o crime de difamação. c) Classificação doutrinária: Trata-se de crime comum; formal; doloso; de forma livre; instantâneo; em regra, comissivo; monossubjetivo; unissubsistente ou plurissubsistente; em regra, transeunte. d) Bem juridicamente protegido ou objeto jurídico: O bem juridicamente protegido é a honra objetiva. e) Objeto material: Pessoa contra qual são dirigidas as imputações ofensivas. f) Sujeito ativo e sujeito passivo: 8 A princípio, tratando-se de crime comum, qualquer pessoa pode figurar como sujeito ativo ou como sujeito passivo do crime de calúnia. Segundo Greco, em sentido contrário a Nelson Hungria, o inimputável pode ser sujeito passivo do crime de calúnia, uma vez que “o diploma repressivo tão somente exige a imputação a alguém de um fato definido como crime, mesmo que essa pessoa, dada sua incapacidade de culpabilidade, não possa, tecnicamente, cometer o crime que se lhe imputa, para efeitos de responsabilidade penal. O que se exige, frise-se, é a imputação e um fato que se encontra na lei penal definido como crime”. Deve-se, todavia, trabalhar com a razoabilidade (exemplo: é possível imputar falsamente um fato definido como crime a um adolescente, mas não é possível fazê-lo em relação a um recém-nascido). Além disso, na lição do mesmo autor, também é possível que a pessoa jurídica seja sujeito passivo do crime de calúnia, já que esta possui honra objetiva. Isto ocorrerá, no entanto, somente na situação em que o fato falsamente imputado à pessoa jurídica seja definido como crime ambiental, nos termos da Lei 9.605/98. g) Consumação: A calúnia se consuma quando um terceiro, que não o sujeito passivo, toma conhecimento da imputação falsa de fato definido como crime. Como crime formal, não é necessário que o sujeito passivo seja efetivamente atingido em sua honra objetiva, bastando que o agente atue com essa finalidade. h) Tentativa: É possível a tentativa de calúnia, desde que na modalidade escrita, pois, nesta hipótese o crime se revelará plurissubsistente, pois há fracionamento dos atos. i) Elemento subjetivo: 9 O crime de calúnia somente admite a modalidade dolosa (dolo direto ou dolo eventual). Trata-se do chamado animus calumniandi, ou seja, a vontade de ofender a honra do sujeito passivo. Não se admite, pois, a modalidade culposa, por ausência de previsão legal. Se presente o animus jocandi, ou seja, a clara e manifesta intenção de tão somente zombar ou brincar com a vítima, restará afastado o delito de calúnia. j) Propalação ou divulgação: Estabelece o §1º do art. 138 do Código Penal: “Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.” k) Calúnia contra os mortos: Estabelece o §2º do art. 138 do Código Penal: “É punível a calúnia contra os mortos”. Destaque-se que não há previsão de difamação ou injúria contra os mortos, mas tão-somente o crime de calúnia. l) Exceção da verdade: O §3º do art. 138 do Código Penal revela o instituto denominado exceção da verdade. Trata-se, conforme Greco, da faculdade atribuída ao suposto autor do crime de calúnia de demonstrar que, efetivamente, os fatos por ele narrados são verdadeiros. O dispositivo em questão estabelece o seguinte: “§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.” 10 Arguída a exceção da verdade, o réu passa a ser excipiente, enquanto a vítima da calúnia passa a ser excepto. m) Pena: Como vimos, a pena cominada ao crime de calúnia é de detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa. A referida pena também é aplicável àquele que, sabendo falsa a imputação a propala ou a divulga, nos termos do §1º do art. 138, CP. A pena é aumentadade um terço se a calúnia for cometida contra os sujeitos passivos elencados no art. 141 do Código Penal, a saber: “Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; II - contra funcionário público, em razão de suas funções; III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.” A pena será dobrada se a calúnia for cometida mediante paga ou promessa de recompensa, nos termos do parágrafo único art. 141 do Código Penal (“Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.”). n) Ação Penal: A ação penal nos crimes de calúnia será, em regra, de iniciativa privada, nos termos do art. 145 do Código Penal (“Nos crimes previstos neste Capítulo somente se 11 procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.”). Excepcionalmente, o crime será processado mediante ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça quando for praticado contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro. Também poderá ser processado mediante ação penal pública condicionada à representação do ofendido, quando o crime for cometido contra funcionário público