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Direito Aplicado aos Negócios Material teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Tercius Zychan de Moraes Revisão Textual: Profa. Ms. Rosemary Toffoli Direito do Consumidor 5 Direito do Consumidor Ob jet iv o de Ap re nd iza do • Oferta e publicidade • Produto e Serviço • Relação de Consumo • Direito do Consumidor Ao final desta Unidade, o aluno será capaz de: 1. Entender o que vem a ser o Direito do Consumidor. 2. Identificar as fontes do Direito do Consumidor. 3. Entender os conceitos de relação de consumo, consumidor e fornecedor. 4. Compreender quais são as garantias e identificar as clausulas abusiva de uma relação de consumo. • Práticas Abusivas • Cobrança de Dívidas • Garantia • Contrato de Adesão • Contrato de Adesão 6 U n i d a d e : D i r e i t o d o C o n s u m i d o r Estamos iniciando a quinta unidade da disciplina de “Direito Aplicado aos Negócios”. A ideia é discutirmos os seguintes tópicos: Consumidor e fornecedor Produtos e serviços Relação de Consumo Oferta e publicidade Práticas abusivas Cobrança de dívidas Garantias Contratos de adesão Cláusulas abusivas O que hoje o denominado Direito do Consumidor construí-se de um ramo relativamente novo no Direito brasileiro. Na busca do equilíbrio dessa relação jurídica, o Direito do Consumidor tem um papel fundamental, ou seja, a busca do equilíbrio, propiciando igualdade na relação jurídica estabelecido entre consumidor e fornecedor. Em caso de dúvidas, estaremos em contato permanente com você por meio do ambiente de aprendizagem virtual Blackboard. 6 U n i d a d e : D i r e i t o d o C o n s u m i d o r O Direito do Consumidor é um dos direitos fundamentais declarados em nossa Constituição, por meio do qual o Estado surge como percussor da justiça diante das relações estabelecidas entre o consumidor de produtos e serviços e seus fornecedores. Trata-se de um ramo do direito que em razão da globalização e do consumismo que nosso país se encontra está sendo objeto de constantes debates sendo um dos ramos do direito dos mais populares, posto fazer parte da rotina de qualquer pessoa. Nesta nossa aula, vamos dar um conhecimento a você dos principais pontos relacionado ao direito do consumidor, o que irá permitir avançar nesse ramo do conhecimento. O Direito do Consumidor está consagrado em nossa constituição como um dos denominados Direitos Fundamentais, ou seja, ele é inalienável devendo ser assegurado e consagrado pelo Estado. Dessa forma, precisamos entender os preceitos e conceitos que envolvem este importante ramo do direito, os quais estão inseridos em nossa sociedade, e são objeto de diversos debates. Contextualização 7 O que hoje o denominado Direito do Consumidor construía-se de um ramo relativamente novo no direito brasileiro. Foi a contar dos anos 50 do século passado, ou seja, após a Segunda Grande Guerra que este ramo do direito começa a ocupar maior espaço nos debates junto aos operadores do direito, neste período o capitalismo de grande consumo de bens e serviços dos países desenvolvidos incentiva as atividades comerciais. Este movimento econômico faz nascer à necessidade de serem estabelecidos contratos e produtos padronizados que dão origem a uma relação jurídica desigual entre as partes, onde de um lado há o fornecedor, que por vezes representa uma grande potencia industrial, de outro o consumidor, numa posição não muito favorável. Desta forma, na busca do equilíbrio desta relação jurídica, o Direito do Consumidor tem um papel fundamental, ou seja, a busca do equilíbrio, propiciando igualdade na relação jurídica estabelecido entre consumidor e fornecedor. Assim, com a salvaguarda do Poder do Estado procura-se garantir no campo do direito a inexistência de abusos e praticas desleais entre as partes envolvidas em uma determinada relação de consumo. Vários doutrinadores procuram definir o que vem a ser uma “Relação de Consumo”, mas esta questão esta bem definida pelo próprio Código de Defesa do Consumidor - CDC (Lei nº 8078, de 11 de setembro de 1990), ao fazer referência de quais são os elementos inerentes a esta relação. Segundo a interpretação da norma são elementos que compõe esta relação: o consumidor, o fornecedor e por fim o objeto da relação de consumo (produto ou serviço). Direito do Consumidor Fig.01 - http://www.murielcaldas.com.br/ ?p=331. Acesso em 25/03/2013 Fig.02 - http://niviaandres.blogspot.com.br/2010/12/o- papel-do-consumidor-na-mudanca-de.html. Acesso em 25/03/2013. Relação de Consumo 8 U n i d a d e : D i r e i t o d o C o n s u m i d o r Consumidor O CDC no seu artigo 2º define consumidor como: “[...] toda pessoa física ou jurídica que adquira ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”. Várias correntes doutrinárias procuram esclarecer tal dispositivo, especialmente no tocante à expressão “destinatário final”. Por destinatário final pode-se conceber que será aquele que adquirir a título gratuito ou oneroso ou aquele que, mesmo não tendo adquirido, utilizou ou consumiu o produto ou serviço, sendo este o fim da cadeia produtiva. De tal sorte, quando um produto ou serviço for adquirido ou utilizado dentro de uma cadeia de produção, será aplicada à legislação comum e não o CDC, por não se enquadrar de modo preciso ao conceito leal de consumidor. Importante sabermos, em nossos estudos o que diz o parágrafo único do artigo 2º, o qual trata da condição da figura equipara à condição de consumidor: Art. 2º [...] Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. Ao apreciarmos o presente dispositivo denota-se que o mesmo tem por objetivo proteger os interesses e os direitos dos consumidores, que podem ser violados sem que, necessariamente, estes integrem relação de consumo como destinatário final. Desta forma podemos identificar que o CDC criou a figura do “consumidor por equiparação”, na conformidade do disposto no parágrafo do artigo mencionado e dos artigos 17 e 29. Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento. Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas. Há casos em que se aplicam as disposições do Código para aquelas pessoas que efetivamente não se adquiriram produto ou serviço, mas os utilizaram ou simplesmente estão expostos a estes. Um exemplo seria a explosão de um shopping Center, no caso nem todas as pessoas são consumidores, podiam estar lá apenas passeando, mas estão expostas as atividades de consumo. Fig.03 - http://aceita.com.br/2011/01/o- consumidor-do-futuro-ja-chegou/. Acesso em 25/03/2013. 9 Fornecedor O conceito de fornecedor pode ser retirado do artigo 3º do CDC, assim, pode ser definido: Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, publica ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuiçãoou comercialização de produtos ou prestação de serviços. Assim, diante da analise do conceito fica evidente que fornecedor trata-se de gênero do qual são espécies: o fabricante, produtor, construtor, importador, exportador, distribuidor e o comerciante, podendo ser qualquer pessoa física ou jurídica. Ao mencionar que a pessoa jurídica pode se encontrar na condição de fornecedor, cabe esclarecer que esta poderá ser nacional ou estrangeira, pública ou privada, podendo ainda ser uma associação mercantil ou civil e de forma habitual. O fornecedor pode ser classificado como: 1 - Real – como sendo aquele responsável pelo processo de fabricação e produção, que são o fabricante, construtor e produtor. 2 - Aparente – que são aqueles que não participam do processo de produção, mas se apresentam nesta condição, pois inserem seu nome na marca do produto. 3 - Presumido – trata-se do importador do produto. 10 U n i d a d e : D i r e i t o d o C o n s u m i d o r O artigo 3º do CDC em seus dois parágrafos define explicitamente o que vem a ser produto ou serviço. Produto– o § 3º do CDC dispõe da seguinte forma: Artigo 3° [...] § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. Assim, segundo o dispositivo legal o produto pode ser classificado: 1. Bem Móvel Preliminarmente para compreender a classificação do que vem a ser produto será necessário ser feita uma associação com outras legislações, mais precisamente com o Código Civil Brasileiro que em seus artigos 82, 83 e 84, que trata do que vem a ser bens móveis: Art.82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico- social. Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: I - as energias que tenham valor econômico; II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio. 2. Imóvel Para elucidação do conceito, novamente, busca-se subsídio no Código Civil que diz: Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: Fig. 04 - http://andremansur.com/blog/. Acesso em 26/03/2013. Produto e Serviço 11 I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; II - o direito à sucessão aberta. Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; II - os materiais provisoriamente separados de um prédio para nele se reempregarem. 3. Materiais Podem ser considerados bens materiais as coisas corpóreas, constituídas de matéria física, existentes no mundo físico, podendo objeto de domínio, como por exemplo, uma motocicleta, um rádio, um apartamento, etc. 4. Imateriais Os bens imateriais são de modo contrário aqueles não constituídos de matéria física, deste modo não ocupa lugar no mundo físico, são exemplo, os denominados direitos autorais, marcas, patentes, entre outros. Serviços Como já tratado o § 2º do artigo do artigo 3° do CDC, dispõe sobre o que vem a ser serviço: Art. 3°[..] § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. Do tratado podemos depreender que serviço é uma atividade fornecida por uma pessoa física ou jurídica havendo um consumidor final deste serviço. O dispositivo tratado no CDC apresenta um rol exemplificativo de serviços de tal sorte que podemos dar outros exemplos: assessoria contábil, consulta em um dentista etc. Uma questão importante é que o dispositivo legal diz que o serviço é prestado “mediante remuneração”, o que nos leva a concluir que para o serviço esteja integrado à relação de consumo não pode ser prestado sem onerosidade. Ressalva importante esta descrita no final do parágrafo citado ao mencionar “salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista”, pois o trabalhador vende sua mão de obra ao empregador, não se consubstanciando em uma relação de consumo. 