Buscar

Clínica de pequenos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 231 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 231 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 231 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FESO
Medicina Veterinária
Clínica de Pequenos Animais
(2004)
Índice
Manejo do paciente								pág. 03
Clínica e terapêutica pré e pós-natal						pág. 04
Clínica médica do neonato							pág. 07
Conduta pós-parto									pág. 10
	Vermifugação e terapêutica nas endoparasitoses			pág. 11
Imunização										pág. 16
Afecções do aparelho auditivo							pág. 20
Doenças tegumentares								pág. 28
Sistema cardiovascular								pág. 46
Sistema respiratório								pág. 58
Sistema digestivo									pág. 90
		Distúrbios gastrintestinais							pág. 103
		Afecções do intestino grosso						pág. 121
Peritônio										pág. 127
Pâncreas										pág. 132
Doenças hepatobiliares								pág. 137
Glândula adrenal									pág. 147
Tireóide										pág. 161
Diabetes mellitus									pág. 168
Sistema urinário									pág. 176
Fluidoterapia veterinária								pág. 193
Anticolinesterásicos e intoxicações						pág. 204
Sistema nervoso periférico e central						pág. 217
Manejo do paciente
A ferramenta mais importante do médico veterinário é sua capacidade em obter uma anamnese e um exame físico completos. Essas informações, quando bem interpretadas, estabelecem as bases para um diagnóstico e um plano terapêutico corretos.
Uma anamnese e um exame físico detalhados e completos evitam testes diagnósticos desnecessários e gastos inúteis para o proprietário.
Na anamnese devem-se obter informações objetivas e subjetivas. Os dados objetivos consistem em verificar sinais predisponentes (idade, espécie, raça e sexo do paciente, se é inteiro ou castrado), informações sobre o ambiente em que o animal vive (se a casa tem quintal, se anda na rua, se mora em apartamento, se convive com outros animais, se viaja para outras regiões – pode ter sido exposto à doenças endêmicas destas regiões), sobre sua dieta (que tipo e que quantidade de alimentação o animal ingere, qualidade e quantidade de água disponível, petiscos, apetite), verificar seu histórico médico (enfermidades que já apresentou e cirurgias que já sofreu).
Os dados subjetivos se referem a queixa principal (o motivo de o animal ter sido encaminhado ao médico veterinário) e uma revisão anamnética da saúde geral do paciente (perguntar sobre a regularidade de sua defecação e micção, coloração e consistência das mesmas, se há presença de parasitos, sobre freqüência na ingestão de água e alimentos, bem como a quantidade em cada vez, se apresenta alteração comportamental, se apresenta intolerância a exercícios, em seguida orientar perguntas sobre cada um dos sistemas corporais), pois muitas vezes uma observação considerada irrelevante para o proprietário pode estar profundamente relacionada com o problema primário.
No exame físico, deve-se proceder uma observação geral do paciente. O exame físico se inicia observando o paciente entrando na sala, antes mesmo de colocá-lo sobre a mesa. Verifica-se sua condição corporal geral, anormalidades de comportamento, atitude, postura, ambulação e padrão respiratório. Em seguida faz-se o registro dos sinais vitais (temperatura, pulso, freqüência cardíaca, perfusão capilar, freqüência respiratória e hidratação) e peso corporal do paciente. Feito isso, procede-se a abordagem dos sistemas corporais, examinando todo o animal: cabeça, olhos, cavidade oral, nariz, orelhas, pescoço, linfonodos, massas subcutâneas, pele, tórax, abdome (aparência externa e palpação das vísceras), genitais externos, exame retal, sistema musculoesquelético e sistema nervoso.
Após um completo exame do animal, se achar necessário, solicita-se exames complementares para confirmação do diagnóstico. Entre eles: hemograma, raios-X, ultrassonografia, ecocardiograma, eletrocardiograma, exames parasitológicos, entre outros.
Clínica e terapêutica pré e pós-natal
Pré-natal
Antes do acasalamento deve-se proceder a vacinação e a vermifugação da fêmea. Não se deve vacinar a fêmea durante a gestação. Se a vacina for vencer durante o período de gestação, antecipe e vacine-a antes da cobrição. A vermifugação deve ser repetida uma semana antes do parto (com febendazole).
É necessário obter seu hemograma (verificar possível anemia) e seu proteinograma. A Hb deve estar acima de 10g/100ml e a ptn acima de 5g/100ml. Se estiver com baixa de proteínas o acasalamento é desaconselhável, já que ela poderá entrar em anoxia e ter um parto prematuro. Deve-se alimentá-la com ração de filhotes, pois é hiperprotéica.
A escolha do macho também é importante. Deve-se escolher um animal que esteja em boas condições físicas e de saúde, pois muitas doenças podem ser transmitidas no coito ou por simples contato físico.
Não esquecer que fêmeas mais idosas requerem atenção especial e que fêmeas novas, em primeira gestação, podem passar por alguns problemas pós-parto por inexperiência.
Antes do parto, se a fêmea for um animal com pêlos muito longos, deve-se fazer uma tricotomia na região da vulva. Também se pode dar um banho superficial se ela estiver muito suja.
No momento do parto procure não deixar muitas pessoas à volta e o local deve estar limpo e aquecido. Procure deixar panos limpos espalhados pelo local para que ela faça seu ninho. Não faça o ninho por ela, pois é costume da fêmea produzi-lo. Ela pode rejeitar o ninho se for feito pelo proprietário.
Ocorrências normais na gestação e no parto eutócico
A fertilização ocorre nas tubas uterinas e o ovo fertilizado se dirige para o útero (levando de 3 a 14 dias na cadela, e de 6 a 8 na gata, para chegar ao útero) e a implantação ocorre em seguida.
A gestação pode ser confirmada por palpação abdominal, ultra-sonografia e radiografias (estas após o esqueleto fetal estar formado – média de 45 dias na cadela e 40 dias na gata). Deve-se fazer um ultra-som pelo menos uma vez para verificar se está tudo normal e quantos filhotes irão nascer.
A duração da gestação em cadelas é de 59 a 67 dias e em gatas é de 65 dias (à partir da ovulação), sendo que a data do parto pode variar entre o 58º a 70º dia. Geralmente o parto ocorre mais cedo em animais com ninhadas maiores e mais tarde em fêmeas com ninhadas menores. Animais de raças originárias de climas frios (Husk siberiano, Malamute do Alasca, etc.) possuem gestações mais longas. Fêmeas de raças maiores costumam ter ninhadas maiores do que fêmeas de raças menores.
Ocorre queda de temperatura transitória dentro de 24h após o início do parto. Pode-se dividir o parto em três estágios:
Estágio I – é o estágio da dilatação cervical (e um ligeiro edema de vulva). Caracteriza-se por alterações comportamentais, como inquietação, ansiedade, ofego, anorexia, calafrios e as vezes vômito. É o estágio de nidificação, em que a fêmea procura formar um ninho (cavando, juntando panos). Este estágio dura em média 6 a 12h.
Estágio II – é o estágio de expulsão do feto. Sua duração depende do número de fetos e da saúde da mãe. Caracteriza-se por contrações uterinas e esforços visíveis. O primeiro filhote deve nascer dentro de uma a duas horas após o início deste estágio. O intervalo entre o nascimento dos filhotes dura em média de 10 a 30 minutos, podendo levar até 4h (em gatas pode levar até mais), dependendo do tamanho da ninhada (em ninhadas maiores o intervalo entre nascimentos é menor). O intervalo entre nascimentos é chamado de período de repouso. Este estágio dura em média de 8 a 12h.
Estágio III – é o estágio de expulsão da placenta. A expulsão ocorre geralmente entre 5 e 15 minutos após o nascimento de cada filhote, podendo levar até 45 minutos. A mãe costuma remover as membranas amnióticas e higienizar o neonato, cortar o cordão umbilical e ingerir a placenta. Casa ela não faça isso, o médico veterinário ou o proprietário deverá fazê-lo. Mas é fundamental que a fêmea o faça, pois é um comportamento necessário para a ligação entre a mãe e a cria. Portanto o ideal é estimulá-la a fazê-lo.
OBS: Se demorar muito entre o nascimento de um filhote para o outro, provavelmente está havendo dificuldade. Caso o líquidoamniótico esteja saindo esverdeado pode significar que está havendo sofrimento dos filhotes e estes estão evacuando dentro do útero (apesar de na literatura esse achado ser definido como normal, sendo a coloração esverdeada referente à separação placentária, originando um corrimento vaginal esverdeado durante e após o parto). Dependendo da dificuldade, é necessária a intervenção do médico veterinário, efetuando uma cesariana.
Parto distócico
As causas de distocia são várias, podendo ser classificadas como maternas, fetais ou uma associação das duas. As causas maternas são derivadas de inércia uterina e anormalidades anatômicas (canal pélvico estreito, má posição uterina, torção de útero, entre outras). As causas fetais são devido à má formação, má posição ou morte fetal.
A distocia felina é menos comum que a canina. Fêmeas idosas e obesas têm maior chance de apresentar distocia.
O diagnóstico de distocia pode ser difícil e necessita de anamnese completa. Deve-se basear em fatores como:
Anormalidades estruturais conhecidas (fratura deslocada de acetábulo, raças braquicefálicas);
Gestação prolongada;
Qualquer sinal de doença em fêmea próxima do parto;
História prévia de distocia;
Esforço ativo por mais de 30 minutos sem expelir um feto;
Fase de repouso sem sinais de esforço por mais de 4h;
Contrações fracas e intermitentes por mais de 2h sem o nascimento de um feto;
Sinais de enfermidade sistêmicos, como febre, vômito e fraqueza profunda;
Sinais de dor durante o parto (gritos ou mordedura da área vulvar);
Corrimento vaginal purulento ou hemorrágico;
Evidências de morte fetal caracterizada radiograficamente por colapso da coluna vertebral ou sobreposição de ossos do crânio.
Dependendo do caso, deve-se fazer uma cesariana. Se a distocia estiver sendo causada por estresse da mãe, por inexperiência, uma tranqüilização pode ajudar (acepromazina em baixas doses).
Uma ultra-sonografia abdominal seria uma ferramenta excelente para determinar a viabilidade fetal. Radiografias também ajudam, pois determinam o número de fetos e suas posições.
Em caso de inércia uterina pode-se usar agentes ecbólicos (consistem em drogas que estimulam as contrações uterinas, podendo diminuir a hemorragia pós-parto, evitar retenção de placenta e facilitar a involução uterina), como a ocitocina (via intramuscular – IM), que é a mais usada rotineiramente. Mas como também causa contrações cervicais, só deve-se usá-la se a cérvix estiver dilatada. Também indica-se o gliconato de cálcio (via intra-venosa – IV) se registrar hipocalcemia em fêmea com inércia uterina.
Outra tentativa é a manipulação manual, para auxiliar a passagem do feto pelo canal vaginal. É útil em distocias obstrutivas, devido à má posição fetal, tamanho fetal excessivo ou morte fetal. Mas se houver inércia secundária, não é indicada a manipulação manual. Neste caso indica-se a cesariana. Dê preferência a manipulação digital à uma instrumental. A instrumental só deve ser usada quando extremamente necessária ou quando houver morte fetal.
Clínica médica do neonato
Se for necessário intervir para limpeza dos filhotes (se a mãe não estiver fazendo a remoção dos restos placentários) ou se os filhotes forem provenientes de uma cesária, deve-se limpá-los com muito cuidado, usando pano úmido ou gaze, com água morna, limpar o nariz e estimular o peito do filhote, massageando e verificando se está respirando direito. Se não estiver, deve-se proceder uma limpeza da traquéia: colocar uma “pêra” de borracha, fechada, na garganta do filhote e aspirar as secreções.
Se o médico veterinário não assistir o parto, deve ir à casa do paciente no dia seguinte e verificar se está tudo bem com a mãe e os filhotes e se houve retenção de placenta.
