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DEMANDAS HISTÓRICAS E AS RESPOSTAS PROFISSIONAIS DO SERVIÇO SOCIAL

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VII Seminário de Saúde do Trabalhador e V Seminário O Trabalho em Debate 
“Saúde Mental Relacionada ao Trabalho” 
DEMANDAS HISTÓRICAS E AS RESPOSTAS PROFISSIONAIS DO SERVIÇO 
SOCIAL: AS RELAÇÕES COM AS ESFERAS SOCIOINSTITUCIONAIS 
Cacildo Teixeira de Carvalho Neto1 
 
Resumo: O presente artigo reconstrói de forma crítica o processo 
histórico das transformações societárias e seus rebatimentos para o 
Serviço Social a partir do processo de reestruturação produtiva. Com 
base em levantamento bibliográfico e fundamentado na Teoria Crítica, 
aponta as esferas sociais como espaços socioinstitucionais de 
intervenção. Intervenção essa desafiante e transformadora que 
apresenta demandas historicamente determinadas pelas relações 
sociais de produção capitalista, mas que de encontro a esta realidade 
produtiva e reprodutiva de desigualdade, apresenta respostas do 
Serviço Social. 
 
Palavras-chave: demandas, respostas, Serviço Social; trabalho. 
 
 
AS TRANSFORMAÇÕES SOCIETÁRIAS E SUAS INFLEXÕES AO SERVIÇO 
SOCIAL. 
 
As transformações ocorridas na sociedade, principalmente na economia e na 
expansão comercial, denominada globalização, provocadas pelas mudanças no sistema 
de produção industrial entre as décadas de 1970 e 1980, a qual foi denominada de 
reestruturação produtiva, com a introdução da acumulação flexível e do toyotismo, 
conseqüentemente o fim do modo fordista-keynesiano. E nesse contexto sua maior 
referência, a expansão do neoliberalismo. 
Frutos dessas mudanças estão às inflexões no mundo do trabalho, tais como: 
precarização do trabalho, a desproletarização e a subproletarização, a horizontalização, 
o desemprego estrutural, e com isso outras sequelas da questão social, pois segundo 
Marilda Vilela Iamamoto, o trabalho está no centro da questão social. 
Este cenário que se engendra na sociedade provoca uma reorganização nas 
relações de trabalho. Aqui discutindo especificamente o Brasil, temos que não houve o 
modelo keynesiano e sua política de pleno emprego e de políticas sociais, mas houve 
sim uma transformação do sistema fordista para o toyotista, que provocou mudanças. 
Referente às políticas sociais, no Brasil, temos que na década de 1980 promulga-se a 
Constituição Federal e a partir daí outras políticas foram criadas para segmentos 
populacionais e ou setores da sociedade. 
 
1
 Especialista em Docência do Ensino Superior. Graduado em Serviço Social pela Universidade de 
Uberaba – UNIUBE. Assistente social no Hospital Universitário e Núcleo de Prática Jurídica da 
Universidade de Uberaba e docente do curso de Serviço Social dessa IES. Contato: email: 
cacildoteixeira@hotmail.com 
VII Seminário de Saúde do Trabalhador e V Seminário O Trabalho em Debate 
“Saúde Mental Relacionada ao Trabalho” 
Neste contexto, temos a expansão do neoliberalismo, da americanização da 
economia nacional (exemplo está na privatização de empresas públicas), e a perda de 
conquistas tanto no âmbito político como social, e ainda enfraquecimento da 
representatividade política - os sindicatos. 
Assim, todas as mudanças no país provocaram uma regulação nas relações do 
trabalho, entre as profissões inseridas na divisão sociotécnica do trabalho que passaram 
por esta inflexão está o Serviço Social. Segundo Iamamoto (1999, p. 119) “as 
condições e relações de trabalho do assistente social sofrem impactos diretos das 
transformações operadas nas esferas privada e estatal, que alteraram as relações entre o 
Estado e a sociedade”. Deste contexto destaca-se o Serviço Social nas esferas 
socioinstitucionais. 
 
RELAÇÕES SOCIAIS DE PRODUÇÃO E DEMANDAS PARA O SERVIÇO 
SOCIAL 
 
A partir do recorte histórico citado na introdução exige-se dos profissionais 
desvelarem as mudanças que ocorreram para o Serviço Social nos espaços de atuação e 
ainda na criação de novos espaços; como também as respostas às demandas 
apresentadas pela profissão. 
 
A emergência histórica da institucionalização do Serviço Social, nas 
empresas capitalistas, relaciona-se com o nível de eficiência, racionalidade e 
produtividade exigido pelo processo de modernização do capital. O 
desenvolvimento das forças produtivas e as prementes necessidades de 
controle sobre a força de trabalho estabeleceram práticas profissionais 
capazes de exercer funções de apoio à administração do trabalho, atuando na 
contenção dos conflitos e na promoção da integração dos trabalhadores às 
exigências do processo produtivo (CESAR, 1999, p. 169). 
 