12 U n i d a d e : D i r e i t o d o C o n s u m i d o r Ocorrência da Relação de Consumo Existirá a denominada Relação de Consumo sempre que estiverem presentes todos os elementos desta relação jurídica, ou seja: o consumidor, no outro, o fornecedor, ambos transacionando produtos ou serviços. Remuneração É reconhecido doutrinariamente que para a existência da “Relação de Consumo” necessariamente deva existir a aquisição do produto ou do serviço mediante remuneração, ou seja, existe uma relação comercial. Assim, podemos considerar quando alguém adquire um presente para dar a alguém sua relação de consumo esta formada com o fornecedor deste bem, não se entendo ao beneficiário pelo presente recebido. Entende-se por oferta como o meio pelo qual o fornecedor expõe seus produtos e serviços no mercado de consumo, objetivando atrair o consumidor para aquisição destes produtos ou serviço. No tocante à publicidade esta é uma das formas mais comuns de se disponibilizar uma oferta, utilizando-se de anúncios nos meios de comunicação escritos, televisão, rádio, folhetos, rótulos, embalagens. Veja a existência da oferta não esta intimamente ligada à publicidade, pois, pode ser restringir a oferta como uma informação prestada por gerente de banco ao cliente disponibilizando algum serviço, o mesmo exemplo serve para o atendente de uma central de uma determinada empresa telefônica que durante seu atendimento oferece um serviço ainda não contemplado em seu contrato. O CDC diferentemente do que fez ao definir os elementos de uma relação de consumo, não conceituou que vem a ser uma prática abusiva, apenas enumerou de forma exemplificativa as possibilidades. Entretanto podemos defini-la como: “abusiva caracteriza-se pela ação contrária do fornecedor de produtos ou serviços aos direitos do consumidor o prejudicando de forma real”. Fig.05 - http://doismais.files.wordpress.com. Acesso em 26/03/2013. Oferta e Publicidade Práticas Abusivas 13 Dessa forma, toda informação suficientemente precisa integra o contrato, vinculando, obrigando o seu cumprimento ao fornecedor, conforme determina o artigo 30 do Código de Defesa do Consumidor, sob pena do seu cumprimento forçado de acordo com as alternativas do artigo 35. O artigo 31 do Código é exemplificativo, mas determina os elementos obrigatórios mínimos para apresentação e oferta de produtos e serviços, sendo crime punível nos termos do artigo 63. Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos; II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes; III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço; IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendoem vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços; V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva; VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes; VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos; VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro); IX - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério; IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em leis especiais; X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços. XI - Dispositivo incluído pela MPV nº 1.890-67, de 22.10.1999, transformado em inciso XIII, quando da conversão na Lei nº 9.870, de 23.11.1999 XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério. XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido. Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento. 14 U n i d a d e : D i r e i t o d o C o n s u m i d o r Fig.06 - http://www.renda3.com/wp- content/uploads/2012/. Acesso em 26/03/2012. Também é prática abusiva o contido no artigo 40 do CDC, quando o orçamento é dever do fornecedor de entregar, vez que irá gerar uma vinculação entre as partes e determinar prazo de validade de tal orçamento. Artigo. 42 - Na cobrança de débitos o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável. Pode se observar que o artigo do CDC tem por objetivo manter a integridade do consumidor, posto que uma vez estabelecida uma relação de consumo entre o fornecedor e o consumidor, a cobrança do débito não pode alcançar outras pessoas que não seja o próprio consumidor. Existem também proibições relativas, ou seja, uma vez que podem ser admissíveis quando presentes alguns requisitos, uma vez que qualquer cobrança de certa forma expõe o consumidor, mas para tanto deve ser injustificável e ainda, não é proibida a cobrança desde que não interfira no trabalho, descanso ou lazer do consumidor, pois o fornecedor pode valer- se de seus direitos assegurados no ordenamento jurídico. O CDC tem previsão de uma garantia contratual, estabelecida em contrato escrito pelo fornecedor (que não é obrigado a ofertar, mas, em ofertando, tem o dever de cumprir), com preenchimento de termo escrito. No caso da garantia legal artigo 24 do CDC, esta existe independe de termo escrito, por decorrer da lei, sendo assim, uma garantia total, obrigatória, incondicional. Irrestringível, irrenunciável e inegociável. Cobrança de Dívidas Atenção Importante destacar que algumas proibições são consideradas absolutas, tais como a ameaça, a coação, o constrangimento físico ou moral e o emprego de afirmações falsas, incorretas ou enganosas. Garantia 15 A previsão do exercício de direito de garantia é de 30 (trinta) dias para produtos e serviços não-duráveis é de 90 (noventa) dias para produtos e serviços duráveis a contar da efetiva entrega