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Apostila de Cirurgia Cirurgia

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FESO
Medicina Veterinária
Cirurgia Veterinária
Giselle Keller El Kareh de Souza
(2005)
Índice
Introdução ao estudo da patologia e clínica cirúrgica				pág. 03
Inflamação e infecção em cirurgia						pág. 07
Cicatrização de tecidos moles							pág. 11
Regeneração óssea									pág. 15
Traumatismos									pág. 21
Fraturas										pág. 32
Entorse e luxação									pág. 37
Água – hidratação									pág. 45
Tumores em cirurgia								pág. 46
Principais patologias cirúrgicas de cabeça e pescoço				pág. 56
Corpo estranho no organismo animal						pág. 69
Abdome agudo									pág. 75
Principais distrofias cirúrgicas							pág. 83
Obstruções intestinais								pág. 93
Prolápso e procidência de reto							pág. 99
Hérnias abdomino-pélvicas							pág. 104
Principais patologias cirúrgicas do trato reprodutivo feminino		pág. 108
Introdução ao estudo da Patologia e Clínica Cirúrgica
Generalidades e terminologia
Patologia: origem grega.
Pathos = doença, enfermidade
Logos = estudo descrição
Clínica: origem grega.
Kline = observação do doente, junto a ele. Coleta de sintomas, sinais, síndromes, tipo de anestesia, etc.
Cirurgia: origem grega.
Cheir = mãos
Ergen = trabalho
Chirurgos = habilidade com as mãos para trabalhos delicados
Cirurgia são manobras manuais e instrumentais, com o fim de intervir em qualquer doença ou mesmo em um animal sadio. São usadas para fins estéticos ou em casos de patologias.
O cirurgião tem que ter consciência de como, quando e onde cortar, além de também saber a hora de parar.
Devemos observar bem o paciente, para sabermos se é possível fazer um tratamento clínico antes da cirurgia ou se devemos levar o mesmo para a mesa de operação o mais rápido possível.
Terminologias:
Tomee – secção; Stomia – abertura e comunicação com o meio externo. Originaram o sufixo: Tomia – abertura (dos tecidos) / Enterotomia = secção do intestino, cistotomia = secção da bexiga; ruminotomia; traqueostomia;
Rrafia – sutura / gastrorrafia = sutura do abdome; nefrorrafia;
Centese – punção / ruminocentese = punção do rumem;
Pexia – fixação / enteropexia = fixação do intestino em algo; gastropexia = usada em torções gástricas;
Desis – fixação relacionada à articulação / artrodesis = fixação da articulação;
Ectomia – retirada total ou parcial / esterectomia = retirada do útero.
Stomia – Comunicação com o meio externo. Ex: Traqueostomia
Lises – Desfazer, destruir. Ex: Desfazer aderência
Plastia – Plástica
Táxis – Compressão com o intuito de saber se a afecção é redutível ou não. Ex: Hérnia.
Obs: As afecções acometem qualquer tecido.
Ramos da cirurgia:
Cirurgia localizada (ou local): pode ser em qualquer parte do corpo.
Cirurgia regional: abrange uma maior porção do corpo.
Cirurgia geral: abrange várias partes do corpo. Geralmente utilizamos este ramo em casos de metástases.
Cirurgia somática: abrange a parte externa do corpo, que é chamada de soma (é o arcabouço).
Cirurgia sistêmica: quando se opera um sistema. Ex: Quando é feita uma cirurgia em qualquer uma das vísceras, dizemos que fizemos uma cirurgia sistêmica visceral.
Cirurgia somática localizada: retirar um abscesso no soma.
Cirurgia sistêmica localizada: retirar um abscesso de uma víscera.
Cirurgia experimental: com animais mortos ou vivos: contribui para o aprendizado e há um avanço a cada dia.
Obs: Deve-se sempre colocar o ato cirúrgico como o último recurso, pois este é muito agressivo. Primeiro deve-se tentar todos os meios clínicos. Em casos de cirurgias de emergência, deve-se intervir imediatamente.
Enfermidade (doença): abrange um aspecto amplo. Usamos este termo quando o estado do paciente sai do quadro de saúde. Pode ser física ou psicológica. Ex: dor de dente, gripe, fratura etc.
Mormo: se refere a doença contagiosa. Alguns autores usam o termo para se referir a doença, mas não é correto.
Mal: relacionado a doenças com características localizadas. Ex: Malária = mal que vem pelo ar.
Afecção: diz respeito à enfermidade de uma região.
Lesão: é o foco da doença.
Sintomas: resposta que o paciente nos passa em virtude de ser portador de uma doença. Os sintomas são percebidos através dos 05 sentidos: Visão, olfato, tato, audição e auscultação.
Sinal: fenômenos que os pacientes nos passam, cuja conclusão irá depender do raciocínio do profissional.
Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas.
OBS: sinal é diferente de sintoma. Grosso modo pode-se dizer que o sinal você não vê e o sintoma você vê. Ex: gastrite – sinal; vômito – sintoma. Em alguns casos você vê o sinal, como a rachadura no casco de um cavalo, mas neste caso a rachadura não é o sintoma (que neste caso é a claudicação) e sim o sinal, pois é a rachadura que está provocando a dor. O sinal é o que causa o sintoma. Mas nem o sinal nem o sintoma interessam a etiologia da doença, que é a causa. Por exemplo, o animal está vomitando (sintoma) porque está com gastrite (sinal) que pode ocorrer por vários motivos (etiologia - causa).
Classificação das cirurgias
Cruenta/incruenta, aberta/fechada, leve/grave, simples/complicada, limpa/suja, interna/externa.
Leve: não oferece risco de vida ao paciente;
Grave: oferece risco de vida ao paciente;
Simples: aborda planos superficiais (pele e subcutâneo);
Complicada: aborda planos profundos (músculos, ligamentos e vísceras);
Incruenta: não há presença de sangue;
Cruenta: há presença de sangue;
Externa: mais superficial, visível;
Interna: nas cavidades, vísceras;
Risco cirúrgico: está ligado a resistência e a clínica do paciente, ao vulto da operação (o grau de agressão que ela irá causar – o próprio anestésico é uma agressão). Este risco pode ser pequeno, médio ou grande. Existem casos em que o animal entra em choque com pequeno risco cirúrgico e outros em que o risco cirúrgico era grande e não acontece nada. As vezes um paciente chega com um estado clínico excelente e se submete a uma cirurgia muito traumática piorando assim o seu estado clínico e aumentando o seu risco cirúrgico.
Cirurgia de urgência – é sempre imediata. Se não fizer a cirurgia o paciente morre;
Cirurgia necessária – Não é urgente, mas necessária, pois pode evitar o agravamento do caso, e até mesmo evitar uma cirurgia de urgência (ex: tumor em desenvolvimento);
Cirurgia radical – com o ato cirúrgico pode curar totalmente o paciente;
Cirurgia paliativa – o ato cirúrgico pode resolver ou amenizar algum problema, mais não se sabe se irá curar completamente o paciente;
Cirurgia zootécnica – programada e executada em determinados períodos etários (de vida). Um exemplo são as cirurgias de castração, que devem ser feitas após um ou dois anos de vida (depende de cada espécie) para respeitar a ação hormonal;
Cirurgia de conveniência (normalmente conveniência do proprietário) - castração, mutilação (corte de orelhas, cauda);
Cirurgia experimental – com animais mortos. Contribui para o aprendizado.
Obs: Um só animal pode se enquadrar em vários casos dos relatados acima.
Principais fundamentos da cirurgia
Anestesia, fundamentos de anatomia, fisiologia, profilaxia da infecção (sempre), farmacologia, escolha de instrumental, equipamentos, fios, sala adequada etc.
Principais causas de patologia cirúrgica: os animais adquirem enfermidades cirúrgicas pelas seguintes causas:
Causa mecânica (uso exagerado do afastador, contenção errônea).
Causa física (calor; frio; eletricidade – eletrocautério; irradiação – radioterapia excessiva).
Causa química (ácidos fortes, venenos).
Causa biológica de origem animal, vegetal (plantas tóxicas, urtiga) e microrganismos (bactérias, fungos, vírus).
Causas neoplásicas (tumores avançados).
Causas hereditárias (polidactilia – mais dedos que o normal; teratologia – monstros).
Conveniência operatória: Quando o risco cirúrgico é pequeno e a cirurgia é o único jeito. Há casos emque é conveniente não operar de imediato, e sim regredir a infecção clínica para depois operar (bom senso profissional).
Cuidados e contra indicações da cirurgia:
Verificar antes da anestesia o material, instrumental e equipamentos;
Respeitar sempre a profilaxia da infecção;
Estar sempre presente o pré, trans e pós operatório;
Casos de albuminúria e glicossúria (se possível adiar a operação);
Verificar o risco cirúrgico (embora possa mudar, como já citado);
Cardiopatias crônicas;
Pneumopatias graves;
Hepatopatias;
Nefropatias graves;
Enteropatias;
Hemorragias existentes ou provocadas pelo ato cirúrgico;
Estado de gestação;
Posição na mesa cirúrgica no estado avançado de gestação;
Evitar dor (é melhor combater do que evitar);
Eleger a anestesia adequada para cada caso (bom senso profissional).
Normas e diretrizes nas operações: Aplicar corretamente as normas para a hemostasia, as normas de Punchie e as normas de síntese (fios adequados, sem apertar de mais nem de menos), uso de instrumental adequado, etc.
Inflamação e Infecção em Cirurgias
Introdução
A profilaxia da infecção, quando não é bem assistida, envolve casos de septicemias, levando o paciente à morte.
Inflamação:	 Diversos fenômenos que ocorrem no tecido em razão das modificações físicas e químicas no mesmo. É um processo sempre localizado. Pode, se contaminado, progredir para um foco infeccioso.
- Asséptica – sem microorganismos
- Séptica – independente da transformação coloidal dos tecidos há também a presença de microorganismos
Infecção: Invasão, desenvolvimento e multiplicação de germes nos tecidos que ocorre somente quando há mudança no estado de defesa do organismo (pele, mucosa, serosa) abrindo porta para que este germe penetre.
