Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIP João Vitor P. Gama – MED 103 UV _______________________________________________________________________________________ INFECÇÃO PELO HIV (AIDS) Vírus da Imunodeficiência Humana 1 e 2 ▪ Família Retroviridae, gênero Lentivírus ▪ Envelopado ▪ Glicoproteínas estruturais: envelope (gp 120 e gp 41) e capsídeo (p17, p7 e p24) ▪ Enzimas virais: transcriptase reversa, integrasse e protease Ciclo de replicação ▪ Glicoproteínas do envelope ligam-se aos receptores dos linfócitos TCD4 e aos co-receptores de quimiocinas (CXCR4 ou CCR5, depende do tropismo do vírus). ▪ Envelope se liga à célula e material genético penetra ▪ Transcriptase reversa transforma RNA → DNA pró-viral ▪ Integrase integra DNA pró-viral no genoma da célula humana ▪ Produção de uma grande proteína, clivada pela protease em várias proteínas, permitindo a síntese estrutural do vírus. ▪ Há lise celular, inativação do TCD4 Transmissão ▪ Sexualmente transmissível (todas as formas) ▪ Transmissão vertical durante gestação/parto/aleitamento ▪ Uso de droga venosa, compartilhamento de seringas ▪ Transfusão de derivados do sangue e transplantes ▪ Acidente com material biológico ▪ Indivíduos com carga viral indetectável não transmitem DIP João Vitor P. Gama – MED 103 UV _______________________________________________________________________________________ História natural da infecção pelo HIV ▪ Infecção aguda/síndrome retroviral aguda/fase inicial o Viremia alta e queda de CD4. o Mais comum assintomático. Quando sintomático, geralmente apresenta síndrome de mononucleose símile o Produção de anticorpos e certo controle da infecção (redução da carga viral e aumento de CDA) ▪ Fase de latência clínica o Sem sintomas, pode haver linfadenopatia generalizada persistente o Geralmente a fase em que se detecta por testes. o CD4 reduzindo e carga viral aumentando com o tempo. ▪ Infecção sintomática precoce o Candidíase oral, leucoplasia pilosa oral, dermatite seborreica, diarreia, febre, fadiga, emagrecimento etc. ▪ Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) o Estágio mais avançado da doença. o Contagem de CD4 < 200 células/mm3 o Presença de doenças oportunistas (infecções e neoplasias) DIP João Vitor P. Gama – MED 103 UV _______________________________________________________________________________________ Principais doenças oportunistas ▪ Manifestações orais: Sarcoma de Kaposi, candidíase oral, leucoplasia pilosa oral, herpes simples ▪ Manifestações cutâneas e de partes moles: Sarcoma de Kaposi, herpes zoster, angiomatose bacilar, prurido associado ao HIV ▪ Manifestações oculares: retinite por CMV, retinite por VZV, toxoplasmose ocular, tuberculose, sífilis ▪ Manifestações renais: nefropatia relacionada ao HIV ▪ Manifestações cardíacas: miocardite, pericardite ▪ Manifestações hematológicas: pancitopenia, plaquetopenia etc. ▪ Manifestações osteoarticulares: artralgias, osteopenia ▪ Manifestações respiratórias: tuberculose pulmonar, micobacteriose atípica, pneumocistose, Histoplasmose, pneumonia (bacteriana, viral, parasitária), neoplasias (Kaposi, linfomas etc.), pneumonite intersticial linfocítica. ▪ Manifestações neurológicas: meningites (asséptica pelo HIV, neurossífilis, criptocócica, fúngica, tuberculosa, bacteriana) e encefalites (neurotoxoplasmose, por CMV, tuberculosa,linfoma etc.) ▪ Manifestações gastrointestinais: esôfago (candidíase, CMV, herpes vírus), fígado (hepatites virais, medicamentosas), vias biliares e pâncreas (CMV, Cryptosporidium e microsporídia), intestinos (diarreia e colites por CMV, herpes vírus, Cryptosporidium, Mycobacterium avium) DIP João Vitor P. Gama – MED 103 UV _______________________________________________________________________________________ ▪ Micobacteriose: tuberculose pulmonar o Principal manifestação respiratória no HIV no Brasil o Pode haver diversos aspectos radiológicos: pneumonia cavitaria, intersticial bilateral, miliar, derrame pleural o Diagnóstico clínico, radiológico, pesquisa de BAAR e teste rápido molecular em escarro o Tratamento com RHZE (rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol) ▪ Pneumocistose o Pneumocystis jirovecii o Pneumonia subaguda, hipoxemia + aumento LDH, ausculta pulmonar inocente, cansaço o Diagnóstico essencialmente clínico. Pesquisar cistos em escarro não é comumente feito (baixa sensibilidade) o Tratamento com sulfametoxazol + trimetoprim por 21 dias (ou pentamidina ou clindamicina + primaquina) e prednisona se PaO2 < 70 mmHg ▪ Neurotoxoplasmose o Principal causa de lesão encefálica com efeito de massa o Cefaleia, alterações do nível de consciência, paresias, afasias, crises convulsivas, paralisia de pares cranianos, tremores cerebelares. Febre é pouco frequente. o Diagnóstico clínico e radiológico (lesão hipodensa com captação anelar periférica de contraste). ▪ Sorologia IgG reagente em 90-95% das pessoas ▪ PCR do líquor (sensibilidade moderada, especificidade boa) ▪ Biópsia cerebral. o