A queda do cordão umbilical costuma ocorrer dentro de 3 a 4 dias. O desmame se dá com 30 dias. Não se deve usar iodo na amarração do umbigo, pois ele pode gerar um feedback com a tireóide e originar o hipotireoidismo. Procure usar outros anti-sépticos.
Avaliação imediata do neonato
Deve-se verificar:
Respiração: além do movimento da caixa torácica, pode-se avaliar o coxim plantar em animais que possuam o mesmo de coloração clara, róseo, e verificar a coloração (se está cianótico).
Peso corporal: na rotina verifica-se o peso do animal ao nascer e após uma semana do nascimento. Em cães de alto valor comercial, costuma-se pesar também 12h e 24h após o nascimento e durante as duas semanas seguintes. Geralmente os cães dobram de peso entre o 10º e 12º dias e os gatos no 14º dia.
Freqüência cardíaca: dependendo do tamanho do filhote, o estetoscópio pode ser muito grande, dificultando a auscultação. A freqüência cardíaca em filhotes deve estar acima de 200 bpm.
Movimentos respiratórios: 15 a 35 mpm.
Temperatura: varia entre 35,5 a 37,5ºC. Após a primeira ou segunda semana a temperatura chega a 37,8ºC e aumenta até a quarta semana, quando atinge o normal para a espécie (variando entre 38 a 39ºC).
Sono: filhotes costumam apresentar sono ativo até a primeira semana, podendo se estender até a quarta semana de vida, apresentando tremores durante o sono (é normal).
Tônus muscular e dérmico: até o terceiro dia, o filhote possui um tônus flexor, apresentando um formato corpóreo de vírgula (ao ser levantado pela pele do pescoço). A partir do terceiro até o 15º ou 20º dia, seu tônus muscular é extensor, ou seja, ao ser levantado fica com o corpo todo reto. Após o vigésimo dia deve se apresentar normotônico.
Choro: os filhotes são muito sensíveis e choram por qualquer motivo. Isso é normal. Mas um choro incessante, por mais de 10 minutos pode ser indicativo de algum problema: não consegue evacuar, está com frio, com fome, etc.
Tato: os gatos possuem os bigodes como um órgão sensor.
Resposta à dor: em filhotes ela é exacerbada.
Resposta ao frio: deve-se proporcionar condições adequadas a fêmea para que nem ela nem os filhotes passe frio.
Locomoção: até a primeira semana, mais tardar a segunda semana, os filhotes só rastejam. Geralmente começam a andar no 16º dia, sendo seu andar razoavelmente normal após o 21º dia.
Paladar: seu paladar é muito sensível.
Sucção: os filhotes possuem a língua com a ponta em forma de cuia para facilitar a sucção do leite, que é seu único alimento. Pode-se testar a sucção colocando o dedo indicativo na bochecha do filhote.
Canais auditivos externos: ficam desobstruídos na quinta semana. Antes disso não se deve observar a membrana timpânica.
Abertura dos olhos: ocorre entre o 12º e o 14º dias.
Queda do umbigo: entre o segundo e o terceiro dias.
Dentes: a erupção dos temporários ocorre entre a terceira e a quarta semanas, os incisivos e caninos na quarta semana e os pré-molares entre a quarta e oitava semanas. Em cães braquicefálicos é comum a agenesia dentária (ausência de dentes). Estes animais não devem ser usados na reprodução.
Fórmula de dentição:
Cães:
Temporária: 2 (incisivos 3/3; caninos 1/1; pré-molares 3/3) = 28
Permanente: 2 (incisivos 3/3; caninos 1/1; pré-molares 4/4; molares 2/3) = 42
Gatos:
Temporária: 2 (incisivos 3/3; caninos 1/1; pré-molares 3/2) = 26
Permanentes: 2 (incisivos 3/3; caninos 1/1; pré-molares 3/2; molares 1/1) = 30
Exame neurológico
A atitude mental do neonato é apenas dormir, mamar e evacuar.
Suas reações posturais entre a sexta e oitava semanas são:
Resposta ao endireitamento: deve ocorrer quase imediatamente ao nascimento. Coloca-se o filhote virado de barriga para cima e ele procura retornar a sua posição anatômica.
Saltitamento: o saltitamento torácico ocorre entre a segunda e quarta semanas, e o pélvico entre a sexta e oitava.
Os reflexos do filhote variam de acordo com seu amadurecimento:
Magno: até a terceira semana. Gira-se a cabeça do filhote para um lado e ele irá esticar a pata do mesmo lado para onde girou a cabeça e encurtar a outra, do lado oposto. Após a terceira semana este reflexo deve desaparecer.
Sucção: o filhote mantém a língua em forma decunha até a terceira ou quinta semanas.
Anogenital: até a terceira ou quarta semanas.
Particularidades do neonato
Sua densidade urinária é de 1006 à 1017 (o normal seria de 1015 a 1025) e seu volume globular é de 28% (o normal para adultos é de 37 a 55%), com hemoglobina a 8,6%. Mas para neonatos estes baixos valores são normais.
Nutrição
A ingestão do colostro é fundamental nas primeiras horas de vida do filhote, pois no colostro se encontram os anticorpos da mãe, que irão proteger o filhote em suas primeiras semanas de vida. Com até 9h de vida o filhote já mamou metade do colostro necessário (com os anticorpos). Os 50% restantes serão ingeridos entre 24 e 36h após o nascimento.
O tipo de placenta de cães e gatos (endoteliocorial) quase não permite a passagem de anticorpos da mãe para o filhote, o que faz com que sua necessidade de colostro seja muito maior do que a de filhotes de humanos, que recebem uma grande quantidade de anticorpos pela placenta da mãe (hemocorial).
Se a fêmea morrer no parto, deve-se ter um cuidado todo especial com os filhotes órfãos, pois não irão ingerir o colostro. Além disso, deve-se alimentá-los com mamadeira, tendo muito cuidado com a falsa via. Para evitá-la, deve-se amamentá-los de barriga para baixo. Após a mamadeira, deve-se estimular o filhote a defecar e urinar, massageando-o com gaze e água morna.
Na alimentação artificial, deve-se procurar respeitar a capacidade do estômago do filhote. Essa capacidade é calculada da seguinte forma: 5ml para cada 100g de peso corpóreo.
Conduta pós-parto
Causas de rejeição pela fêmea
Distúrbios psicológicos – podem ser causados por flutuação hormonal (progesterona), trauma no parto ou inexperiência;
Ambiente desfavorável;
Neonato hipotérmico.
OBS: pode ocorrer de o filhote nascer com a cadela andando e não no ninho. Com isso, a mãe pode não ver o filhote e ele acabar ficando longe do local onde ela se alojar para ter o restante da ninhada. Deve-se levar o filhote até a mãe, mas ainda assim ela pode rejeitá-lo. Se isso acontecer, envolva-o com panos que tenham o cheiro da mãe. Dessa forma ela acabará aceitando-o. Cuide para que o filhote não entre em hipotermia.
Síndrome ou tríade do definhamento do neonato
Consiste em: hipotermia, hipoglicemia, desidratação.
O neonato saudável, por algum motivo (rejeição da mãe, ambiente desfavorável) entra em hipotermia. Em seguida acaba diminuindo a ingestão de leite, o que faz com que entre em hipoglicemia e desidratação. A hipoglicemia leva a deficiência imunológica, originando infecções. A desidratação causa insuficiência cardio-pulmonar e insuficiência renal. Tudo isso deixa o neonato muito debilitado e o leva a morte.
Se o médico veterinário intervier a tempo, pode evitar a morte do animal e recuperá-lo. A primeira coisa a fazer é aquecer o filhote e tirá-lo da hipotermia. Em seguida deve-se proceder com as seguintes etapas do tratamento:
Primeira etapa: consiste em manter o animal aquecido e administrar solução de glicose a 5% + ringer lactato (½ + ½) – 4ml/100g de 3 em 3h, via sub-cutânea (SC). Quando o filhote apresentar melhora, incluir a segunda etapa.
Segunda etapa: manter a primeira etapa e administrar também solução de glicose a 10% – 1ml/100g de hora em hora, via oral (VO). Apresentando melhora, passar para a terceira etapa.
Terceira etapa: administra-se solução de glicose a 10% – 1ml/100g de 3 em 3h VO, e leite artificial ou materno diluído (30% água fervida + 70% leite). Procurar manter o filhote em temperatura ambiente de conforto. Quando o filhote se mostrar totalmente recuperado, passar para a quarta etapa.
Quarta etapa: alimentação normal.
A alimentação artificial pode ser necessária nos seguintes casos:
Instinto materno alterado;
Rejeição pós-parto;
Baixa produção de leite;
Ninhada muito grande;
Alteração da glândula mamária;
Neonato que não ganha peso;
Enfermidade materna;
Orfandade.
Neste caso, fornece-se a alimentação artificial, lembrando de respeitar a capacidade do estômago do filhote. Essa alimentação deve ser aquecida à 37ºC e ser oferecida a cada 3h, nos primeiros 15 dias.
Dependendo do caso, pode-se fornecer galactógenos (estimuladores do leite) à mãe.
A causa de a mãe não estar produzindo leite suficiente, pode ser por alimentação inadequada (rações muito baratas são pobres em vitaminas e sais minerais), por estresse (deve ser evitado, fornecendo ambiente confortável a fêmea e seus filhotes) e em casos de ninhadas muito grandes (deve-se fornecer uma suplementação de vitaminas e sais minerais). Pode-se usar ocitocina (40 UI/ml, intra-nasal – IN) se a fêmea não estiver expelindo leite.
Vermifugação
Como já foi relatado anteriormente, a fêmea deve ser vermifugada antes da cobrição. Essa vermifugação deve ser repetida uma semana antes do parto, com febendazole, pois ele reduz a transmissão placentária e transmamária, é ovicida, larvicida e adulticida.
Quando o filhote estiver com 3 semanas, vermífuga-los e repetir a vermifugação da mãe.
Terapêutica nas endoparasitoses
Existem vários vermífugos no mercado. Antes de se tratar uma endoparasitose deve-se identificar o agente causador da infecção, para usar o vermífugo mais eficaz contra o verme. As endoparasitoses mais comuns são:
Ancilostomose:
A ancilostomose é causada por nematóides do gênero Ancylostoma, e possui os seguintes sintomas: pústula na glaba, pêlo eriçado, dispnéia, anemia, diarréia escura, ascite (sangue liquefeito) e sopro anêmico. Em casos mais graves não se deve fazer punção. Deve-se administrar o vermífugo adequado e fazer uma transfusão. A punção em caso de ascite deve ser feita em outros casos, como de tumor abdominal.
Se o filhote estiver muito debilitado, não se deve aplicar o vermífugo, pois pode matar o animal intoxicado. Primeiro deve-se fazer o tratamento sintomático, que consiste em fazer aporte principalmente de ferro, vitaminas do complexo B e vitamina A, para recompor o epitélio lesionado. Juntamente com o complexo B, deve-se administrar vitamina B6. Na presença de focos hemorrágicos muito intensos, deve-se administrar hemostáticos.
Quando ocorrer em ninhadas em que a mãe perdeu cria recentemente por anemia ou por parasitose intensa, o tratamento deve se iniciar no início da segunda semana de vida, sendo repetido com intervalo de 7 dias por 5 a 6 semanas. Em outros casos, o tratamento se dá no início da terceira semana, repetindo num intervalo de 15 a 21 dias por duas a três semanas.
Ascaridiose
Causada por nematóides dos gêneros Ascaris e Toxocara, são vermes muito grandes que concorrem com o animal pela alimentação ingerida, além de serem hematófagos.
Os sintomas gerais são: pêlos eriçados e sem brilho, pele seca e coriácea, apatia, desânimo, pouca resistência a doenças, anorexia, crescimento retardado, perda de peso, abdome abaulado (distendido), constipação e/ou diarréias intensas, cólicas (os cãezinhos latentes gemem e ficam agitados), vômitos – podendo ocorrer expulsão de vermes adultos, pneumonia, tosse, expectoração (respiração ruidosa, com descarga nasal, principalmente em cãezinhos com mais de doze dias de vida), febre e dispnéia.
Filhotes com infecção grave devem ser tratados no início da segunda semana de vida e com intervalo de 7 dias repetir o tratamento por 3 a 4 semanas.
Em adultos iniciar o tratamento e repeti-lo após 21 a 28 dias.
Tricurose
Causada pelo nematóide Trichuris vulpis, parasito de ceco. É um verme muito resistente, o que dificulta muito o tratamento da doença.
Em infecções graves, o tratamento deve ser repetido em intervalos de 14 e 28 dias, com reavaliação a cada dois meses.
Cestoidiose
Causada pelo cestóide Dipylidium caninum. É transmitida por pulgas e piolhos. A maioria das infecções é assintomática. Quando apresenta sintomatologia ela consiste em: emagrecimento, diarréia com eliminação de proglotes, anemia e prurido na região perianal.
	Vermífugos
	Drogas (fármacos)
	