	I=
I= inflamação séptica
N = número de germes
V = virulência – capacidade que o germe tem de agredir o tecido
T = toxicidade
R = resistência orgânica
L= local
G= geral
Obs: imunidade – desenvolvida através de antígenos e da produção de anticorpos
Resistência X imunidade:
Resistência é quando o paciente possui uma série de características favoráveis (ex: boa alimentação, sono em horários adequados). Porém, um mesmo paciente que possui boa resistência, pode ter uma imunidade menor (baixa). Ou ao contrário: imunidade alta e resistência baixa.
- Etiologia da Inflamação:
Mecânica: traumas (mordida, pedrada, pancada, coice, paulada).
Física: calor (queimaduras), frio (causa necrose de extremidades), eletricidade (eletrocautério, bisturi elétrico – pode causar necrose), radiação (paciente exposto ao RX durante muito tempo leva à queimadura, alterando o tecido).
Química: terebentina, sais, ácidos fortes, sabões.
Biológica: animal (cobras, aranhas com veneno necrosante) ou vegetal (urtiga).
- Patogenia: Pode ser observada sob dois aspectos:
Fórmula ou sinais de Celsius
Rubor – o agente etiológico atua, por estimulo vagal capilar, os capilares entram em vasoconstrição, mas essa é passageira, pois havendo vasoconstrição, diminui volume sangüíneo local, levando a um aumento de pressão em cima dos filetes nervosos parassimpáticos. E o parassimpático excitado irá vasodilatar. Essa vasodilatação é favorecida pelo derrame abundante de potássio e histamina. 
Calor - todo sangue circulante acompanha a temperatura corporal, dependendo da região e do órgão pode ser um pouco mais elevada ou não. Esse calor soma-se a hiperpotassemia, alterando-se ainda mais se houver infecção, pois haverá virulência, o germe agredirá mais o tecido, liberando toxina, a qual em contato com o tecido afetado produz calor.
Tumor – maior concentração de sangue acarreta um aumento de liquido no local, levando a elevação da pele.
Dor – dependendo do grau inflamatório pode ser mais ou menos viva. Quando há um processo inflamatório associado a infecção a dor é sempre mais viva. A causa principal da dor é a hiperpotassemia se instalando no local, pois quando o potássio passa para a fora da célula, agride as terminações nervosas. Além disso, se há um aumento de pressão dentro do vaso, haverá compressão dos filetes nervosos os quais irão reagir em forma de dor.
Fenômenos no foco:
Transtorno circulatório
Exudação
Diapedese
Marginação
Fagocitose
O transtorno circulatório se inicia quando há a vasoconstrição passageira, seguida de vasodilatação e posteriormente diminuição da velocidade sangüínea. Em um capilar dilatado, as hemácias, por possuírem menor peso específico que os leucócitos e menor poder de se aglomerar, irão correr sempre pelo centro do capilar e os leucócitos irão se aproximando do endotélio dos vasos. A esse processo damos o nome de “Marginalização leucocitária”.
Na fase inicial da inflamação milhões de leucócitos passam através dos poros dos vasos em direção do foco da inflamação. 
Além dos leucócitos outras células, chamadas de histiócitos, originados pelo S.R.E., também atravessam os poros chegando no local inflamatório com objetivo de combater os germes.
Polpa do baço
Intima dos vasos capilares
Intima dos vasos linfáticos
Linfonodos
Obs: durante o processo de marginalização capilar, conforme os neutrófilos (que são as primeiras células de defesa) vão sendo destruídos, as células de defesa mais jovens vão sendo “chamadas” para o combate dos antígenos, por isso ocorre, nas infecções, o desvio para a esquerda.
- Classificação:
Agudas – acontecem em um curto espaço de tempo
Crônicas – quando o tempo é espaçado e quando há equilíbrio de luta – há um espaço prolongado do processo.
Exudativa – quando a migração de leucócitos para fora do vaso é muito abundante
Purulenta – quando há inflamação seguida de infecção, pois há pus (transudato com grande quantidade de leucócitos mortos).
Fibrinóticas – existem inflamações assépticas que desenvolvem grande quantidade de fibrina, dando uma característica de maior resistência ao foco infeccioso. E já na fase de cura, observa-se grande quantidade de colágeno.
Catarral – asséptica ou séptica envolve secreção que necessariamente não é pús e nem contém germes. 
Hemorrágicas - quando muitos capilares são destruídos, havendo hipertensão no foco, a hemorragia será facilitada (hemorragia em lençol).
Gangrenosa – presença dos mais variados germes que levam a necrose local avançada.
Gangrena seca – praticamente não há germes.
Gangrena úmida – há ação direta dos germes. (mais grave).
Ulcerosa – toda úlcera também é uma necrose, porém mais superficial.
Necrosante - envolve gangrenosa, catarral e purulenta (sempre localizado)
- Sintomas:
Febre - mesmo nas inflamações assépticas o paciente pode estar febril. Nas inflamações sépticas a elevação da temperatura é maior.
Apatia – dor, hiperemia, febre.
Anorexia
Claudicação
Hiperemia em mucosas – processos inflamatórios infecciosos
- Diagnóstico:
Anamnese
Sintomas locais
Exame geral – no processo mais avançado é importante (rede ganglionar).
Observar a presença de algum foco infeccioso escondido (primário) devido ao risco de ocorrer uma septicemia.
- Prognóstico: Vai depender do quadro do paciente, se o processo é só inflamatório, ou se está diante de um caso inflamatório e infeccioso ou se é um quadro de septicemia (mais grave, podendo ou não ter cura)
- Tratamento:
Profilático
Clínico
Anti-sepsia e assepsia – indispensável mesmo estando presente a infecção.
Frio ou calor – nos processos de inflamação aguda é muito favorável a aplicação do frio. Mas nunca deve ser aplicado em um processo infeccioso, pois aumenta a vasoconstrição , deve-se usar o calor.
Antibiótico e sulfa – indispensáveis no caso de infecção
Antitérmico e analgésico
Alcalinizante – para neutralizar a hiperpotassemia que é acidificante
Vitaminoterapia - Vitaminas (A, C, B12)
Cirúrgico
Drenagem
Desbridamento
Cauterização
Ressecção
imobilização
Cicatrização de Tecidos Moles
IntroduçãoUm ferimento ou ferida é uma lesão corporal física, que resulta no rompimento da continuidade normal das estruturas do tecido lesionado. A restauração de sua continuidade, ou seja, sua cicatrização, pode vir na forma de regeneração ou de reparo.
A cicatrização pode ocorrer por:
Primeira intenção: Quando há suturação.
Segunda intenção: Quando cicatriza sozinho de dentro para fora.
Terceira intenção: Quando aguarda-se a granulação e depois sutura-se.
Regeneração
É quando o tecido preenche a falha com células iguais as dele. As células do próprio tecido se multiplicam para repor perdas teciduais. Sua eficácia e rapidez dependem do tipo de célula do tecido a ser reparado (se lábeis – se multiplicam por toda a vida; estáveis – se multiplicam em caso de necessidade; ou permanentes – não se multiplicam).
A regeneração ocorre quando uma superfície é lesionada, mas a camada basal permanece íntegra. As células não lesadas da borda da lesão se proliferam e reparam o defeito.
Reparo
Ocorre quando o processo de reparo se dá com a proliferação do tecido conjuntivo fibroso (fibras colágenas), substituindo o tecido preexistente por uma cicatriz fibrosa. São células diferentes do tecido original.
A maioria das cicatrizações acontece por reparo.
.
Estágios de reparo de uma ferida
Estágio inflamatório (fase de limpeza da ferida):
Hemorragia (limpa e preenche o espaço da ferida).
Vasoconstrição periférica (5 à 10 minutos).
Extravasamento de um líquido parecido com o plasma, que contém fibrinogênio, proteínas, anti-corpos, enzimas.
Vasodilatação por ação de mediadores químicos como as prostaglandinas, histaminas e leucotrienos, que tornarão as células mais arredondadas e formarão espaços para a passagem das células de defesa.
Aumento da permeabilidade. 
Diapedese / Marginação – as células de defesa irão sofrer um processo de marginação, ficando aderidas ao endotélio dos vasos, passando pelas fenestras.
Fagocitose – feita pelas primeiras células que chegam no foco traumático que são os neutrófilos. Os neutrófilos têm como principal função fagocitar bactérias e tecido necrosado. Liberam enzimas que também contribuem na limpeza da lesão. Os neutrófilos caracterizam a inflamação aguda que durará mais ou menos de 03 a 05 dias.
Monócitos – são os próximos a chegar no foco traumático. Irão se transformar em macrófagos.
Macrófagos – são células grandes que fagocitam não só as bactérias, mas também os coágulos. Podem se unir e formar células gigantes, caracterizando inflamação crônica. Liberam substâncias que liberam os fibroblastos, produzem fatores de crescimento e são importantes na cicatrização.
Fibroblastos – promovem deposição de fibrina.
Estágio de Reparo:
Fase fibroblástica – deposição de fibrina.
Quando ocorre o trauma, os vasos linfáticos também são atingidos. Com isso ocorre a deposição de fibrina, formando um coágulo para que eles parem de extravasar, prejudicando sua função (drenagem do tecido).
Os macrófagos liberam mediadores químicos que atraem os fibroblastos (chamados de fibrócitos na fase latente). Os macrófagos também liberam fatores de crescimento, que estimulam os fibroblastos a produzirem colágeno.
Os fibroblastos são células mesenquimais indiferenciadas que ficam junto à intima dos vasos e quando sofrem a ação dos fatores de crescimento se diferenciam em fibroblastos e migram para área lesada.
Os fibroblastos vão se locomovendo sobre capilares, sobre a rede de fibrina e quando se encontram uns com os outros fazem inibição por contato. Os fibroblastos, quando chegam no foco, começam a produzir a matriz colágena.
Seguindo os fibroblastos ocorre brotamento do endotélio dos vasos sanguíneos, que é a neovascularização. Esta carreará nutrientes, oxigênio, etc.
