Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 UNIVERSIDADE POTIGUAR-UNP CURSO: DIREITO – MOSSORÓ – 1° PERÍODO -2016.1 DISCIPLINA: INTRODUÇÃO AS CARREIRAS JURÍDICAS 1- O QUE É JUSTIÇA? O termo justiça, de maneira simples, diz respeito à igualdade de todos os cidadãos. Encontramos na Constituição Federal no seu art. 5° o principio da igualdade ou como alguns preferem o principio da isonomia, segundo o qual: todos são iguais perante a lei. Deve-se, contudo, buscar não somente essa aparente igualdade formal, mas, principalmente, a igualdade material, na medida em que a lei deverá TRATAR OS IGUAIS DE MANEIRA IGUAL E OS DESIGUAIS DE MANEIRA DESIGUAL NA MEDIDA DE SUAS DESIGUALDADES. 2- O QUE É DIREITO? E o que um bacharel em direito faz? Nada mais justo que a curiosidade do iniciante, que pela primeira vez se debruça sobre um ramo do conhecimento, para conhecer seu conteúdo. Nada é tão simples e ao mesmo tempo tão complexo quanto definir Direito. A palavra direito intuitivamente nos outorga a noção do que é certo, correto, justo, equânime. Quando se menciona a palavra é importante saber se a empregamos como substantivo, adjetivo ou advérbio. Nessa linha de compreensão, o direito seria conceitualmente o que é mais adequado para o individuo, tendo presente que, vivendo em sociedade, tal direito deve compreender fundamentalmente o interesse da coletividade. O direito busca, portanto, a adequação da sociedade, sua melhor convivência, embora cada sistema possa usar métodos diversos. Direito é o ramo das ciências sociais aplicadas que tem como objeto de estudo o conjunto de todas as normas coercitivas que regulamentam as relações sociais, ou seja, são normas que disciplinam as relações entre os indivíduos, desses para com o Estado e do Estado para com seus cidadãos, por meio de normas que permitam solucionar os conflitos. Segundo Kant, o "Direito é o conjunto de condições pelas quais o arbítrio de um pode conciliar-se com o arbítrio do outro, segundo uma lei geral de liberdade." 2 Direitoé o ramo das ciências sociais aplicadas que tem como objeto de estudo o conjunto de todas as normas (regras e princípios) coercitivas que regulamentem as relações sociais, ou seja, são normas que disciplinam as relações entre os indivíduos, destes para com o Estado e do Estado para com seus cidadãos, através de normas que permitam solucionar os conflitos. Direito é um conjunto de regras que disciplina diversas dimensões de nossas vidas. Todos nós, na posição de pai, filho, herdeiro, empresário, proprietário, consumidor, empregado, contribuinte, cidadão, entre outras, temos direitos e deveres. O próprio Estado brasileiro, de acordo com nossa Constituição de 1988, deve obediência a regras jurídicas. Quando falamos em Direito, estamos falando do mundo das leis e da justiça, e o profissional do Direito deve ser qualificado não apenas para nos orientar dentro deste complexo emaranhado de normas, ou para nos ajudar a resolver conflitos, mas também para, junto com economistas, cientistas políticos, sociólogos etc., imaginar e propor intervenções legislativas que enfrentem os principais problemas brasileiros. O bacharel em Direito possui um dos mais amplos leques de atuação profissional. No setor público e no setor privado, há uma grande quantidade de profissões jurídicas típicas que só podem ser exercidas por quem possui diploma em Direito. No setor público, destacam-se as atividades de juiz, promotor de justiça e advogado de entes estatais. No setor privado, a advocacia ganhou nos últimos tempos áreas de atuação cada vez mais especializadas, tanto no âmbito nacional quanto internacional. Além destas atividades típicas, o profissional do Direito é cada vez mais solicitado para atuar em outros campos, como diplomacia, mediação e arbitragem, assessoria política, consultoria empresarial, jornalismo, etc. Recentemente, a demanda por profissionais de formação jurídica passou a ser expressiva também em organizações internacionais e não-governamentais, relacionadas ao meio-ambiente, aos direitos humanos, à educação, à proteção do consumidor, entre outros. 3- PODERES DO ESTADO A Constituição Federal de 1988, como de tradição, adotou o sistema tripartido de separação dos poderes, que são as de administrar, legislar e julgar. No Brasil, essas três funções são exercidas pelo PODER EXECUTIVO, LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO, respectivamente. Essa separação procura, principalmente, evitar abusos de poder, já que 3 um poder fiscaliza e limita a atuação do outro. Esse sistema denomina-se “pesos e contrapesos”. A divisão dos poderes, no entanto, não é absoluta, sendo que cada um dos poderes exerce, em menor ou maior grau, todas as funções. De acordo com o art. 2° da Constituição Federal de 1988: “Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. 