em razão de suas funções. Neste sentido o parágrafo único do art. 145: “Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código”. Destaque-se, entretanto, a redação da súmula 714 do STF: “É CONCORRENTE A LEGITIMIDADE DO OFENDIDO, MEDIANTE QUEIXA, E DO MINISTÉRIO PÚBLICO, CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO, PARA A AÇÃO PENAL POR CRIME CONTRA A HONRA DE SERVIDOR PÚBLICO EM RAZÃO DO EXERCÍCIO DE SUAS FUNÇÕES”. o) Competência: Desde que não aplicadas as causas de aumento de pena, a competência para processamento e julgamento do crime de calúnia é do Juizado Especial Criminal, haja vista que a pena máxima em abstrato não ultrapassa 2 (dois) anos. É possível a aplicação do instituto de suspensão condicional do processo nos termos do art. 89 da Lei 9099/95. p) Presença do ofendido: Não se exige a presença do ofendido para configuração do crime de calúnia, já que este se consuma quando terceiro, que não a vítima, toma conhecimento dos fatos falso a elas atribuídos, definidos como crime. Entretanto, do ponto de vista prático, 12 tais fatos devem chegar ao conhecimento da vítima para que ela proponha, caso seja de seu interesse, a ação penal. q) Calúnia na Lei de Segurança Nacional: A Lei 7.170/83 (Lei de Segurança Nacional), em seu art. 26 (abaixo), traz um crime de calúnia específico, o qual, para sua ocorrência, deverá apresentar conotação política. Se a conotação for pessoal, mesmo que contra os agentes ali elencados, ficará configurado o crime de calúnia previsto no Código Penal. “Art. 26 - Caluniar ou difamar o Presidente da República, o do Senado Federal, o da Câmara dos Deputados ou o do Supremo Tribunal Federal, imputando-lhes fato definido como crime ou fato ofensivo à reputação. Pena: reclusão, de 1 a 4 anos. Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, conhecendo o caráter ilícito da imputação, a propala ou divulga”. r) Calúnia eleitoral: O Código Eleitoral, em seu art. 324, traz o crime específico de calúnia proferida na propaganda eleitoral ou com fins eleitorais, in verbis: “Art. 324. Caluniar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando fins de propaganda, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena - detenção de seis meses a dois anos, e pagamento de 10 a 40 dias-multa.” 3) Difamação: a) Previsão legal: Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: 13 Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. b) Análise do dispositivo: No crime de difamação, faz-se necessário que o agente impute fatos à vítima que sejam ofensivos à sua honra. Na difamação, ao contrário da calúnia, os fatos considerados ofensivos à reputação da vítima não podem ser definidos como crime. Entretanto, se tais fatos se referirem à imputação de uma contravenção penal, ficará configurada a difamação. Além disso, na difamação não se discute se o fato imputado é verdadeiro ou falso, bastando que seja ofensivo à honra objetiva da vítima. Pune-se, portanto, aquilo denominado “fofoca”, desde que esta tenha a finalidade de macular a reputação do sujeito passivo, como bem ensina Greco. c) Classificação doutrinária: Trata-se de crime comum; formal; doloso; de forma livre; instantâneo; em regra, comissivo; monossubjetivo; unissubsistente ou plurissubsistente; em regra, transeunte. d) Bem juridicamente protegido ou objeto jurídico: O bem juridicamente protegido é a honra objetiva, por meio da reputação da vítima no meio social. e) Objeto material: Pessoa contra qual são dirigidos os fatos ofensivos à sua honra objetiva. f) Sujeito ativo e sujeito passivo: 14 Tratando-se de crime comum, qualquer pessoa pode figurar como sujeito ativo ou como sujeito passivo do crime de difamação. O inimputável pode ser sujeito passivo do crime de difamação. Deve-se, todavia, assim como no crime de calúnia, trabalhar com a razoabilidade. Além disso, também é possível que a pessoa jurídica seja sujeito passivo do crime de difamação, já que esta possui honra objetiva. g) Consumação: A difamação se consuma quando um terceiro, que não a vítima, toma conhecimento dos fatos ofensivos à reputação da última. Como crime formal, não é necessário que o sujeito passivo seja efetivamente atingido em sua honra objetiva, bastando que o agente atue com essa finalidade. h) Tentativa: É possível a tentativa de difamação, desde que na modalidade escrita, pois, nesta hipótese o crime se revelará plurissubsistente, pois há fracionamento dos atos. i) Elemento subjetivo: O crime de difamação somente admite a modalidade dolosa (dolo direto ou dolo eventual). Não se admite, pois, a modalidade culposa, por ausência de previsão legal. Se presente o animus jocandi, ou seja, a clara e manifesta