Quando há (no tecido) rede de fibrina, fibroblastos e neo vascularização, o tecido é chamado de tecido de granulação. Este tecido tem coloração vermelho vivo e tem como objetivo preencher o leito da ferida e protegê-la. Quando o tecido de granulação tem coloração branca não é um bom sinal, pois indica uma má cicatrização.
As células endoteliais dos vasos produzem enzimas que vão liberar a fibrina. O tecido de granulação aparece entre 5 a 9 dias.
Fase de Epitelização: As células epiteliais vão se proliferar e migrar por extensão citoplasmática. Vão migrar por cima do tecido de granulação. Primeiro se forma uma camada única e depois esta camada começa a se estratificar.
Fase de Contração: Alguns dos fibroblastos migratórios têm a capacidade de contrair / fechar as feridas. São os miofibroblastos, que contêm actina. Contraem sempre de forma centrípeta para ajudar a cicatrização. Esta fase ocorre junto com as fases fibroblásticas e de epitelização.
Fase de remodelagem ou Maturação: Nesta fase as fibras colágenas que estão depositadas de forma desordenada começam a se organizar de acordo com as linhas de tensão. Essas fibras vão se espessar, e aquelas que estão no sentido contrário ao da linha de tensão tendem a se atrofiar se tornando mais delgadas.
Fatores sistêmicos e ambientais que afetam ferimento
Hipoproteinemia – pouca produção de proteínas no sangue. Só afeta em caráter de cronicidade, “animal subnutrido”, porque a formação de colágeno dependerá de aminoácidos e proteínas. Para conseguir reverter este quadro administra-se aminoácidos como: metionina e cistina .
Anemia – só anemia não vai influenciar. Só haverá influência negativa se houver uma hipovolemia, pois esta prejudica a microcirculação não chegando os micronutrientes.
Oxigênio – este é importante na produção de energia para produção da matriz. O oxigênio do meio ambiente teoricamente influência, cicatriza mais rápido, mas na clínica no dia a dia não faz diferença.
Temperatura – uma ferida exposta à 30ºC cicatriza mais rápido devido a vasodilatação e vasoconstrição periférica.
Uremia – influencia, pois altera o metabolismo das células, prejudica a ação das enzimas provocando atraso na cicatrização.
Medicamentos antiinflamatórios (fenilbutazona, aspirina e idometacina) – não influenciam se forem administrados em doses clínicas, já os esteróides (inibem a inflamação) vão atrasar a cicatrização se administrados a longo prazo. Sob tensão (full time) influencia negativamente na cicatrização.
Vitaminas e Minerais:
Vitamina A – acelera a cicatrização.
Vitamina E – se estiver fornecendo (excesso) para o animal ela prejudica o processo de cicatrização, pois deixa de ativar algumas enzimas importantes.
Vitamina C – sua falta atrasa a cicatrização por ação enzimática (é necessária para a síntese de colágeno).
Zinco – o excesso e a falta prejudicam a cicatrização.
Obs: As vitaminas agem ativando algumas enzimas que vem a favorecer o sistema de cicatrização.
Medicamentos citotóxicos e radiação – prejudicam porque inibem a proliferação celular, e com isso a cicatrização. Diminuem o apetite, facilitando o estabelecimento de infecções.
Desidratação e edema – a hipovolemia prejudica a cicatrização, o edema só irá prejudicar se for generalizado.
Infecção – a colagenase que as bactérias produzem destroem os poucos colágenos que são produzidos e necessários para cicatrização.
Anti-sépticos – inicialmente com muita contaminação, lança-se o uso de um anti-séptico, porém nunca usar anti-séptico forte sem diluí-lo, pois mataria as células do tecido de granulação, tão necessário para o processo de cicatrização.
Movimento – é preciso manter o animal em maior repouso possível para o organismo ter tempo para granular e reepitelizar o tecido.
Fios de Sutura – fios apertados durante a sutura prejudicam a cicatrização, pois causam isquemia. O excesso de fios e ligaduras, farão com que os macrófagos demorem muito tempo na fase fibroblástica, influenciando negativamente.
Bandagem – deve ser bem feita. Quando é muito apertada atrapalha o processo de cicatrização.
Espaço Morto – influencia negativamente a cicatrização, pois demorará mais tempo para formação dotecido de granulação e epitelização. Também pode formar um seroma (acúmulo de liquido inflamatório) nesse espaço podendo vir a formar um abscesso. Pode-se puncionar e fazer uma bandagem comprimindo, mas na maioria das vezes deve-se fazer nova incisão e debridamento da região.
Idade – quanto mais velho o paciente, mais lenta a cicatrização.
Tumor – influencia negativamente a cicatrização, mesmo que a neoplasia esteja em um determinado ponto do corpo e a ferida em outro.
Diabetes – vai influenciar negativamente por causa de determinadas enzimas.
Regeneração Óssea
(calo ósseo)
Introdução
O tecido ósseo é uma estrutura dinâmica, em constante reformulação. É um tecido ricamente vascularizado, através de canais. Pode ser classificado macroscopicamente por compacto ou esponjoso; anatomicamente por ossos longos, curtos ou chatos; e histologicamente por primário (imaturo) ou secundário (maduro ou lamelar). Possui alta capacidade de regeneração, pois suas células possuem atividade por toda a vida.
Histologia
Sua matriz se divide em orgânica e inorgânica. A orgânica é composta principalmente por fibras colágenas (95%), o que confere elasticidade ao tecido. Equivale a 50% da matriz total. A inorgânica corresponde aos outros 50% e é composta por íons fosfato e cálcio (principais íons presentes), na forma de cristais de hidroxi-apatita, o que confere rigidez ao tecido.
Possui três tipos de células:
Osteoblastos – são células jovens, localizadas na periferia do tecido ósseo. Sintetizam matriz e são responsáveis pela mineralização do tecido. Ou seja, produzem a matriz orgânica e a inorgânica. Podem ser encontradas em atividade, produzindo matriz, ou inativas (em repouso).
Osteócitos – são células maduras, de localização central (no interior da matriz). São achatadas, apresentando prolongamentos que percorrem a matriz, formando os canalículos que se interligam com os canais, fazendo a nutrição do tecido. Esses prolongamentos se interligam com prolongamentos de outros osteócitos através de ligações gap. Sintetizam matriz, mas com menor intensidade.
Osteoclastos – são originários dos monócitos do sangue. Vários monócitos se unem e originam os osteoclastos. Se localizam na periferia e sua função é fazer reabsorção de matriz. Com isso, originam depressões na matriz, chamadas de Lacunas de Howship.
O tecido ósseo possui um periósteo e um endósteo. O periósteo fica na periferia do tecido e se divide basicamente em três elementos: a folha mais externa é fibrosa, a folha mais interna é conjuntiva e entre a conjuntiva e a parede do osso fica a camada osteogênica (células semelhantes aos osteoblastos). É percorrido por vasos sangüíneos que penetram na matriz óssea através de canais transversais chamados de Canais de Volkman, que se interligam com canais longitudinais, os Canais de Havers (osteócitos se ligam a outros osteócitos e passam a formar uma lâmina, esta se dobra e forma o Canal de Havers, onde vão haver vasos, gorduras), que também se originam no periósteo, e que, por sua vez, estão interligados com os canalículos formados pelos prolongamentos dos osteócitos. Essa rede de canais é a responsável pela rica vascularização do tecido ósseo e, conseqüentemente, por sua nutrição.
Tecido ósseo com trabéculas e espaços é esponjoso, tecido ósseo imaturo. Os espaços serão preenchidos com matriz. O tecido ósseo maduro é o tecido compacto. Não se vê espaços, se vê inteiriço, com a matriz ocupando todos os espaços, com os canais formados. Também é chamado de lamelar, pela presença de lamelas ósseas. Essas lamelas ósseas são camadas de matriz localizadas entre fileiras (grupos) de osteócitos. A superposição dessas lâminas formam os osteomas ou “Osteom de Brows” (lâmina fundamental óssea).
À medida que vamos envelhecendo, os ossos vão ganhando mais cálcio e mais resistência, por isso se quebram mais facilmente (adultos possuem mais probabilidades para fraturas do que os indivíduos jovens).
Todo osso longo tem um canal medular.
Constituição óssea:
1) substância fundamental óssea
2) periósteo
endóstio
medula
linfático
cartilagem articular
Todo osso tem um forame chamado forame nutritivo por onde penetra a artéria principal. No final do canal ela se bifurca dando origem a um ramo descendente e um ramo ascendente.
O sangue deixa o osso pela epífise (tanto a distal quanto a proximal, através de veias e vênulas que deixam o osso pela cartilagem). Há vasos também anastomosados com os vasos do tecido muscular circunvizinho.
As cartilagens de conjugação distal ou proximal são responsáveis pelo crescimento longitudinal do osso. O crescimento do osso no sentido transversal se dá pela camada osteogênica. Esta camada está impregnada de linfócitos e linfonodos. Estes elementos também estão presentes no endóstio. 
A cartilagem articular não pode ser embebida nem por cálcio e nem por sangue, pois se isto ocorrer ela morre.
Observações sobre cálcio, fósforo, vitaminas C e D e hormônios
O cálcio pode ser encontrado no organismo em sua forma normal (Ca⁺⁺), que é a forma ionizada, ou ligado a albumina (inativo):
50% do cálcio no organismo não é ionizado (não possui carga elétrica, porém está ligado a proteína).
5% do cálcio está livre, mas não está ionizado.
45% está ionizável (esses 45% é que são importantes, pois são os ativos).
O cálcio tem dificuldade em ser absorvido na mucosa gastrintestinal, pois é uma molécula muito grande, portanto não adianta administrar muito cálcio via oral para o animal.
O paratormônio é um elemento que ajuda o cálcio a passar pela mucosa gastrintestinal.
O cálcio anda sempre associado ao fósforo, pois possuem cargas elétricas diferentes.
O cálcio precisa da influência da vitamina D, dos raios solares e do paratormônio para que haja de maneira eficaz no organismo.
O PTH (paratormônio) é hipercalcemiante e atua:
Osso – ativação dos osteoclastos. O PTH é o 1º mensageiro, o 2º é o AMPc (do osteoclasto). Promove a osteólise osteoclástica. Sem a vitamina D o PTH não consegue promover uma desmineralização efetiva (o PTH se associa a vitamina D). Portanto a absorção óssea é feita pela ação dos osteoclastos (e sua eliminação é feita pelas fezes).
