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Resenha do Livro Didatica em questão

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Resenha do Livro A Didática em Questão
Vera Maria Candau (organizadora)
O livro A Didática em Questão é uma coletânea de trabalhos apresentados em um seminário promovido pelo Departamento de Educação da PUC do Rio apoiado pelo CNPq.
Os textos apresentados no  livro mostram que o “grande desafio da Didática é desenvolver a capacidade critica em formação dos educadores para que eles possam analisar de forma clara a realidade do ensino. Articular os conhecimentos adquiridos sobre o “como” ensinar e refletir sobre “para” quem ensinar, “o que” ensinar e o “por que” ensinar é um dos desafios da Didática.”
 Podemos observar que a disciplina da Didática precisa passar por mudanças urgentes, como afirma Luckesi em sua fala: “A Didática, ao exercer o seu papel especifico, deverá apresentar-se como elo tradutor de posicionamento teórico em praticas educacionais.” (p.34)
No segundo capítulo do livro (p.37-42), o autor Carlos Alberto Gomes dos Santos da PUC/RJ aborda outras questões no texto intitulado Pressupostos Teóricos da Didática. Santos levanta algumas questões sugerindo que a Didática não pode ser vista enquanto teoria e técnica de forma isolada, e sim aliada a outras ciências tais como: Psicologia, Filosofia, Sociologia e outras como estamos estudando no decorrer do curso de Pedagogia.  Essa interação dos saberes, segundo o autor, deve fazer considerações à ordem, à ética e aos valores. Sendo assim, a prática educativa não se limita à transmissão e à recepção de conhecimentos, pois esses procedimentos não podem ser vistos como atividade neutra, isenta de pressupostos. O importante não é a Didática como a vemos de modo isolado, o importante é o fazer pedagógico.
 O capítulo seguinte do livro da autoria de Oswaldo Alonso Rays aborda uma  problemática referente à prática educativa vivida diariamente pelo profissional. Esse docente, ao longo de seu trabalho, ensina, aprende e modifica seu pensar, pois revisa constantemente e criticamente seu  ensino frente à realidade do nosso país. Adotando essa atitude, o discurso e a pratica pedagógica se renovam e o resultado obtido é a melhoria na educação.
Seguindo essa linha de pensamento, o autor deixa bem elucidado que a educação e o educador se renovam porque aparecem desafios e com eles novos procedimentos de ensino. De nada adiantaria falar dos teóricos se não entendêssemos de fundo as contradições e de que forma foram produzidos os conhecimentos. Isto, segundo Rays se torna possível através das pesquisas incorporadas à prática docente que traz consigo uma visão crítica da realidade.
Ao analisar criticamente o ato de educar, o docente questiona o processo ensino-aprendizagem e é capaz de perceber que uma vez que a literatura adotada nas escolas têm um espaço critico. Uma atitude investigativa também demonstra ao docente que falta a junção entre a teoria e prática por parte daquelas pessoas que fazem questão de permanecer alienados e atrelados a uma filosofia do senso comum que impede que ocorram profundas mudanças no processo social e educacional, pois continuam com as mesmas palavras  e os mesmos métodos.
Os verdadeiros educadores e educandos são diferentes, eles são conscientes da sociedade  na qual estão inseridos e não admitem a pedagogia do prato feito. Ambos sabem que para o saber fazer didático ocorrer é preciso se preparar ,analisar, procurar respostas e fazer  estudos detalhados e minuciosos para o enfrentamento de situações novas. Esta  é a receita para que tenha sentido o processo didático com caráter dialético capaz de tornar a aprendizagem significativa. Portanto, se faz necessário planejar, gostar do que faz e pesquisar para ter uma boa fundamentação teórica.
No capítulo Ensino por meio de solução de problemas da autora Margot Bertolucci Ott da UFRGS a escola atual e sua  metodologia de ensino são problematizadas. Segundo a autora, a escola contemporânea abandonou a idéia de ensinar através do desenvolvimento do raciocínio, “para ocupar-se fundamentalmente com o ensino de conteúdos fragmentados (...) que só sobrecarrega a mente do aluno” (p. 66)
Prosseguindo a análise da escola a autora afirma que essa instituição encontra-se muito desvinculada da realidade social e por isso não prepara o estudante para lidar com os problemas da comunidade. Ao contrário, a escola exige do estudante uma adequação rígida e passiva que apenas contribui para manter ideais já estabelecidos (p. 67).      
Esse tipo de educação chamada de educação por objetivos tem sérias consequências tais como “fazer com que o aluno perca a visão da estrutura geral do conhecimento, se torne incapaz de vincular teoria e prática por meio de processos de transferência e rouba toda a liberdade de aprendizagem.”  (p. 70).
Diante disso a autora propõe que as escolas adotem um outro tipo de ensino esse chamado de ensino por meio de soluções de problemas. “A escola deve partir do contexto problemático em que a comunidade se vê inserida. Deve trabalhar problemas reais e concretos” (p. 67). A consequência imediata desse tipo de ensino é a união da teoria com a prática e o desenvolvimento de uma visão crítica em toda a comunidade escolar e extra escolar.
