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Resenha O Príncipe

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Ellen Karen Borges Bezerra. Graduação Bacharel em Direito. UNAMA – Instituto de Ciências Jurídicas 
MACHIAVELLI, Nicoló. O Príncipe. 10 de dezembro de 1513. Florença, Itália. © 
LCC Publicações Eletrônicas 
 
Nicolau Maquiavel viveu em Florença da Itália fragmentada do século XVI. Em 
1513, dedicou a Lourenço de Médici a obra “O Príncipe”, pensamentos que foram promissores, 
arriscando-se dizer precursores, do pensamento político moderno. Em seu livro, Nicolau 
disserta sobre como deve ser a conduta política de um bom governante. Esta deve independer 
de valores morais, éticos e religiosos. 
Na Idade Média, o poder do rei era sempre confrontado com os poderes da Igreja ou da 
nobreza. Decorrente disso, as monarquias nacionais surgem com o fortalecimento do rei, 
resultando na centralização do poder, como aconteceu em Portugal, no século XIV, e durante o 
século XV, na França. Configurando-se, de tal modo, a estrutura do Estado moderno com o 
monopólio de fazer e aplicar as leis, recolher os impostos, cunhar moeda e possuir um exército. 
Nessa conjuntura, Maquiavel observou e compreendeu a estrutura da nova forma 
política que vinha ascendendo na Europa, juntando em sua obra uma coletânea de dados que 
buscam oferecer resposta a respeito dessa situação histórica nova. Situação esta, que seus 
contemporâneos tentavam entender lendo os autores antigos. Em seu livro, escreveu como 
conquistar, manter e ampliar o poder de um governante, cujo um dos objetivos do livro, era de 
promover o programa de redução da Itália, em um Estado unitário, o que aconteceu somente no 
século XIX. 
Em seu pensamento político, Maquiavel rompe com as ideias de Platão (o ideal do rei-
filósofo, em que o poder político só é justo no conhecimento da justiça e o único que detém este 
conhecimento é o rei-filósofo), com Aristóteles (em que ética e política são inseparáveis, 
tecendo suas ideias políticas em Ética a Nicômaco) e com os princípios cristãos de Santo 
Agostinho e São Tomás de Aquino, não por não compreender suas ideias, mas por sim, 
discordar delas, pois observou que havia uma distância entre o ideal de política e a realidade 
política de sua época. Não cria o ideal de uma política perfeita, algo como deveria ser, 
mas esclarece a política real tal como ela se dá. 
Em O Príncipe, a política tem uma ética própria, centrada no que é útil para o bem 
comum, a fim de manter o bem do Estado. Aqui faz-se o uso do mal quando necessário, pautado 
em ações que geram uma nova moral, em que se aplica corretamente o uso da frase atribuída a 
Maquiavel "os fins justificam os meios". O que diferencia o bom governante de um tirano, pois 
um bom governante faz uso de seu poder para manter a estabilidade em seu governo e um 
tirano, faz uso do poder para interesses pessoais e afins. 
Ellen Karen Borges Bezerra. Graduação Bacharel em Direito. UNAMA – Instituto de Ciências Jurídicas 
Maquiavel organiza seus pensamentos de uma forma a persuadir o leitor que seus 
escritos lhe será útil. Primeiramente, discursa sobre os tipos de principados (hereditários ou 
não) e como proceder para que não se deva colocar a perder sua conquista, quais medidas devam 
ser tomadas para conservar o poder daquele Estado e porque muitos perdem seus principados. 
 
"Digo, pois, que para a preservação dos Estados hereditários e afeiçoados à 
linhagem de seu príncipe, as dificuldades são assaz menores que nos novos, pois é 
bastante não preterir os costumes dos antepassados e, depois, contemporizar com os 
acontecimentos fortuitos, de forma que, se tal príncipe for dotado de ordinária 
capacidade sempre se manterá no poder, a menos que uma extraordinária e excessiva 
força dele venha a privá-lo; e, uma vez dele destituído, ainda que temível seja o 
usurpador, volta a conquistá-lo." (MAQUIAVEL, p. 4) 
 
Em segundo plano, discursa sobre o perigo de usar das forças militares alheias e 
não próprias, afirmando que tropas mercenárias são perigosas por não possuírem outra 
razão por lutarem a não ser eles mesmos: 
 
"A razão disto é que elas não têm outro amor nem outra razão que as mantenha em 
campo, a não ser um pouco de soldo, o qual não é suficiente para fazer com que 
queiram morrer por ti." (MAQUIAVEL, p. 47) 
 
Afirma também que tropas auxiliares são "inúteis", como ele mesmo afirma, pois 
estas levam a ruína por "são todas unidas, todas voltadas à obediência a outrem". Aqui, 
observa-se sucintamente, uma pequena aparição de um sentimento nacionalista, em que 
o autor exige de tropas militares que razão por lutarem seja a defesa de seu Estado, um 
ponto crucial para a unificação e formação de um Estado Unitário. 
A partir de dado momento de sua obra, Maquiavel explicita os modos 
e procedências que um príncipe deve ter antes de agir ou tomar qualquer decisão que 
venha sobre o seu governo. Adverte sobre a bondade, afirmando que para se manter no 
poder, é preciso de aprender a usar ou não a bondade, quando for necessário. Mais a 
frente, adverte também sobre a liberalidade, afirmando que usada de forma imprudente 
por um príncipe, pode fazê-lo ser odiado por seus súditos. 
 