Rim – duas ações: aumenta a absorção de cálcio; aumenta a excreção de fosfato. O rim é o maior órgão controlador dos valores da fosfatemia.
Intestino – o PTH e a vitamina D estimulam as células mucosais do intestino a produzirem calmodulina e calbindina, que são proteínas transportadoras de cálcio. O cálcio se liga a estas proteínas para passar da luz do intestino para o sangue.
OBS: hipovitaminose D pode causar aumento do PTH, gerando osteopatias.
A vitamina D sozinha fixa o cálcio. Associada ao PTH promove descalcificação. A vitamina D2 é formada pelo metabolismo tecidual ou pela ingestão. E a D3 é ativada pelos raios solares.
Outro elemento importante é a calcitonina. Hormônio hipocalcemiante, produzido pelas células C (parafoliculares) na tireóide. Sua ação é praticamente no osso, inibindo os osteoclastos (impedindo sua ação desmineralizadora – inibe a osteólise osteoclástica – impede a formação do segundo mensageiro).
Outras Influências:
Glicocorticóides (cortisol) – hipocalcemiantes. Atuam no intestino, inibindo a absorção do cálcio, e no rim, inibindo a reabsorção do cálcio.
Estrógeno – auxilia a fixar o cálcio no osso.
Hormônio do crescimento (GH ou STH) – auxilia a fixar o cálcio (ativo positivamente).
Alimentação pobre em cálcio – hipocalcemia.
Trato gastrintestinal – a absorção é importantíssima (todo o funcionamento do processo digestivo). A falta de bile no intestino aumenta a gordura, e o cálcio associado a gordura forma sabão e sai nas fezes, não sendo absorvido.
pH – o meio ácido do estômago auxilia o processo digestivo, além de favorecer a liberação de cálcio iônico. O pH alcalino diminui o cálcio iônico (que é o ativo, que participa na contração muscular, transmissão de impulsos, etc.). Leva a espasmosmusculares, podendo chegar a tetania.
Excesso de fosfato na alimentação – altera a relação Ca:Pi e causa hipocalcemia. Forma fosfato de cálcio, que é uma molécula muito grande, não sendo absorvida.
O flúor é um excelente fixador de cálcio. O hormônio do timo também tem influência sobre a absorção do cálcio.
Períodos de reparação óssea
Quando o osso sofre uma fratura, segue-se uma série de acontecimentos para reparar essa fratura e consolidar o osso. Esse processo envolve mudanças no suprimento sangüíneo, afetando a proliferação e diferenciação celulares, assim como a reabsorção óssea.
Segundo Gosselin, o período de reparação óssea se dá em 04 fases. Estes períodos são:
Período inflamatório – (baseado nos sinais de Celsius) ocorre com o trauma ou fratura, levando ao desenvolvimento do processo inflamatório, que é composto por dor, edema, calor e rubor. Com o trauma, há a dilaceração dos tecidos moles adjacentes e de vasos sangüíneos. Com isso forma-se um coágulo no local da fratura, impedindo a circulação e levando a necrose do tecido circunvizinho. A interrupção do aporte sangüíneo dentro do sistema haversiano leva a morte dos osteócitos em cada lado da fratura. Esse processo inflamatório dura em média de 8 à 10 dias, ocorrendo modificação do tecido e liquefação do tecido mole (a inflamação só pode estar presente no tecido mole do osso).
Período de absorção – a dor é atenuada, pois ocorre absorção dos elementos líquidos e o processo inflamatório diminui. A acidez do processo inflamatório também vai diminuindo. Se nesse período de absorção houver mobilidade da fratura pode haver complicações (como a formação de pseudoartrose).
Formação do calo primitivo – o novo tecido (conjuntivo) em desenvolvimento no local da fratura origina a formação de um calo. Esse calo forma uma ponte entre os fragmentos. O calo é formado por duas partes: calo interno e calo externo. O interno desenvolve-se entre as extremidades opostas do osso (endósteo), e o externo circunda a superfície mais externa do osso fraturado (periósteo). Esse tecido conjuntivo é invadido por cálcio e começa a haver a calcificação. Neste período ocorre o estímulo de formação de tecido cartilaginoso. A cartilagem é um tecido temporário, que será substituído por tecido ósseo. Se a fratura se movimentar ou se não houver boa coaptação, o tecido cartilaginoso permanece, originando uma pseudo-artrose. Se fizer RX, do calo, nota-se que ele é radioluscente.
Período de formação do calo definitivo – o calo segue sendo invadido por cálcio, levando a sua mineralização. Esse calo é mais resistente que o próprio osso, pois possui maior depósito de cálcio. Dificilmente haverá nova fratura no local onde está o calo. Gradativamente o calo é remodelado pela reabsorção das trabéculas, na periferia, até que o contorno original do osso seja restaurado. 
Segundo LERICHE e POLICARD (cirurgiões americanos que provaram a teoria da formação do calo definitivo), a formação do calo se dá em três fases:
Fase 1: Calo conjuntivo – todos os elementos do foco se mobilizam para cura da fratura. A camada osteogênica (do periósteo) é a que tem maior influência na formação do calo conjuntivo. À medida que o tecido conjuntivo se multiplica, empurra o periósteo para fora. Este processo se chama virola externa. O mesmo acontece com o endóstio, que fica por dentro do periósteo, formando a virola interna. A ação de enzimas e do pH ácido faz com que o tecido se torne liquefeito. Entram em ação os elementos de destruição, que são os osteoclastos. O cálcio vai ficar em liberdade.
Fase 2: Calo primitivo – caracterizado pela neovascularização. O cálcio livre é atraído para o calo, levando a sua mineralização. Mutação cálcea – é a passagem do cálcio das extremidades do osso para o calo conjuntivo. Cada vez mais o calo vai sendo invadido por cálcio, ou seja, é a passagem da fratura para o calo primitivo.
Fase 3: Calo definitivo – ocorre em torno de 25º dia, dependendo da raça, pelagem, alimentação do animal e do tipo de osso.
Erro clínico comum: Em tecido ósseo, é muito importante a presença de cálcio ionizado para a regeneração de fraturas, pois é quem promove a mineralização do calo e consolidação do osso. Mas administrar cálcio para casos de fratura não adianta, pois segundo histologistas o cálcio utilizado para formação de calo primitivo é retirado do próprio osso fraturado.
Traumatismos
É um assunto muito variado e em alguns casos até discutido com relação à conduta do tratamento.
Conceito: O traumatismo em si representa lesão tecidual, lesão orgânica. 
É o conjunto de lesões produzidas por um agente mormoso (vulnerante) que atinge os tecidos. Em outras palavras, traumatismo nada mais é que um conjunto de alterações no tecido produzidas por um agente vulnerante.
Esse conjunto de lesões que atinge tanto tecidos quanto órgãos pode ter apenas sinais locais (geralmente lesões localizadas) ou estar associado a sinais e sintomas gerais.
Então observa-se na prática que existem traumatismos que não apresentam nenhuma sintomatologia de ordem geral, já outros até menos graves que podem levar a sintomas de ordem somática.
Os traumas são produzidos de diversas maneiras e nunca são iguais, seja em sua forma, localização ou tipo de tecido, e envolve uma gama de diferentes patógenos que levam a alterações diversas.
Etiologia:
Mecânicos: Coices, mordidas, atropelamentos, pancadas, quedas. São as causas mais comuns, além de geralmente serem os que causam mais danos ao tecido.
Físicos: Calor (queimaduras), Frio (geladura – pode ser mais ou menos intensa: uma pedra de gelo refrigera o tecido, mas se a refrigeração for muito intensa pode congelar), Eletricidade (alterando a composição físico-química do tecido ou queimando), radiação (animais expostos ao sol estão sujeitos a entermação ou a ensolação).
Obs: O bisturi elétrico abre os tecidos não por queimadura, mas por coagulação do protoplasma celular.
Obs: O gelo seco promove lesão tecidual maior que o gelo úmido no mesmo espaço de tempo.
Obs: Quando há hipertermia por exposição direta ao sol (exposição demorada e severa a radiação solar), chama-se ensolação. Entermação é quando recebemos esse calor de forma indireta (ex: telhado de zinco e de amianto que deixa passar muito calor).
Químicos: Ácidos (principalmente os fortes, como ácido clorídrico, ácido sulfúrico) e sabões (são capazes de produzir trauma com determinado tempo em contato com o tecido).
Biológicos:
Animal: Venenos, peçonhas (escorpião, cobra, abelhas, etc).
Vegetal: Urtigas, “gaiolinha”.
Microorganismos: Bactérias, fungos e vírus.
Patogenia: Geralmente a causa é mecânica, que é a que causa também maior dano ao tecido.
Quando determinado agente mecânico age sobre o tecido e esse tecido é lesionado, não quer dizer que o tecido seja menos resistente do que a ação do agente traumatizante. Ou seja, nem sempre o dano causado ao tecido está relacionado com a fragilidade do mesmo.
A patogenia envolve o tipo do agente agressor, a sua forma, a velocidade com que ele atinge o tecido, o tecido em que age, se ele é capaz de inocular algum veneno e a direção como ele atinge o tecido, o que é muito importante.
Esses elementos, uns mais intensos, outros menos intensos provocam trauma no tecido, e esse tecido procura se defender basicamente de duas formas: por sua elasticidade e sua mobilidade.
Há regiões no soma (o que se observa muito melhor nos grandes animais) em que a pele tem a espessura diferente de outras, como por exemplo, a pele do dorso é bem mais espessa do que no abdome, na face interna coxa ou na face interna do braço. Então quanto mais espessa a pele e mais mobilidade ela tiver, mais ela resiste ao trauma.
Obs: Dentre as espécies estudadas, a espécie que mais se defende de traumas é a espécie bovina, devido à espessura e a mobilidade da pele.
