Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Análise do líquido cefalorraqueano: sistematização e novos marcadores para avaliação das doenças neurológicas Marzia Puccioni-Sohler, MD, PhD Email: m_puccioni@yahoo.com.br Análise do líquido cefalorraqueano: sistematização e novos marcadores para avaliação das doenças neurológicas Anatomia e Fisiologia Coleta Análise da amostra Interpretação dos resultados Líquido Cefalorraqueano Fluído Não-hemático Oligocelular Oligoprotéico intimamente relacionado ao sistema nervoso central e seus envoltórios. Meninges e Circulação Source: URL: www.cardioliving.com/consumer/Stroke/Hemorrhagic_Stroke.sht Granulações Aracnóideas III Plexo Coróide http://image.slidesharecdn.com/meningeseliquor-05 Barreiras do Sistema Nervoso Felgenhauer & Beuche, 1999 Barreira Hemato- LCR Barreira Hemato- encefálica LCR Espaço Extra- vascular Parede Celular Espaço Extra- vascular Espaço Intracelular Barreira Hemato-LCR Barreira Hematoencefálica Barreiras do Sistema Nervoso Central Puccioni-Sohler & Rosadas, 2015Puccioni-Sohler & Rosadas, 2014 Barreira Hemato-LCR Funcional Fluxo do LCR e Difusão de Proteínas Reiber, 1996 Disfunção da Barreira Hemato-LCR Redução do Fluxo do LCR: Diminuição da Produção do LCR Restrição do Fluxo no Espaço Subaracnóide Restrição da Passagem nas Vilosidades Aracnóideas Reiber, 1996 Formação do Líquido Cefalorraqueano Produto da filtração do sangue. 80 % das proteínas do LCR se originam do sangue. 19% das proteínas de origem local – síntese no plexo epitelial. <0,01% das proteínas totais – neuronios e glia. Felgenhauer,1992 Concentração de uma Proteína no LCR depende: Concentração Sérica Função da Barreira Hemato-LCR Peso Molecular Local da Punção Síntese Local Idade e Sexo Análise do Líquido Cefalorraqueano Indicações Diagnóstico Acompanhamento de atividade da doença Acompanhamento de tratamento Drenagem terapêutica do LCR e terapia intratecal Análise do líquido cefalorraqueano: Cuidados pré-punção Assinatura do Termo de Consentimento (prévia) Riscos da punção Vias de Acesso Lombar (L4-L5) Cisternal (SOD) Ventricular Decúbito Sentado Coleta Identificação das amostras Transporte: rápido e recipiente adequado Armazenamento: - temperatura ambiente - refrigerado - congelado Punção do LCR e sangue LCR + SORO: QUANDO INDICAR? Estudo pareado de glicose Estudo da barreira hemato-LCR Imunoliberação local específica / inespecífica Análise do Líquido Cefalorraqueano: Sistematização e Novos Marcadores Programa Básico Exame Físico Citologia Bioquímica Microbiologia Programa Complementar Imunologia Imunologia Específica Biologia Molecular Análises Especiais Novos Marcadores Programa Análise do Líquido Cefalorraqueano: Programa Básico Exame Físico Pressão: 5 – 20 cm H2O (decúbito lateral) Aspecto: límpido, opalescente, purulento, leitoso, turvo hemorrágico Cor: incolor, eritrocrômico, xantocrômico Citologia Citologia Global V.R. Leucócitos: até 5 cels./mm3 V.R. Hemácias: 0 cel./mm3 Pleocitose Estudo realizado na 1ª hora após punção Câmara de Fuchs-Rosenthal Microscópio óptico e contador Citologia Citologia Diferencial L M V.R.: 50-70% linfócitos 30-50% monócitos Citossedimentação Citocentrifugação 21 Citologia Global Análise Microscópica Fórmula para contagem total de células Células totais / mm3 = ............................................................. ou µℓ 22 Citologia Global do LCR Análise Microscópica