Dosagem
	
	CãesGatos
	Observações
	Albendazol
	15mg/kg PO
1 a 3 dias
	idem
	Teratogênico e embriotóxico
Ovicida, larvicida e adulticida.
	
Febendazol
	
50 a 100g/kg PO
por 3 dias
	
idem
	Na gestante reduz a transmissão placentária e transmamária.
Ovicida, larvicida e adulticida.
	
Mebendazol
	20 a 22mg/kg
2x ao dia PO
por 3 a 5 dias
	
idem
	Eficaz contra Taenia e nematóides. Pode causar vômito e necrose hepática aguda com icterícia.
	
Pirantel
	5mg/kg PO
Filhotes: dose única: 3 a 5mg/kg
	10mg/kg PO
dose única
	Usado para ancilostomose e ascarídeos (15mg/kg)
Seguro para filhote e lactentes.
	
Disofenol
(ideal para ancilostoma)
*1(ver obs.)
	
7,5 a 10mg/kg SC
dose única
(pesar com precisão)
	
10mg/kg
SC
Dose única
	Seguro para gestantes e lactentes. Tóxico para jovens. Em filhotes com menos de 4 meses pode ocorrer opacidade transitória do cristalino.
	
Nitroscanato
*2(ver obs.)
	50mg/kg PO
dose única. Em filhotes: 2ª, 4ª, 6ª e 8ª semana, depois 1x/m até 6 meses
	
__
	Pode causar vômito. Administrar junto a 25% da refeição diária. Fornecer o alimento restante após 6h.
Água à vontade.
	
Praziquantel
	
5mg/kg PO
dose única
	Até 1,5kg:
11mg/kg .
1,5 a 5,5kg:
22mg: PO
dose única
	De eleição para cestóides.
Não usar em:
Cães com - de 4 semanas;
Gatos com – de 6 semanas.
Causa dor local se for injetado
	
Ivermectim
	50 a 400µg/kg dose única: varia com a doença:
ancilostomose (50)
Tricurose (100);
Ascaridiose (200 a 400); dirofilariose (6 a 12µg/kg/mês)
	200 a 400µg/kg SC dose única:
dirofilaria:
24µg/kg
por mês
	Não usar em Galgos, Collies, Wipetts, Sheep dogs e filhotes com menos de 6 meses.
Tem ação contra ecto e endo parasitas.
É pouco eficaz contra ascarídeos.
	
Febantel
	Menos de 6 meses:
15mg/kg PO 3dias
após alimentação.
Mais de 6 meses:
10mg/kg PO 3dias
	
idem
	Usado contra: ascaridiose, ancilostomose, tricurose, cestoidiose.
É contra-indicado para gestantes com disfunção hepática.
	
Piperazina
	
110mg/kg PO
dose única
	
idem
	Não é seguro para animais com doença renal ou hepática prolongada. Sua eficácia contra ascarídeos é variável: as larvas são pouco afetadas.
	
Milbemicina
Oxima
	0,5mg/kg PO
dose única mensal.
500 a 900mg/kg por mês para dirofilariose.
	
2mg/kg/m para dirofilaria
	Seguro para gestantes e filhotes acima de 8 semanas e Collies. Pode se associado a outros tratamentos. Previne a dirofilariose.
	
Selamectina
	Sua dose depende do peso do animal:
- 2,5kg: 15mg
2,6 a 5kg: 30mg
5,1 a 10kg: 60mg
10 a 20kg: 120mg
acima de 20kg: 240mg
	Até 2,5kg: 15mg
2,6 a 7,5: 45mg
Para tratar dirofilaria:
6mg/kg/m
	