Quando determinado agente incide sobre a pele ou a mucosa (que são os tecidos de revestimento), eles podem agir por 4 mecanismos, causando lesão:Por pressão: Se há um grupamento celular e determinada força comprime essas células, quando essa força ultrapassar a capacidade de resistência do tecido haverá compressão, o que levará a ruptura tecidual, formando então o foco traumático. Nesse caso o agente traumático incide de forma transversal à superfície.
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Por Tração: Quando um grupamento celular é atingido por um agente mecânico que tem a tendência de afastar as células (distender o tecido) e quando essa distenção ultrapassa a capacidade de elasticidade da pele acaba rompendo, formando mais uma vez o foco traumático.
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Por Deslizamento Lateral: Há casos em que o grupamento celular sofre a ação de mais de uma força na mesma direção e em sentido contrário, levando a deslizamento celular, que quando ultrapassar a capacidade de elasticidade do tecido causará ruptura, lesão.
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A pressão leva ao afastamento das células além da capacidade de elasticidade do tecido e ele se rompe.
Mista: Na maioria das vezes o tecido sofre ação de mais de uma força (pressão, tração, deslocamento lateral). Ex. Se determinado agente age de maneira transversal e outro de maneira perpendicular, haverá deslizamento e suspensão da pele, então agiu a pressão, agiu a tração e o deslizamento lateral.
Obs: Projéteis por arma de fogo além da velocidade, ainda saem da arma incandescentes, então haverá um foco traumático por pressão (pela velocidade) e a medida que penetra vai queimando também (o que causará uma modificação físico-química da célula). 
Com relação ao foco traumático (lesão): Nem todos os traumas apresentam a seqüência citada abaixo, mas os focos traumáticos mais sofridos, mais intensos, mais alterados, possuem no centro o ponto em que a ação mecânica agiu com mais intensidade, chamado de região mortificada, em que o tecido não agüenta o trauma e morre. Existe uma região intermediária em que não está mortificada, mas está totalmente alterada, chamada de zona intermediária ou isquemiada e uma região mais externa (ou mais periférica) chamada zona irritada ou inflamada (recebeu um trauma menos intenso, mas é capaz de provocar um processo inflamatório) e é a partir dessa zona que se dá o processo de cicatrização. As três zonas juntas formam o foco traumático.
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Os traumas ou as lesões produzidas no tecido levam a duas formas:
Contusão: Trauma fechado. Traumatismo em que o agente agressor não consegue abrir o tecido, em que não se observa solução de continuidade na pele ou na mucosa, existe o foco traumático, mas a pele na sua estrutura está íntegra.
Ferida: Traumatismo aberto. Quando o agente é capaz de abrir o tecido, havendo perda de solução de continuidade.
Tipos de Contusão mais freqüentes:
Equimose
Infiltração de sangue no tecido. Típico de hemorragia capilar, puntiforme. Ocorre em tecidos muito capilarizados. O tecido é agredido em uma região em que o fluxo capilar é muito grande (alguns se rompem com o trauma). Observamos na superfície vários pontos avermelhados, cada ponto correspondendo a um capilar rompido (ex: chupão).
Patogenia: A cor da equimose tem uma importância muito grande para o diagnóstico, para o tratamento e também para a medicina legal (o perito se baseia na cor da equimose para saber se a lesão é recente ou não). Se a equimose é vermelha ou vermelho-vinhosa é porque ela é recente, pois o sangue ainda está vivo. Mas a medida em que o sangue fora do vaso vai se decompondo, se oxidando, a coloração vermelha (pela transformação da hemoglobina em hemossiderina e hematoidina) vai ficando mais escura (azulada), e com o passar do tempo esse azulado vai clareando, vai se tornando mais esverdeado e depois amarelando até desaparecer em torno de 20 a 22 dias. Costuma desaparecer sem nenhum tratamento.
Sintoma: Existem equimoses que doem, outras não (totalmente assintomática), umas apresentam coloração mais intensa outras menos intensas. Mas sempre que existe equimose, existe um processo inflamatório e nada impede que esse sangue extravasado seja contaminado de maneira endógena (via sanguínea ou linfática) e quando isso acontece haverá infecção e a partir daí a infecção puntiforme, a infecção múltipla e até abscessos, lembrando que todo sangue fora dos vasos passa a ser um excelente meio de cultura, se contaminando facilmente.
Haverá também edema localizado (com infecção ou não).
No fundo são poucos sintomas apresentados nas equimoses, a não ser aquelas muito grandes e múltiplas.
Diagnóstico: Às vezes a equimose é produzida e ninguém toma conhecimento, pois o pêlo se encarrega de esconder.
Anamnese.
Exame local – observar a coloração da equimose para detectar o tempo de desenvolvimento.
Prognóstico: Benigno (pode se tornar preocupante se houver contaminação).
Tratamento: Várias equimoses curam sem nenhum tratamento, e outras necessitam de intervenção.
No início: Quando sabemos que foi produzida recentemente é bom aplicar refrigeração, pois resfriando o tecido haverá vasoconstricção impedindo que a equimose aumente ou se agrave.
A partir de 12-24 horas a refrigeração não vai produzir tanta ação na recuperação.
Obs: Jamais deve-se refrigerar quando houver infecção, se houver foco infeccioso e baixar a temperatura do foco facilitará a multiplicação bacteriana, agravando a infecção.
A partir de 24-48h: Compressa morna, para produzir vasodilatação, conseqüentemente maior oferta de sangue facilitando a cicatrização (facilitando a multiplicação das células).
Aplicação de um hemostático local: Se for necessário, uma vez que tendo derrame capilar, e não sendo possível ligar os vasos. Deve ser feita quando a equimose for muito grande ou múltipla.
Analgésicos: Em casos de equimoses doloridas.
Hematoma
Coleção de sangue em uma cavidade neoformada (cavidade que não existia e passou a existir depois do trauma – há deslocamento de tecido). Quando o trauma forma essa cavidade, vários vasos se rompem, e como o sangue não tem como sair, acaba se acumulando.
Patogenia: Há descolamento do tecido formando a cavidade, o sangue extravasado não só de capilares, mas geralmente de vasos mais calibrosos. Quando é ruptura de artéria mais calibrosa, o hematoma se forma com mais rapidez. Quanto maior o(s) vaso(s) envolvido(s) maior o extravasamento de sangue, mais rápido se forma o hematoma. Então observa-se a cavidade formada pelo trauma e no seu interior o sangue derramado, aprisionado.
Quando recente, e com a cavidade totalmente cheia de sangue, ao toque observa-se uma certa resistência na pele (parece uma bolha). Quando o sangue ainda não preencheu toda cavidade, ao se tocar sente-se uma flutuação que aos poucos vai desaparecendo, pois o sangue fora do vaso (corpo estranho) começa a sofrer hemólise, com a hemólise é liberado fibrinogênio e fibrina, e essa fibrina vai formando uma rede que vai sendo preenchida por células conjuntivas neoformadas e assim começa o processo de cicatrização. Então ao toque se mostra mais duro, mais resistente. Outras vezes essa invasão de tecido conjuntivo não é tão grande (e mais uma vez entra a resistência do paciente, local ou geral, sendo que essa resistência não é tão observada no hematoma) então acaba o fibrinogênio, acaba a fibrina e o sangue vai se transformando de Solução, para Gel (gelatinoso) e novamente para Solução (líquido).
Todas as vezes que ao tocar o hematoma ele estiver quente é sinal que é recente, porém, ao tocar um hematoma frio (com ou sem as características vistas antes) é sinal de que ele está a muito tempo ali (antigo).
Mais grave do que na equimose, esse sangue fora do vaso é um meio de cultura excelente e se for contaminado irá formar um abscesso. Todo o sangue será digerido pelas bactérias e haverá formação de pus (supuração).
Diagnóstico: Anamnese, sintomas (pra saber se é recente ou não), em alguns casos o laboratório ajuda em outros não colabora muito, pois depende do volume (tamanho) do hematoma, da localização. Quando é um hematoma grande, com muita perda de sangue, o hematócrito pode indicar alguma alteraçãona volemia.
Prognóstico: Leve, desde que não esteja contaminado (não seja um abscesso).
Tratamento:
Drenagem cirúrgica retirando todo o sangue (feita no ponto mais baixo considerando o animal em pé), existem hematomas que drenando cicatrizam rápido.
Drenado o sangue, quando o hematoma já tem alguma idade, observa-se grumos (pelotas) de sangue coagulado, que também devem ser retirados.
Limpeza da cavidade e bandagem, para manter a pele colada ao tecido subjacente (anulando a cavidade).
Pontos separados, se necessário.
Bandagem com intuito de manter a pele colada ao tecido subjacente, portanto neutralizando aquela cavidade, o que facilita mais a cicatrização.
Obs: Otohematoma – ocorre muito nos cães quase sempre por origem mecânica (coçar a orelha - otite, esfregar na parede ou no chão), como na orelha do cão não existe praticamente tecido subcutâneo, a pele começa a descolar, produzindo hemorragia, aumentando a pressão e acumulando o sangue. Então se observa na parte interna da orelha do cão uma bola (o hematoma), as vezes pequena, as vezes média e as vezes toma todo o pavilhão, podendo ser bilateral.
Não adianta puncionar o otohematoma, pois há recidiva de imediato, porque onde penetra a agulha pra Drenar, a pele cicatriza rápido, mas o hematoma continua derramando sangue, então é necessário fazer a incisão. Existem casos em que se faz apenas 1 incisão (e também há recidiva com facilidade) ou se faz duas incisões em elipse, ou se faz duas incisões em elipse e retira-se o retalho.
A incisão não deve ser suturada, mas a cavidade sim. Devem ser feitos pontos separados (simples ou em U), tomando cuidado para a agulha não ultrapassar a cartilagem e pegar a pele externa do pavilhão, pois isso pode levar a fístula. Então deve-se pegar apenas a pele e a cartilagem com o objetivo de aproximaá-los, controlando a profundidade.
Não apertar muito os pontos, pois pode enrugar o tecido e deformar a orelha.
Existem hematomas que se rompem espontaneamente e deixam drenar, outros o tecido liquefeito de sangue é substituído por tecido conjuntivo e cicatriza sozinho.