3.1- Poder Legislativo É o encarregado de exercer a função legislativa do estado, que consiste em regular as relações dos indivíduos entre si e com o próprio Estado, mediante a elaboração de leis. No Brasil, o Poder Legislativo é organizado em um sistema bicameral e exercido pelo Congresso Nacional que é composto pela Câmara dos Deputados, como representante do povo, e pelo Senado Federal, representante das Unidades da Federação. Esse modelo bicameral confere às duas Casas autonomia, poderes, prerrogativas e imunidades referentes à sua organização e funcionamento em relação ao exercício de suas funções. A Câmara dos Deputados é composta, atualmente, por 513 membros eleitos pelo sistema proporcional à população de cada Estado e do Distrito Federal, com mandato de quatro anos. O número de deputados eleitos pode variar de uma eleição para outra em razão de sua proporcionalidade à população de cada Estado e do Distrito Federal. No caso de criação de Territórios, cada um deles elegerá quatro representantes. A Constituição Federal de 1988 fixou que nenhuma unidade federativa poderá ter menos de oito ou mais de 70 representantes. Já no Senado Federal, os 81 membros eleitos pelo sistema majoritário (3 para cada Estado e para o Distrito Federal) têm mandato de oito anos, renovando-se a cada quatro anos, 1/3 e 2/3 alternadamente. Nas eleições de 1998 foram renovados 1/3 dos senadores (27) e nas eleições de 2002, 2/3 dos membros (54). Uma vez eleitos, os deputados e senadores passam a integrar a bancada do partido ao qual pertencem. Cabe às bancadas partidárias escolher, dentre seus membros, um líder para representá-los. Assim, para orientar essas bancadas durante os trabalhos legislativos, há a figura do líder partidário e suas respectivas estruturas administrativas. O 4 governo também possui líderes, na Câmara, no Senado e no Congresso, que o representa nas atividades legislativas. O Congresso Nacional e suas Casas funcionam de forma organizada, tendo os seus trabalhos coordenados pelas respectivas Mesas. Em geral, a Mesa da Câmara dos Deputados e a do Senado Federal são presididas por um representante do partido majoritário em cada Casa, com mandato de dois anos. Além do presidente, a Mesa é composta por dois vice-presidentes e quatro secretários. A Mesa do Congresso Nacional é presidida pelo presidente do Senado Federal e os demais cargos ocupados, alternadamente, pelos respectivos membros das Mesas das duas Casas. Compõem ainda a estrutura de cada Casa as comissões, que têm por finalidade apreciar assuntos submetidos ao seu exame e sobre eles deliberar. Na constituição de cada comissão é assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos e dos blocos parlamentares que integram a Casa. Na Câmara dos Deputados há dezoito comissões permanentes em funcionamento e no Senado Federal, sete. As comissões podem ser, ainda, temporárias, quando criadas paraapreciar determinado assunto e por prazo limitado. As comissões parlamentares de inquérito (CPIs), as comissões externas e as especiais são exemplos de comissões temporárias. No Congresso Nacional as comissões são integradas por deputados e senadores. A única comissão mista permanente é a de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização. Contudo, existe também a Representação Brasileira de Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul. Já as comissões temporárias obedecem aos mesmos critérios de criação e funcionamento adotados pela Câmara e pelo Senado. O processo legislativo compreende a elaboração de emendas à Constituição, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções. Todos estes instrumentos legais tramitam no Congresso Nacional e em suas Casas segundo procedimentos próprios previamente definidos em regimentos internos. 5 Apesar do Congresso Nacional ser um órgão legislativo, sua competência não se resume à elaboração de leis. Além das atribuições legislativas, o Congresso dispõe de atribuições deliberativas; de fiscalização e controle; de julgamento de crimes de responsabilidade; além de outras privativas de cada Casa, conforme disposto na Constituição Federal de 1988. O Congresso está localizado na área central de Brasília, próximo aos órgãos representativos dos Poderes Executivo e Judiciário, formando a praça dos Três Poderes. Internamente, o Congresso é uma verdadeira "cidade" contando com bibliotecas, livrarias, bancas de revistas e jornais, barbearias, bancos, restaurantes, dentre outros serviços. 3.2- Poder executivo O Poder Executivo Federal é exercido, no sistema presidencialista, pelo Presidente da República auxiliado pelos Ministros de Estado. O Presidente da República, juntamente com o Vice-Presidente, são eleitos pelo voto direto e secreto para um período de quatro anos. Em 1997, através de Emenda Constitucional nº 16, foi permitida a reeleição, para um único mandato subseqüente, do Presidente da República, dos Governadores e dos Prefeitos. Dessa forma, o Presidente Fernando Henrique Cardoso iniciou, em 1º de janeiro de 1999, seu segundo mandato para o qual foi reeleito em 1º turno nas eleições de outubro de 1998, se tornando o primeiro Presidente da República a ser reeleito. Em caso de impedimento do Presidente da República, ou vacância do respectivo cargo, serão chamados sucessivamente para exercer o cargo, o Vice-Presidente, o Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal. Compete ao Presidente da República entre outros, chefiar o governo; administrar a coisa pública; aplicar as leis; iniciar o processo