Tratamento com sulfadiazina + pirimetamina + ácido folínico (ou sulfametoxazol + trimetoprim) por 6 semanas. ▪ Meningoenecefalite criptocócica o Cryptococcus neoformans o Cefaleia, febre, vômitos e rebaixamento do nível de consciência. Sinais meníngeos nem sempre presentes. HIC grave (líquor esguicha na punção) o Diagnóstico por punção lombar (discreto aumento de celularidade/mononuclear, glicose normal ou baixa e proteína normal ou elevada). ▪ Tinta da China/Nanquim tem 80% de sensibilidade ▪ Látex ▪ Cultura do líquor o Tratamento com anfotericina B + fluconazol por 2 semanas. Após, manter fluconazol. DIP João Vitor P. Gama – MED 103 UV _______________________________________________________________________________________ Diagnóstico ▪ Teste rápido o 1 teste negativo: considera-se não reagente para HIV e deve-se voltar após 1 mês da exposição (paciente pode estar na janela imunológica, período da infecção até a detecção de anticorpos) o 1 teste positivo: faz-se mais um teste rápido de outra marca. o 2 testes positivos de marcas diferentes: considera-se reagente para HIV o Resultados discordantes: faz-se todo o procedimento novamente. Caso persista a discordância, punção venosa e PCR. ▪ PCR: não é qualitativo (positivo/negativo), mas quantitativo (determina a carga viral). Função de diagnóstico e seguimento do paciente. ▪ Imunoensaio (ELISA): o Negativo: não reagente para HIV o Positivo: faz-se PCR para confirmação ▪ Fatores que interferem nos resultados o Vacinação recente contra influenza A- H1N1 o Gravidez o Doenças autoimunes o Hepatopatias por medicamentos, álcool ou outras drogas e outras doenças crônicas do fígado o Hemodialisados e em terapia com interferon o Pacientes que sofreram múltiplas transfusões de sangue DIP João Vitor P. Gama – MED 103 UV _______________________________________________________________________________________ TERAPIA ANTIRRETROVIRAL (TARV) Elimina o HIV do sangue, mas ele mantém-se em alguns reservatórios (macrófagos etc.). Não há cura, mas há tratamento. ▪ Inibidor de fusão: inibe ligação do HIV à célula hospedeira ▪ Inibidor de co-receptor: inibe ligação ao receptor de quimiocina CCR5. Deve-se testar o tropismo do vírus pelo CCR5 ou CXCR4 ▪ Inibidor da transcriptase reversa: análogos nucleosídeos e não análogos nucleosídeos ▪ Inibidor da integrase: impede que DNA pró-viral seja ligado ao genoma da célula ▪ Inibidor da protease: impede que a poliproteína seja clivada nas proteínas virais. Só podem ser prescritos associados com Ritonavir. Não podem ser usados em caso de tuberculose, pois interagem com rifampicina. DIP João Vitor P. Gama – MED 103 UV _______________________________________________________________________________________ Lipodistrofia: AZT e inibidores de protease causam isso ▪ Perdade gordura facial ▪ Afinamento dos membros, perda de volume dos glúteos ▪ Acúmulo de gordura em abdome, dorso (giba) Quando iniciar o tratamento antirretroviral? ▪ Para todas as pessoas vivendo com HIV/AIDS, independente da contagem de CD4 e da presença de comorbidades ou manifestações relacionadas à infecção pelo HIV. Normalmente os esquemas combinam 2 ITRN e 1 medicamento de outra classe. ▪ Tenofovir (TDF) 300 mg + Lamivudina (3TC) 300 mg + Dolutegravir (DTG) 50 mg (1 cp/dia) ▪ Mulheres em idade fértil: pretende engravidar (realizar genotipahem pré-tratamento e iniciar esquema contendo efavirenz imediatamente) ou não (regime contendo DTG, deve ser ofertado método contraceptivo) Falha ao tratamento: carga viral detectável 6 meses após introdução ou troca de TARV ou detecção viral nos indivíduos que mantinham indetectável na vigência de tratamento. A viremia deve ser confirmada em duas coletas consecutivas com intervalo de pelo menos 1 mês. ▪ Causas: baixa adesão, resistência, esquemas subótimos, fatores farmacológicos Terapia de resgate: realização de genotipagem, identificar a falha precocemente, rever esquema vigente, rever histórico de antirretrovirais e de resposta à TARV. ▪ Incluir IP ativo no esquema de resgate e avaliar a necessidade de esquemas mais complexos. DIP João Vitor P. Gama – MED 103 UV _______________________________________________________________________________________ Síndrome inflamatória de reconstituição imunológica: em vigência de infecção oportunista, a TARV melhora o sistema imunológico e aumenta a resposta inflamatória contra a infecção. ▪ Diagnóstico é clínico e deve ser considerado quando sinais e sintomas inflamatórios ocorrem de 4 a 8 semanas após início da TARV, na reintrodução de um esquema interrompido ou na modificação para um esquema mais eficaz após falha virológica. ▪ Para evitar, primeiro trata-se a infecção oportunista e depois inicia-se a TARV. TARV como prevenção ▪ Profilaxia pós-exposição ao HIV: emergência médica, deve ser iniciada até 72h pós exposição. ▪ Profilaxia pré-exposição ao HIV: indivíduo que se expõe com muita frequência. Uso oral, diário e contínuo de Tenofovir (TDF) e Entricitabina (FTC).
Compartilhar