Derrame Seroso (linforragia)
Nesse caso a hemorragia não é tão grande quanto a do hematoma, porém ser for em uma região rica em vasos linfáticos, esses vasos linfáticos rompidos vão derramar na cavidade (linforragia).
A linfa derramada não coagula, portanto ao se fazer o toque sempre haverá flutuação e quase sempre não chega a preencher toda a cavidade neoformada (como acontece no hematoma), pois o vaso linfático não tem tanta pressão como os vasos sanguíneos, e a linfa é mais espessa que o sangue, além de não ter a capacidade de coagular.
Quando drenado no tratamento, se observa o líquido claro e as vezes pálido correspondente à linfa, outras vezes claro ou pálido e rosado, que é a mistura de linfa com sangue.
O diagnóstico é clínico: flutuação, pouco preenchimento da cavidade, não aquece tanto a superfície quanto o hematoma (coloração clara).
O prognóstico é bom (se não houver infecção não traz muita dificuldade).
O tratamento é exatamente igual ao hematoma: drenagem e bandagem de contenção do que foi descolado do tecido.
Ferida
Etiologia: pode ter várias causas, mas a mais comum é a mecânica.
Patogenia: dependerá do agente e do local.
Classificação:
Simples ou única.
Múltipla.
Superficial.
Profunda.
Contaminada: quando a ferida foi produzida no momento, mas ainda não foi infectada.
Infectada: Para que seja considerada contaminada a ponto de produzir pus, é necessário determinado tempo até que as bactérias se multipliquem e cresçam.
Obs: Baseado nesses conceitos um cirurgião alemão chamado Friedrich, fez uma pesquisa em que observou que as feridas produzidas recentemente (com menos de 6 horas) devem ser consideradas e tratadas como ferida contaminada. A partir desse período, já houve tempo suficiente para as bactérias multiplicarem e crescerem, sendo considerada infecção.
Abrasiva (arranhão): abrasão quer dizer sensação de calor, as vezes é mais ardência que calor, é uma ferida em que o agente foi apenas capaz de lesar e abrir o epitélio.
Incisiva: O agente produz um corte, essa ferida é produzida por um instrumento cortante (bisturí, etc).
Ferida incisiva (ou incisa) Linear: Se o agente cortante fizer um corte reto. Normalmente é feita com o bisturí.
Ferida em retalho ou ponte: Se o bisturí agir de forma oblíqua na pele irá levantar um retalho. O instrumento cortante tangencia a superfície da pele.
Pediculada ou pedunculada: Outras vezes esse instrumento cortante vai mais profundo, e esse retalho fica preso apenas por pedículo ou pedúnculo.
Em 3 dimensões: Aquelas que dependendo da velocidade, da direção e do tecido atingido chega a soltar o retalho, destruindo o tecido. É chamado de ferida em 3 dimensões, pois tem largura, comprimento e profundidade. Todo tecido agredido nessas condições irá perder um segmento.
Ferida Contusa: É produzida por instrumentos rombos, portanto, a partir de uma contusão leva a ferida. Quanto mais superficial estiver a eminência óssea do animal, mais facilmente se dará a ferida contusa (ex: supercílio do boxeador).
Borda lisa: o nome já diz (ex: incisão com bisturí).
Borda anfractuosa ou irregular: borda totalmente irregular.
Perfurante: o agente traumático penetra no tecido, portanto perfura o tecido.
Penetrante: aquela que atinge uma cavidade natural (ex: Se passar um trocater no rumem de um bovino, é feito inicialmente uma ferida perfurante, que vai ser transformada em penetrante, pois vai atingir uma cavidade natural).
Dilacerante ou por arrancamento: Acontece muito nos atropelamentos, em que o animal perde um pedaço do corpo.
Ferida por arma de fogo.
Sintomas das Feridas:
Locais: São 3: Dor, hemorragia e afastamento das bordas da ferida (se a ferida estiver infectada irá ter pus também).
O afastamento das bordas da ferida dependerá muito da direção que tomou a incisão, podendo estar mais ou menos aberto.
Na pele existem as fibras colágenas (fibras de Langer) que são responsáveis pela elasticidade. Se na região atingida, a ferida estiver na mesma direção das fibras, ou seja, no sentido longitudinal, a ferida irá abrir pouco, porém se a ferida estiver no sentido transversal às fibras o afastamento será grande porque quando se secciona transversalmente as fibras a tendência é retrair (toda fibra muscular, mesmo em repouso, tem tônus muscular). Por esse motivo se a ferida for no sentido longitudinal às fibras ela tende a aproximar as bordas ou afastar pouco.
O cirurgião plástico se orienta pela direção destas fibras.
Para saber a direção das fibras de uma região devemos nos orientar na direção dos pêlos.
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Gerais: dependem do tipo de ferida: Anemia, hipovolemia, hipotermia, queda na pressão arterial, palidez de mucosa. Se houver infecção local, provavelmente irá ter apatia.
Diagnóstico: Fácil de fazer pela visualização (exame clínico), a menos que essa ferida seja interna (como por exemplo, causado por corpo estranho – anzol, gillete, agulha, etc. – produzindo ferida no esôfago ou outro órgão cavitário), contando então com laboratório, Rx, Us, etc.
Prognóstico: Se a ferida for simples o prognóstico é bom (leve). Varia conforme a gravidade da ferida de leve a grave, pode ser reservado. O êxito do tratamento depende da precocidade do atendimento.
Tratamento: O tratamento básico é local, a não ser que haja alguma complicação. Depende das características da ferida.
Local:
Quando dentro das 6 horas (período de contaminação) suturar a ferida ou fazer curativo, após limpá-la com soro fisiológico (geralmente feridas por acidente tem poeira, terra, pêlos). Não usar anti-sépticos fortes (são cáusticos), pois atrapalham a cicatrização. Existem feridas em que a indicação é não suturar totalmente (feridas infectadas), pois se fechar, vai cicatrizar rápido e o germe embaixo irá crescer e provocar um abscesso. Em outros casos além da sutura parcial, há necessidade da colocação de um dreno.
Diminuir a dor local.
Se em superfície,de preferência suturar com pontos separados.
Se a ferida for anfractuosa é necessário tirar as bordas irregulares (incisão em elipse nas laterais).
Se tiver necrose retirar o tecido necrosado com o bisturi ou com a tesoura, pois sabemos que ele dificulta a cicatrização. Quanto mais viva a ferida mais fácil de cicatrizar.
Se houver pus escuro na ferida (lembrando gangrena), o tratamento será diferente, procurando se necessário fazer a amputação.
Em hemorragia profusa: transfusão de sangue.
Geral: Conforme os sintomas apresentados.
Combate à febre.
Transfusão de sangue.
Hidratação.
Desintoxicante.
Antibiótico sistêmico.
Analgésico.
Repelentes.
Obs: Existem também as feridas por arma de fogo, em que no tecido mole o projétil penetra facilmente, porém se esse projétil encontrar uma resistência (osso) muda de direção, então é importante o Rx para os casos de projéteis, que quase sempre são radiopacos.
Obs: Nas explosões as vezes os estilhaços provocam ferimentos muito mais graves que a própria explosão.
Considerando-se a patogenia de uma explosão observamos 3 zonas de atuação: são 3 cones, o cone central é chamado de cone de propulsão, tudo que estiver dentro desse cone é projetado, o cone em volta desse chamado zona ou cone de sucção, o que tiver dentro desse cone é sugado para a terra e a terceira área é chamada de área de vibração, que muitas vezes causa maior dano que as outras áreas, pois o ar é deslocado em alta velocidade bruscamente, o que projeta a distância o que estiver nessa área.
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Fraturas
É a patologia mais comum no dia-a-dia de uma clínica. São lesões que ocorrem em osso e cartilagem devido a traumas nos mesmos.
Conceito
É a solução de continuidade completa ou incompleta de um osso ou cartilagem. Se o trauma for suficiente para romper o osso, irá lesar todo o tecido mole adjacente (nervos, vasos e músculos). A fratura deve ser estudada de forma ampla. Devem-se ter noções de anatomia, fisiologia e biomecânica.
Classificações
Quanto à estabilidade:
Estável: quando a fratura está coaptada e não se movimenta. Ou porque foi incompleta ou porque o tecido adjacente está estabilizando (geralmente a musculatura a mantém estável, segura).
Instável: quando está em movimento, não coaptada.
Quanto à comunicação com o meio externo:
Aberta: também chamada de exposta. É a que está em contato com o meio externo (a solução de continuidade está em contato com a pele). Pode ser de fora para dentro (chifrada, tiro) ou de dentro para fora (o osso rompe a pele se expondo).
Fechada: quando não tem solução de continuidade da pele.
Quanto à lesão em tecido mole:
Tipo 1: leve lesão no tecido mole.
Tipo 2: média lesão em tecido mole adjacente.
Tipo 3: grave lesão em tecido mole.
Quanto à extensão da lesão:
Completa: atinge toda extensão do osso.
Incompleta: é uma fissura.
Quanto à linha de fratura:
Transversa		
Oblíqua
Espiral
Múltipla ou Segmentar – possui várias linhas de fratura (segmentos).
Cominutiva.
Quanto a classificação α numérica:
Esta classificação é uma forma de organizar as fraturas, dando-se um número para os ossos e com outra numeração indica-se o local no osso (epífise ou metáfise), e com uma letra indica-se a gravidade da fratura. Por fim indica-se a complexidade. Cada osso tem um número, de acordo com uma tabela. Esta tabela é usada para classificação das fraturas. Ex:
(1) II A 1 	→	descreve e classifica na radiografia a fratura
(1) (corresponde ao osso); II (corresponde em que parte do osso);
A (gravidade); 1 (complexidade).
Fraturas Patológicas:
Acontecem por forças intrínsecas, decorrentes de movimentos cotidianos, devido o paciente já ter uma patologia prévia, como por exemplo: osteosarcoma, osteoporose, etc.
Fraturas por fadiga ou stress:
“Fratura dos atletas” – animais que praticam exercícios rotineiros.
Fratura em galho verde:
É uma fratura que acontece em animais jovens, pois os ossos jovens têm mais água do que minerais (maior predominância de tecido orgânico do que inorgânico no osso). O osso deforma (enverga), mas não chega a quebrar.
