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ADPF 54

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ANÁLISE DA ADPF 54 - Interrupção da gravidez de feto anencéfalo.
	A Confederação Nacional Dos Trabalhadores na Saúde – CNTS formalizou no ano de 2004, através do advogado, Dr. Luís Roberto Barroso, a arguição de descumprimento de preceito fundamental que visou a análise da inconstitucionalidade da interpretação de: a interrupção da gravidez de feto anencéfalo ser conduta tipificada nos artigos 124, 126 e 128, incisos I e II, do Código Penal. 
	De acordo com o artigo 1º da Lei nº 9.882/99: A arguição prevista no § 1º do art. 102 da Constituição Federal será proposta perante o Supremo Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público, logo, tal pedido foi cabível. E ainda, mostra-se a arguição de descumprimento de preceito fundamental de forma análoga às ações diretas também previstas na Carta Política de modo que é necessária a atuação abstrata e concentrada do Supremo Tribunal Federal.
	Alegou-se previamente que a interrupção terapêutica de parto se difere do aborto, porquanto aborto ocorre quando há o impedimento de feto que possui, de fato, possibilidade de vida, constituindo, assim, crime tipificado no Código Penal. E que anencefalia é uma má-formação cerebral que leva o feto ou à morte intra-uterina, ou à sobrevida de algumas horas após o parto.
	Argumentou-se que o fato de ser imposto à mulher a condição de sustentar por nove meses um feto que não sobreviverá, vai de encontro a preceitos fundamentais como o da dignidade da pessoa humana (a física, a moral e a psicológica) e da liberdade relativa à saúde (bem-estar físico, mental e social), além do sofrimento que é causado à mulher. Já os profissionais da saúde ficavam à mercê do efeitos dos artigos 124, 126, cabeça, e 128, incisos I e II, do Código Penal.
	Do ponto de vista cautelar, foi solicitado a suspensão do andamento de processos ou dos efeitos de decisões judiciais que tenham como escopo a aplicação dos dispositivos do Código Penal, nos casos de antecipação terapêutica do parto de fetos anencefálicos, estabelecendo-se o direito constitucional da gestante de se submeter a procedimento que leve à interrupção da gravidez e do profissional de saúde de realizá-lo, contudo deve ser atestado, por médico habilitado, a ocorrência da anomalia.
	No pedido final, teve como objetivo a declaração da inconstitucionalidade, com efeito erga omnes e vinculante, da interpretação dos artigos 124, 126 e 128, incisos I e II, do Código Penal – Decreto-Lei nº 2.848/40 – como impeditiva da antecipação terapêutica do parto em casos de gravidez de feto anencefálico, diagnosticados por médico habilitado, reconhecendo-se o direito subjetivo da gestante de assim agir sem a necessidade de apresentação prévia de autorização judicial ou qualquer outra forma permissiva do Estado. 
	O caso foi complexo no momento e ainda o é, sendo intitulado pelo até então presidente da Corte, Cézar Peluso, como: "o maior julgamento da história do Supremo". Houve bastante divergência e o principal embate foi entre os direitos fundamentais: direito à vida do feto anencéfalo e o direito à saúde e à liberdade da mãe.
	Surgiram inúmeras manifestações de instituições religiosas contra a deliberação da interrupção da gravidez de feto anencéfalo e foi aberta audiência para argumentação, algumas delas que estiveram presentes: Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Católicas pelo Direito de Decidir, Igreja Universal. Entretanto, de acordo com a Carta Maior, o Brasil é uma república laica, assim, neutro quanto às religiões.
	A atuação do Guardião da Constituição deve ser justa e sábia, baseada na própria e desprovida de qualquer dogma religioso, e se viu, de certo modo, obrigado a conceder o direito da mulher de manifestar-se de forma digna e livre, sem o receio de ser tipificada como criminosa por aborto. A inviolabilidade física do feto anencéfalo, que, caso sobreviva ao parto por poucas horas, não pode ser preservada, em prejuízo aos direitos elementares da mulher.
	Após oito anos, em 12 de abril de 2012, foi julgada procedente, a ADPF 54, com apenas dois votos contra. A decisão do STF não impõs à mulher interromper a gestação, apenas autorizou a interrompição da gravidez em favor da dignidade da pessoa humana, pois se sabe que o feto não apresentará viabilidade. 
	O Sistema Único de Saúde é o responsável por promover políticas públicas de saúde que alcancem gestantes nesses casos, pois são as mães que decidirão pela interrupção ou não da gravidez. É importante destacar o papel do Governo em prevenir a incidência de casos de fetos anencéfalos, visto que, houve uma recomendação da Organização Mundial de Saúde – OMS, em aumentar o consumo o nutriente ácido fólico, que é recomendado para reduzir os riscos da malformação anencefálica.

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