intenção de tão somente zombar ou brincar com a vítima, restará afastado o delito de difamação. j) Exceção da verdade: 15 Como regra, não se admite a exceção da verdade no delito de difamação. Isto porque, conforme Greco, “mesmo sendo verdadeiros os fatos ofensivos à reputação da vítima, ainda assim se concluirá pela tipicidade da conduta levada a efeito pelo agente”. Entretanto, o parágrafo único do art. 139 do Código Penal autoriza a exceção da verdade se o ofendido é funcionário e se a ofensa é relativa ao exercício de suas funções (“A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.”). Isto porque a Administração Pública tem interesse em apurar possíveis faltas de seus funcionários quando no exercício de suas funções. k) Pena: Como vimos, a pena cominada ao crime de difamação é de detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano e multa. A pena é aumentada de um terço se a difamação for cometida contra os sujeitospassivos elencados no art. 141 do Código Penal, a saber: “Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; II - contra funcionário público, em razão de suas funções; III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.” A pena será dobrada se a difamação for cometida mediante paga ou promessa de recompensa, nos termos do parágrafo único art. 141 do Código Penal (“Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.”). 16 l) Ação Penal: A ação penal nos crimes de difamação será, em regra, de iniciativa privada, nos termos do art. 145 do Código Penal (“Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.”). Excepcionalmente, o crime será processado mediante ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça quando for praticado contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro. Também poderá ser processado mediante ação penal pública condicionada à representação do ofendido, quando o crime for cometido contra funcionário público em razão de suas funções. Neste sentido o parágrafo único do art. 145: “Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código”. Destaque-se, entretanto, a redação da súmula 714 do STF: “É CONCORRENTE A LEGITIMIDADE DO OFENDIDO, MEDIANTE QUEIXA, E DO MINISTÉRIO PÚBLICO, CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO, PARA A AÇÃO PENAL POR CRIME CONTRA A HONRA DE SERVIDOR PÚBLICO EM RAZÃO DO EXERCÍCIO DE SUAS FUNÇÕES”. m) Competência: Desde que não aplicadas as causas de aumento de pena, a competência para processamento e julgamento do crime de difamação é do Juizado Especial Criminal, haja vista que a pena máxima em abstrato não ultrapassa 2 (dois) anos. É possível a aplicação do instituto de suspensão condicional do processo nos termos do art. 89 da Lei 9099/95. n) Presença do ofendido: 17 Não há necessidade da presença do ofendido para que o delito se consume, já que esta atinge a honra objetiva da vítima. o) Propalação ou divulgação da difamação: Embora não exista regra expressa a exemplo do crime de calúnia, aquele que propala ou divulga uma difamação, responderá pelo crime de difamação, sendo tratado, pois, como um agente difamador. p) Difamação na Lei de Segurança Nacional: A Lei 7.170/83 (Lei de Segurança Nacional), em seu art. 26 (abaixo), traz um crime de difamação específico, o qual, para sua ocorrência, deverá apresentar conotação política. Se a conotação for pessoal, mesmo que contra os agentes ali elencados, ficará configurado o crime de difamação previsto no Código Penal. “Art. 26 - Caluniar ou difamar o Presidente da República, o do Senado Federal, o da Câmara dos Deputados ou o do Supremo Tribunal Federal, imputando-lhes fato definido como crime ou fato ofensivo à reputação. Pena: reclusão, de 1 a 4 anos. Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, conhecendo o caráter ilícito da imputação, a propala ou divulga”. q) Calúnia eleitoral: O Código Eleitoral, em seu art. 326, traz o crime específico de difamação proferida na propaganda eleitoral ou com fins eleitorais, in verbis: “Art. 325. Difamar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena - detenção de três meses a um ano, e pagamento de 5 a 30 dias-multa.” 18 4) Injúria: a) Previsão legal: - Injúria simples: “Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro. Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.” - Injúria real: “§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.” - Injúria preconceituosa: “§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997)” b) Análise dos dispositivos: A injúria visa à proteção da honra subjetiva do sujeito passivo, ou seja, protege-se o conceito que o agente tem de si mesmo. Como vimos acima, há três espécies de injúria previstas no diploma penal: injúria simples, injúria real e injúria preconceituosa ou racial. Na injúria, ao contrário dos crimes de calúnia e difamação, não há, em regra, a imputação de fatos, mas sim a atribuição de qualidades pejorativas à pessoa da vítima. Exemplo: xingar alguém de “chifrudo”. 