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Direito Civil - Parte Geral I Aula 04 Os direitos desta obra foram cedidos à Universidade Nove de Julho Este material é parte integrante da disciplina oferecida pela UNINOVE. O acesso às atividades, conteúdos multimídia e interativo, encontros virtuais, fóruns de discussão e a comunicação com o professor devem ser feitos diretamente no ambiente virtual de aprendizagem UNINOVE. Uso consciente do papel. Cause boa impressão, imprima menos. Aula 04: Bens Jurídicos Objetivo: Neste módulo estudaremos as noções gerais dos bens jurídicos, aqueles considerados em si mesmos, bem como os reciprocamente considerados. Conceito Os bens, materiais ou imateriais, que têm valor jurídico, podem ser objetos das relações jurídicas. É tudo aquilo que se possa submeter ao poder dos sujeitos da relação como forma de realizar suas finalidades. Coisa (res) é gênero, enquanto bem é espécie. Pode-se dizer que a palavra “coisa” é mais abrangente e refere-se a tudo aquilo que existe no universo e pode ser apropriado ou não. Quanto aos bens, pode-se dizer que é tudo aquilo suscetível de apropriação e de utilização econômica pelo homem. O patrimônio do indivíduo é a representação econômica da pessoa, cuja composição integra bens materiais ou corpóreos (suscetíveis de apreensão física, como, por exemplo: livro, mesa, joia) e os imateriais ou incorpóreos (existência abstrata, como, por exemplo: o crédito, a honra, direito autoral, software). Classificação dos bens considerados em si mesmos Sob a denominação de bens considerados em si mesmos (arts. 79-91 CC), a lei faz uma subdivisão em cinco categorias: a) Bens móveis e imóveis: Relevando-se sua natureza, consideram-se bens imóveis (também chamados de bens de raiz) aqueles que não podem ser transportados de um lugar para outro sem alteração de sua substância (prédio), ao passo que os móveis são passíveis de condução (também chamados de semoventes), sem alteração de sua substância (por exemplo, os carros). Alguns efeitos práticos merecem destaque, em especial, pela formalidade nos negócios determinada pela lei, eis que os bens imóveis para alienação operam-se pela lavratura de escritura pública, enquanto para os móveis se opera pela simples entrega (tradição). No direito tributário os bens imóveis estão sujeitos a tributos especiais diferentemente dos bens móveis. Vale lembra que o Código Civil adotou o critério da mobilidade (bens móveis e imóveis), enquanto o Código de Defesa do Consumidor adotou o critério de durabilidade (bens duráveis e não duráveis). a1- classificação dos bens imóveis: • Imóveis por sua natureza (79 CC): o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente, como, por exemplo, o solo, subsolo, as pedras, as fontes, as árvores e espaço aéreo. • Imóveis por acessão física, industrial ou artificial: trata-se de tudo o que o homem incorporar permanentemente ao solo, como, por exemplo, as edificações e construções. Excluem-se, portanto, as construções provisórias, por exemplo, parques, circos, feiras, tendas, entre outros. • Imóveis por determinação legal (80 CC): prevalece a vontade do legislador quanto aos direitos reais sobre imóveis (hipoteca) e as ações que o assegurem e o direito a sucessão aberta. Trata-se de bens incorpóreos que não são móveis ou imóveis, mas o legislador, por ficção legal e para ampliar a segurança jurídica das relações, o considera imóvel. a2- Classificação dos bens móveis (82 CC): • Móveis por natureza: podem ser transportados de um lugar para outro, por força própria ou estranha, sem deteriorar sua substância. Tais bens são divididos em móveis propriamente ditos (admitem remoção por força alheia, como, por exemplo, os objetos inanimados) e os semoventes (aqueles que têm movimento próprio, movem-se de um local para outro por força própria, como, por exemplo, os animais). • Móveis por determinação legal (83 CC): são bens incorpóreos que adquirem a qualidade de móveis por vontade da lei (por exemplo, o crédito, o direito autoral). b) Bens fungíveis e infungíveis (85 CC): a classificação leva em conta a possibilidade de substituição que os bens móveis tenham. Assim, os fungíveis podem ser substituídos por outros de mesma espécie, qualidade e quantidade (dinheiro e gêneros alimentícios, por exemplo). Ao passo que os infungíveis são os insubstituíveis (escultura famosa, por exemplo). A lei permite ainda que a fungibilidade possa resultar da vontade das partes quando lhe atribuírem a característica de insubstituível (um livro, por exemplo). c) Bens consumíveis e inconsumíveis (86 CC): consumíveis são os móveis cujo uso importe em destruição imediata, ou seja, acaba-se em um ou poucos usos (por exemplo, os alimentos), ao passo que os inconsumíveis permitem uso continuado (por exemplo, os automóveis). Independente da natureza de se acabar de imediato ou por tempo prolongado, a lei destina como consumíveis os bens destinados à alienação: produtos colocados à venda. O