De acordo com a citação acima, temos que o Serviço Social foi inserido dentro 
das instituições para conter os conflitos sociais emanados da classe trabalhadora. 
Conflitos esses que apresentaram à sociedade industrial a questão social. No contexto 
histórico da profissão, juntamente com a expansão industrial, houve a necessidade 
destes profissionais atuarem com os trabalhadores e suas famílias na coerção social e 
ideocultural, na manutenção da ordem e da moral. 
Com a mudança inserida nas relações comerciais e industriais, há uma alteração 
no formato das relações interpessoais, ou seja, uma nova leitura e determinação para a 
força de trabalho e as profissões inseridas na divisão social e técnica de trabalho. Neste 
momento, o Serviço Social, década de 1970/1980, é acionado pelo mundo empresarial 
VII Seminário de Saúde do Trabalhador e V Seminário O Trabalho em Debate 
“Saúde Mental Relacionada ao Trabalho” 
para realizar ações técnico-político, vinculadas à reprodução material de trabalho, na 
intermediação entre trabalhadores e capitalistas, com intuito de aumentar a 
produtividade e a organização interna nas empresas. 
 
No espaço empresarial, o Serviço Social foi mobilizado para detectar e 
atenuar as tensões provenientes da intensificação do processo de exploração 
da força de trabalho e do movimento de resistência dos trabalhadores. O 
profissional assumiu a execução de serviços sociais, pautado numa ação 
educativa e integrativa, visando suprir carências, solucionar problemas 
sociais, prevenir e, com base na atividade assistencial, buscou o 
enquadramento das relações sociais vigentes, reforçando a mutua 
colaboração entre capital e trabalho (CESAR, 1999, p. 170). 
 
Algumas das situações mais comuns a ser demanda ao assistente social eram 
aquelas que de alguma forma interferiam na produção das empresas, seriam elas: 
absenteísmo, insubordinação, etilismo; e ainda conflitos familiares, dificuldades 
financeiras, doenças; controle e disciplinamento, tudo aquilo que de alguma forma 
interferiria no trabalho desenvolvido pelo trabalhador, e consequentemente na produção 
de bens e produtos. Além de benefícios extra-salariais que tinha a pretensão de integrar 
trabalhador-família-empresa. Percebe-se, então, que o papel do assistente social neste 
momento (1970-1980) era de articular meios de intervir no processo de trabalho destes 
sujeitos, com também nas relações externas ao espaço fabril. 
Surgem novas estratégias no sistema de produção, marcando uma nova dinâmica 
de reestruturação produtiva. Temos, assim, a introdução de Programas de Qualidade 
Total, com ênfase a novas estratégias de gestão, que configuram a reorganização do 
trabalho, perfil e suas relações, visa recompor o trabalho coletivo e as exigências de 
racionalidade produtiva, controle e eficiência; mobilizar o trabalhador a atender às 
propostas e metas das empresas. Para Cesar (1999, p. 173), tal abordagem está 
assentada nos seguintes princípios: 
 
• Estabilidade: fazer com que o trabalhador se sinta parte da empresa; 
• Retribuição: retribuir o desempenho individual/grupal com remuneração 
direta e indireta; 
• Desenvolvimento pessoal e profissional: estimular a capacitação das 
pessoas a fim de melhorar a performance da empresa; 
• Comunicação: criar um ambiente participativo nas relaçõesinternas; 
• Pesquisa de ambiente: avaliar periodicamente o clima organizacional, 
mensurando os níveis de satisfação dos colaboradores. 
 
Desta forma, o trabalhador estará envolvido com as metas da empresa, com 
operações mais participativas, atitudes de promoção à qualidade total, em contrapartida 
a empresa necessita de qualificar sua mão de obra e, ainda, expropriar o conhecimento 
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“Saúde Mental Relacionada ao Trabalho” 
de seu trabalhador. Esta nova dinâmica de trabalho está direcionada às ações e políticas 
de recursos humanos. 
Esta nova organização de estratégias, controle e transformações tecnológicas 
passa a exigir dos assistentes sociais respostas condizentes a esta nova realidade. Esses 
profissionais são co-relacionados às políticas de recursos humanos. Para perspectiva 
empresarial, este profissional ainda vem sendo requisitado para intermediar trabalhador 
e empresa. 
De acordo com Iamamoto (1999) o assistente social assume cada vez mais a área 
de Recursos Humanos, alem de prestação e operacionalização de benefícios sociais 
(políticas internas). 
 
A alteração das formas de gestão da força de trabalho nas organizações vem 
diversificando as requisições feitas aos assistentes sociais. Estes têm sido 
chamados a atuar em programas de qualidade de vida no trabalho, saúde do 
trabalhador, gestão de recursos humanos, prevenção de riscos sociais, 
círculos de qualidade, gerenciamento participativo, clima social, sindicalismo 
de empresa, reengenharia, administração de benefícios estruturados segundo 
padrões meritocráticos, elaboração e acompanhamento de orçamentos 
sociais, entre outros (IAMAMOTO, 1999, p. 124). 
 