"Querendo manter entre os homens o nome de liberal, é preciso não esquecer 
nenhuma espécie de suntuosidade, de forma tal que um príncipe assim procedendo 
consumirá em ostentação todas as suas finanças e terá necessidade de, ao final, se 
quiser manter o conceito de liberal, gravar extraordinariamente o povo de impostos, 
ser duro no fisco e fazer tudo aquilo de que possa se utilizar para obter dinheiro." 
(MAQUIAVEL, p. 61) 
 
 Apresenta argumentos e fatos que validam o porquê é melhor um príncipe ser 
temido do que ser amado, já que não se pode ser nenhum dos dois, pois em algum 
Ellen Karen Borges Bezerra. Graduação Bacharel em Direito. UNAMA – Instituto de Ciências Jurídicas 
momento faltaria ser um ou outro. Apresenta, ainda, caminhos que o príncipe deve 
seguir para fugir do ódio e do desprezo, não tornar-se um tirano, a ponto de conquistar 
o ódio de seu povo por condutas e decisões não sábias. 
 “Um príncipe sábio, amando os homens como a eles agrada e sendo por eles 
temido como deseja, deve apoiar-se naquilo que é seu e não no que é dos outros; deve 
apenas empenhar-se em fugir ao ódio, como foi dito. ” (MAQUIAVEL, p. 67) 
 
 Ainda, estabelece a diferença entre bons conselheiros e aduladores, afirmando que 
um príncipe prudente escolher homens sábios e falar somente a eles coisas que 
competem ao seu governo, seu Estado e, aqueles que não procedem dessa forma, ou são 
precipitados pelos aduladores ou mudam de opinião constantemente. 
 
“Um príncipe prudente deve proceder por uma terceira maneira, escolhendo em seu 
Estado homens sábios e somente a eles deve dar a liberdade de falar-lhe a verdade 
daquilo que ele pergunte e nada mais. Deve consultá-los sobre todos os assuntos e 
ouvir as suas opiniões; depois, de liberar por si, a seu modo, e, com estes conselhos e 
com cada um deles, portar-se de forma que todos compreendam que quanto mais 
livremente falarem, tanto mais facilmente serão aceitas suas opiniões.” 
(MAQUIAVEL, p. 92) 
 
 Por fim, é válido ressaltar dois conceitos importantes para a compreensão dos 
pensamentos abordados no texto que foram designados por Maquiavel para descrever 
as ações de um príncipe. Trata-se de duas expressões italianas: virtú e fortuna. 
“Todos os Estados, todos os governos que tiveram e têm autoridade sobre os homens, 
foram e são ou repúblicas ou principados. Os principados são: ou hereditários, quando 
seu sangue senhorial é nobre há já longo tempo, ou novos. Os novos podem ser 
totalmente novos, como foi Milão com Francisco Sforza, ou o são como membros 
acrescidos ao Estado hereditário do príncipeque os adquire, como é o reino de 
Nápoles em relação ao rei da Espanha. Estes domínios assim obtidos estão 
acostumados, ou a viver submetidos a um príncipe, ou a ser livres, sendo adquiridos 
com tropas de outrem ou com as próprias, bem como pela fortuna ou por virtude.” 
(MAQUIAVEL, p. 4) 
 Um príncipe virtuoso, não consiste na ideia arcaica da virtude medieval 
composta pelos princípios da moral cristã de justiça e bondade, pois isso pode leva-lo a 
ruína, mas sim, pelo sentido grego da palavra (força, qualidade de guerreiro viril). A 
fortuna deve ser compreendida como uma ocasião, não deixando passar nenhuma 
oportunidade de agir e, ainda assim, ser precavido e ousado, por esperar a oportunidade 
certa de agir conforme as necessidades de seu governo. 
 Portanto, concluo afirmando que o mérito de Maquiavel foi inaugurar o 
pensamento político moderno, desvinculando a política das instituições religiosas e 
Ellen Karen Borges Bezerra. Graduação Bacharel em Direito. UNAMA – Instituto de Ciências Jurídicas 
morais de uma sociedade e instituindo uma esfera autônoma, observando que este 
pensamento político é real e está presente na sociedade até os dias atuais.

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