Contagem de hemácias – para correção da contagem de leucócitos ou dosagem de proteínas em LCR com acidente de punção. - Para cada 700- 1000 hemácias / µℓ - 1 leucócito/µℓ - Para cada 1.200 hemácias / µℓ - 1 mg/dL de proteína total 23 Citologia Diferencial Significado Clínico do Predomínio Celular Tipo celular predominante Doenças associadas Granulócitos/ neutrófilos infecções bacterianas, fase inicial das meningites virais Eosinófilos parasitoses, meningite tuberculosa, neurosífilis, etc Plasmócitos/células linfóides esclerose múltipla, meningites crônicas, hemorragia subaracnóidea, neoplasias do SNC Cels. Mononucleares Doenças inflamatórias, meningites virais e neoplásicas Células tumorais Carcinomatose meníngea, linfomas, leucemias, etc Bioquímica Glicose Valor normal: 2/3 da glicemia (45 – 85 mg/dL) Lactato Valor normal: 11 – 19 mg/dL Proteína Espectrofotômetro Método Quantitativo: Reação ColorimétricaLombar Cisternal Ventricular Proteínas totais (mg/dL) Até 40 Até 30 Até 25 Bioquímica: “ The data indicate that there are no longer any indications for the measurement of the CSF chloride in clinical practice” Fishmann, 1992 Cloreto??? Enzimas: - Adenosina deaminase (ADA) - Desidrogenase lática (LDH) - Transaminase glutâmico-oxalacética (TGO) Microbiologia Exame Direto Diplococos Gram (+) Streptococcus pneumoniae Germes Comuns: Coloração de GRAM Fungos: Coloração pela Tinta da China Cryptococcus neoformans BK: Coloração de Ziehl-Neelsen Bacilo-Álcool-Ácido- Resistente (BAAR) Volume: 3 ml Microbiologia Cultura - Meios utilizados Germes Comuns - Ágar sangue de carneiro a 5% (AS) - Ágar chocolate suplementado com Isovitalex (ACHO) - Caldo tioglicolato (TIO) (Incubação: 35°C +/- 1°C até 72h) BK - Lowenstein Jensen (resultado em 60 dias) Padrão-ouro para diagnóstico Fungos - Ágar Sabouraud (Incubação: temp. ambiente até 30 dias) Microbiologia Fatores que interferem no resultado: Tempo entre coleta e semeadura Uso de Antibióticos Volume da Amostra Ausência de informações sobre o material Programa Análise do Líquido Cefalorraqueano: Programa Complementar 30 Programa Complementar: Imunologia Geral Eletroforese de proteínas (em acetato) Quociente Albumina (LCR/Soro) Síntese Intratecal de Imunoglobulinas: Quantificação da Resposta Imune - Índice de Imunoglobulinas - Curva Hiperbólica IgG oligoclonal Imunologia Teste: Concentração de albumina, IgG, IgA e IgM no LCR e soro Indicação: barreira hemato- LCR, quantificação da síntese intratecal de imuglobulinas totais. Método: nefelometria Imunologia Gradientes de Concentração LCR/Soro Albumina (LCR/Soro): 1:200 IgG (LCR/Soro): 1:500 IgM (LCR/Soro): 1:4000 Quociente de Albumina LCR/Soro Quociente Albumina = Alb (LCR) : Alb (soro) Avaliação da Função Barreira Hemato-LCR IDADE Q Albumina x10-3 Recém- nascido 25 1 mês 15 6 meses 5 20 anos 5 40 anos 7 60 anos 8 Valor de referência Disfunção da Barreira Hemato-LCR Leve (Q Alb até 10x10-3) Esclerose Múltipla, Encefalite p/ HIV-1, Ganglionite p/ VZV, Polineuropatia Alcoólica, Esclerose Lateral Amiotrófica Moderada (QAlb até 20x10-3) Meningite Viral, Meningite p/ Agentes Oportunistas, Polineuropatia Diabética, Infarto Cerebral, Intensa (QAlb > 20x10 -3) Síndrome de Guillain-Barrè, Neuroborreliose, Encefalite p/ Herpes simplex, Meningite tuberculosa, Meningite Purulenta Quantificação da Resposta Imune : Índice de IgG Cálculo: determinação da relação da albumina e IgG no LCR e soro: Índice de IgG = IgG(LCR) : Alb (LCR) IgG(Soro)Alb (Soro) Níveis acima de 0,7 indicam síntese intratecal de imunoglobulina. 