Etiologia
Quedas, pancadas, atropelamentos, brigas.
Patogenia
Um agente, uma pressão, uma ou várias forças que irão agir diretamente sobre o osso, excedendo sua capacidade de absorção de energia causando um rompimento estrutural (no osso).
Forças que podem agir sobre os ossos
Forças intrínsecas: aquelas do próprio animal, como o peso, movimentos dos músculos, tendões, ligamentos.
Forças extrínsecas: variadas forças e variadas intensidades de forças.
Felizmente o osso não sofre deformação elástica, com isso, pode-se coaptar o osso para colocá-lo no lugar. Dependendo do tipo de fratura, consegue-se descobrir a força que foi exercida ali e com isso imaginar o trauma.
São 5 forças que podem agir sobre o osso (tanto intrínsecas quanto extrínsecas):
*Forças axiais: acontecem em relação ao eixo longitudinal do osso. Podem ser de compressão ou tensão (peso, contração muscular).
*Força de cisalhamento ou transversal – força dos ligamentos.
*Força de flexão ou encurvamento
*Força de torção ou rotação
A força de compressão age no eixo longitudinal do osso, no mesmo plano, uma força em direção a outra. Essa força pode causar uma linha de fratura transversal ou uma linha levemente oblíqua (geralmente é, pois o osso não é totalmente uniforme e a força não age exatamente no meio), no ponto de maior pressão.
Força de tensão são duas forças agindo no eixo longitudinal do osso, que se afasta (em direções opostas), causando uma fratura transversal, por exemplo: arrancamento por puxão.
Força de cisalhamento são forças transversais ao osso em planos opostos (um parado e outro se deslocando) neste caso ocorre um tipo de fratura transversal ou levemente oblíqua.
Força de flexão pode ser, crânio-caudal ou médio-lateral. Haverá uma força de compressão do lado côncavo e uma força de tensão do lado convexo. O osso é mais sensível à tensão do que a compressão. O osso irá romper do lado convexo (onde tem tensão), pois ele fica mais frágil nesse ponto. A fratura pode ser transversal ou oblíqua.
Força de rotação ou torção causará fratura em espiral. É mais difícil de ser corrigida que as outras.
Algumas vezes pode ocorrer de várias dessas forças agirem em conjunto, gerando uma fratura cominutiva.
Sinais Clínicos
Dor ou sensibilidade local.
Edema.
Ferida ou não, (se tiver ferida pode ter hemorragia, se não tiver pode ter hematoma ou deformidade do membro podendo fazer até angulação).
Crepitação óssea (diferencia da entorse: é o sinal clássico).
Claudicação ou então o animal nem consegue apoiar o membro.
Tratamento
Consiste em restabelecimento da dureza do osso e sua estabilização. Existem 2 interfaces importantes para o tratamento:
Dureza e resistência do material usado.
Distância do material ao osso.
Fatores que irão influenciar na escolha do tratamento:
Tipo de fratura.
Localização da fratura.
Peso do animal.
Quantidade de fraturas.
Comportamento animal.
Tamanho do animal.
Contenção do animal para recuperação.
Experiência do cirurgião.
Local para recuperação.
Custo do tratamento.
Aparelho gessado cilíndrico completo:	
Impede a flexão.
Não é muito usado pois sai, os animais roem, urinam, pisam em locais molhados.
Não impede a rotação, a torção, a compressão, a tensão, o cisalhamento – porque a interface entre o gesso e o osso do tecido mole é muito grande; colocar o gesso de forma a incluir a articulação proximal e a articulação distal respeitando as inervações, para não ocorrer necrose do nervo.
Fixação com pino intra medular (processo cirúrgico):
Impede a flexão.
Não impede a pressão, a rotação e a tensão. Pode ou não impedir o cisalhamento (só impede se o pino for grosso) – a interface entre o osso e o material é menor, por isso é mais eficiente que o gesso.
Placas ósseas: As placas estabilizam todasas forças. Elas são fixadas ao osso pelo parafuso
Fixação esquelética externa: São colocados fixos ao osso, mas com uma barra externa. Pode ser de um lado só ou dos dois lados (pluriplanar ou biplanar). Impede todas as forças. Pode ser um método único ou auxiliar, com pino intramedular.
Fixação auxiliar: São métodos que auxiliam a fixação principal, como por exemplo: cerclagem com fio de aço (quantas forem necessário para coaptar fragmentos ósseos à fratura), parafusos. 
Fraturas abertas ou expostas
Fazer a avaliação completa dos outros sistemas
Proceder cirurgicamente (assepsia, antissepsia, material estéril, anestesia, debridamento cirúrgico retirando pele necrosada, resto de tecido muscular, fragmentos ósseos, preservando sempre a vascularização e a inervação).
Administrar antibioticoterapia para prevenir a osteomilite (uso tópico e sistêmico)
Lavagens em jatos para remover sujidades.
Faz-se a fixação da fratura e depois sutura a ferida.
Não se deve suturar se houver corpo estranho, se estiver contaminado ou com tecido necrosado.
Pode-se estabilizar a fratura só para evitar a dor. Depois que a ferida cicatrizar coloca-se os aparelhos de fixação externa.
Entorse e Luxação
Os ossos são elementos passivos que obedecem à ação muscular. Para que haja movimento, além da ação muscular, é necessário a presença de articulações e ligamentos entre os ossos.
Anatomia das Articulações
Articulação, junta ou juntura são sinônimos. Para que a articulação se mantenha firme, é necessário que haja cápsula e ligamentos que mantenham sua integridade. As articulações são compostas por:
Ligamentos superficiais ou periféricos.
Ligamentos inter-ósseos – existem ossos que possuem mais de uma extremidade, e elas se ligam por ligamentos inter-ósseos.
Extremidades ósseas.
Cápsula articular (mantém os ossos unidos).
Cápsula sinovial (cuja face interna está voltada para a cavidade articular, está por dentro da cápsula articular). Dentro da cápsula está o líquido sinovial ou sinovia, quando há falta ou diminuição de sinovia, ocorre degeneração das superfícies ósseas. O líquido sinovial é um líquido albuminóide que faz a proteção da superfície dos ossos (superfícies articulares).
Cartilagem articular – fica junto as extremidades dos ossos. Não é preenchida por capilares e se for invadida por eles, morre.
Em articulações que se encaixam perfeitamente (uma superfície côncava e outra convexa) as torções são mais raras. Já quando uma é côncava e a outra plana, ou as duas são côncavas, os entorses são mais comuns. O joelho possui as duas superfícies côncavas. Para evitar que ocorra o entorse, há o menisco.
Além disso, a inserção dos tendões ajuda a fixar as articulações.
Classificação: Existem 3 tipos básicos de articulação:
Imóveis – mesmo sendo chamada assim, há algum tipo de movimento. São as sinartroses.
Semi-móveis – anfiartroses.
Móveis – diartroses.
Sinartroses: Articulações imóveis. São mais difíceis de sofrer luxação ou entorse. A maioria está localizada no crânio e na face. Os ossos do crânio possuem as bordas serrilhadas ou escamosas, se encaixando um no outro. Seus tipos são:
Sinsarcose: Tipo de sinartrose onde a articulação fica presa por músculos. Ex: ossos do crânio.
Sínfise: Os ossos são unidos por tecido conjuntivo fibroso. Ex: púbis, mentoniano (queixo).
Sincondrose: Os ossos se unem por cartilagem. Ex: têmporo-mandibular.
Gonfose: Observada na implantação dos dentes nos alvéolos do maxilar (inferior e superior).
Anfiartroses: Articulações semi-móveis, como por exemplo as articulações entre as vértebras. Há movimento, mas é muito limitado. Entre elas há o disco inter-vertebral para auxiliar a proteção.
Diartroses: A maioria das articulações. Articulações móveis são articulações que apresentam grande movimento (joelho, articulação escapulo-umeral), estando mais sujeitas a entorses e luxações.
As articulações fazem movimentos de adução(aproximação do corpo), abdução (afastar do corpo), flexão, extensão e ainda circundução (girar – mais raro em animais). Também há os movimentos mistos (há articulações que fazem vários tipos de movimentos).
Entorse
Perda de contato entre as superfícies articulares de forma brusca, rápida, porém temporária. Também chamada de torção ou torcedura.
Etiologia da Entorse
O trauma, direto ou indireto, é o agente causador mais comum. Direto é quando o trauma ocorre na própria articulação e indireto quando ocorre em outro lugar, afastado da articulação, porém causando danos à ela.
Ocorre em animais que vivem ou trabalham em terrenos acidentados, animais debilitados, que são forçados a carregar excesso de peso, animais com ferraduras colocadas de forma errada, animais com deficiência muscular, tendinite, miosite, osteomalácia, osteoporose e animais desproteinizados (leva a fraqueza na articulação).
Patogenia da Entorse (trauma):
Pressão: Facilita a entorse e pode chegar a luxação, quando esta força de pressão ultrapassa a capacidade de movimento da articulação (resistência), rompendo-a. A força de pressão age pressionando a articulação para dentro.
Força de tração: Quando ultrapassa também a capacidade de movimento de uma articulação. Age em sentido contrário à força de pressão, tracionando a articulação para fora.
Torção: Quando determinada articulação é forçada a torcer sobre seu próprio eixo.
Deslocamento lateral: Deslizamento lateral por pressão e tração (uma superfície articular desliza sobre a outra).
Misto: É o mais comum, pois as forças ocorrem sempre associadas umas às outras, dificilmente agem isoladamente.
Quando ocorrer o afastamento da articulação, mas depois voltar à posição normal é entorse, se não voltar é luxação.
A Entorse pode acontecer com ou sem ruptura ligamentar e com ou sem ruptura da cápsula, depende da intensidade da força.
Se romper ligamentos piora o quadro, mas não significa que é luxação, pois podem não romper a cápsula nem outros ligamentos e a articulação voltar ao lugar.
Pode haver fratura óssea por arrancamento na entorse ou na luxação: o deslocamento não rompe ligamentos, mas arranca parte da superfície óssea.
Cavalos atletas são muito sujeitos a entorses e luxações: cavalos de corrida (ocorre mais nos membros do lado interno em que fazem a curva), cavalos de salto (membros anteriores).