Dando continuidade aos dizeres de Iamamoto, a autora aponta que para o 
assistente social atender a estas exigências, é exigido a ele conhecimentos além 
daqueles que compõem habilidades e competências profissionais. São exigidas: 
experiência, criatividade, iniciativa e liderança, compreensão sob as rápidas mudanças 
no mundo dos negócios, de línguas e da informática, desembaraço, versatilidade, 
capacidade de negociação e apresentação em público, fluência verbal; e ainda, 
capacidade operativa no exercício de funções de recrutamento, seleção, treinamento, 
desenvolvimento de pessoal, administração de salários, avaliação de desempenho e 
benefícios (SILVA apud IAMAMOTO, 1999). 
Além das exigências às ações, há exigências frente às habilidades profissionais. 
Mas as respostas dadas pela profissão às demandas e exigências apresentadas neste 
contexto requerem do assistente social conhecimento generalista frente às expressões da 
questão social – objeto de trabalho profissional; além é claro de uma postura crítica; 
compromisso com a classe trabalhadora; capacitação; ações postuladas sob o aporte 
legal da Constituição Federal de 1988, a Lei nº 8662 de 1993 Lei de Regulamentação da 
profissão, do Código de Ética de 1993; e ainda, leis especificas como a CLT. 
Desta forma, percebemos que o profissional está em meio a uma relação 
contraditória, pois ao mesmo tempo em que o empregador exige deste profissional 
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“Saúde Mental Relacionada ao Trabalho” 
ações que venham ao encontro de suas expectativas fins, ou seja, produtividade e 
lucratividade; estas expectativas vão em contra ao projeto profissional que exige 
compromisso ético-político, que permita desvendar esse antagonismo e desenvolver 
estratégias e ações consubstanciadas em princípios norteadores à coesão social. Assim: 
 
O desafio profissional é, pois, dentro desse campo contraditório, direcionar 
sua ação para o atendimento das necessidades sociais dos trabalhadores e 
ainda ampliar seu campo de trabalho através de sua competência técnico-
operativas, respondendo às novas demandas de forma ética e comprometida 
com a defesa da dignidade dos trabalhadores (ANDRADE, 2000, p. 185). 
 
Dentro da Esfera Privada, principalmente nas grandes empresas, há uma 
tendência em desenvolver a Filantropia Empresarial que demanda ações aos assistentes 
sociais. Compreende-se a filantropia na perspectiva do Serviço Social: 
 
Na análise da filantropia empresarial é preciso contextualizar o conceito. A 
filantropia era um dos meios empregados pela burguesa para enganar e 
disfarçar sua repugnante face exploradora com a mascara hipócrita e 
humilhante de ajuda aos pobres, com o fim de amenizar ou camuflar as 
contradições e, consequentemente, a luta de classes. 
A filantropia empresarial baseada em doações de pessoas físicas ou jurídicas, 
assistenciais, limitada ao compromisso pessoal do gerente, do presidente ou 
de algum funcionário não difere muito da concepção acima referida, pois a 
noção de responsabilidade social e de solidariedade é uma forma moderna de 
camuflar as novas estratégias de exploração, negando as contradições, na 
medida em que a consciência e a sociabilidade que se constroem na esfera da 
produção deslocam-se para a esfera da reprodução, ou seja, do consumo 
(KAMEYAMA, 2000, p. 203). 
 
Em determinado momento a filantropia empresarial pode ser considerada como 
uma forma da empresa manter um bom relacionamento com a sociedade, Estado e seus 
trabalhadores, utilizando-se de marketing social para atrair uma boa imagem e 
desenvolver diferenciais na prestação de serviços sociais; além e claro da isenção de 
impostos. 
Para os profissionais inseridos neste espaço, exige-se ações ligadas a projetos 
sociais, pois tornam-se de interesse público, além de capacitação para planejamento, 
coordenação, articulação, gestão, assessoria e habilidade em trabalhar com equipes 
interdisciplinares. Esses profissionais abarcam outros espaços como os da esfera privada 
não-lucrativa. 
 A Esfera Privada não lucrativa, segundo Rifkin (1997) são as instituições de 
âmbito privado que não prevêem lucros e desenvolvem ações de interesse público, 
podem ser denominadas também de Terceiro Setor. 
 
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“Saúde Mental Relacionada ao Trabalho” 
O terceiro setor é constituído pelas organizações sem fins lucrativos, criadas 
e mantidas pela ênfase na participação voluntaria, num âmbito não-
governamental, dando continuidade às práticas tradicionais de caridade, 
filantropia e mecenato, e expandindo o seu sentido para os outros domínios, 
graças, sobretudo, à incorporação do conceito de cidadania e de suas 
múltiplas manifestações na sociedade civil (FERNANDES apud 
KAMEYAMA, 2000, p. 206). 
 
A expansão das instituições de terceiro setor intensificou-se no governo 
neoliberal de Fernando Henrique Cardoso a partir da criação do Programa Comunidade 
Solidária. A proposta neoliberal de Estado mínimo para o social implicou na 
privatização das políticas sociais na medida em que o Estado transfere para a sociedade 
civil a responsabilidade de ações para solucionar a questão social. 
A responsabilidade de criar ações e responder às expressões da questão social é 
do Estado, por mais que a sociedade civil desenvolva ações pontuais para amenizarem 
os conflitos sociais, a responsabilidade ainda sim é do Estado. 
Na perspectiva neoliberal as ações, programas, políticas, tudo o que é 
desenvolvido apenas tem uma concepção de amenizar os conflitos e as mazelas sociais; 
sua perspectiva e proposta não definem uma ação para acabar com a miséria e a 
exclusão social e política, são criadas e engendradas no calendário político do governo 
simplesmente para atenuarem a realidade social; nesta concepção temos que as políticas 
e programas são pontuais, fragmentados e compensatórios. 
Dentre as instituições de maior amplitude no terceiro setor estão as Organizações 
não Governamentais – ONGs, que também surgem como espaço de atuação para o 
assistentesocial. Para uma leitura crítica frente este espaço de atuação e sua concepção 
política de enfretamento à questão social, elucida-se: 
 