36 Quantificação da Resposta Imune : Diagrama de Quocientes LCR/soro 1. Normal 2. Disfunção da Barreira Hemato-LCR 3. Síntese Intratecal de IgG + Disfunção da Barreira Hemato-LCR 4. Síntese Intratecal de IgG Reibergram 37 - Síntese Intratecal de Imunoglobulinas – Situações Clínicas IgG : Encefalite por HSV, neurossífilis, esclerose múltipla IgA: Abscesso Cerebral, neurotuberculose, toxoplasmose cerebral IgG e IgA Meningites por GC, neurotuberculose, toxoplasmose cerebral IgG, IgA e IgM Neuroborreliose Interpretação Bandas Oligoclonais IgG LCR/Soro Tipo 1: Ausência de bandas: normal; Tipo 2:Bandas oligoclonais restritas ao LCR: síntese local Tipo 3: Bandas oligoclonais restritas ao LCR com bandas adicionais idênticas no LCR e soro: síntese local; Tipo 4:Bandas oligoclonais no LCR e soro: ausência de síntese local; Tipo 5:Bandas Monoclonais no LCR e soro: ausência de síntese local; Charcot Foundation, 1994 - Síntese Intratecal de IgG - Banda Oligoclonal IgG Situações Clínicas Esclerose Múltipla Panencefalite esclerosante subaguda (100%) Encefalite viral (HSV, HIV ..) e mielite (HTLV-1 (95%), CMV Meningite viral (HSV, caxumba, HIV ...) Neurobrucelose Neurossífilis Meningite tuberculosa (> 80%) Meningite fúngica (> 80%) Infecções Parasitárias do CNS (toxoplasmose, neurocisticercose, angiostrongilíase) (> 80%) Germes Comuns Látex para antígenos bacterianos: 1. Neisseria meningitidis tipos A,B, C e Y/W 135; 2. Haemophilus influenza tipo B; 3. Streptococcus pneumoniae; 4. Escherichia coli 5. Streptococcus grupo B. Fungo Látex para antígenos fúngicos: 1. C. neoformans Virais Antígeno NS1 Dengue IMUNOLOGIA ESPECÍFICA PESQUISA DE ANTÍGENOS Método: Aglutinação Imunologia Específica PESQUISA DE ANTICORPOS Virus: grupo herpes, arbovírus, HTLV, sarampo, rubéola Espiroquetas: sífilis, borrelia Helmintos: cisticercose, esquistossomose Parasitas: toxoplasmose, doença de Chagas Métodos: ELISA, hemaglutinação, imunofluorescência, Western blot: Painel Herpes vírus Mycobacterium tuberculosis Toxoplasmose Enterovírus JCV (Leucoencefalopatia) HTLV-1, -2 HIV-1,-2 Arbovírus Sarampo Listeria BIOLOGIA MOLECULAR REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE BIOLOGIA MOLECULAR: REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE Patógeno Sensibilidade Especifidade Herpes Simplex vírus 95% 99% - 100% Citomegalovírus 80% -100% 75%- 95% Enterovírus 95% 99%- 100% JC Vírus 75% - 90% 90% - 85% HIV 95% -100% Muito baixo Arbovírus ? BIOLOGIA MOLECULAR: REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE Day 17 Day 25 Day 32 Day 40 Plasma 700 0 0 0 CSF 2000000 1500 11000 0 Infecção Primária: Início dos sintomas Infecção Secundária: Início dos sintomas Tempo N ív e is d e A n ti c o rp o s e A n tí g e n o s Diagnóstico Laboratorial da Dengue Programa Análise do Líquido Cefalorraqueano: Programa Complementar Análises Especiais Novos Marcadores Síntese Intratecal de Anticorpos Específicos Índice de Anticorpo Específico – AI (Reiber et Felgenhauer, 1987) AI = Quociente específico / Quociente IgG (LCR/soro) Método: ELISA Valor de Referência: AI >=1,5 Síntese Intratecal de Anticorpos Específicos Situações Clínicas Encefalite do Sarampo Encefalite da Rubéola Infecção do SNC pelo Citomegalovírus Infecção do SNC pela Varicela Zoster Vírus Infecção