19 c) Classificação doutrinária: Trata-se de crime comum; formal; doloso; de forma livre; instantâneo; em regra, comissivo; monossubjetivo; unissubsistente ou plurissubsistente; em regra, transeunte. d) Bem juridicamente protegido ou objeto jurídico: O bem juridicamente protegido é a honra subjetiva, ou seja, o conceito que o agente passivo tem de si próprio. e) Objeto material: Pessoa contra qual é dirigida a conduta praticada pelo agente. f) Sujeito ativo e sujeito passivo: Tratando-se de crime comum, qualquer pessoa pode figurar como sujeito ativo ou como sujeito passivo do crime de injúria. O inimputável pode ser sujeito passivo do crime de injúria. Deve-se, todavia, assim como nos crimes de calúnia e difamação, trabalhar com a razoabilidade. Além disso, não é possível que a pessoa jurídica seja sujeito passivo do crime de injúria, já que esta não possui honra subjetiva. g) Consumação: A injúria se consuma no momento em que a vítima toma conhecimento das palavras ofensivas à sua dignidade ou decoro. 20 Conforme Greco, não há necessidade de que a vítima esteja presente no momento em que o agente profere, por exemplo, as palavras que são ofensivas a sua honra objetiva. Segundo o autor, se alguém, em conversa com terceiro, chama a vítima de mau-caráter e esta vem a saber disso pouco tempo depois, o delito de injúria se consuma quando ela toma conhecimento. h) Tentativa: É possível a tentativa de injúria, desde que na modalidade escrita, pois, nesta hipótese o crime se revelará plurissubsistente, pois há fracionamento dos atos. Exemplo: carta interceptada. i) Elemento subjetivo: O crime de injúria somente admite a modalidade dolosa (dolo direto ou dolo eventual). Não se admite, pois, a modalidade culposa, por ausência de previsão legal. Se presente o animus jocandi, ou seja, a clara e manifesta intenção de tão somente zombar ou brincar com a vítima, restará afastado o delito de injúria. j) Meios de execução: Os meios de execução podem ser os mais distintos possíveis, tais como por meio oral, escrito, impresso, por desenho, imagem, caricatura, pintura, escultura, símbolo, gestos, sinais, atitudes, atos, etc. k) Perdão judicial: Estabelece o art. 140, §1º, I e II, do CódigoPenal: 21 “§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.” Trata-se de hipótese do denominado perdão judicial. Segundo Greco, o referido perdão judicial se revela como faculdade atribuída ao juiz, não podendo se falar em direito subjetivo do réu, como pensa parte da doutrina. l) Modalidades qualificadas: Como vimos, há duas modalidades qualificadas do crime de injúria, a saber, injúria real e injúria preconceituosa. A injúria real, prevista no §2º do art. 140, se dá quando o agente, com o objetivo de humilhar ou menosprezar a vítima, se utiliza da violência ou vias de fato para tanto. Ressalte-se que, a princípio, a violência ou as vias de fatos não são utilizadas no sentido de ofender a integridade corporal da vítima, mas tão-somente com o objetivo de desprezá-la ou ridicularizá-la. Exemplo é o tapa no rosto com o objetivo de humilhar ou o “puxão de orelha”. Na injúria real, a pena prevista é de detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano e multa, além da pena correspondente à violência. Isso significa que o agente, caso tenha se utilizado da violência, além de responder pela injúria real, também será processado pelo crime de lesão corporal. Conforme Greco, trata-se de hipótese de concurso formal impróprio, nos termos do art. 70, parte final, do Código Penal. Por outro lado, a injúria preconceituosa ou racial, prevista no §3º do mesmo dispositivo, se dá quando a injúria consiste na utilização de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência. O dispositivo comina pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos e multa. A injúria preconceituosa não se confunde com os crimes de racismo, previstos na Lei 7716/89. Nos delitos de racismo, o sujeito ativo limita ou obsta o 22 exercício de determinados direitos por conta de discriminação de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional – tratam-se de infrações penais inafiançáveis e imprescritíveis por força do art. 5º, XLII, CF. Por sua vez, na injúria racial, crime sujeito à fiança e à prescrição, o objetivo do agente é apenas atingir a honra subjetiva da vítima. m) Pena Como vimos, na injúria simples a pena é de detenção 1 (um) mês a 6 (seis) meses ou