O âmbito de inserção profissional no chamado terceiro setor – ONGs, 
entidades filantrópicas, sem fins lucrativos – não se mostra como vantajoso 
para o assistente social, seja na estabilidade e condições de emprego, seja no 
rebatimento social da sua intervenção profissional e na modalidade operativa, 
não sendo também uma fonte alternativa de emprego que compensaria a 
retração do emprego no âmbito estatal, particularmente federal e estadual 
(MONTAÑO, 2003, p. 255). 
 
De acordo com Carlos Montaño, o terceiro setor representa a materialização do 
projeto neoliberal e sua desresponsabilização de âmbito estatal às refrações da questão 
social, provocando transformações consideráveis para à sustentação ocupacional do 
Serviço Social. Sua crítica se sustenta na seguinte direção: tem-se nas políticas sociais o 
caminho de intervenção e transformação da realidade frente a questão social, o Estado 
se ausentando, transferindo sua responsabilidade para terceiros, isso provocará inflexões 
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“Saúde Mental Relacionada ao Trabalho” 
que conduzirá à precarização destas mesmas políticas e também do trabalho de seus 
agentes, aqui o assistente social. 
Há de se considerar que o espaço Terceiro Setor cresceu consideravelmente, 
principalmente no final do século XX, adentrando o século XXI, mas você perceberá, 
em seus estudos, críticas sobre este espaço de atuação, como em Carlos Montaño. 
Considera-se que as ONGs, entidades sociais sem fins lucrativos, entre outras, surgem 
como espaço de atuação que demanda conhecimento especializado aos assistentes 
sociais. 
As demandas originárias destes espaços, em sua maioria, advêm de segmentos 
da população (criança e adolescente, idoso, mulher e ou relações de gênero, pessoas 
com necessidades especiais), como ainda, com movimentos urbanos, meio ambiente, 
questão étnica, e vitimizados (dependentes químicos, vítimas de violência – sexual, 
doméstica, entre outras). Estas instituições, financeiramente custeiam suas despesas 
através de doações, e até mesmo de financiamentos diretos do Estado através de verbas 
que são direcionadas a projetos sociais. Para isso, são necessários técnicos 
especializados para captar estes recursos, aqui está à demanda ao assistente social. 
O profissional ali inserido necessita ter criticidade e não reproduzir o descaso 
que o usuário já sofre dos entes federativos; deve ter compromisso com o usuário, ser 
ético e propositivo, estar embasado em legislações e respaldado juridicamente, como 
também ter conhecimento amplo em projetos sociais (para formulação, gestão e 
avaliação), e trabalhos com comunidades; manter uma inter-relação e comunicação com 
a rede socioassistencial, além de “atividades de assessoria, pesquisa e informações, 
educação popular, campanhas e denuncias, entre outras” (IAMAMOTO, 2000, p. 123) 
Segundo Mioto (2000), o cuidado com famílias e grupos vulneráveis necessita 
de propostas e ações interdependentes e com comunicação contínua. Para a autora há 
três níveis de atuação/ação propostas aos assistentes sociais: o da proposição, 
articulação e avaliação de políticas sociais; o da organização e articulação de serviços; e 
o da intervenção em situações familiares. 
 
• A proposição, articulação e avaliação das políticas sociais têm o objetivo de dar 
sustentabilidade às famílias. Envolve propostas de políticas sociais, não apenas 
compensatórias, para possibilitar a convivência familiar em patamares 
condizentes com as expectativas que a sociedade tem em relação às famílias. 
Aponta a necessidade não eleger um modelo de família, uma vez que poderá 
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estereotipar e provocar discriminação com outros grupos familiares (MIOTO, 
2000). 
• A organização e a articulação de serviços são fundamentais para a 
sustentabilidade das famílias e, por isso, é urgente estabelecer novas pautas de 
relacionamento entre famílias e serviços. O objetivo institucional é o de estar a 
serviço das famílias (MIOTO, 2000). 
• A intervenção em situações familiares refere-se às ações dos assistentes sociais 
diretamente com as famílias, o objetivo principal é identificar as fontes de 
mudanças e todos os recursos (tanto das famílias como os do meio social) que 
contribuam para que as famílias consigam articular respostas compatíveis com 
uma melhor qualidade de vida (MIOTO, 2000). 
 