Segundo Getzel (p. 73) o ensino por solução de problema pode ser de três tipos básicos. “o tipo um é quando tudo é conhecido pelo professor e só o resultado não é conhecido pelo aluno. O tipo dois, quando o aluno não conhece o resultado, nem o método e o professor conhece tudo, menos o resultado. O tipo três, quando aluno e professor têm de construir tudo, tanto a respeito do problema, como método e dos resultados”. Portanto, no ensino por solução de problemas o ensino se desenvolve com participação de todos e o professor não é visto como o detentor absoluto do conhecimento.
Outro aspecto que sofre alteração no ensino por solução de problemas é a avaliação. Nesse caso, ela é natural acontece quando no “contato do aluno com a experiência e na análise que realiza junto com o professor” (p. 74). Assim sendo, não há necessidade de introduzir um espaço artificial que quebre o processo de aprendizagem do aluno, simplesmente para examinar as suas condições. A avaliação é a própria pesquisa do estudante, porque a cada nova etapa ele precisa aplicar o que aprendeu na anterior. 
Uma dificuldade apontada pela autora para o desenvolvimento desse tipo de ensino é a preparação de professores que precisam ser estimulados para desenvolverem criatividade investigativa.
No capítulo seguinte de autoria da professora da PUC-RJ Menga Lüdke o centro de interesse são os Novos enfoques da pesquisa em didática. A autora traça um panorama histórico da pesquisa sobre didática em vários países e com isso demonstram que houve uma significativa mudança de modos de se pensar os fenômenos educacionais. No início do século XX o que pesquisadores como Thorndike queriam encontrar meios de mensurar as funções intelectuais dos alunos, com o passar do tempo isso foi se transformando a ponto de Gage, estudioso positivista de Stanford, reconhecer em 1971 que a pesquisa em educação tem objeto de estudo complexo e de difícil controle. Poucos anos depois em 1979, Eisner, também estudioso de Stanford, abriu caminhos diferentes na pesquisa educacional demonstrando “as consequências profundamente negativas da segmentação do fenômeno educacional para fins de análise avaliativa”.
Eisner denunciou que o ensino estava muito regido pelas leis da produção e que as avaliações de aprendizagem estavam  muito voltadas para os resultados contábeis tal qual havia sido pensadas nos moldes positivistas. Diante disso, Lüdke (p. 87) demonstra que as contribuições de Eisner estão sendo aplicadas no ensino atual porque as avaliações vem “caminhando na direção desejada: a de servir para a melhoria do ensino, e não como simples instância de julgamento” (p. 87).
Depois de traçar o panorama histórico  autora aponta alguns importantes problemas de pesquisa que estão sendo desenvolvidos em didática:
-      > Confluência de prática e teoria
-       > Procura dosaber desejado para os alunos vindos de diversas camadas sociais
-    > A necessidade de repensar a tecnologia educacional que deve se preocupar em ser menos tecnológica e mais pedagógica
-       > Busca de soluções para o ensino que sejam menos ambiciosas e mais viáveis
  > Identificar se há alguma relação efetiva entre resultados de trabalhos pedagógicos e características inerentes aos docentes
-       > Procura por entender de que maneira a experiência de vida do professor quando era aluno influencia sua prática pedagógica.
-     > Acompanhamento de abordagens alternativas de ensino para evoluir a pesquisa em didática
-       > Estimular registros adequados das práticas pedagógicas para que se tenha material de análise para as pesquisas.
Segundo a autora, serão as pesquisas as responsáveis por se construir novas maneiras de pensar e viver a didática na formação de professores.
O último capítulo de Newton Balzan da UNICAMP dá seguimento à analise da pesquisa em Didática, sob foco das Realidades e propostas. O autor afirma que a construção de uma nova maneira de pensar e construir a didática é necessário se desvencilhar de “modismos e jargões e da visão ingênua sobre problemas educacionais – desvinculados de problemática político-pedagógica-econômico-social – e acima de tudo, descompromisso com a própria Educação.” (p. 95).
Balzan critica a estrutura fragmentária, conteudista e quantificadora da didática e do ensino dos docentes nas escolas. Ele afirma que um ponto de partida para modificar essas características é  o envolvimento dos problemas educacionais com os aspectos políticos, econômicos e sociais, uma vez que eles “permeiam e ao mesmo tempo refletem o aspecto educacional” (p. 103).
Outro ponto apontado como fundamental para superar o atual estado das coisas é aprender que há um paradoxo importante na prática pedagógica: os problemas que surgem em sala de aula só pode ser resolvido em sala de aula, porém muitas fontes desses problemas não têm suas origens na sala.
O autor também alerta para a necessidade de superar uma posição errônea, a de que a didática é vista como um receituário que salvará a educação brasileira. Segundo ele, essa idéia se fundamenta no “pedagogismo errôneo, tendência segundo a qual a escola tem o poder de mudar a sociedade, bastando, para isto, bons professores.
Balzan indica a maior vinculação entre a teoria e a prática, o comprometimento com a realidade social e o fomento da criação de uma imaginação criadora e investigativa como  caminhos possíveis para se modificar a didática e o ensino em geral.

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