Seguro para cães e gatos a partir de 6 semanas, gestantes e em lactação.
*1 obs: Existe também disofenol em comprimidos, mas é menos usado. É um medicamento dolorido. Pode ser usado para combater ouros vermes, mas é mais usado para ancilostomose, por ser causada por um verme hematófago e mais perigoso, já que os outros medicamentos que não causam dor são capazes de resolver o problema com os outros vermes. Não deve ser usado em animais febris ou com pneumonia e alterações respiratórias (se for apenas uma dispnéia ou sopro anêmico, pode ser usado).
*2 obs: O nitroscanato (laboratório Novartis) é muito caro, portanto pouco usado.
OBS: Quando filhotes apresentarem abdome distendido, deve-se fazer o exame conhecido como “sinal de piparote”, que consiste em colocar uma das mãos de um lado do abdome e dar-se “pancadinhas” com os dedos da outra mão do outro lado do abdome. Se houver líquido irá formar ondas internas que irão bater na outra mão. É positivo para ascite.
	Apresentação Comercial
	Basken suspensão
	Pirantel + oxantel
	Basken 20/40
	Pirantel + oxantel + praziquantel
	Petzi suspensão 400/800
	Pirantel + oxantel + praziquantel
	Canex
	Pirantel + praziquantel
	Endal plus
	Pirantel + febantel + praziquantel
	Endal gatos
	Pirantel + praziquantel
	Prapi plus
	Albendazol + praziquantel
	Drontal suspensão
	Pirantel + febantel
	Drontal plus
	Pirantel + febantel + praziquantel
	Drontal gatos
	Pirantel + praziquantel
	Droncit
	Praziquantel
	Lopatol 100/500
	Nitroscanato
	Ancilex
	Disofenol
	Panacur
	Fenbendazol
OBS: Suspensão é sempre líquido, sendo melhor para administrar em filhotes.
OBS: Castração em cães e gatos: ao se castrar um animal, se for por motivo de evitar brigas com outros machos, deve-se castrá-los antes que ocorra a primeira briga (que costuma ocorrer após 6 meses de idade), pois depois não adianta mais, já que irão continuar brigando, pois mesmo sem a testosterona a idéia de defender o território já estará incutida na cabeça do animal.
Alguns pesquisadores dizem que só se deve castrar os animais após um ano de idade, para não causar problemas a seu desenvolvimentos normal.
OBS: Siglas:
SID – 1 x ao dia.
BID – 2 x ao dia.
TID – 3 x ao dia.
QID – 4 x ao dia.
IV – intravenoso.
IM – intramuscular.
PO – “pour oral”.
VO – via oral.
SC – subcutâneo.
Imunização
Imunocompetência neonatal
Antes de nascer, os fetos estão protegidos contra os patógenos por barreiras físicas, fisiológicas e imunológicas, dentro do ambiente estéril do útero da mãe. Ao nascer, são subitamente expostos a um grande variedade de patógenos potencialmente invasivos, mas ainda estão de certa forma protegidos, através dos anticorpos que recebem da mãe pelo colostro, o que torna os neonatos imunocompetentes.
A placenta de cães e gatos é do tipo endoteliocorial, o que não permite grande transferência de anticorpos para o filhote. Através da placenta, o feto recebe apenas de 5 a 10% dos anticorpos necessários a sua imunocompetência. Com o nascimento, através do colostro, recebe os outros 90 a 95% dos anticorpos. Através da placenta, o filhote recebe IgG (é a única que consegue ultrapassar a barreira placentária), mas por estar em pouca quantidade, não fornece imunidade significativa. Através do colostro é que o filhote recebe imunoproteção verdadeira. O colostro é rico em IgG (são as imunoglobulinas de resposta secundária, ou seja, são os anticorpos específicos já formados contra certas doenças) e também possui pequena quantidade de IgA (imunoglobulinas de ação local, nas mucosas), macrófagos e linfócitos. O título de anticorpos da mãe será semelhante ao dos filhotes, pois o que ela tiver irá passar para o filhote.
Estes anticorpos recebidos pelo leite chegam ao intestino do filhote, onde são absorvidos e penetram no sistema circulatório. A IgG alcança níveis séricos máximos após 12 a 24h após o parto. Essa absorção intestinal está relacionada a receptores específicos, presentes na superfície das células epiteliais intestinais. Essa transferência (absorção) diminui à medida que estas células epiteliais vão sendo substituídas por outras que não possuem esses receptores. Com isso, o nível das moléculas de anticorpos provindas da mãe começa a declinar, através de processos catabólicos normais.
Geralmente, em condições normais, quando a taxa de anticorpos maternos começa a declinar, já começa a aumentar a taxa de anticorpos produzida pelo próprio filhote, ou seja, ele não chega a ficar imuno-incompetente.
Alguns fatores podem interferir no processo de imunocompetência do neonato:
Precocidade da mamada – as primeiras mamadas são as mais importantes, pois é quando o colostro está concentrado, repleto de imunoglobulinas. Se o filhote não mamar este colostro, não recebe uma boa quantidade de Igs e fica vulnerável.
Número de filhotes da ninhada – se forem muitos filhotes, alguns irão mamar menos colostro, ficando mais vulneráveis que os outros, enquanto outro irão ingerir mais colostro que o normal, adquirindo uma super-imunidade (ficarão imunes por um período mais prolongado).
Permeabilidade intestinal – a absorção dos anticorpos no intestino é muito importante.Alguma alteração intestinal que não permita essa absorção deixa o filhote vulnerável a ação dos patógenos.
Grau de contaminação por microrganismos – se o local onde os filhotes estiverem for de pouco asseio, pode ocorrer super-contaminação e os anticorpos não darão conta de proteger o filhote.
Os anticorpos da mãe produzem dois efeitos significativos: protegem o filhote contra patógenos (permitindo que o sistema imune do filhote alcance plena maturidade antes de se confrontar com patógenos invasores), mas também inibem o desenvolvimento das respostas imunes do próprio filhote, pois combatem os invasores antes mesmo de o sistema imune do filhote desenvolver suas próprias defesas (o nível de Igs no organismo é controlado por um mecanismo de feedback, no qual as células B não produzem mais anticorpos do que o necessário, ou seja, se há um número compatível com o normal de Igs circulantes, não há necessidade de produzir mais).
O período crítico para o filhote ocorre entre a 12ª e 15ª semanas de vida (em torno de três meses de idade), quando os títulos de anticorpos maternos estão muito reduzidos, mas o filhote ainda não está produzindo suas próprias Igs. Nesta fase, os anticorpos da mãe, ainda existentes, inutilizam os antígenos vacinais, impedindo a estimulação eficaz do seu próprio sistema imune. Ao mesmo tempo, não há anticorpos suficientes para proteger o filhote de uma infecção real. Por isso, nesta fase, diz-se que o filhote é susceptível a infecção e refratário à imunização.
Vacinação
A primeira dose de vacina em cães geralmente é dada com 60 dias, com exceção da anti-rábica que só é dada após 4 meses. Em gatos, a 1ª é dada com 45 dias. Como não se sabe se o filhote respondeu a vacinação de forma adequada, por conta da inutilização dos antígenos vacinais pelos anticorpos da mãe, se faz necessária uma revacinação dos filhotes. Caso não se tenha vacinado o filhote antes deste completar 15 semanas de vida, não é necessário proceder a revacinação. Mas não se deve deixar o filhote sem ser vacinado.
Após a vacinação para cinomose, o filhote começa a liberar anticorpos com 4 a 8 dias. Contra parvovirose, a liberação de anticorpos se inicia após 6 a 9 dias da vacinação.
O programa de vacinação em cães geralmente se inicia na 6ª ou 8ª semana de vida e é repetido com intervalos de 21 a 30 dias até o 4º mês de vida. Animais que são levados a exposições ou animais de canis devem iniciar o programa mais cedo, na 6ª semana (45 dias). O início precoce também deve ocorrer para filhotes que não mamaram colostro, filhotes de mãe não vacinada e filhotes que estão em ambiente contaminado.
A revacinação até os 4 meses de vida, com intervalos de 3 a 4 semanas, é importante para garantir que o filhote desenvolva imunização ativa, ou seja, que passe a produzir seus próprios anticorpos contra as doenças as quais foi exposto pelos antígenos vacinais. A primeira dose de vacina que o filhote recebe, produz uma baixa qualidade de resposta e é uma resposta de curta duração. Isso porque ainda possui os anticorpos da mãe, que inutiliza a maioria dos antígenos vacinais recebidos. Com a revacinação, o filhote vai produzindo respostas mais efetivas e se tornando imunizado contra as doenças à que está sendo vacinado.
Em gatos, geralmente se faz apenas uma revacinação (são duas doses: a 1ª com 45 dias e a segunda 30 dias após).
Existem vacinas inativadas e vacinas vivas atenuadas. As vacinas de vírus vivo são mais eficazes, pois conseguem anular a interferência dos anticorpos da mãe. Neste caso, não é necessária a revacinação. São as vacinas de dose única.
Em locais infestados por ratos, deve-se vacinar o animal contra leptospirose de 6 em 6 meses. Como na óctupla há antígeno vacinal de leptospirose, usa-se esta anualmente e com 6 meses vacina-se apenas contra leptospirose.
Alguns indivíduos apresentam reação vacinal. Está relacionada a sensibilidade individual e possui incidência de 0,001%. Geralmente os sintomas desaparecem em 24h. Os sintomas são: nódulos no local da aplicação (causado pelos adjuvantes das vacinas inativadas), erupções, febre, edema facial, vômito e diarréia. Faz-se tratamento de suporte, sintomático. Só se deve entrar com antitérmicos se a febre perdurar por mais de dois dias. Em casos muito raros pode ocorrer choque anafilático. Neste caso entra-se com adrenalina (0,5/1ml, IV ou IM). Se perdurar, usar (após 30 minutos) corticosteróide (prednisolona: 50 à 200mg, IV ou IM).
A vacina com adenovírus do tipo 1, contra hepatite canina, causava ceratite azul (blue eyes – uveite). Por isso passou-se a usar o tipo 2, que além de imunizar contra hepatite, imuniza contra laringotraqueíte.
Para que uma vacina seja eficaz, é necessário que tenha passagens adequadas e massa antigênica adequada.
No mercado encontramos vacinas individuais e associadas, com mais de um tipo de vírus na mesma vacina.
Vacinas para cães:
Raiva.
Parvovírus + coronavírus.
Cinomose + adenovírus tipo 2 (hepatite e laringotraqueíte) + parvovírus + coronavírus + parainfluenza + leptospirose (dois tipos – duas cepas): é a óctupla.
Adenovírus tipo 2 + parainfluenza + Bordetella bronchiseptica: dose única, uma vez ao ano.
Leptospirose
Tétano: mais usada em animais que convivem em ambiente rural.
Vacinas para gatos:
Raiva.
Calicivírus + rinotraqueíte + panleucopenia.
Calicivírus + rinotraqueíte + panleucopenia + clamídia (zoonose): é a quádrupla (Merial e For Dodge).
Calicivírus + rinotraqueíte + panleucopenia + clamídia + leucemia (FELV): é muito cara. Para ser usada, antes deve ser feito um exame do animal para verificar se ele já possui o vírus, pois se possuir não adianta vacinar.
OBS: É necessário proceder o controle de endo e ectoparasitos e cuidar da higiene e da nutrição dos animais, para mantê-los sempre saudáveis, evitando uma imunodepressão.
Afecções do Aparelho Auditivo
Anatomia e Fisiologia:
Orelha Externa:
Pina :
Pendular ou ereta nos cães; ereta nos gatos
Função – são móveis para que possam captar as ondas sonoras
Canal auditivo:
Porção horizontal – anel cartilaginoso conecta o processo acústico externo ao osso temporal
Porção vertical
Membrana timpânica:
Estrutura epitelial, branca e translúcida
Manúbrio: estrutura em forma de C em sua porção dorsal, Importante proteção contra substancias ototóxicas
Função – as ondas sonoras a fazem vibrar e esta vibração será transmitida ao ouvido médio através dos ossículos auditórios
Orelha Média:
Ossículos auditórios – martelo, bigorna, estribo
Função – transmitem a vibração da membrana timpânica para a orelha interna
Bulha timpânica: cavidade cheia de ar. Diferente no gato (septo ósseo – a divide em dorsal e ventral; fibras simpáticas pós-ganglionares cursam abaixo do septo o que favorece o desenvolvimento de complicações neurológicas)
Função - facilita a propagação efetiva das ondas sonoras para o ouvido interno
Orelha Interna:
Formada por um labirinto membranoso contido em um labirinto ósseo
Labirinto Ósseo:
Cóclea: converte ondas sonoras em impulsos nervosos
Promotórium: grande volta basal da cóclea
Canais semicirculares: comunica-se com o vestíbulo
Vestíbulo: câmara que contem a janela oval, o utrículo e o sáculo
Labirinto Membranoso: geralmente acompanha a forma do labirinto ósseo e contém endolínfa
Utrículo e Sáculo: possuem estruturas denominadas máculas que são áreas especializadas do epitélio sensitivo. As células ciliadas nas máculas são inervadas pela porção vestibular do nervo vestibulococlear. São estruturas que participam da manutenção do equilíbrio
Ductos Semicirculares: possuem uma área sensitiva denominada crista ampular que é um sensor do movimento, registrando os fluxos da endolinfa resultante da rotação da cabeça
Ducto coclear: é formado pela membrana vestibular e lamina basilar. O órgão espiral está situado sobre a lamina basilar e contem células ciliadas que respondemàs vibrações induzidas na endolinfa por ondas sonoras.
Obs: Audição – as ondas sonoras captadas pela orelha externa provocam a vibração da membrana timpânica. Os ossículos auditórios da orelha média transmitem as vibrações para a orelha interna através da janela oval. A vibração da endolinfa gera o estímulo das células ciliadas do ducto coclear e estas transmitem o impulso nervoso ao cérebro
Aspectos Clínicos e Terapêuticos das Principais Afecções do Aparelho Auditivo dos Animais de Companhia
Otites:
Otite Externa:
Definição: 
Inflamação do canal auditivo externo. É na maioria das vezes, um sintoma de muitas doenças, não é um diagnóstico definitivo. É mais comum em cães que em gatos, sendo que nessa espécie está relacionada, na maioria das vezes, com etiologia parasitária.
Etiologia:
As causas para otite externas são muitas e na maioria dos casos crônicos mais de uma está presente
Fatores Primários:
São fatores que podem causar otite externa sozinhos, com ou sem a presença de fatores predisponentes ou perpetuantes. Para o sucesso completo de uma terapia em longo prazo é fundamental que a causa primária seja tratada.
Parasitas
Otodectes cyanotis– os casos podem ser recorrentes ou de difícil tratamento quando o animal mantém contato com um portador são.
Demodex canis 
Demodex cati – os animais apresentam moderada inflamação e secreção ceruminosa, mas podem ser completamente assintomáticos
Sarcoptes scabiei
Notoedres cati
Hipersensibilidade
Corpos estranhos
Distúrbios de queratinização
Traumatismo
Doença auto-imune
Fatores Predisponentes: indução direta
São aqueles que não causam otite externa, mas aumentam o risco de seu desenvolvimento e atuam em conjunto com a causa primária para causar a doença clínica. O sucesso do tratamento da otite externa requer a identificação e, se possível a eliminação destes fatores.
Conformação da pina e do canal auditório
Excesso de pêlos: umidade excessiva
Tratamento inadequado
Doença obstrutiva
Fatores Perpetuantes:
Ao considerados fatores perpetuantes aqueles que não permitem a resolução da otite externa. Nos casos iniciais o tratamento da causa primária pode ser suficiente para controlar a doença mas, após o estabelecimento dos fatores perpetuantes, o tratamento deve ser dirigido a eles. Tais fatores podem ser a maior causa de insucesso na terapia, independente
Infecção bacteriana secundária – Staphylococcus intermedius, Pseudomonas spp, Proteus spp, Escherichia coli
Infecção por leveduras – Malassezia pachydermatis, Cândida
Uso inadequado de antibióticos
Uso inadequado de medicações
Sinais Clínicos:
Relacionados somente ao aparelho auditivo
Relacionados a dermatopatias adjacentes
Diagnóstico
Histórico e Anamnese
Há quanto tempo o animal apresentava o problema?
Qual a alteração observada inicialmente?
O animal tem hábito de nadar ou é banhado com freqüência?
Alguma proteção (tampão) é usada no canal auditivo durante o banho?
Qual o produto é usado para o banho?
Tem contato com outros animais?
Notou-se coceira ou desconforto em outras regiões do corpo?
Já usou ou está usando alguma medicação local?
É a primeira vez que apresentou alguma alteração no ouvido?
Poderia estar relacionado com a estação do ano?
O animal balança ou coça a cabeça com freqüência?
Exame físico:
Geral
Otoscopia
Eritrema
Exudato
Hiperplasia
Observar a integridade da membrana timpânica
Citologia
Cultura e antibiograma
População uniforme de gram-negativas
Presença de células inflamatórias (neutrófilos)
Infecção bacteriana persistente mesmo com tratamento
Outros testes
Observações:
Identificação do tipo de microorganismo
Facilitar o tratamento específico da otite externa
Coloração do exudato não diferencia tipo de microorganismo
Otite bilateral – tratamento específico para cada orelha
M pachydermatis é o fator perpetuante mais comum
Dermatopatias associadas são comuns
Tratamento:
Tricotomia
Lavagem do canal auditório – a limpeza completa do canal auditivo é extremamente importante no tratamento da otite externa e nos casos de otite média crônica. Esta limpeza deve-se estender até a bula timpânica. A presença de exudatos interfere na realização de um exame adequado e impedem que a terapia tópica atinja os locais adequados e aja de forma correta, além de que a exudação purulenta ou ceruminosa pode inativar alguns medicamentos.
Soluções: água morna; salina, clorexidine (0,5 a 1%), povidine (5%), acido acético (2%)
Objetivos: facilitar o diagnóstico e a terapia tópica; remoção de corpos estranhos; remoção de células mortas, toxinas bacterianas e com isso reduzir fatores perpetuantes
Secagem do canal auditório
Antibioticoterapia
Antiinflamatório
Antiparasitário
Controle das doenças primárias
Otite Média:
Definição:
Inflamação das estruturas da orelha média. A exudação na cavidade timpânica geralmente é de difícil tratamento com terapia tópica e freqüentemente se mantém como uma fonte de infecção e de toxinas para o conduto auditivo externo. Em alguns casos, a membrana timpânica pode não estar rompida e a otite média ocorre por dilatação e extensão desta para dentro da cavidade. A membrana timpânica geralmente fica espessada em resposta a inflamação crônica.
Etiopatogenia:
Origem:
Primária
Secundaria – 50% otite externa crônica
Vias de infecção:
Membrana timpânica
Trompa de Eustáquio
Disseminação hematogênica
Predisposição racial: Cocker Spaniel e Poodle
Etiologia: 
Bactérias
Leveduras
Parasitas
Traumatismo
Corpos estranhos
Pólipos
Neoplasias
Sinais Clínicos:
Meneios de cabeça e inclinação
Dor ao abrir a boca
Relutância em mastigar
Otorréia
Redução na audição
Febre – anorexia
Paralisia facial
Síndrome de Horner
Ceratite seca
Diagnóstico:
Historico e Anamneses
Exame físico – a espessura e a firmeza do canal auditivo devem ser observados. A dor quando a palpação das regiões temporomandibular e bula timpânica são extremamente sugestivos de otite média
Otoscopia – utilizado para detectar a presença de corpo estranho, determinar a integridade da membrana, presença de otite média e avaliar os tipos de lesão , exudato, e alterações patológicas progressivas estão presentes. No caso de uma otite bilateral, devemos examinar primeiro o ouvido menos atingido, pois além de diminuir a possibilidade do animal resistir ao exame do ouvido, também diminui a possibilidade de transmitir algum agente infeccioso ao ouvido são.
Teste de Schirmer – teste lacrimal que avalia a integridade das fibras nervosas parassimpáticas para o olho
Miringotomia – perfurar a membrana timpânica caudalmente ao martelo. A miringotomia permite a obtenção de amostras para cultura e citologia e uma certa drenagem a partir da cavidade do ouvido médio para aliviar a dor e a pressão. É indicada sempre que a membrana timpânica permanecer intacta, mas ficar dolorida e evaginada
Radiografia
Citológico – exame citológico de exudato
Cultura e antibiograma
Tratamento:
Clinico:
Antibioticoterapia
Corticoterapia
Lavagens 
 Miringotomia
Cirúrgico: Considere uma cirurgia se houver evidencias radiográficas de fluido ou material na bula timpânica ou má resposta ao tratamento médico
Osteotomia lateral da cavidade timpânica
Osteotomia ventral da cavidade timpânica
Curetagem da cavidade timpânica
Otite Interna (Labirintite)
Definição
Inflamação das estruturas do ouvido interno (cóclea, vestíbulo e os canais semicirculares). A via de infecção mais provável para o ouvido interno é a extensão de uma otite media. Ocasionalmente observa-se a propagação hematógena
Sinais clínicos:
Inclinação da cabeça, apoiamento ou rolamento para o lado afetado (no caso de otite unilateral)
Circular em direção ao lado afetado
Nistagmo horizontal ou rotatório espontâneoAtaxia de membros
Vômito devido às conexões vestibulares com o centro emético no tronco cerebral
Ceratite seca – usar lágrimas artificiais
Diagnóstico
Idem à otite média
Tratamento
Trate as otites externa e média subjacentes, se estas estiverem presentes.
Se houver apenas otite interna, use antibióticos sistêmicos
Se os sinais clínicos não diminuírem em 1-3 semanas, repita as radiografias bulares para avaliar a possibilidade de otite média agindo como foco de infecção, o que pode exigir uma intervenção cirúrgica
Terapêutica das Afecções Auriculares:
Tópica:
Não aplicar agentes de limpeza, parasiticidas, ceruminolíticos, antimicrobianos ototóxicos, ou medicações em base oleosa quando houver rompimento da membrana timpânica
Lesões e soluções – mais fáceis de atingirem porções mais profundas do canal auditivo externo
Medicações em base oleosa são úteis em lesões secas e escamosas
Cremes, pastas e pós – podem não atingir porções mais profundas do canal auditivo e ainda podem deixar resíduos
Antiinflamatórios – os glicocorticóides aplicados no canal auditivo externo sofrem absorção significativa o que poderá interferir no eixo hipotálamo – adrenal, podendo acarretar erros de diagnóstico
Antibacterianos - escolha feita com base na citologia ou nos resultado da cultura e antibiograma
Antifúngico – clotrimazol é efetivo contra malassézia; miconazol; clorexidine; iodopovidona
Agentes ototóxicos: aminoglicosídeos (gentamicina, neomicina), iodo, clorexidine
Sistêmicos:
Glicocorticóides – aliviam a dor e a inflamação. Optar pelos de curta duração (meticortem ou predinisona)
Antibióticos – clorafenicol, cefalosporina (cefalexina, sulfa-trimetropina)
Doenças Tegumentares
