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As mudanças introduzidas pelo código de ética de 1986, a partir do reconhecimento da presença do conservadorismo nos códigos de ética que o antecedem, ou seja, os códigos de 1947, 1965,1975. O código de ética de 1986 foi um marco na profissão do Serviço Social, pois o seu direcionamento rompe com conservadorismo e a profissão ganha novas características visando a atender as necessidades dentro de seu contexto histórico. O novo código de 1986 destaca os princípios e diretrizes que orienta a prática profissional do assistente social, sendo articuladas as lutas de classes, tendo seu posicionamento voltado aos interesses da classe trabalhadora. Este diferente dos códigos anteriores tem em seu caráter a coletividade, equidade para a sociedade, pluralismo politico, a luta de ideias e a produção teórica. O novo código utiliza matrizes teóricas e metodológicas compatíveis com o rompimento com o conservadorismo e direciona os profissionais nos seus direitos e deveres, buscando consolidar uma direção social transparente, voltado para responder as expectativas sociais para sua ação profissional. Faz necessário um novo projeto ético politico para o direcionamento da profissão, afirmando com valor ético central o compromisso com a liberdade. Implica a autonomia, emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais. Uma nova reforma curricular é inserida para a formação do profissional do serviço social. Nos códigos anteriores não havia a preocupação com as questões sociais e sim de manter a hegemonia vigente, uma espécie de controle, pois o primeiro código de 1947 era voltado para os valores cristões, esse imposto pela igreja católica, tendo como base o neotomismo. Já o segundo código de 1965 exime a conotação católica, defendendo o respeito às posições religiosas, passando a ser de uma amplitude técnica e cientifica. Um código de ética se destina aos profissionais de diferentes credos e princípios filosóficos, devendo ser aplicável a todos. Este segundo código é fundamentado pelas elaborações teóricas nascidas no seio do capitalismo, com a concepção ideológica conservadora da sociedade e o inicio do movimento de reconceituação do serviço social. No código de 1964 a profissão busca se vincular estreitamente o serviço social ao processo de desenvolvimento nacional, é nesta fase que os assistentes sociais começam a tomar consciência da realidade brasileira e realizam um esforço de integração no processo de desenvolvimento nacional. É nesse momento que tem diferentes posicionamentos profissionais, em que, alguns profissionais se mantem com sua postura acrítica da realidade, defendendo os interesses do capital e por outro lado os profissionais que começam a perceber o antagonismo dentro da sociedade e assumem a luta de transformação das estruturas. De qualquer forma, o serviço social nesse ou em qualquer momento, não se isola de uma ideologia. Dentro da teoria nacional-desenvolvimentista o Estado é o propulsor do desenvolvimento. Aceita se o conflito, porém institucionalizado e controlado. Logo esse código apesar das mudanças introduzidas, continua a visar o controle da hegemonia vigente (interesse do capitalismo x Estado ). O terceiro código de 1975 continua visando o controle das classes subalternas, com o mesmo discurso nacional – desenvolvimentista, com a ideia de reformas não estruturais. Este também defendendo os interesses do capital, porém o contexto histórico nesse período houve a realização do seminário de teorização do serviço social em Araxá, e em Teresópolis em 1970, que marcaram definitivamente uma nova fase: a reconceituação do serviço social, o que levou o serviço social a necessidade de um terceiro código de ética. O código de 1986 foi de extrema relevância para o direcionamento da profissão dos assistentes sociais, este, diferente dos anteriores assume uma nova postura profissional, pois nele acontece o rompimento com o conservadorismo e dos interesses do Estado e do capitalismo, o novo código passa a orientar a prática profissional articulada ás lutas da classe trabalhadora, dentre elas; o apoio participações nos movimentos sociais e organizações da classe trabalhadora é o pioneirismo em tratar da devolução das informações colhidas no estudo e pesquisa aos sujeitos sociais envolvidos. As mudanças se faziam necessárias, começando com o rompimento do conservadorismo, um novo fazer dos assistentes sociais, em que este, está voltado a importância do sujeito, a sociedade e a sua humanização. O código passa a ser reflexivo dentro do seu contexto histórico e o profissional passa a ter uma postura baseada na reflexão, consolidando uma direção pautada na equidade, coletividade, humanismo, onde os valores são tidos como universais e acima dos interesses das classes. Esse código foi fundamental para a categoria de assistentes sociais, mas a realidade brasileira mudou rapidamente e houve necessidade de outra normatização ética para o serviço social brasileiro. Baseado nesse contexto histórico entende-se que, o código de ética não é algo imutável e que ao surgirem novas necessidades de mudanças de ética profissional, está será feita de acordo com sua nova realidade. Rio de Janeiro, 18 de Abril de 2016