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Lei de Drogas Comentada para concursos

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Prévia do material em texto

1 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
COMENTADA POR ALLAN FRANCIS DA COSTA SALGADO 
ACESSE NOSSO CANAL: 
https://www.youtube.com/channel/UCaGmsBMAUlZadt0nUFaaj2g 
Acesse a vídeo aula desta matéria: https://youtu.be/SFy632njBMs 
Pessoal no nosso canal ministramos o curso do novo cpc inteiramente gratuito 
e comentamos leis penais, informativos e passamos macetes de concursos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 01 - 29/09/2014 
 
RETROSPECTIVA 
 
Lei 6368/76 Lei 10409/02 Lei 11343/06 
Previu crimes O capítulo de crimes foi 
vetado 
Previu crimes, revogando a 
lei anterior 
Previu procedimento 
especial 
Previu procedimento 
especial, que revogou 
aquele previsto na Lei 
6368/76 
Previu procedimento 
especial, revogando a lei 
anterior 
Objeto material: 
substâncias entorpecentes 
 Objeto material: drogas 
 
 A lei 11343/06 é uma norma penal em branco heterogênea, em sentido 
estrito ou própria. É a espécie de lei complementada por diploma diverso de lei; no caso 
da Lei de Drogas, o diploma complementador é a Portaria 344/98 da Secretaria de 
Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde. 
 Vale lembrar que, de acordo com os Tribunais Superiores, a norma penal em branco 
heterogênea/em sentido estrito/própria não viola o princípio da legalidade (mais 
precisamente da reserva legal). 
Na NPB, é a lei que cria os requisitos básicos do delito. O que a autoridade 
administrativa pode fazer é explicitar, por meio de portaria, um dos requisitos típicos 
dados pelo legislador. 
 
2 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
Excluída uma substância da Portaria, haverá abolitio criminis. 
 
CRIME DE PERIGO ABSTRATO X PERIGO CONCRETO 
Não há dúvida de que os delitos da lei de drogas são crimes de perigo abstrato. 
É o que prevalece, inclusive nos Tribunais Superiores. 
Lembrando: 
 Crime de perigo abstrato: o perigo ao bem jurídico tutelado é absolutamente 
presumido por lei; 
 Crime de perigo concreto: o perigo ao bem jurídico tutelado deve ser comprovado. 
Normalmente, os tipos dos crimes de perigo concreto contêm as expressões “que 
resulte dano”, “gerando perigo de dano” etc. Divide-se em duas espécies: 
o Crime de perigo concreto determinado: exige vítima determinada colocada 
em risco; 
o Crime de perigo concreto indeterminado: não exige vítima determinada 
colocada em risco; 
A maioria da doutrina entende que os crimes previstos na Lei de Drogas são de 
perigo abstrato, mas há doutrina minoritária ensinando que são crimes de perigo concreto 
indeterminado. Nesse caso, não se exige a apresentação de uma vítima concreta. 
Fundamental, no entanto, a comprovação da idoneidade lesiva da conduta para os bens 
jurídicos protegidos. 
 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
Relembrando os requisitos: 
 Mínima ofensividade da conduta do agente; 
 Nenhuma periculosidade social da ação; 
 Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; 
 Inexpressividade da lesão jurídica provocada; 
Prevalece nos Tribunais Superiores, não se aplica o princípio da insignificância aos 
crimes previstos na Lei de Drogas, uma vez que não há neles reduzido grau de 
reprovabilidade do comportamento. 
Importante registrar, no entanto, que há julgados no STF aplicando tal princípio. 
 
 
 
3 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
DOS CRIMES EM ESPÉCIE 
Do uso: 
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para 
consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar será submetido às seguintes penas: 
I - advertência sobre os efeitos das drogas; 
II - prestação de serviços à comunidade; 
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. 
 
De acordo com o STF, porte de drogas para uso próprio permanece crime. Houve 
moderada despenalização, já que o delito é punido apenas com penas alternativas (STF, 
1ª Turma, RE-QO 430105/RJ). 
O STF recentemente disse que a condenação pelo uso de drogas gera reincidência 
Para Luis Flávio Gomes, por não ser punido com reclusão ou detenção, não se trata 
de crime, mas de infração sui generis, que mescla penal com administrativo. 
Terceira corrente: Houve a descriminalização com base no artigo 1 da lei de 
introdução ao Código penal. 
Art 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer 
isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que 
a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente 
Considerando que o art. 28 não estabelece penas privativas de liberdade, o art. 30 
da Lei de Drogas anuncia prazo especial de prescrição, qual seja, 2 (dois) anos. 
Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a execução das penas, observado, 
no tocante à interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal. 
 