Tais grupos e seus aspectos estão concernentes a outras esferas, como na esfera 
pública. No processo histórico do Serviço Social a esfera pública sempre foi o maior 
empregador de assistentes sociais. A absorção de mão de obra era necessária para 
atender todos os espaços, como na saúde, no sociojurídico, entre outros. Mas após a 
promulgação da Constituição Federal de 1988, com o estabelecimento do tripé da 
Seguridade Social, saúde, assistência social e previdência social, o campo de trabalho 
foi ampliado, como também as exigências e demandas sociais. 
Segundo Marilda Vilela Iamamoto (1999) o setor público tem sido o maior empregador 
de assistentes sociais. A seguridade social, reconhecida pela Carta Constitucional de 1988 como 
política publica, apoiada no tripé da saúde, assistência social e previdência constituem espaço 
privilegiado dos assistentes sociais. A área de saúde lidera a absorção de assistentes sociais, em 
decorrência de implantação do Sistema Único de Saúde, estando seguida da assistência, 
previdência, educação social e trabalho. 
Outro aspecto relevante contido na Constituição Federal que ampliou o trabalho 
do assistente social na esfera pública foi a política de descentralização. Muitas 
atividades que antes estavam centralizadas no poder estatal e federal foram direcionadas 
aos municípios. A partir da descentralização das ações políticas e da legitimação 
política da profissão, Berenice Rojas Couto (1999), aponta que o trabalho do assistente 
social passou de viabilizador de programas para viabilizador de direitos. 
 
• Viabilizador de programa: O processo de trabalho está vinculado às 
normas burocráticas e na maioria das vezes à precariedade dos recursos 
utilizados no serviço público. Aí, a ação profissional estava fundamentada na 
otimização dos recursos existentes; 
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“Saúde Mental Relacionada ao Trabalho” 
• Viabilizador de Direitos: O acesso a programas é apenas uma parte 
integrante do processo de trabalho. Assim, o assistente social compreende seu 
espaço de trabalho como elemento essencial para a proposição de políticas 
públicas, que garantam direitos sociais (COUTO, 1999, p. 206). 
 
A Constituição de 1988 e as Leis que regulamentam os direitos sociais surgem 
na perspectiva de descentralizar o poder, sem deixar de lado a responsabilidade do 
Estado frente às necessidades sociais e à garantia de direitos. Mas o que temos no 
projeto social vigente é um caminho contrário, ou seja, caminhamos para um Estado 
mínimo, direcionando e distribuindo esta responsabilidade sob a efetivação de políticas 
sociais à sociedade civil. O que se tem assistido é uma desconcentração dos serviços ao 
invés de descentralização! (COUTO, 1999). 
Tendo como base das ações nos espaços públicos a própria política social, 
matéria prima da ação do assistente social, aponta-se que o processo de trabalho do 
assistente social está vinculado a construção coletiva de estratégias de enfrentamento às 
barreiras apresentadas na e para efetivação dessas políticas. 
Um dos desafios apresentados para a ação do assistente social na esfera pública 
está na articulação de redes sociais que potencializama legitimação das políticas, 
programas e projetos sociais, caminho legitimo de construção da cidadania. 
Um dos desafios apresentado ao assistente social na esfera pública é a 
legitimação da esfera pública em coisa pública, ou seja, fazer realmente que as políticas 
sociais públicas estejam ao alcance da população, que responda às suas necessidades, 
que haja transparência nas ações, no planejamento anual dos recursos orçamentários e 
seja legitimado o controle social. Mas há outros desafios que, cotidianamente, são 
apresentados aos assistentes sociais. 
Além de elaborar relatórios, realizar entrevistas, planejamento, trabalhos em 
grupo, pareceres, visitas institucionais e domiciliares, elementos constitutivos do 
processo de trabalho do assistente social, consideradas como respostas às demandas 
apresentadas no cotidiano de trabalho; é necessário, qualificar essa relação entre o 
trabalho e os instrumentos técnico-operativos. 
 
Para executar esse trabalho é necessário compreender a realidade em que se 
está inserido. As formas de enfrentamento das desigualdades sociais pelo 
poder público são elementos constitutivos do processo de trabalho para o 
profissional ali inserido. Os movimentos sociais que hoje propõem a reforma 
do Estado, buscando o enxugamento da máquina estatal na área social, estão 
na contramão das propostas que ampliaram o campo de atuação do Serviço 
Social. Para isso, é preciso atuar na perspectiva de qualificar o processo de 
VII Seminário de Saúde do Trabalhador e V Seminário O Trabalho em Debate 
“Saúde Mental Relacionada ao Trabalho” 
trabalho como um espaço público. Ou seja, espaço onde a equidade, a 
universalização dos direitos, a não mercantilização dos programas sociais 
seja a tônica do serviço prestado à população (COUTO, 1999, P. 211). 
 
Iamamoto aponta que, com as mudanças nos espaços e processos de trabalho na 
esfera pública, surge um novo espaço de atuação do assistente social, a gestão social 
pública. Esse se apresenta como nova forma de gerenciar as políticas públicas; espaços 
de intermediação social, que oportuniza a legitimação dos direitos sociais a partir das 
ações planejadas e operacionalizadas na distribuição e reorganização dos planos sociais, 
e na implantação dos processos de descentralização e dos mecanismos de controle 
social. Como exigências específicas requerem: 
 
• Conhecimento específico do contexto político e constitucional da 
gestão governamental; 
• Aprendizado para agir sob constante pressão política; 
• Habilidade para operar dentro de metas pré-fixadas por lei, em 
estruturas organizacionais sob controle do sistema jurídico (IAMAMOTO, 
1999, p, 122). 
 