legislativo; vetar, total ou parcialmente projetos de lei; declarar guerra; prover e extinguir cargos públicos federais; e editar medidas provisórias com força de lei. Aos Ministros de Estado compete exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades na área de sua competência e referendar os atos assinados pelo 6 Presidente da República e expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos. A indicação de ministros é feita pelo Presidente da República com base em critérios políticos, de modo a fazer acomodações na base de sustentação do governo. Entretanto, isso não exclui a possibilidade de, em alguns momentos, ser utilizado um critério exclusivamente técnico para a escolha do ministro. O exercício das funções relativas ao Poder Executivo é feito através da Administração Direta e Indireta. 3.3- Poder judiciário A função do Poder Judiciário, no âmbito do Estado democrático, consiste em aplicar a lei a casos concretos, para assegurar a soberania da justiça e a realização dos direitos individuais nas relações sociais. A estrutura do Poder Judiciário é baseada na hierarquia dos órgãos que o compõem, formando assim as instâncias. A primeira instância corresponde ao órgão que irá primeiramente analisar e julgar a ação apresentada ao Poder Judiciário. As demais instâncias apreciam as decisões proferidas pela instância inferior a ela, e sempre o fazem em órgãos colegiados, ou seja, por um grupo de juízes que participam do julgamento. Devido ao princípio do duplo grau de jurisdição, as decisões proferidas em primeira instância poderão ser submetidas à apreciação da instância superior, dando oportunidade às partes conflitantes de obterem o reexame da matéria. Às instâncias superiores, cabe, também, em decorrência de sua competência originária, apreciar determinadas ações que, em razão da matéria, lhes são apresentadas diretamente, sem que tenham sido submetidas, anteriormente, à apreciação do juízo inferior. A competência originária dos tribunais está disposta na Constituição Federal. A organização do Poder Judiciário está fundamentada na divisão da competência entre os vários órgãos que o integram nos âmbitos estadual e federal. À Justiça Estadual cabe o julgamento das ações não compreendidas na competência da Justiça Federal comum ou especializada. 7 A Justiça Federal comum é aquela composta pelos tribunais e juízes federais, e responsável pelo julgamento de ações em que a União, as autarquias ou as empresas públicas federais forem interessadas; e a especializada, aquela composta pelas Justiças do Trabalho, Eleitoral e Militar. No que se refere à competência da Justiça Federal especializada, tem-se que à Justiça do Trabalho compete conciliar e julgar os conflitos individuais e coletivos entre trabalhadores e empregadores. É formado por Juntas de Conciliação e Julgamento, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, composto por juízes nomeados pelo Presidente da República, e pelo Tribunal Superior do Trabalho, composto por vinte e sete ministros, nomeados pelo Presidente da República, após aprovação pelo Senado Federal. À Justiça Eleitoral compete, principalmente, a organização, a fiscalização e a apuração das eleições que ocorrem no país, bem como a diplomação dos eleitos. É formada pelas Juntas Eleitorais, pelos Tribunais Regionais Eleitorais, compostos por sete juízes e pelo Tribunal Superior Eleitoral, também composto por sete ministros. E, à Justiça Militar, compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. É composta pelos juízes-auditores e seus substitutos, pelos Conselhos de Justiça, especiais ou permanentes, integrados pelos juízes-auditores e pelo Superior Tribunal Militar, que possui quinze ministros nomeados pelo Presidente da República, após aprovação do Senado Federal. São órgãos do Poder Judiciário: Supremo Tribunal Federal, que é o órgão máximo do Poder Judiciário, tendo como competência precípua a guarda da Constituição Federal. É composto por 11 ministros nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pelo Senado Federal. Aprecia, além da matéria atinente a sua competência originária, recursos extraordinários cabíveis em razão de desobediência à Constituição Federal. Superior Tribunal de Justiça, ao qual cabe a guarda do direito nacional infraconstitucional mediante harmonização das decisões proferidas pelos tribunais regionais federais e pelos tribunais estaduais de segunda instância. Compõe-se de, no mínimo, 33 ministros nomeados pelo Presidente da República. Aprecia, além da matéria referente a sua competência originária, recursos especiais cabíveis quando contrariadas leis federais. 8 Tribunais Regionais, que julgam ações provenientes de vários estados do país, divididos por regiões. São eles: os Tribunais Regionais Federais (divididos em 5 regiões), os Tribunais Regionais do Trabalho (divididos em 24 regiões) e os Tribunais Regionais Eleitorais (divididos em 27 regiões). Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal e de Alçada, organizados de acordo com os princípiose normas da constituição Estadual e do Estatuto da Magistratura. Apreciam, em grau de recurso ou em razão de sua competência originária, as matérias comuns que não se encaixam na competência das justiças federais especializadas. Juízos de primeira instância são onde se iniciam, na maioria das vezes, as ações judiciais estaduais e federais (comuns e especializadas). Compreende os juízes estaduais e os federais comuns e da justiça especializada (juízes do trabalho, eleitorais, militares). FONTES DE DIREITO Na concepção gramatical, fonte é origem, gênese, de onde provém (água). As chamadas “fontes de direito” nada mais são, portanto, do que os meios pelos quais se formam ou se estabelecem as normas jurídicas. Trata-se, em outras palavras, de instâncias de manifestação normativa. O artigo 4 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-lei número 4.657, de 04-09-1942) dispõe expressamente que: “Art. 4. Quando a lei for omissa, juiz decidirá – o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito”. A classificação das fontes, por sua vez, forma, necessariamente, esses dois elementos (segurança e certeza) para o estabelecimento de uma “hierarquia de prevalência” no ordenamento jurídico. Ainda Jurisprudência, Doutrina e Equidade. 4.1 – FONTES DO DIREITO EM ESPÉCIE: Nos próximos subtópicos, analisaremos as seguintes fontes de Direito: a) LEGISLAÇÃO; b) COSTUME; 9 c) JURISPRUDÊNCIA; d) DOUTRINA; e) ANALOGIA; f) PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO; g) EQUIDADE. 4.1.1 – LEGISLAÇÃO : A lei é por excelência, a mais importante fonte do Direito em nosso ordenamento positivo. Nela se encontra toda a expectativa de segurança e estabilidade de direito, que se espera de um direito positivado. Sílvio Venosa define-a como a “regra geral de direito, abstrata e permanente, dotada de sanção, expressa pela vontade de autoridade competente, de cunho obrigatório e forma escrita”. Esta conceituação mostra as características básicas dessa fonte normativa: - Generalidade; - Abstração; - Permanência; - Existência de sanção; - Edição pela autoridade competente; - Registro cartáceo da edição. A generalidade é uma característica marcante da lei, uma vez que, para ser assim considerada, por mais restrita que seja, dever ser dirigida a um número indeterminado de indivíduos. A Abstração mostra que as leis têm um caráter prospectivo de geração de efeitos para o futuro, em função de hipóteses concebidas idealmente, não devendo, em regra, produzir efeitos pretéritos. Permanência: É o período em que a lei apresenta seu caráter imperativo enquanto estiver vigente, ou seja, mesmo nas leis editadas para reger determinados períodos de tempo, os efeitos de sua aplicação serão permanentes para as situações jurídicas ocorridas em sua vigência. 10 Existência de Sanção: É um elemento de grande importância para a efetivação da lei, decorrendo, em verdade, não somente dela, mas do próprio ordenamento que, abstratamente, preverá as consequências deontológicas do eventual descumprimento de deveres jurídicos. Edição por meio de Autoridade Competente: É a própria separação dos poderes uma forma de controle do arbítrio, limitando as possibilidades de atuação dos agentes estatais na sua edição. Vale lembrar ainda que, formalmente, considera-se lei “o ato legislativo emanado dos órgãos de representação popular e elaboração de conformidade com o processo legislativo previsto na Constituição”. Artigos 59 – 69. Obrigatoriedade da Lei: É outro dado importante, haja vista que o reconhecimento da ausência de força na lei seria a sua própria desmoralização, seja perante o Estado, seja no meio social. Registro Cartáceo da Edição: O registro escrito da lei, além de ser uma diferença para os sistemas do commom law, garante maior estabilidade das relações jurídicas, com a sua consequente divulgação através das publicações oficiais. b) CLASSIFICAÇÃO DAS LEIS QUANTO À ORIGEM OU EXTENSÃO TERRITORIAL: a) LEIS FEDERAIS; b) LEIS ESTADUAIS; c) LEIS MUNICIPAIS. LEIS FEDERAIS: Criadas no âmbito da União, ordinariamente pelo Congresso Nacional (embora com exceção, como as leis delegadas e as medidas provisórias, deva se admitir o pronunciamento legislativo por outras esferas de Poder). Aplicando-se a todo país ou a parte dele (legislações federais de desenvolvimento regional). Exemplo: Constituição Federal, Código Civil, CLT, etc. LEIS ESTADUAIS: Promulgadas pelas Assembleias Legislativas, destinando-se aos territórios estaduais ou a parte deles. 11 Exemplo: Constituição Estadual, Lei de ICMS, etc. LEIS MUNICIPAIS: Aprovadas pelas câmaras municipais, com aplicabilidade limitada ao território respectivo. Exemplo: Lei Orgânica Municipal, Lei do IPTU, QUANTO A DURAÇÃO: a) PERMANENTES; b) TEMPORÁRIAS. PERMANENTES: Leis estabelecidas sem prazo de vigência predeterminado. TEMPORÁRIAS: Leis estabelecidas com prazo limitado de vigência. QUANTO AO ALCANCE: a) GERAIS; b) ESPECIAIS; GERAIS: Disciplinam uma quantidade ilimitada de situações jurídicas genéricas. Exemplo: Constituição Federal, Código Civil, etc. ESPECIAIS: Regulam matérias com critério particulares, diversos das leis gerais. Exemplo: CLT Lei do Inquilinato – locação de imóveis. QUANTO A HIERARQUIA DENTRO DO SISTEMA NACIONAL: a) CONSTITUIÇÃO; b) LEIS INFRACONSTITUCIONAIS; CONSTITUIÇÃO: Fundamento