do produto ou término da execução do serviço, sendo que, em caso de vício oculto o prazo inicia do momento em que se evidenciar o mesmo. Cabe destacar que os mencionados prazos são em relação ao vício, posto que no caso de indenização dos danos sofridos estes estão sujeitos ao prazo prescricional de 05 (cinco) anos. Vejamos, a questão do vício é inerente ao produto ou serviço ofertado e não um dano que ocorra em razão de ação ou omissão de culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro, caso fortuito ou força maior, ou seja, o defeito apresentado surge do uso regular e razoável do produto ou serviço fornecido tal qual entregue pelo fornecedor. O Contrato de Adesão é aquele previamente escrito, preparados pelo fornecedor. Assim, para se caracterizar este contrato exige-se uma aceitação em bloco, por parte do consumidor aderente, de uma série de cláusulas pré-elaboradas unilateralmente. Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo. § 1° A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do contrato. § 2° Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória, desde que a alternativa, cabendo a escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no § 2° do artigo anterior. § 3º Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor. § 4° As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão.de pagamento. Contrato de Adesão 16 U n i d a d e : D i r e i t o d o C o n s u m i d o r Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis; II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos neste código; III - transfiram responsabilidades a terceiros; IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade; V - (Vetado); VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor; VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem; VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo consumidor; IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o consumidor; X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira unilateral; XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao consumidor; XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor; XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo oua qualidade do contrato, após sua celebração; XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais; XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor; XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias. § 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vontade que: I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence; II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual; III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso. § 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes. § 3° (Vetado). § 4° É facultado a qualquer consumidor ou entidade que o represente requerer ao Ministério Público que ajuíze a competente ação para ser declarada a nulidade de cláusula contratual que contrarie o disposto neste código ou de qualquer forma não assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações das partes. Cláusulas Abusivas 17 No estudo do Direto do Consumidor, vamos identificar a proteção de direitos assegurados pelo Código de Direito do Consumidor – CDC. Hoje existe uma consciência maior desses diretos, do que após sua criação, em 1990. Atualmente, existe uma grande preocupação, tanto por parte dos fornecedores de atender à legislação, quanto da busca de direitos pelos consumidores. Material Complementar Explore Veja uma questão importante no tocante a essa relação, visitando o sítio na rede mundial de computador, para isso clique no seguinte link: Site: http://www.youtube.com/watch?v=E_bjYi0258Y 18 U n i d a d e : D i r e i t o d o C o n s u m i d o r BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 out. 1988. Senado Federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. BRASIL, Código Civil Brasileiro, de 10 jan. 2002. Senado Federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. BRASIL, Lei n° 8078 de 11 det.1990. Senado Federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. ANDRADE, Ronaldo Alves de. Cursos de direito do consumidor. Barueri, SP: Manole, 2006. 611 BENJAMIN, Antonio Herman V., MARQUES, Claudia Lima e BESSA, Leonardo Roscoe. Manual de Direito do Consumidor. Revista dos Tribunais. São Paulo: 2010. FILOMENO, José Geraldo Brito. Curso Fundamental de Direito do Consumidor, São Paulo: Ed. Atlas, 2007. Grinover, Ada Pellegrini, Código de Defesa do Consumidor comentada pelos autores do anteprojeto. 5ª Ed., Forense Universitária, Rio de Janeiro: 1998. MARINELA, Fernanda, BOLZAN, Fabrício (orgs.). Leituras Complementares de Direito Administrativo: Advocacia Pública, 2ª edição, revista e atualizada, Salvador: Ed. Juspodium, 2010, p. 238. MARQUES, Cláudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor, 3ª edição, revista, atualizada e ampliada, São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 1998. MEDEIROS, Fábio Mauro de. As relações do Poder Público com o Código de Defesa do Consumidor. In: SPARAPANI, Priscilia; ADRI, Renata Porto (coord.). 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Referências 19 _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ Anotações
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