Segundo Beatriz Augusto Paiva, a gestão social referente às políticas sociais, 
requer atributos fundamentais ao gestor, aqui o assistente social, que permitam que o 
processo seja competente, transparente e compromissado. Exige do assistente social 
“uma prática profissional voltada de forma inconteste para a viabilização dos direitos de 
sua população usuária, na perspectiva da consolidação das conquistas sociais e dos 
termos legais constitucionais”. (PAIVA, 2000, p. 92) 
 
• Caráter Público: no sentido universal, que contenha os interesses de 
todos [...] que seja transparente nas decisões, no enfrentamento das 
informações, na alocação de recursos, que possibilite controle social sob 
formas efetivas por parte de todos os segmentos da sociedade; 
• Caráter Democrático: pensado como abertura de meios e instrumentos 
para que haja acesso às informações, fortalecimento das organizações de 
representação popular, participação adequada nas decisões e no poder em 
todas as instâncias e níveis; 
• Caráter Ético: que estimule laços fortes entre a administração e seu 
público, que estimule os valores democráticos, que assegure 
responsabilidades, que estabeleça regras para o comprometimento individual, 
que oriente a gestão pela relevância social e pelos critérios de equidade; 
• Caráter Eficiência: assegure a realização e a valorização dos 
concursos, que garanta a competência com avaliações, que estimule um novo 
relacionamento entre políticos e técnicos; 
• Compromisso com o desenvolvimento econômico, político e cultural 
(PAIVA, 2000, p. 90-91). 
 
Dentro dos espaços públicos encontramos as mais diversas demandas, ao mesmo 
tempo em que encontramos estratégias de enfrentamento às demandas, expressões da 
questão social. Vamos analisar da seguinte forma: na esfera pública temos como matéria 
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“Saúde Mental Relacionada ao Trabalho” 
prima de ação e intervenção profissional as políticas sociais, a partir dessas o 
profissional constrói suas intervenções, seja com programas e ou projetos. 
Assim, para os assistentes sociais construírem repostas a estas demandas é 
necessário um aporte jurídico-legal. Essas respostas podem acontecer da seguinte 
forma: a legitimação de programas e projetos já existentes, a criação de novos projetos, 
a avaliação contínua dessas ações, compromisso ético, tornar os usuários em sujeitos 
partícipes desta construção, estimulando a participação desses nos espaços de controle 
social (Conselhos); e ainda: 
 
O fortalecimento da ação política dos vários segmentos populacionais 
destituídos de direitos, tornando a necessidade um sentimento consciente, que 
mobilize intenções e impulsione ações; possibilite a superação da alienação 
produzida pelas próprias condições socioeconômicas e transformando-as em 
direitos reconhecidos e legitimados socialmente; constitua pressuposto para 
democracia, justiça e liberdade, como horizonte possível a ser construído 
com a contribuição dos profissionais de Serviço Social e anunciando em seu 
compromisso ético-político (SARMENTO, 2000, p. 109). 
 
A promulgação da Constituição Federal em 1988 promoveu mudanças 
significativas no contexto político e social brasileiro. A descentralização política entre 
os entes federativos elucida o reconhecimento dos municípios como um dos entes 
federativos. Outro aspecto relevante, que sinaliza nossa discussão neste momento, com 
a municipalização das políticas públicas é o envolvimento de grupos sociais na 
formulação e controle, controle social. 
 
Historicamente, a categoria controle social foi entendida apenas como 
controle do Estado ou do empresariado sobre as massas. É nessa acepção que 
quase sempre o controle social é usado na Sociologia, ou seja, no seu sentido 
coercitivo sobre a população. Entretanto, o sentido de controle social inscrito 
na Constituição é o da participação da população na elaboração, 
implementação e fiscalização das políticas sociais. Esta última concepção de 
controle social tem como marco o processo de redemocratização da 
sociedade brasileira com o aprofundamento do debate referente à democracia 
(BRAVO, 2009, p. 395). 
 
Entende-se que o controle social será possível em espaços de discussão ao qual 
participará os sujeitos coletivos, fazendo destes espaços, lócus de participação popular 
na perspectiva de ampliar a democracia representativa para a democracia participativa. 
Temos assim, os Conselhos como espaços deliberativos e paritários, espaço privilegiado 
de discussão e participação de sujeitos sociais de direitos. 
Os Conselhos são espaços democráticos de direito, deliberativos e paritários, são 
considerados canais de participação social direta, institucionalmente reconhecido. O 
Conselho deve ser apreendido como espaço privilegiado de ampliação de políticas 
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públicas, e ainda espaço de legitimação da coisa pública. Campo de debates e de 
interesses em que o direito social deve ser elucidado e a vontade política da população 
deve ser alcançada. Desta forma, por serum espaço de luta social por direitos, torna-se 
campo de trabalho para o assistente social. De acordo com Iamamoto (apud GOMES, 
2000, p. 169): 
 
O conselheiro assistente social exerce seu processo de trabalho num campo 
privilegiado de controle social e de apreciação de macropolíticas. Nestas 
condições, ao exercer a função de conselheiro a desempenha fazendo uso de 
seu saber específico já que lida com objetos que têm afinidade com os da sua 
profissão, qual seja: a questão social e as políticas sociais relacionadas a essa 
questão. Desempenha o mandato utilizando-se de seus conhecimentos 
teórico-operativos pondo-os a serviço das causas e finalidades do conselho. A 
função de conselheiro, no caso do assistente social, contempla uma faceta do 
seu exercício profissional que é sua intrínseca dimensão política. Aliás, nos 
Conselhos, o Serviço Social realiza de modo visível sua dimensão política, 
posto serem estes, por excelência, lócus de fazer política. 
 