Sintomas da Entorse:
Dor intensa, viva, aguda e imediata, pois a cápsula sinovial é muito inervada, e rompendo a cápsula rompem-se os filetes nervosos.
Edema.
Tumefação (a região fica endurecida), algumas vezes acompanhada de equimose (derrame de sangue), hematoma (rompem-se os vasos mais calibrosos e o sangue se acumula na cavidade sinovial).
Claudicação (devido à dor e ao edema). A angulação fica prejudicada, além de a dor levar a defesa do membro.
Apatia e anorexia (que ocorre pela dor, que é muito viva).
Diagnóstico da entorse: A anamnese é de extrema importância. Quando bem conduzida pode fechar o diagnóstico. Deve-se também fazer o exame clínico, Raios-X e Ultra-som (o raio-x é mais conclusivo, mas em casos de entorse as vezes nem mesmo o raio-x é eficaz).
Prognóstico da entorse: Geralmente é benigno. Alguns casos se curam espontaneamente.
As entorses mais leves não levam mais do que uma semana para cicatrizar. A cicatrização se dá conforme o grau de entorse, a articulação afetada e o estado clínico do paciente.
Tratamento da Entorse:
Tratamento incruento:
Se recente (imediato), ducha fria (pode ser gelo) para induzir à vasoconstrição, que diminui o edema, a compressão dos tecidos e a dor.
Se é tardio, o melhor é a compressa morna, para promover vasodilatação e aumentar o aporte sanguíneo, facilitando a cicatrização.
Analgésico – a analgesia não deve ser muito severa, pois se o animal não estiver sentindo dor não irá se defender, tendendo a querer se movimentar. Mas se estiver sentindo alguma dor irá procurar repouso.
Antiinflamatório.
Imobilização da articulação: Fundamental. Feitacom bandagens. Faz com que a dor decline rápido, pois diminui o edema e tumefação. Quanto mais precoce a imobilização, mais rápida a melhora.
Tratamento cruento: Indicado quando há ruptura ligamentar, de tendão ou de cápsula, ou para entorse recidivante.
Promove-se a via de acesso.
Sindesmorrafia (sutura de ligamento): os melhores fios são os inabsorvíveis e sem capilaridade (de seda ou de linho).
Tenorrafia (sutura de tendão): os melhores fios também são de seda e de linho, pois o tendão tem pouca irrigação e pouca inervação.
Capsulorrafia (sutura de cápsula): o melhor fio é o cat-gut, pois a cápsula é altamente irrigada, tendo cicatrização rápida.
Fecha-se a via de acesso.
Imobiliza-se (aparelho duro, como o gesso).
Obs: Não se deve usar algodão em sutura de articulação, pois absorve muito líquido.
Mesmo com o tratamento cruento, proceder o clínico, principalmente a imobilização.
Luxação
É a perda de contato entre duas ou mais superfícies articulares de forma permanente, até ser tratada e reduzida.
Etiologia da luxação: Praticamente a mesma da entorse (terrenos acidentados, músculos fracos, tendões fracos, traumas diretos ou indiretos).
Patogenia da luxação: Diretamente ligada a ação de forças (pressão, tração, deslocamento lateral e torção) levando a desarticulação. Há casos em que apenas com anestesia e miorrelaxamento se resolve o problema, e outros em que apenas com intervenção cirúrgica.
Classificação da luxação
Traumática ou por ação muscular (cavalos de salto, de corrida).
Subluxação ou luxação incompleta: quando a perda de contato entre as superfícies é parcial.
Luxação propriamente dita ou completa: quando a perda de contato é total.
Fechada (pele íntegra) ou aberta (exposta: há lesão da pele com solução de continuidade).
Espontânea (quase sempre recidiva) ou provocada.
Direta (o agente age na articulação) ou indireta (o agente age distante da articulação).
Redutível (reduzimos manualmente) ou irredutível (só com cirurgia).
Congênita (ocorre no útero – coice, parto distócico) e adquirida (quando ocorre depois do nascimento).
Recidivante: que volta com facilidade.
Obs: Não usar ocitócitos se não tiver absoluta certeza de abertura suficiente de cérvix, pois irá causar aumento das contrações uterinas para expulsar o feto, podendo causar luxações, fraturas e até matá-lo.
Sintomas da luxação
Dor aguda, muito forte – originária da cápsula sinovial.
Impotência funcional – pois o osso está fora do lugar.
Deformidade da região – vê-se a olho nú.
Derrame sinovial – porque a cápsula foi rompida quando o osso saiu do lugar. Percussão na articulação leva a percepção de presença de líquido por baixo da pele.
Encurtamento do membro – porque o músculo tem tônus e vai exercer força sobre o osso, causando seu deslocamento.
Ferida – quando há luxação aberta, com rompimento da pele.
Infecção – pode ocorrer quando há ferida.
Diagnóstico da luxação: Anamnese, exame clínico, Raios-x (fundamental – pela radiopacidade óssea: verificar se está ou não acompanhada de fratura), sintomas, exame clínico local, Ultra-som.
Prognóstico da luxação: É variável, depende se está ou não acompanhada de fratura.
Tratamento da luxação
Incruento:
Mesmo da entorse, somando-se apenas o tratamento da ferida (caso seja luxação aberta).
Anestesia para permitir a redução da luxação – primeira coisa a se fazer. Usam-se manobras de redução e extensão para promover a coaptação.
Se for fechada e recente pode-se fazer a ducha fria.
Imobilização apenas por aparelho fixo e fazer uma fenestra no local da ferida para o tratamento da mesma (curativos).
Depois de retirado o aparelho imobilizador deve-se fazer a fisioterapia para tratar a atrofia.
Cruento:
Capsulorrafia, tenorrafia, sindesmorrafia, miorrafia (se necessário) e às vezes colocação de próteses (parafusos, placas).
Se houver um caso de luxação com fratura, primeiro resolver a luxação (salvo em raros casos), pois é mais fácil e ela estabiliza melhor que a fratura. Se estabilizar a fratura primeiro, ao tentar estabilizar a articulação a fratura pode se soltar novamente.
Obs: Luxação patelar – Com deficiência de um dos ligamentos que fixam a patela, o outro irá provocar maior tensão, causando o deslocamento da patela. O animal fica com o membro estirado.
Se houver deficiência no ligamento lateral, o medial puxará a patela para o meio, se a deficiência for no medial a patela irá em direção à lateral. A mais comum é a deficiência no ligamento lateral (luxação medial), que é uma luxação espontânea e recidivante. Ao se palpar a região entre a crista da tíbia e a patela, sente-se uma estrutura dura, como uma corda bem esticada, que é o ligamento medial estirado. A perna fica dura e distendida.
Para corrigir faz-se um bloqueio em cima do tendão estirado, efetua-se uma incisão no local e o corta-se o ligamento com o bisturi, então a patela se solta e volta para a posição normal.
Água - hidratação
Fontes de água para o organismo
Água de beber, alimentos, água injetada por via parenteral e água resultante de metabolismo.
Obs: 	Enteral = quando atravessa o tubo entérico.
Parenteral = quando não atravessa o tubo entérico.
O nosso organismo contém: água intracelular e água extracelular (interstício ou vascular). A água em excesso provoca intoxicação, assim como a hiper-oxigenação. 
pH: Potencial de Hidrogênio.
Se acrescentarmos mais H+ o pH fica ácido.
Se diminuirmos a carga de H+ o pH fica alcalino (básico).
Boa ventilação ( Boa oxigenação
Sangue:
pH acima de 7 é alcalino.
pH igual a 7 é neutro.
pH abaixo de 7 é ácido.
pH ácido: ( CO2 – acidose respiratória. Na acidose metabólica o pH estará ácido, mas o CO2 não estará tão alto.
pH alcalino (básico): ( CO2 = alcalose metabólica.
		( CO2 = alcalose respiratória.
Observações:
Para neutralizarmos a acidose metabólica utilizamos uma solução (soro) de Ringer com Lactato – RL e Bicarbonato de Sódio.
Na acidose respiratória faz-se a oxigenação.
Em alcalose metabólica utiliza-se Cloreto de Sódio à 0,9%.
Na alcalose respiratória também faz-se a oxigenação.
Para sabermos se o animal está em acidose ou alcalose deve-se fazer um exame laboratorial para sabermos os níveis de PaCO2 e PaO2.
Todas essas soluções podem ser: hipertônicas (tonicidade acima da do sangue), isotônicas e hipotônicas. 
Deve-se verificar se o animal perdeu mais água ou eletrólitos (potássio, sódio e cálcio), para sabermos a solução que devemos aplicar.
Se o animal perdeu mais água que eletrólitos, estará hipertônico (concentrou eletrólitos).
Se o animal perdeu mais eletrólitos que água, estará hipotônico.
Se animal perdeu a mesma quantidade de água e eletrólitos, estará isotônico e aplicaremos solução fisiológica + solução glicosada.
Caso haja dúvida, devemos aplicar solução fisiológica.
Num animal de 10 kg, podemos administrar 20% de solução em relação ao seu peso.
Devemos ter cuidado ao aplicar Cloreto de Potássio, pois pode levar a morte por bloqueio cardíaco.
No sangue total existe a parte figurada e a parte líquida (plasma e soro).
Em um animal com hipocalcemia a pressão osmótica e o equilíbrio neuro-muscular ficam alterados, a tendência é o animal entrar em tetania.
Tumores em cirurgia
Introdução: Esse assunto é muito estudado, mais ainda não tem cura. A incidência de tumores é maior em pequenos animais (devido ao fato de viverem mais) do que em grandes (animais de produção). Ocorre muito na velhice, embora possa ocorrer em qualquer idade.
Conceito: É uma massa limitada ou não de tecido anormal que se desenvolve dentro do tecido normal que tende a se estender ou persistir sem controle do organismo.
Incidência: O cão desenvolve o tumor com muita freqüência (duas vezes mais que os humanos), no gato a incidência é bem menor (metade da incidência que em cães). Varia de acordo com o sexo, idade, raça e localização geográfica.
Terminologia
Hiperplasia:

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