do sistema positivo é a mais importante norma em um ordenamento jurídico nacional. O princípio da supremacia da Constituição sujeita todas as 12 normas da ordem jurídica a uma conformidade tanto formal quanto material com o texto constitucional. Temos as normas constitucionais originárias e as normas constitucionais resultantes de emendas. LEIS INFRACONSTITUCIONAIS: Tecnicamente, não há hierarquia entre as leis infraconstitucionais, mas sim apenas peculiaridades quanto à matéria regulável, o órgão competente para sua edição e o quórum necessário. Nela se incluam as leis complementares, leis ordinárias e algumas outras formas de manifestação normativa que apenas materialmente podem ser consideradas leis: leis delegadas, decretos-leis (já extintos em nosso ordenamento jurídico) e medidas provisórias. No campo das normas infraconstitucionais, vale registrar que o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, considera que os TRATADOS INTERNACIONAIS sobre DIREITO HUMANOS possuam um caráter supralegal, estando em um grau superior aos textos legais. DECRETOS REGULAMENTARES: Atos do Poder Executivo, com a finalidade de prover situações previstas na lei em sentido técnico, para explicitá-la e dar-lhe execução. NORMAS INTERNAS: Embora, como as últimas, também não sejam leis stricto senso, têm uma finalidade disciplinar situações específicas, notadamente na Administração Pública. Exemplo: ESTATUTOS, REGIMENTOS INTERNOS, INSTRUÇÕES NORMATIVAS, etc. 4.1.2 – COSTUME O COSTUME é o uso geral, constante e notório, observado socialmente e correspondente a uma necessidade jurídica. Trata-se de uma fonte de direito, com objetividade evidentemente menor. Para caracterizá-lo, mister se faz a presença simultânea de dois tipos básicos de elementos: a) Objetivo ou substancial: o uso continuado da prática no tempo; b) Subjetivo ou relacional: a convicção da obrigatoriedade da prática como necessidade de social (opinio necessitatis sive obligationis). Sociologicamente, é possível afirmar que a “convicção da obrigatoriedade tem um fundamento numa expectativa de consenso, melhor dito, na suposição bem – sucedida de que todos concordam”. Baseia-se no argumento de que algo deve ser feito porque sempre assimfoi tendo sua 13 autoridade respaldada na força conferida ao tempo e no uso contínuo das normas. Orlando Gomes diz “... ou a autoridade do costume se consagra pela confirmação do legislador, ou pela aceitação do juiz (...)”. O costume, como fonte de direito, pode ser visualizado de três formas: a) Praeter Legem: Costume que disciplina matéria que a lei não conhece. Visa a suprir a lei, nas eventuais omissões existentes (art. 4 da LINDB). b) Secundum Legem: Neste caso, a própria lei reconhece a eficácia jurídica do costume. Há quem entenda que, entre os costumes secundum legem, inclui-se o chamado costume interpretativo, pois, consoante dispõe o Código de Direito Canônico, “o costume é o melhor intérprete da lei”. c) Contra Legem: Tema dos mais polêmicos trata-se do reconhecimento de uma prática que se oponha francamente ao direito legislado, numa “revolta dos fatos contra os códigos”, na expressão de Gaston Morin, o que não é admitido expressamente pelo sistema positivo. Na lição de Franco Montoro, “pode ocorrer em dois casos: no desuso (dessuetudo) quando o costume simplesmente suprime a lei, que fica letra morta ou no costume ab-rogatório (consuetudo ab-rogatória), que cria uma nova regra”. 4.1.3 – JURISPRUDÊNCIA Quando o reconhecimento de uma conduta como obrigatória se dá em sede dos tribunais, teremos a jurisprudência (ou o costume judiciário) como fonte do direito. Diferencia-se, porém, do costume propriamente dito, porque esse é criação da prática popular, nascendo espontaneamente, como decorrência do exercício do que se considera socialmente obrigatório, ao passo que a JURISPRUDÊNCIA é obra exclusiva da reflexão dos operários do direito, nas decisões de juízes monocráticos e tribunais, em litígios submetidos à sua apreciação. A expressão “JURISPRUDÊNCIA” era empregada, no vernáculo brasileiro, como um sinônimo de Ciência do Direito, sendo ainda utilizado dessa forma em diversos sistemas, notadamente o italiano. Hodiernamente, porém, possui um significado mais limitado, consistindo no conjunto de reiteradas decisões dos tribunais sobre determinada matéria (recum perpetuo similiter judicatorum auctoritas). A JURISPRUDÊNCIA é a complexa reunião de julgados, e não cada um deles isoladamente. 14 Embora a LINDB não a reconheça expressamente como fonte normativa, a sua importância cresce a cada dia. A JURISPRUDÊNCIA é fonte, ao menos, da compreensão do direito. Sua finalidade real, sem dúvida, será readequar o sistema a uma nova conjunção de forças, sem negação das premissas do próprio centro de poder de que faz parte, sempre dentro da premissa do próprio art. 5 da LINDB. Especial destaque merece, porém, a chamada jurisprudência “contra legem”. Manifesta-se o Professor Machado Neto: “(...) qual será o direito de um povo, a lei que ninguém acata ou a jurisprudência, embora contra legem, mas que os tribunais vêm seguindo e acatando?”