primeiro grupo são os bens consumíveis de fato e o segundo os bens de direito. d) Bens divisíveis e indivisíveis (87 CC): os bens que podem ser partidos em porções, formando, cada um, uma unidade divisível (por exemplo, um brilhante, um saco de arroz). Por indivisível teremos os bens que não permitem o fracionamento (por exemplo, mesa, animal). O art. 88 do CC prescreve, ainda, que os bens divisíveis podem se tornar indivisíveis por determinação da lei (art.1386 CC) ou por convenção das partes (por exemplo, dinheiro). e) bens singulares e coletivos (89 CC): Os bens singulares são as coisas consideradas em sua individualidade, representadas por uma unidade e distinta de qualquer outra, como, por exemplo, bolsa, livro. Já os bens coletivos são compostos de várias coisas singulares, são, pois, considerados em conjunto, formando um todo, como, por exemplo, uma biblioteca, um rebanho. Os bens coletivos são também chamados de universalidade ou universais. Classificação dos bens reciprocamente considerados Trata-se da classificação que considera um bem em relação a outro: a) Bens principais e bens acessórios: bem principal é aquele que possui autonomia, existe por si só, não depende de outro e é aplicável entre coisas e direitos (por exemplo, um contrato de compra e venda). Bem acessório tem sua existência subordinada ao principal (por exemplo, a cláusula penal em relação ao contrato de compra e venda). A regra é de que o acessório segue a sorte do principal (acessorium sequitur suum principale), salvo estipulação em contrário. Deste modo, não há multa contratual se não houver um contrato principal a que faça relação. a1- classificação dos bens acessórios: frutos, produtos, benfeitorias e pertenças. • Frutos (95 CC): utilidades que a coisa produz periodicamente, ou seja, tem renovação de tempos em tempos. A percepção não importa diminuição da substância: as frutas, os juros, o aluguel. Podem ser agrupados quanto à origem (natural, civil e industrial) e ao estado (pendentes, percebidos, estantes, percipiendos e consumidos). • Produtos (95 CC): utilidades não-renováveis que se retiram da coisa, diminuindo-lhe a quantidade (pedras e metais extraídos das minas e pedreiras). • Benfeitorias (96 CC): São as obras realizadas na coisa principal, com o objetivo de conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la. As benfeitorias são sempre artificiais, posto que exigem uma atividade humana. Não são benfeitoriasos acréscimos naturais (97 CC). Serão úteis aquelas que aumentam ou facilitam o uso da coisa. (construção de um banheiro dentro da casa). Serão necessárias aquelas que têm por fim conservar ou evitar que o bem se deteriore (reformas em geral) e Voluptuárias as de mero deleite, embelezamento, que não aumentam a utilidade da coisa (mosaico num jardim). O conceito de benfeitorias úteis é negativo, ou seja, aqueles que não se enquadrarem como necessárias, mas aumentem o valor do bem. • Pertenças (93/94 CC): O Código Civil de 2002 incluiu as pertenças dentro da classificação de bens acessórios. É uma destinação de um bem em relação ao principal, com objetivo de conservar ou facilitar o uso. Não é parte integrante, portanto, não é produto e nem fruto, como, por exemplo, a mobília da casa, o trator na fazenda, os objetos de decoração da casa, o ar-condicionado. Importante lembrar que por força do art. 94 do Código Civil, a regra de que o acessório segue ao principal não se aplica às pertenças. Classificação dos bens públicos Bens públicos e particulares (98/103 CC): esta classificação analisa a titularidade de propriedade. Os bens públicos pertencem à União, aos Estados ou aos Municípios, ao passo que, os particulares, por exclusão, pertencem à iniciativa privada. Os bens públicos dividem-se em: • Bens públicos de uso comum do povo (99, I, CC): são aqueles cuja utilização não está sujeita à normas especiais. Por exemplo, os rios, os mares, as ruas, e as estradas podem ser utilizados, mas não têm domínio e são inalienáveis. • Bens de uso especial (99, II, CC). São bens públicos cuja utilização é concedida a determinada pessoa ou utilizado pelo próprio poder público para a realização de seus serviços: escolas, repartições etc. • Bens dominicais (99, III, CC): são bens públicos não destinados à utilização direta e imediata do povo, nem a usuários de serviços, mas pertencem ao poder estatal, como, por exemplo, terrenos de marinha, estradas de ferro e terras devolutas (faixas litorâneas). Vale lembrar que tais bens podem ser alienados. No geral os demais bens públicos são inalienáveis e não estão sujeitos à usucapião (102 CC). REFERÊNCIAS GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Mancuso. Novo Curso de Direito Civil. São Paulo: Saraiva, 2011, v.1. GONÇALVES, Carlos ROBERTO. Direito Civil Brasileiro. 7ª Ed., São Paulo: Saraiva, 2011, v.1. VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. São Paulo: Atlas, 2011, v. 1.
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