Comparada a pele humana, a pele de cães e gatos é bem mais fina (cerca de 1/3). A pele consiste em uma barreira fisiológica e anatômica entre o corpo do animal e o meio externo, recobrindo toda a superfície corporal e proporcionando proteção contra agentes físicos, químicos e microbiológicos. Possui receptores sensoriais que permitem registrar mudanças de temperatura (sendo capaz de regular a perda, promovendo a retenção de calor, ou auxiliar na eliminação, através de suas glândulas sudoríparas), dor, quente ou frio, e outras trocas sensoriais.
É importante no exame clínico, uma vez que na pele se reflete grande parte dos transtornos orgânicos e das enfermidades. Os problemas na pele podem ser derivados da alimentação, de stress, micoses, queimaduras, infecções bacterianas ou auto-imunes.
No estudo da pele devem ser observados: pelagem, cor, consistência, odor anormal, secreção sudoral, edemas, enfisema, temperatura, lesões, presença de parasitas da pele e pêlos, prurido cutâneo, chifres, unhas, cascos, lã, penas, etc.
Animais sadios e bem alimentados têm o pêlo suave, liso, assentado e brilhante. Já os animais enfermos ou mal alimentados possuem o pêlo áspero, eriçado e duro. As mudas estão ligadas a alimentação e stress. Animais bem alimentados não têm problemas com a muda, mas animais mal nutridos podem atrasar a muda ou terem uma muda irregular.
A pele normal possui uma flora bacteriana normal, onde encontra suprimentos de calor, água carboidratos, proteínas, lipídios, minerais e outros nutrientes. As bactérias sempre estão presentes na epiderme, principalmente na camada queratinizada, externamente aos folículos pilosos e ductos das glândulas sebáceas. As raízes pilosas, entretanto, são estéreis, da mesma forma que as secreções sebáceas e sudoríparas. Caso haja alguma doença, essa área pode ser invadida, deixando de ser estéril.
Os organismos que habitam a pele normal são chamados de residentes e são encontrados em baixa quantidade. Entres encontram-se: Staphylococcus epidermides coagulase negativa, Corynebacterium spp (lipolítico) e Malassezia sp.
Há também os microrganismos transitórios, que não se multiplicam e não têm significado, exceto nos processos patológicos, onde atuarão como invasores. Entre eles: Escherichia coli, Pseudomonas, Enterobacter, Streptococcus e Clostridium.
Os fatores ligados à defesa natural da pele são:
Físicos – pelagem, lipídeos, extrato córneo.
Químicos – ácidos graxos e pH.
Flora saprófita.
Infecções bacterianas
Causam dermatopatias superficiais ou profundas. Originam as seguintes lesões: mácula, pápula, pústula, crosta, úlcera, erosão, placa urticariforme, placa liquenóide, eritema, acantose nifricans (liqüenificação e hiperpigmentação), lesão vesicular bolhosa, escara, foliculite, furunculose, petéquias, descoloração, eczema (úmido, seborréico, seco), entre outras.
Dermatopatias por infecções bacterianas superficiais:
Ocorrem em ambiente úmido, com pouca higiene ou pelo atrito. Os patógenos envolvidos mais comuns são: Staphylococcus intermedius em cães, e Pasteurella multocida em gatos (por mordidas e arranhaduras).
Os tipos de infecções superficiais são:
Dermatite piotraumática – ocorre após coceiras (pulgas) e traumatismos.
Dermatite das dobras cutâneas – falta de higiene.
Impetigo – pústulas por Staphylococcus. Geralmente ocorre em filhotes com verminoses (falta de cuidado e higiene – baixa imunidade).
Foliculite superficial – inflamação do folículo piloso.
Dermatopatias por infecções bacterianas profundas:
Geralmente ocorrem em decorrência de condições imunossupressoras (hipotiroidismo, hiperadrenocorticismo, demodicose, erlichiose). Invadem a derme e o tecido subcutâneo e são secundárias a imunodeficiências do hospedeiro. Podem ocorrer por solução de continuidade de infecções superficiais ou de feridas penetrantes.
Os patógenos mais comuns (infecções mistas) são: Staphylococcus intermedius, Mycobacterium sp, Actinobacillus e Nocardia spp (ferimentos penetrantes, formam fístulas). O diagnóstico é feito através dos sinais clínicos, raspado de pele, cultura, antibiograma e biópsia. Ao enviar material para análise, identificar a suspeita e acrescentar os dados do animal. 
O tratamento deve ser mais demorado, em geral sistêmico, eventualmente cirúrgico, principalmente nas infecções profundas e crônicas.
Os tipos de infecções profundas são:
Furunculose – estágio mais grave da foliculite (a foliculite é a inflamação de um folículo e a furunculose de vários).
Piodermite nasal – ligada a processos auto-imunes.
Piodermite perianal.
Abscessos subcutâneos.
Piodermite dos calos.
Pododermatites.
Infecções bacterianas superficiais
Dermatite piotraumática
Também conhecida como eczema úmido, hot spot. É causada por traumatismos provocados ou auto-induzidos: coleira apertada, tosa mal feita, roupinhas, etc.).
Os sinais clínicos são: lesão cutânea inflamatória, aguda e pruriginosa, com progressão comum na região lombo-sacral, membros posteriores e próximo às orelhas.
OBS: há um tipo de lesão piotraumática chamada foliculite ulcerativa que é uma forma mais profunda e grave, aparecendo como lesão em forma de placa espessa, com pápulas e pústulas satélites, ao redor, geralmente na face (mais comum em Golden retriever – possuem dificuldade de cicatrização; e São Bernardo).
O diagnóstico clínico se dá pela observação dos sintomas e o tratamento envolve tratar a causa inicial. Promover a tosa (remover os pêlos ao redor da ferida com tesoura e com cuidado, o que facilita a higiene e o tratamento do local), usar anti-séptico tópico (peróxido de benzoíla, clorexidine, furacin) ou antibiótico tópico (quadriderm, novacorten, oncilom A, nebacetim, trofodermin, rifocina spray, creme de calêndula a 5% - homeopático). Eventualmente pode-se fazer uso de antibiótico sistêmico.
Dermatite das dobras cutâneas
Conhecida como intertrigo. É causada por traumatismo, umidade alta (não secar o animal direito após o banho), acúmulo de secreções e excreções.
Os sinais clínicos são: dermatites das pregas labiais (em Cocker), pregas faciais (Sharpei), pregas da cauda (Buldog), pregas vulvares (cadelas obesas), pregas corporais (animais obesos e Sharpei).
O tratamento é promovera higiene do animal, uso de anti-sépticos tópicos (iodopovidona, clorexidine, permanganato de potássio – KmnO4), antibióticos e corticóides tópicos.
Impetigo
Dermatite pustulosa superficial. É causada por traumatismos, em parasitoses, infecções debilitantes como viroses, ambientes sujos, desnutrição e mordidas de carrapatos.
Os sinais clínicos são: mácula, pápula eritematosa, pústula, crosta, colarete epidérmico (área avermelhada em torno da mácula ou pápula), hiperpigmentação e alopecia das regiões abdominal, axilar e ingnal (glabras).
O tratamento consiste em eliminar os fatores debilitantes, usar anti-sépticos tópicos (iodopovidona, clorexidine, KmnO4) e antibióticos tópicos.
Foliculite superficial
Infecção bacterana por S. intermedius no interior do folículo piloso, secundária a ectoparasitas, fatores hormonais, DAPP (dermatite alérgica a picada de pulga) e atopia.
O sinal clínico é a presença de lesão pustular com folículo piloso no centro. O tratamento consiste em eliminar os fatores predisponentes (ectoparasitos, desnutrição que leva a descontrole hormonal, etc.) e o uso de antibioticoterapia sistêmica.
Infecções bacterianas profundas
Furunculose
É uma evolução da foliculite. Causa uma lesão fistular purulenta, presente principalmente nos calos (é uma área mais queratinizada).
Piodermite nasal
É uma lesão furunculosa profunda e dolorosa, localizada na ponte nasal causada por traumatismo local.
Piodermite perianal
Furunculose anal. Trata-se de fístulas perianais múltiplas na pele e junção mucocutânea com ulcerações. Provocam dor (disquesia – dor na evacuação), tenesmo (faz força para urinar ou evacuar e não consegue) e presença de sangue retal.
As causas são deficiência de ventilação, falta de higiene, contaminação das glândulas ad-anais e folículos pilosos locais.
O tratamento é tópico e sistêmico, eventualmente é necessário intervenção cirúrgica (remoção da glândula).
Abscessos subcutâneos
A causa mais comum é por mordeduras e arranhaduras em gatos. A bactéria envolvida neste caso é a Pasteurella multocida. A localização mais freqüente é no pescoço, ombros e base da cauda.
O tratamento envolve frenagem e antibióticos sistêmicos.
Piodermite dos calos
Causada por traumatismo e contaminação de calosidades, comum nas raças grandes e gigantes, além da região peitoral de Daschshound.
O tratamento envolve reduzir o atrito, acolchoar o local onde fica, proteger a calosidade, utilizar hidratantes. Antibioticoterapia local, sistêmica se necessário e cirurgia nos casos mais graves.
Pododermatites
Piodermite interdigital. É causada por corpo estranho, traumatismo localizado, queimaduras, secundária a infecções fúngicas e parasitárias, infestação de carrapatos. Pode ser uma dermatite psicogênica.
Os sinais clínicos são: eritema, edema, nódulos, úlceras e fístulas com exsudato sero-sangüinolento, claudicação.
Outras dermatites menos comuns
Piodermite do Pastor alemão
Piodermite na Leishmaniose – existem uma coleira chamada Scalibur (contém piretróide) que é repelente para mosquitos. Deve ser usada em áreas endêmicas.
Paniculite nodular estéril idiopática canina
Adenite sebácea granulomatosa em cães da raça Akita
Terapêutica das dermatopatias bacterianas
O sucesso terapêutico completo das dermatopatias ocorrerá de modo eficiente se as doenças subjacentes forem reconhecidas e combatidas adequadamente. Devem ser observados os seguintes fatores:
Hipersensibilidade bacteriana – ou seja, à toxina bacteriana. É comum em poodles idosos. Deve-se usar histamina e não corticóide.
Imunodeficiência – identificar a causa, se é nutricional, hormonal, etc.
Cepas resistentes de S. intermedius – é rico em betalactamase. Tratar com amoxilina com ácido clavulâmico, enrofloxacina.
Piodermite não estafilocócica – identificar a causa.
Orientação nas piodermites recorrentes – verificar a causa da baixa imunidade.
Tratamento adequado das causas primárias e outros fatores predisponentes – complexo B, vitaminas A, C, E e ômegas 3 e 6 são administrados em animais debilitados para auxiliar a recuperação.
OBS: a enrofloxacina não pode ser administrada em fêmeas gestantes nem em filhotes, pois possui afinidade aos ossos, causando deformação. Doses excessivas em gatos podem levar a cegueira irreversível. Deve ser administrada pelo peso exato do animal.
Problemas coexistentes complicadores do tratamento da piodermite canina
Doenças pruriginosas subjacentes (especialmente a hipersensibilidade a ectoparasitos e outras alergias).
Doenças alterando a estrutura e função dos folículos pilosos.
Inflamação cutânea crônica de qualquer etiologia (imunodeficiência, hipersensibilidade bacteriana).
Doenças que diminuem a vigilância imunológica contra invasões bacterianas, como hiperglicocorticoidismo (endógeno ou iatrogênico) e hipotireoidismo.
Cepas resistentes de S. intermedius.
Piodermite não estafilocócica.
Doenças subjacentes associadas à piodermite canina recorrente
	Doenças alérgicas não parasitárias
	Dermatite atópica
Alergia alimentar
	