. A SÚMULA adotada por um tribunal nada mais é do que a enunciação sintética de uma ratio decidendi, ou seja, constitui a síntese enunciada das razões de decidir de determinado caso concreto. A função da súmula é preencher parcialmente a indeterminação e a vagueza que resultam de textos normativos, reduzindo a complexidade da interpretação, o que não significa que ela própria prescinda de interpretação. Ao contrário, os verbetes que compõem as súmulas demandam exegese, pois a sua justificação está em que seja aplicada a mesma ratio decidendi entre casos que sejam substancialmente idênticos. A dificuldade consiste em diagnosticar o grau de identidade que deve ter o caso que se pretende resolver com os casos (ou o caso) de que sobreveio determinado verbete. No Brasil, até o advento da Emenda Constitucional número 45/2004, não havia força vinculante e geral das decisões dos tribunais. A partir deste momento histórico, porém, ao lado das súmulas persuasivas, passaram a existir as súmulas vinculantes, que podem ser editadas exclusivamente pelo STF e que obrigam aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública, encontrados os âmbitos da Federação. Por ser vinculante, o seu descumprimento enseja a promoção, perante o STF de Reclamação Constitucional, via pela qual a Corte promove a garantia da autoridade de suas decisões. 4.1.4 – DOUTRINA Doutrina é a opinião dos doutos, conhecidos como juristas (communis opinio doctorum). A doutrina não chega, no sistema de civil law a ser considerada formalmente uma fonte de direito. 15 Todavia, pode ser responsável pela definição de alguns conceitos jurídicos indeterminados (exemplo: mulher honesta, justa causa, absoluta impossibilidade, etc.). Acaba, no final das contas, sendo considerada uma fonte pelo fato de continuamente propor soluções, inovar, interpretar e colmatar lacunas. Sua autoridade, inclusive como base de orientação para a interpretação do direito é irrecusável. 4.1.5 – ANALOGIA Embora mencionada no art. 4 da LINDB, não se trata bem de uma fonte do direito, mas sim de um meio supletivo em caso de lacuna da lei. Trata-se de uma “forma típica de raciocínio pelo qual se estende a facti species de uma norma a situações semelhantes para as quais, em princípio, não havia sido estabelecida”. Pode-se manifestar de duas formas: a) ANALOGIA LEGIS – quando, inexistente a lei, aplica-se outra norma legal ao caso sub- judice; b) ANALOGIA JURIS – quando, inexistente a lei, aplica-se princípio do direito ao caso sob apreciação. 4.1.6 – PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO Também mencionados no art. 4 da LINDB, os princípios gerais são postulados que procuram fundamentar todo o sistema jurídico, não tendo necessariamente uma correspondência positivada equivalente. Há quem os reduza, inclusive, aos famosos preceitos romanos: honeste vivere, alterum non laedere, suum cuique tribuere, mas em verdade, podem ser encontradas e sistematizados por cada disciplina jurídica. Segundo Orlando Gomes: “A generalibus júri principiis, da qual deve ser extraída a decisão judicial quando a lei for omissa, falhe a analogia e não existam costumes adequados tem como determinante o espírito da ordem jurídica, que se manifesta através de valorações da camada, dirigente, como ultimum refúgium do juiz”. 4.1.7 – EQUIDADE 16 A equidade, na concepção aristotélica, é a “justiça do caso concreto”. O julgamento por equidade (e não com equidade) é tido, em casos excepcionais, como fonte de direito, quando a própria lei atribui ao juiz a possibilidade de julgar conforme seus ditames. A equidade é a busca da interpretação mais razoável da norma para o caso em apreciação. As decisões que se valem da equidade podem ser de três formas: a) decisão com equidade: é toda decisão que se pretende estar de acordo com o direito, enquanto ideal supremo de justiça; b) decisão por equidade: é toda decisão que tem por base a consciência e percepção de justiça do julgador, que não precisa estar preso a regras de direito positivo e métodos preestabelecidos de interpretação; c) decisão utilizando equidade como meio supletivo de integração e interpretação de normas: é toda decisão proferida no sentido de encontrar o equilíbrio entre norma, fato e valor (aplicação do direito ao caso concreto). Na hipótese de constatação de uma contradição entre a norma legal e a realidade, gerando uma lacuna. 4- Direito público x Direito Privado Segundo este critério, o Direito Público distingue-se do Direito Privado pelo facto de, no Direito Público, serem reguladas relações entre dois sujeitos, em que um deles (a entidade pública) está numa posição de supremacia perante o outro, em virtude de se encontrar no exercício de poderes públicos (ius imperii). De forma diferente ocorre no caso do Direito Privado, enquanto categoria do Direito, e quedisciplina um conjunto de relações entre sujeitos em igualdade de posição, ou seja, enquanto simples particulares. Elucidativo desta diferença entre as duas categorias, podem referir-se os casos do Direito Fiscal, enquanto ramo do Direito Público, ( a relação de supremacia entre, por um lado, o ente público fiscalizador, no exercício de um poder de autoridade público, e o cidadão contribuinte) e ainda o caso do Direito da Família, como ramo do Direito Privado, (por exemplo, a relação igualitária existente entre dois cônjuges ligados pelo matrimónio). 