do SNC pelo Herpes Simplex Vírus Mielopatia associada ao HTLV-I Síntese Intratecal de Anticorpos Anti-Herpes simplex Vírus Monteyene et al, 1997 Immunoblotting Testes Sensibilidade Especificidade Valor Preditivo Positivo Valor Preditivo Negativo ELISA reativo no LCR 99% 41% 75% 95% HTLV AI IgG >1.5 83% 89% 95% 65% PCR (tax/pol) positivo no LCR 93% 85% 89% 90% PCR positivo e AI>1.5 74% 100% 100% 68% Puccioni-Sohler et al. Neurology, 2001 Síntese Intratecal de Anticorpos e PCR Doença Neurológica associada ao HTLV GD21 p19/gp21 p24 p26 p28 p32 p36 gp46 p53 rgp46-I BC Serum Serum CSF CSF HTLV-I AI =73,3 HTLV-I AI= 6,6 HTLV-I AI = 1,8 - MARCADORES TUMORAIS - Alfa-Feto proteína - germinomas B2 microglobulinas - linfomas Antígeno carcino-embrionário (CEA) – metástases gástrica, mama, pulmão); Gonadotrofina coriônica (BHCG) - carcinoma de testículos ou tumores germinativos extra-gonadais, teratomas CA.15.3 - mama MARCADORES PARANEOPLÁSICOS anti HU - câncer, CPCP, testículo anti YO - câncer ovário anti TR - Hodgkin anti GLUR1 - Hodgkin anti R1 - câncer de mama anti MA1 - câncer de pulmão anti MA2 - câncer de testículo anti MAG - paraproteínemia anti NMDA – encefalite límbica MARCADORES RECOMENDADOS PARA USO CLÍNICO Proteína Tau e peptídeos beta-amiloide - sensibilidade 80% e especificidade 90% - Demência Alzheimer Proteína 14.3.3 - sensibilidade 80-90% e especificidade 90% - Doença Creutzfeldt Jacob Beta-2-transferrina = Beta-trace - Sensibilidade >79% e especificidade 95% - Contaminação do LCR por rinorréia ou otorréia European Federation of Neurological Societies guidelines, 2009r Interpretação: Síndromes do LCR Síndromes Inflamatórias: - Infecciosas - Não–Infecciosas Síndromes Dissociação Proteinocitológica Síndrome Hemorrágica Síndromes Neoplásica Síndromes Inflamatórias: Agudos - Pleocitose, aumento de proteína - Disfunção de Barreira hemato-LCR Crônicos - Resposta celular pouco intensa - Síntese intratecal de imunoglobulinas Síndrome Inflamatória Meningite Diagnóstico Laboratorial Leucócitos/ mm3 Citologia Diferencial (predomínio celular) Proteínas mg/dL Glicose mg/dL Lactato mg/dL Normal ≤ 4 Linfócitos e monócitos (7:3) 15 - 40 (adulto) <120 (neonato) 2/3 da glicemia < 19 Viral < 500 Mononucleares Fase inicial: polimorfonucleares 15 -100 Normal Normal Bacteriana > 500 Polimorfonucleares >100 Tuberculosa ou Fúngica < 500 Mono e Polimorfonucleares (Perfil Misto) >50 Normal ou Meningite Síndromes Inflamatória Diagramas de Quociente LCR/Soro (Reiber, 2001) ENeuroborreliose Esclerose Múltipla Síndromes Dissociação Proteinocitológica DISSOCIAÇÃO PROTEINOCITOLÓGICA Hiperproteinorraquia não acompanhada pelo aumento correspondente do número de células Síndrome de Guillain-Barrè: - edema das raízes espinhais – redução do fluxo das vilosidades aracnoideas para as veias associadas as raízes dos nervos espinhais. Disfunção da Barreira Hemato-LCR Quociente Albumina >=8 x 10-3 Síndromes Vasculares - Contagem de hemácias semelhante nos 3 tubos; - Sobrenadante: 2h – róseo; 12 a 24 h – xantocrômico; - Eritrófagos (12 h), - Siderófagos (2 dias a 2 meses); Acidente de Punção - Formação de coágulos; Hemorragia Subracnóidea Prova dos 3 tubos Eritrófagos Siderófagos Conclusão Performance do Teste - Sensibilidade - Especificidade - Valor preditivo Prevalência Garantia da Qualidade - Fase pré-Analítica - Fase Analítica – CIQ, CEQ - Fase pós-analítica Obrigada!
Compartilhar