Doenças alérgicas parasitárias
	Dermatite alérgica a pulgas
Queiletielose
Acaríase sarcóptica
Demodicose
Dermatite por Malassezia
Dermatofitose
	
Doenças endócrinas
	Hipotireoidismo
Hiperglicocorticismo iatrogênico
Hiperadrenocorticismo (ptuitária-dependente)
	Doenças de corneificação
	Defeitos de ceratinização primária “seborreia secundária”
	Genodermatoses
(na formação do folículo)
	Displasia folicular
Alopecia com descoloração difusa
	Outras doenças inflamatórias que alteram o folículo piloso
	Adenite sebácea
	Neoplasia oculta
(animais claros devem evitar ficar expostos ao sol – usar filtro solar 30 manipulado)
	Carcinoma de células escamosas induzido pelo sol
Formulações tópicas
Pós – são sólidos orgânicos ou inorgânicos pulverizados sobre a pele. São agentes secantes e lubrificantes de áreas intertriginosas. A pele deve estar enxuta. O pó pode conter ingredientes inertes como amido, zinco, talco, ou ativos como o enxofre. Ex: anasseptil pó, polimixina B, neomicina, bacitracina, zinco.
Loções – são líquidos de uso tópico onde estão dissolvidos agentes medicinais. Possuem efeito ressecante, refrescante e antipruriginoso, dependendo da base. São usadas em dermatoses exsudativas agudas, sendo contra indicado nas lesões crônicas ressecantes.
Emulsões – são substâncias oleosas ou gordurosas dispersas na água. Possuem aplicação fácil em animais de pêlo curto ou regiões glabras. Oferecem proteção mecânica, são suavizantes, antipruriginosos, amaciantes e com boa penetração.
Géis, cremes, ungüentos, pomadas e pastas – (estão em ordem crescente de viscosidade). Atuam como veículos de vários agentes medicinais. Tanto podem favorecer a hidratação da pele como ocluir orifícios pilo-sebáceos levando a foliculite. Os cremes e ungüentos são contra indicados em áreas que apresentem exsudação, dado o teor elevado de sua umidade quando comparados ao das pastas, que absorvem a água, sendo mais indicadas para estes casos.
Componentes usuais
Ácido salicílico – é ceratolítico, ceratoplástico, antipruriginoso e bacteriostático. Possui efeito sinérgico com o enxofre.
Enxofre – ceratolítico e ceratoplástico, bacteriostático, antifúngico e antiparasitário.
Alcatrão – ceratolítico.
Propileno-glicol – antibacteriano, antifúngico, desengordurante. Não deve ser usado em gatos.
Iodo – bactericida, fungicida, esporocida. Não deve ser usado em gatos.
Peróxido de benzoíla – agente oxidante, antibacteriano, ceratolítico, antipruriginoso e desengordurante.
Cloreto de benzalcônio – antibacteriano.
Sais de zinco – antibacteriano e antifúngico.
Clorexidine – antibacteriano e antifúngico.
Omega 3 (ácido linolênico) e Omega 6 (ácido linoleico) – são ácidos graxos essenciais de ação antiinflamatória, antipruriginosa, regulam a oleosidade e a opacidade dos pêlos.
Medicamentos de uso externo
Humilac – propilenoglicol, uréia,glicerina e ácido láctico.
Sebocalm – oleíno sulfato de sódio, ácido láctico e glicerina.
Sebolytic – ácido salicílico, alcatrão, enxofre. Não usar em gatos.
Cetocon tópico – cetoconazole 2%.
Vetriderm seborréia oleosa – enxofre, ácido salicílico, sulfonato sódico de óleo de xisto. Pode ser usado para seborréia seca também.
Vetriderm hipoalergênico – aloe vera e alantoína.
Vetriderm clorexidine – digluconato de clorexidine.
Vetriderm antipruriginoso – alantoína, chamomila, uréia e aloe vera.
Peroxidex – peróxido de benzoíla.
Sandog – peróxido de benzoíla.
Medicamentos de uso interno
Complementos vitamínicos:
Megaderm cães – Omega 3 e 6: 1 cápsula/10kg/dia.
Megaderm gatos – Omega 3, 6 e taurina: 1 cáps/dia.
Linovet – Omega 3 e 6, vitamina E, D3, A: cães, filhotes e gestantes. 1cáps/5kg e adultos 1 cáps/10kg. Gatos: 1cáps/kg.
OM3 gold 1000 – Omega 3, 6, 9 e vit E: 1 caps/20kg/dia.
OM3 gold 500 – Omega 3, 6, 9 e vit E: 1 caps/10kg/dia.
Alercat plus – Omega 3, 6, 9 e vit A, C e E e zinco: 1 caps/dia.
Allerdog plus ES – Omega 3, 6, 9 e vit A, C e E, zinco: 1 caps/20 a 30kg/ dia e para maiores de 30kg, 2 caps/dia.
Alledog plus – Omega 3, 6, 9 e vit A, C, E, zinco: 1 caps até 10kg/dia e para animais de 10 a 20kg, 2 caps/dia.
Dermocanis – Omega 3, 6, 9 e vit A, C, E e zinco: 1 caps/10kg/dia.
Anti-histamínicos e antialérgicos:
Maleato de pirilamina – alergovet: 50mg/1 comp/5kg.
Hidroxizine – 2mg/kg BID ou TID (manipulação ou hixizine comp 25mg, solução 2mg/ml).
Clemastina – 0,005 a 0,1mg/kg SID, xarope de 0,75 a 15mg.
Amitriplina – 1mg/kg de 12/12h.
Clorfeniramina – 0,4mg a 0,8mg/kg de 8/8h.
Prednisona – 0,5mg/kg BID ou SID.
Maleato de pirilamina – alergovet: 50mg – 1comp/5kg.
Rações hipoalergênicas:
Hipoalergenic – Royal Canin.
D/D Hill’s – prescription diet – carneiros.
Lamb Meal and Rice – Hill’s science diet – carneiros.
LA – peixe, salmão e truta – CNN da Purina.
FP – Eukanuba – peixe com batata, tem frango.
Ovelha e arroz – Nutro – só ovelha.
Ovelha e cereais – Pedigree – tem subprodutos além da ovelha.
Antibióticos:
Tecnicamente, o antibiótico ideal deve ser efetivo contra o S. intermedius para funcionar comprovadamente nos casos de piodermites. Este microrganismo desenvolve um micro-ambiente favorável à multiplicação de outros patógenos cutâneos.
Em geral, os antibióticos que constituem boa escolha empírica são os mesmos apontados pelos testes de sensibilidade antimicrobiana. A cultura e o antibiograma apresentam vantagens em custo-benefício nas infecções recorrentes em animais de grande porte.
Clorafenicol
Clindamicina – muito amargo. Os gatos costumam recusar. É mais fácil administrá-la se a colocar na geladeira, pois o fato de estar gelada facilita a ingestão, já que disfarça o amargo.
Lincomicina
Cefalotina
Cefaclor
Ceftiofur
Ceftriaxona
Orbifloxacina
Enrofloxacina
Amoxilina/clavulanato
Metronidazol
Azitromicina – novo no mercado. Aziplus (lab. Labies) – 10 a 30mg/kg/dia
O arredondamento da dose deve ser para cima (mas não muito), preferencialmente. O reexame clínico freqüente é a melhor conduta terapêutica. Quem deve decidir sobre a interrupção ou não do tratamento é sempre o clínico.
Eventualmente, uma lesão crônica e profunda pode tornar-se fibrótica e espessa, não havendo possibilidade de reversão ao tecido normal (como ocorre nas lesões podais).
Piodermites superficiais precisam de uma semana de tratamento. As mais profundas de duas a três semanas após a cura aparente.
Penicilina, amoxilina e ampicilina são inativadas pela β-lactamase do S. intermedius, não produzindo nenhum efeito. A tetraciclina tem pouca atividade sobre ele.
O Actinomyces sp é facilmente destruído pela penicilina. O Mycoplasma sp é sensível a tetraciclina. Abscessos felinos (causados pela Pasteurella) geralmente respondem bem a ampicilina e amoxilina.
Rifampicina e aminoglicosídeos são altamente nefrotóxicos.
A eritromicina é hepatotóxica.
Atividade de glicocorticóides orais e sua potência relativa
	Agente
	Potência
	Dose equivalente (mg)
	Duração do efeito (hs)
	Terapia em dias alternados
	Curta duração
Cortisona
Hidrocortizona
(possuem efeito muito rápido – usados em casos de choque)
	