Os desafios apresentados à profissão, tão como as exigências constituem: 
conhecimento sobre política pública; saber elaborar planos, programas e projetos de 
forma a intervir no orçamento; conhecer os aspectos legais dos Conselhos; oportunizar 
que a participação popular seja legítima; compromisso ético-político. A participação do 
assistente social nos Conselhos representa a oportunidade de legitimar os direitos 
preconizados na Constituição Federal de 1988, em outras leis e recursos, caminho para 
erradicação da questão social e suas expressões. Pois, as demandas ali apresentadas são 
legitimas das necessidades do povo e são condizentes com a realidade local e regional. 
Com essa compreensão os Conselhos tornam-se espaço público que permite exigir do 
poder público o cumprimento dos direitos sociais, e de tornar a população sujeitos 
políticos de direito. 
Torna-se assim, necessário neste momento apontar que dentro da esfera pública 
o trabalho desenvolvido nas Secretarias, Fundações ou Autarquias são semelhantes, 
independentes do setor (saúde, assistência social, previdência social, educação, 
sociojurídico, habitação, meio ambiente), ou seja, dentro desses espaços as ações dos 
assistentes sociais estão norteadas em políticas específicas, programas e projetos, e os 
processos de trabalho desenvolvidos por esses profissionais, devem estar condizentes ao 
projeto ético-politico do Serviço Social e seus princípios de legitimidade democrática e 
social. 
 
Os avanços presentes na trajetória da categoria na luta pela efetivação de 
direitos, os princípios inerentes ao projeto ético-político, em favor de uma 
sociedade alicerçada na igualdade e na democracia, caucionam os 
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profissionais no encaminhamento de ações coletivas capazes de promover o 
redimensionamento da atual política de desmonte do Estado, de precarização 
de direitos e de restrição às práticas democráticas (SIMIONATO, 2006, p. 
36). 
 
A partir desta citação compreende-se: com as transformações ocorridas na 
sociedade brasileira a partir da Constituição Federal de 1988 e com as mudanças no 
sistema político na década de 1990, surgem novos espaços de atuação para o Serviço 
Social e ou potencializados, apresentando demandas e exigindo respostas. Para tal, 
demandam um posicionamento crítico e propositivo 
 
DEMANDAS SOCIAIS, RESPOSTAS COLETIVAS. 
Na sociedade contemporânea temos que a desigualdade social é fruto de um 
contexto de expropriação do trabalho e dos direitos sociais; que a sociabilidade entre os 
homens estabeleceram que as relações fossem determinadas e essa imposição social 
provocou interstícios entre os próprios homens, legitimou a divisão social de classes e 
elucidou a questão social. A desigualdade social apresentada hoje é a metamorfose das 
características do modo capitalista de produção, e a questão social se apresenta, nos 
dizeres de Iamamoto, com uma nova roupagem, evidenciando a naturalização dessa 
questão social e a banalização do homem. 
A questão social é o eixo central do trabalho do assistente social, que as 
demandas emanadas da população exigem respostas políticas à luz do projeto ético-
político do Serviço Social. Apresentada por suas manifestações tais como a miséria, o 
trabalho escravo e infantil, a falta de acesso à saúde, educação, a violência e suas 
multiformas, entre outras mais, representa a fragilidade na legitimação política, na 
intervenção do Estado com propostas aludidas nos mínimos sociais, na ausência da 
sociedade civil na efetivação de direitos e na ideologia capitalista/burguesa. 
Na contemporaneidade há crise no mundo do trabalho, e tal crise potencializa a 
questão social, pois segundo Iamamoto (2008, p. 140), “o trabalho encontra-se no 
centro da questão social: tanto as formas de trabalho, quanto a apologia do trabalho, ou 
seja, sua louvação ou beatificação expressa na ética do trabalho’. 
O desemprego potencializa a desigualdade social, leva o sujeito à margem da 
sociedade, provoca a esta parcela da população a mais humilhante das condições 
humanas, esta parcela está banalizada, pois perante a sociedade capitalista as políticas 
sociais já são suficientes, e tal fato (o desemprego) é natural, consequência lógica e 
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necessária à permanência do capital. Iamamoto parafraseando Octavio Ianni nos diz 
que: 
 
No pensamento social brasileiro, a questão social recebe diferentes 
explicações e denominações: coletividades anormais, sociedade civil incapaz, 
povo amorfo, sendo o tom predominante a suspeita de que a vitima é culpada, 
e a pobreza, um estado da natureza (IANNI apud IAMAMOTO, 2008, p. 
140). 
 