17 Ainda de acordo com o critério acima apontado, são também de Direito Público aquelas regras ou normas que disciplinam a organização e atividade do Estado e de outras entidades públicas, como por exemplo as autarquias, e ainda as normas que regulam as relações desses entes públicos entre si, no exercício dos poderes que lhes competem. Para além destas normas, incluir-se-ão, na categoria do Direito Público, todas as normas que regem as relações entre os entes públicos e os cidadãos, sempre que os primeiros se encontrem revestidos de poderes de autoridade conferidos pela lei. O Direito Público é, portanto, um direito composto por regras jurídicas que vão disciplinar relações entre sujeitos em posições desiguais. Diferentemente se passa no Direito Privado, em que os ramos do Direito, e as normas que estes dispõem, vão incidir sobre relações entre sujeitos que se encontram numa posição de igualdade. Esta última categoria do Direito integra, assim, normas jurídicas que regem as relações entre simples particulares e ainda as relações entre particulares e entes públicos , quando estes últimos não atuem revestidos de poderes de autoridade. São, portanto, relações de paridade e não de supremacia as relações que são objeto deste categoria do Direito. As subdivisões conceituais e didáticas do Direito Quais sejam: Direito público e Direito privado As divisões e subdivisões dos vários campos do direito possuem primordialmente uma utilidade didática. Hoje, mais do que ontem, há uma completa interpenetração de campos jurídicos, de forma mais ou menos profunda, e até o especialista em uma área deve ser versado em várias outras. O direito deve ser sempre visto estudado como um todo. O especialista em direito publico deve valer-se com freqüência de princípios de direito privado e vice-versa. Do ponto de vista prático, por vezes, será importante saber se uma norma é de direito público ou de direito privado, sem que isto anule a afirmação feita a principio. Em geral, as normas de direito publico possuem o caráter de cogência ou obrigatoriedade. Não podem os interessados dispor diferentemente do que o determinado por elas. 18 No direito privado há normas desse nível, cogentes, e outras que estão a disposição das partes, as chamadas normas dispositivas. Estas apenas são chamadas a atuar quando os interessados nada dispõem sobre o tema. Karl Larenz (1978:1), afirma que o direito privado é aquela parte do ordenamento jurídico que regula as relações dos particulares entre si, com base na sua igualdade jurídica e sua autodeterminação. 5.1- Os vários ramos do direito público e do direito privado Mantendo-se a divisão tradicional, o direito público pode ser dividido em interno e externo. O direito público interno compreende, sem que a enumeração seja exaustiva, o direito constitucional, direito administrativo, direito tributário, direito penal, direito processual civil e penal, enquanto o direito público externo compreende o direito internacional publico e privado. O direito privado abrange o tradicional direito civile o direito empresarial. A) Direito Constitucional: é o ramo que estuda os princípios e normas relativos à estrutura fundamental do Estado, e baseia-se na Constituição, embora não se prenda exclusivamente a ela. A Constituição Federal abrange os princípios jurídicos fundamentais que designam e estrutura os órgãos do Estado, sua instituição, suas relações entre si. Dada a importância das normas e dos princípios que estuda, o direito constitucional é o ramo mais importante do direito público. B) Direito Administrativo: compreende o estudo dos fenômenos e normas que ordenam o serviço público e regulamentam as relações entre a Administração, seus respectivos órgãos, os administradores e seus administrados. Refere-se, portanto, a Administração Pública. C) Direito Tributário: é o ramo do direito público que ordena a forma de arrecadação de tributos, bem como o relacionamento entre o Fisco e o contribuinte. D) Direito Processual Civil: é o ramo do direito publico que preordena a forma pela qual alguém pode obter do Estado, de seu Poder Judiciário, uma prestação jurisdicional, isto é, uma composição do conflito de interesse mercê de uma decisão judicial. E) Direito Penal: é o conjunto dos preceitos legais, fixados pelo Estado, para definir os crimes e determinar aos seus autores as correspondentes penas e 19 medidas de segurança. O direito penal diz respeito ao direito de punir do Estado, que lhe é exclusivo, daí porque é direito exclusivamente público. F) Direito Civil: é o direito privado por excelência. Trata do conjunto de normas reguladoras das relações jurídicas entre particulares. O interesse de suas regras é eminentemente privado, embora nele possam estar presentes normas de ordem pública, como ocorre notoriamente no direito de família. É no direito civil que se encontrarão os princípios da personalidade, o conjunto de atributos que situam o homem em sociedade. G) Direito Empresarial: hoje referido basicamente como direito