0.8
1.0
	
25
20
	
8 – 12
8 – 12
	
	Ação intermediária
Prednisona
Prednisolona
Metil-prednisolona
(casos de atopia)
	
4.0
4.0
4.0
	
5
5
4
	
24 – 36
24 – 36
24 – 36
	
+
+
+
	Ação prolongada
Flumetasona
Triamcinolona
Dexametasona
Betametasona
(problemas articulares)
	
15.0
40.0
40.0
50.0
	
1.3
0.5
0.5
0.4
	
36 – 48
36 – 48
36 – 54
36 – 54
	
Dermatopatias de origem imunológica
Dermatite por alergia alimentar
As imunodeficiências acarretam deficiência de IgA circulante, observada em casos de infecções da pele e respiratórias. As características são:
Otite externa recidivante, que começa em animais jovens, podendo ser o único sinal.
Problemas dermatológicos relacionados com sintomas gastrintestinais (vômitos, diarréia, prurido anal).
Dermatites associadas a prurido, em animais jovens (1 ano ou menos) ou em idosos, onde não são observadas outras desordens (ex: sarna). Não há predileção por raça ou sexo.
Afecção não controlada por corticóides.
Histórico de mudança alimentar.
Infecções recorrentes (ex: eczema úmido) sem outra causa aparente.
Pápulas, pústulas, urticárias, eritema e crostas. Em gatos principalmente na cabeça, e em cães, pododermatite.
Podem estar associadas a outras alergias (atópica, pulgas, etc.).
O diagnóstico se dá pelo exame clínico, raspado negativo para ácaros, biópsia (infiltrado rico em eosinófilos e mastócitos), exclusão de alimentos suspeitos por no mínimo dois meses (para verificar se a alergia irá passar).
O diagnóstico diferencial é feito para micose, foliculite, DAPP (dermatite alérgica a picada de pulga), sarna e atopia.
O tratamento consiste em dieta hipoalergênica (rações terapêuticas ou arroz com peixe, carneiro, rã, coelho) por no mínimo dois meses.
Dermatite alérgica por inalação (atopia)
Pode ser causada por produtos de limpeza, cigarro, perfume. As características desta dermatite são:
Hipersensibilização tipo I ou IV (reação imediata ou tardia).
Comum em cães da raça Dálmata, Fox terrier, Schnauzer miniatura, Setter irlandês, Lhasa apso, Poodle, entre outros.
Mais freqüentemente em cães do que em gatos, incidência maior nas fêmeas.
Início em animais jovens até dois anos (depende do contato com o alérgeno).
São sazonais.
Causam intenso prurido na face e no pavilhão auricular.
Provocam descarga nasal e ocular, e causam conjuntivite.
O animal costuma ficar lambendo as patas e a região interdigital.
São comuns as piodermites axilar, inguinal e na região do cotovelo.
Causa hiperpigmentação da pele nas regiões afetadas.
Pode ocorrer prurido sem lesão.
O diagnóstico é por exame clínico, raspado negativo, biópsia, teste cutâneo intradérmico (esse teste não é muito preciso), RAST ou Elisa.
O tratamento consiste na aplicação de vacinas para IgE e IgG, levando a hipossensibilização, anti-histamínicos (hidroxizine 2,2mg/kg BID), glicocorticóides sistêmicos (prednisolona ou prednisona – cão: 0,5mg/kg BID por 5 a 10 dias, em dias alternados e ir diminuído gradativamente; gato: 1mg/kg BID, por 7 dias seguido de dias alternados, à tarde).
Dermatite alérgica a picada de pulgas (DAPP)
As características desta dermatite são:
Hipersensibilidade tipo I e IV (reação imediata ou tardia).
É a forma mais comum de dermatite alérgica em cães.
Ocorre principalmente no verão e no outono.
Apresenta-se como dermatite pruriginosa, eritematosa, de distribuição caudal e atrás das orelhas no cão, e cérvico-dorsal nos gatos (dermatite miliar).
Geralmente acompanha eczema úmido e piodermites.
No exame clínico e no histórico do animal, verificar a presença de pulgas, raspadonegativo para ácaros e biópsia.
O tratamento consiste no controle das pulgas adultas (Front line spray ou topspot, Advantage, Defendog spray, Revolution, etc.) e formas imaturas (Lufenuron, Program), corticoterapia, hipossensibilizção com extrato de pulgas e controle das pulgas no ambiente.
Dermatoses auto-imunes
Afecções penfigóides (pênfigo)
É uma desordem cutânea vesículo bolhosa, erosiva e ulcerativa, que com freqüência afetam também as mucosas. É rara em canino e felinos. Existem três tipos de pênfigo:
Pênfigo vulgar – são lesões mucocutâneas orais, normalmente dolorosas, com surgimento agudo e sinais sistêmicos como febre e anorexia.
Pênfigo foliáceo – raramente ocorrem lesões orais. É comum na face, coxins, pinas e na virilha. Freqüentemente ocorre hiperqueratose dos coxins. Seu surgimento é gradual sem sinais sistêmicos.
Pênfigo bolhoso – é o mais raro. Origina lesões vesículo bolhosas subepidérmicas que afetam a pele e a mucosa oral de cães. Assemelha-se clinicamente com o pênfigo vulgar.
O diagnóstico é clínico, com biópsia e imunofluorescência.
Não existe cura. O tratamento consiste no controle dos sintomas. Usa-se imunossupressores (Azatioprida, ciclofosfamida) e corticosteróides.
Lupus eritematoso sistêmico
Ocorre em cães (Collie, Pastor alemão, Rottweiller, Old english sheepdog) e gatos. É polissintomático (febre, poliartrite, linfadenopatia, lesões dérmicas). A distribuição das lesões cutâneas se dá de forma simétrica, com sinais sistêmicos. Se agrava na presença do sol.
A célula LE (do lupus eritematoso) é formada na doença. É um neutrófilo normal que fagocita o núcleo (sem cromatina) de um outro neutrófilo anormal. A formação dos neutrófilos anormais é ativada por algum fator (não se sabe bem como), que envolve predisposição genética. É chamada de lupus eritematoso sistêmico porque os antígenos são enviados para todos os tecidos, sensibilizando todo o organismo. Ocorre a formação de células (neutrófilos, eosinófilos, basófilos) anormais, que sofrem lise por anticorpos (que também são contra o núcleo, destruindo-o) liberando uma massa nuclear amorfa, sem cromatina, que é fagocitada por macrófagos. Faz-se pesquisa de antígeno anti-nuclear (AAN) em laboratório, para identificar o lupus.
O diagnóstico é clínico, com teste de pesquisa de anticorpos antinuclear (AAN), pesquisa de células binucleadas (LE), biópsia, imunofluorescência do material biopsado.
O tratamento é tentar a mesma terapia imunossupressiva.
No tratamento de longa duração, os antibióticos de preferência são a enrofloxacina, cefalexina, oxaciclina e amoxilina com ácido clavulâmico.
As opções de doses são:
Quinzenalmente (dose total diária);
Duas vezes por semana (dose total diária);
Um vez ao dia;
A cada dois dias.
As opções 1 e 2 são chamadas de terapia de pulso.
A administração de doses subterapêuticas de longo prazo podem causar alterações estruturais na bactéria, aumentar a fagocitose, implementar a atividade bactericida do soro, diminuir a habilidade de aderir a corneócitos e alterações no seu sistema enzimático.
Existem terapias mais recentes, entre elas:
Predmirona: cães – 2 a 4mg/kg BID; gatos – 4 a 8mg/kg/dia BID.
Dexametasona: 0,2 a 0,6mg/kg/dia, após 14 dias diminuir a dose.
Triancinolona: 0,2 a 0,6mg/kg/dia.
Clorambucil: 0,2mg/kg q 48h.
Ciclosporina: 10 a 20mg/kg q 24h.
Sais de ouro: auranopim (Ridaura) 3 a 6mg q 24h; aurotioglucose (Solgenol) 1mg/kg IM.
Demodicose
Ou sarna demodécica. É uma doença parasitária, inflamatória grave. Destrói o folículo piloso e pode levar a infecção bacteriana e a morte por septicemia. É apruriginosa. Causada pelo Demodex canis. Vivem nos folículos pilosos e glândulas sebáceas dos mamíferos. Alimentam-se das secreções sebáceas e das células epiteliais dos folículos pilosos.
O parasito pertence a fauna normal da pele. Em ambiente favorável, invade o folículo piloso (baixa imunidade) e se reproduz, causando a demodicose. A demodicose se caracteriza por encontrar todas as fases evolutivas do parasito (ou grande quantidade das formas adultas).
A transmissão ocorre através da mãe, nas primeiras mamadas. Nos animais vulneráveis, se instalam nos folículos pilosos e se desenvolvem quando há baixa na imunidade.
As raças pré-dispostas são: Old english sheepdog, Collie, Afganhaund, Dobermann, Beagle, Sharpei.
A vulnerabilidade é genética, mas fatores pré-disponentes levam ao aparecimento da doença, como deficiência nutricional, estresse, endoparasitoses, enfermidades debilitantes.
Geralmente ocorre em animais até um ano de vida ou na velhice.
A demodicose pode ser classificada como:
Localizada – se localiza mais na face (região periocular e comissura labial) e nas patas dianteiras.
Generalizada – quando já se espalha pelos membros. Pode ser um surto juvenil ou um surto adulto (indicador de problema mais grave). Leva a infecção bacteriana secundária por S. aureus coagulase positiva, Pseudomonas sp, Proteus sp.
Pododemodicose – nas patas. Geralmente é fruto de um surto que foi tratado, mas continua renitente nas patas. As patas ficam edemaciadas e doloridas, levando à claudicação.
O ácaro, ao chegar no folículo, causa foliculite. Com a foliculite, ocorre invasão bacteriana, formando exsudato, placas e crostas, originando as lesões crostosas, piogênicas e hemorrágicas. Não se deve jamais tratar com corticóide, pois deprime o sistema imune do animal ainda mais, piorando o quadro.
A evolução da doença da forma localizada para generalizada ocorre se não for imediatamente tratada. Quando se manifestar a doença localizada, deve-se entrar logo com o tratamento para mantê-la sob controle (não há cura, apenas controle), mas pode voltar a se manifestar caso haja baixa na imunidade novamente. Se evoluir para a forma generalizada, ela irá manifestar as lesões piogênicas, podendo tornar-se crônica.
Para confirmar o diagnóstico, faz-se um raspado cutâneo. Faz-se diagnóstico diferencial com dermatofitose (fúngica), dermatite seborréica (comum em Cooker), dermatite de contato, entre outras. O Husk siberiano possui uma dermatite causada por deficiência de zinco, levando a perda de pêlos ao redor dos olhos.
OBS: Se chegar um animal na clínica, com 4 ou 5 anos de idade, apresentando demodicose, deve-se observar bem o animal, pois geralmente preconiza o aparecimento de alguma doença grave que ainda irá se manifestar (como doenças metabólicas).
Protocolo de tratamento
Antes de tudo, se o animal estiver muito debilitado, deve-se cuidar para melhorar suas condições físicas e imunitárias. Uma alimentação com polivitamínicos e Omega 3 e 6 ajuda a recuperar o animal.
O tratamento consiste em banhar o animal com um shampoo anti-seborréico e/ou um shampoo anti-bacteriano (para uso em cães, pois o pH é diferente), um dia antes de aplicar o medicamento. Alguns exemplos de shampoos são: a base de clorexidina, peróxido de benzoíla. Animais de pêlo longo devem ser tricotomizados (não tosados) – com tesoura e não raspado.
Se o animal estiver muito contaminado, aplica-se o medicamento em metade do corpo num dia e na outra metade no dia seguinte, para evitar intoxicação. Não secar com secador quente e sim com toalhas e secador frio.
Os medicamentos usados são:
Amitraz – acaricida, 4ml/L, 1x/sem., por 4 semanas.
Milbemicina Oxima – acaricida, 1 a 2,2mg/kg/dia, por 4 meses.
Ivermectina – (acaricida) próprias para cães (estas podem ser usadas inclusive em Collie) 400 – 600µg/kg/dia, por 4 semanas.
Cefalexina – antibacteriano, 30mg/kg, 12 em 12h, por 4 semanas. Não administrar em jejum.
Enrofloxacina – antibacteriano, 5 a 20mg/kg/dia. Não se usa em filhotes (com menos de um ano), pois gera alterações na cartilagem.
OBS: sempre que o animal demonstrar problema de pele, deve-se examinar também o ouvido (otoscopia).
Escabiose canina
Sarna sarcóptica. É uma doença parasitária, altamente pruriginosa e contagiosa. Causada por Sarcoptes scabei variedade canis. A transmissão

Outros materiais