O projeto neoliberal brasileiro desenha suas estratégias para a manutenção da 
desigualdade social e o desemprego, atesta a (des) regulação da sociedade para manter a 
dependência econômica das organizações internacionais, como o Fundo Monetário 
Internacional (FMI), e Banco Mundial representado pelo Banco Internacional para 
Reconstrução Desenvolvimento (BIRD); como também a necessária manutenção do 
exercito industrial de reserva. Neste contexto a sociedade brasileira faz parte dos países 
semi-periféricos, explorado em suas reservas naturais e humanas, exploração essa que 
aflige as formas de sociabilidade, apontando há uma debilidade da estrutura social 
frente as leis mercantis que organiza a sociedade contemporânea capitalista. 
É neste contexto social de desigualdade, refrações políticas, perda dos direitos 
sociais, de reprodução da rebeldia e da resistência que atua o assistente social. É com 
este panorama de demandas que se desenvolvem as repostas profissionais, a partir do 
compromisso ético-político, da competência técnico-operativo e do conhecimento 
teórico-metodológico. 
A ação profissional está envolta em conflitos, articulações políticas e 
econômicas, e a interesses individualistas; o processo de trabalho do assistente social 
transita por todas as formas de expressões da questão social, em todas as áreas e ou 
setores, e segmentos. Requerem deste profissional respostas articuladas às reais 
necessidades da população usuária, condizentes à proposta do projeto ético-político da 
profissão, que preze pela liberdade e democracia. Através de estratégias construtivas de 
um trabalho social voltado à classe trabalhadora e a parcela expropriada deste trabalho, 
vitimizada pelas relações sociais de produção e reprodução capitalista. 
A realidade exige do assistente social um profissional culto, com conhecimento 
generalista crítico, capaz de desenvolver caminhos para a emancipação política do 
sujeito. Para isso é necessário articular forças coletivas, sejam elas dos setores 
institucionaise movimentos sociais; tornar os espaços públicos realmente públicos; re-
organizar os espaços representativos da classe trabalhadora; efetivar ações sociais que 
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conduzam ao planejamento, implementação e avaliação de políticas, programas e 
projetos sociais, tão como na gestão de recursos e de pessoal; “a categoria dos 
assistentes sociais, articulada às forças sociais progressistas, vem enviando esforços 
coletivos no reforço da esfera pública, de modo a inscrever os interesses das maiorias 
das esferas de decisão política (IAMAMOTO, 2009, p. 366). 
O trabalho coletivo dos assistentes sociais deve ser compreendido em todos os 
aspectos, na articulação do profissional com seus usuários, com órgãos representativos 
de classe, com o Estado e com classe capitalista. Superar a intermediação e alcançar a 
mediação nesta relação se apresenta como desafio, pois será a partir desta categoria – 
mediação, que o trabalho do assistente social romperá as amarras institucionais privadas 
e ou estatais, e potencializará a participação dos usuários dos serviços sociais na 
construção de uma democracia participativa e transformar, assim, a realidade. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
As transformações ocorridas no sistema econômico mundial provocaram 
mudanças nas relações sociais de produção, nas relações do mundo do trabalho e 
consequentemente na questão social. Estas mudanças, aqui enfatizando o Brasil, 
perpassaram por todas as esferas socioinstitucionais intensificando as demandas, 
sequelas da sociedade, elucidadas como as expressões da questão social. 
Na esfera privada as mudanças nas relações sociais foram potencializadas pelo 
interesse privado e a mercantilização das relações nacionais e internacionais provocando 
a precarização do trabalho, e o aumento do exercito industrial de reserva. Estas 
transformações afetaram o trabalho do assistente social, aumentando as demandas, as 
exigências e a prestação de serviços sociais. Muitas empresas apropriam-se da prestação 
destes serviços e por meio da filantropia e do marketing da responsabilidade social 
desenvolvem políticas sociais privadas. 
A partir das décadas de 1980 e 1990 é intensificada a execução de políticas 
sociais por meio de instituições privadas sem fins lucrativos. Estas instituições assumem 
a prestação de serviços sociais e de políticas, atribuição que deveria ser desenvolvida 
pelo Estado. Estes espaços demandam trabalho para os assistentes sociais, e como todo 
campo de atuação exige respostas e compromisso profissional possibilitando aos 
usuários o acesso aos direitos sociais. 
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O Estado, frente a descentralização e a desresponsabilização das políticas 
públicas, cria estratégias de ação que permite a desconcentração dos serviços sociais. Na 
esfera pública, as demandas emanadas da população expressam as inflexões e injunções 
provocadas pela teia capitalista de desigualdade e descaso com o ser humano. 
Aos assistentes sociais criam-se novos espaços de lutas de enfrentamento a partir 
da Constituição Federal de 1988, como os Conselhos e a Gestão Pública. Demandas 
históricas ou emergentes, ou como já citado, com um nova roupagem, provocam ao 
assistente social o desvelar de estratégias para atendê-las. Exige-se desses profissionais 
competências e habilidades além daquelas preconizadas pela Lei 8662/93 (Lei de 
Regulamentação da profissão); tais exigências provocam o despertar profissional para o 
compromisso ético-político da profissão, a competência técnico-operativo e 
conhecimento teórico-metodológico. Intrínseco ao processo de construção e legitimação 
do projeto Ético-Político do Serviço Social, esta tríade conduz à formação e capacitação 
contínua de profissionais engajados com os movimentos sociais, com os espaços de 
lutas sociais e a busca pelos princípios éticos, como liberdade, equidade, autonomia, 
democracia. Esse caminho trilhado por desafios e conflitos torna-se o espaço legítimo 
de construção humano-social e político-emancipatório. 
 
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