multa. Já na injúria real, a pena estabelecida é de detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano e multa, além da correspondente à violência. Por fim, a injúria preconceituosa tem pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos e multa. A pena é aumentada de um terço se a injúria for cometida contra os sujeitos passivos elencados no art. 141 do Código Penal, a saber: “Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; II - contra funcionário público, em razão de suas funções; III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.” A pena será dobrada se a injúria for cometida mediante paga ou promessa de recompensa, nos termos do parágrafo único art. 141 do Código Penal (“Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.”). n) Ação Penal: 23 A ação penal nos crimes de injúria será, em regra, de iniciativa privada, nos termos do art. 145 do Código Penal (“Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.”). Excepcionalmente, o crime será processado mediante ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça quando for praticado contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro. Também poderá ser processado mediante ação penal pública condicionada à representação do ofendido, quando o crime for cometido contra funcionário público em razão de suas funções, ou, ainda, na hipótese de injúria preconceituosa. Neste sentido o parágrafo único do art. 145: “Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código”. Destaque-se, entretanto, a redação da súmula 714 do STF: “É CONCORRENTE A LEGITIMIDADE DO OFENDIDO, MEDIANTE QUEIXA, E DO MINISTÉRIO PÚBLICO, CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO, PARA A AÇÃO PENAL POR CRIME CONTRA A HONRA DE SERVIDOR PÚBLICO EM RAZÃO DO EXERCÍCIO DE SUAS FUNÇÕES”. No caso de injúria real, se da violência empregada resultar lesão corporal, a ação penal será de iniciativa pública incondicionada, nos termos do art. 145, CP. o) Competência: Desde que não aplicadas as causas de aumento de pena, a competência para processamento e julgamento do crime de injúria é do Juizado Especial Criminal, haja vista que a pena máxima em abstrato não ultrapassa 2 (dois) anos. Excepciona-se, entretanto, a injúria preconceituosa, tendo em conta sua pena máxima em abstrato ser de 3 (três) anos. É possível a aplicação do instituto de suspensão condicional do processo nos termos do art. 89 da Lei 9099/95. 24 p) Injúria contra morto: Não é possível a injúria contra mortos, por ausência de previsão legal. q) Veracidade das ofensas: Mesmo que as imputações ofensivas à honra subjetiva da vítima sejam verdadeiras, não restará afastado o crime de injúria. r) Injúria eleitoral: Há previsão de crime específico de injúria cometido na propaganda eleitoral ou com fins eleitorais, nos termos dos arts. 326 do Código Eleitoral, in verbis: “Art. 326. Injuriar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda, ofendendo-lhe a dignidade ou o decôro: Pena - detenção até seis meses, ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.” 5) Disposições comuns a) Causas de aumento: Conforme vimos, o art. 141 traz causas de aumento de pena, aplicáveis aos crimes de calúnia, difamação e injúria, in verbis: “Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; II - contra funcionário público, em razão de suas funções; 25 III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003) Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.” b) Exclusão do crime e da punibilidade: Por sua vez, o art. 142 traz causas de exclusão de crime apenas para os crimes de injúria e difamação. A doutrina diverge sobre a natureza jurídica das referidas causas. Para alguns, tratam-se de causas especiais de exclusão da antijuridicidade; para outros são causas especiais de exclusão da pena; há ainda quem defende se tratarem de causas de exclusão da tipicidade. “Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível: I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seuprocurador; II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar; III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício. Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.” c) Retratação: O art. 143 traz uma causa de extinção da punibilidade, aplicável somente à calúnia e à difamação e que consiste na retratação do sujeito ativo antes da sentença. Vejamos: 26 “Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa. (Incluído pela Lei nº 13.188, de 2015)”. d) Pedido de explicações: Por fim, o art. 144 do CP traz a hipótese do denominado “pedido de explicações”, instituto de pouca aplicação prática. “Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.”
Compartilhar