da empresa o seu objeto passou a ser a atividade negocial enquanto destinada a fins de natureza econômica, sendo essa atividade habitual e dirigida a produção de resultados patrimoniais. H) Direito do consumidor: Relação jurídica entre consumidor e fornecedor. Produto e serviço. Publicidade e propaganda. Responsabilidade pelo fato do produto e do serviço. I) Direito ambiental: é um ramo do direito, constituindo um conjunto de princípios jurídicos e denormas jurídicas voltado à proteção jurídica da qualidade do meio ambiente. J) Direito previdenciário: é ramo do Direito público que objetiva o estudo e disciplina da seguridade social, em geral, regula e normatiza o que conhecemos como Previdência, seja a Social ou Privada 5- O direito de ação Consiste na possibilidade de se exigir do Estado, dentro das hipóteses previstas, a chamada prestação jurisdicional, isto é, que o Estado, através de seus órgãos competentes, tome conhecimento de determinado problema jurídico concreto, promovendo a aplicação do Direito. 6- Os elementos fundamentais do direito são: o sujeito, o objeto, a relação jurídica e a proteção jurisdicional. A) O Sujeito - Em sentido estrito, “sujeito” é o titular de um direito subjetivo. É a pessoa a quem pertence ( ou cabe ) o direito. É o proprietário no direito de propriedade, o credor nas obrigações, o Estado na cobrança de tributos, o requerente nas ações judiciais. O titular do direito não é o único “sujeito” na 20 relação jurídica. Toda a relação jurídica é intersubjetiva, supõe, pelo menos, dois sujeitos: um sujeito ativo, que é o titular do direito, a pessoa que pode exigir a prestação; um sujeito passivo, que é a pessoa obrigada a realizar a prestação ( positiva ou negativa ). Sujeito de direito e pessoa - O sujeito dos direitos e dos deveres jurídicos chama- se pessoa, escreve Coviello. “Pessoas são todos os seres capazes de adquirir direitos e contrair obrigações”, define o Código Civil argentino. O direito admite duas espécies fundamentais de pessoas: físicas e jurídicas. “Pessoas fisicas” são os homens considerados individualmente. “Pessoas jurídicas” são as instituiçõesou entidades, capazes de ter direitos e obrigações como as associações, fundações, sociedades civis e comerciais, autarquias e o próprio Estado. Ao conceito de “sujeito passivo” ligam-se as noções de “dever jurídico” e de “prestação” que constituem importantes categorias jurídicas. O sujeito passivo tem o “dever jurídico” de observar determinada conduta, que pode consistir em um ato ou abstenção. O dever jurídico distingue-se do moral, porque este não é exigível e aquele é. O dever jurídico se caracteriza por sua exigibilidade. Ao dever jurídico do sujeito passivo corresponde sempre a exigibilidade ou poder de exigir do sujeito ativo. B) Objeto - O vínculo existente na relação jurídica está sempre em função de um objeto. As relações jurídicas são estabelecidas visando a um fim específico. A relação jurídica criada pelo contrato de compra e venda, por exemplo, tem por objeto a entrega da coisa, enquanto que no contrato de trabalho o objeto é a realização do trabalho. É sobre o objeto que recai a exigência do sujeito ativo e o dever do sujeito passivo. A Relação Jurídica – Seguindo a lição de Del Vecchio, podemos definir a relação jurídica como o vínculo entre pessoas, por força do qual uma pode pretender um bem a que outra é obrigada. Estão aí contidos os elementos fundamentais da estrutura de um direito subjetivo: ele é essencialmente uma relação jurídica ou um vínculo entre uma pessoa ( sujeito ativo ), que pode pretender ou exigir um bem, e outra pessoa ( sujeito passivo ), que é obrigada a uma prestação ( ato ou abstenção ). 21 Pode-se afirmar que a doutrina das relações jurídicas teve início a partir dos estudos formulados por Savigny no século passado. De uma forma clara e precisa, o jurista alemão definiu relação jurídica como “um vínculo entre pessoas, em virtude do qual uma delas pode pretender algo a que a outra está obrigada”. Em seu entendimento, toda relação jurídica apresenta um elemento material, constituído pela relação social, e outro formal, que é a determinação jurídica do fato, mediante regras do Direito. C) Proteção Jurisdicional – O direito subjetivo ou a relação jurídica são tutelados pelo Estado, através de uma proteção especial, representada, de uma forma geral, pelo ordenamento jurídico e, particularmente, pela “sanção”. Essa proteção jurídica pode ser conceituada numa perspectiva objetiva ou subjetiva. Objetivamente, proteção é a garantia assegurada ao direito pela possível ou efetiva intervenção da força de que dispõe a sociedade. Subjetivamente, a proteção jurídica se traduz pelo poder conferido ao titular de exigir de outrem o respeito ao seu direito. A proteção é representada fundamentalmente pela sanção, que pode ser definida como a “consequência jurídica que atinge o sujeito passivo pelo não cumprimento da sua prestação”, ou, na formulação de Eduardo García Máynes “Sanção é a consequência jurídica que o não cumprimento de um dever produz em relação ao obrigado”. A sanção é uma “consequência”. Pressupõe um “dever”, que não foi cumprido.
Compartilhar