Aplicam-se as causas suspensivas e interruptivas do Código Penal. 
No caso de descumprimento injustificado da pena alternativa, não cabe conversão 
da pena alternativa em privativa de liberdade, devendo ser observado o disposto no §6º 
do art. 28: 
Art. 28, § 6o Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o 
caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz 
submetê-lo, sucessivamente a: 
I - admoestação verbal; 
II - multa. 
Art. 29. Na imposição da medida educativa a que se refere o inciso II do § 6o do art. 28, 
o juiz, atendendo à reprovabilidade da conduta, fixará o número de dias-multa, em 
quantidade nunca inferior a 40 (quarenta) nem superior a 100 (cem), atribuindo depois a 
cada um, segundo a capacidade econômica do agente, o valor de um trinta avos até 3 
(três) vezes o valor do maior salário mínimo. 
 
4 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
Parágrafo único. Os valores decorrentes da imposição da multa a que se refere o § 6o 
do art. 28 serão creditados à conta do Fundo Nacional Antidrogas. 
 
BEM JURÍDICO TUTELADO: saúde pública colocada em risco pelo comportamento 
do usuário. Veja que não se pune o porte da droga, para uso próprio, em função da 
proteção à saúde do agente (a autolesão não é punida), mas em razão do mal potencial 
que pode gerar à coletividade. 
 
SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa. 
 
SUJEITO PASSIVO: a coletividade. 
É, portanto, um crime vago, no qual o agente ativo e passivo não são determinados 
previamente. 
 
CONDUTA: não se pune o agente se for surpreendido usando drogas, sem 
possibilidade de se encontrar a substância em seu poder. Nesse caso, não existirá 
materialidade e o uso pretérito é fato atípico. 
 
VOLUNTARIEDADE: o crime é punido a título de dolo. 
 
CONSUMAÇÃO: consuma-se com a prática de qualquer um dos núcleos. O crime 
será permanente nos verbos “trazer consigo” e “manter em depósito, quando a 
consumação se protrai no tempo. 
 
TENTATIVA: é admitida pela doutrina. 
 
MATERIALIDADE: para que fique comprovada a materialidade do crime, é 
imprescindível laudo pericial da substância. Para a denúncia, vale lembrar, basta o simples 
laudo de constatação (elaborado com base na aparência, textura, cheiro, etc). 
 
ELEMENTO NORMATIVO: o agente age sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar. Equivale à ausência de autorização o desvio de 
autorização, ainda que regularmente concedido. 
 
 
5 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
 Do tráfico: 
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, 
expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, 
prescrever, ministrar, entregar aconsumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, 
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 
(mil e quinhentos) dias-multa. 
 
 BEM JURÍDICO TUTELADO: saúde pública (tutela imediata) e saúde individual de 
pessoas que integram a sociedade (tutela mediata). 
 
SUJEITO ATIVO: em regra, é crime comum. 
 Na modalidade prescrever (receitar para alguém), o crime só pode ser praticado por 
médico ou dentista. Nesse caso, o crime passa a ser próprio. 
 
SUJEITO PASSIVO: o sujeito passivo primário é a sociedade; o sujeito passivo 
secundário são crianças, adolescentes e pessoas sem capacidade de discernimento e 
autodeterminação. Depara-se, aqui, com um aparente conflito de normas. Vejamos: 
Art. 33 da Lei 11343/06 Art. 243 do ECA 
Vítima secundária: criança ou adolescente Vítima: criança ou adolescente 
Objeto material: substâncias que causam 
dependência 
Objeto material: substâncias que causam 
dependência 
A substância que causa dependência está 
relacionada na Portaria 344/98 da 
SVS/MS 
A substância que causa dependência não 
está relacionada na Portaria, a exemplo 
da “cola de sapateiro” 
Art. 243, ECA. Vender, fornecer ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar, de 
qualquer forma, a criança ou adolescente, sem justa causa, produtos cujos componentes 
possam causar dependência física ou psíquica, ainda que por utilização indevida: 
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais 
grave. 
 
 CONDUTAS: o art. 33, caput, pune 18 (dezoito) núcleos, tratando-se de crime 
plurinuclear. 
 Mesmo que o agente pratique, no mesmo contexto fático, e sucessivamente, mais 
de uma ação típica, responderá por crime único, com base no princípio da 
alternatividade. 
 Faltando proximidade comportamental entre as várias condutas (ou seja, ausente o 
mesmo contexto fático), haverá concurso de crimes. 
 
 
6 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
ELEMENTO NORMATIVO: o agente age sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar. Equivale à ausência de autorização o desvio de 
autorização, ainda que regularmente concedida. 
 
ESTADO DE NECESSIDADE: Dificuldade de subsistência por meios lícitos 
decorrentes de doença ou falta de trabalho não justificam apelo a recurso ilícito, 
reprovável e socialmente perigoso, de se entregar o agente à negociação de drogas. 
 
CIRCUNSTÂNCIAS INDICATIVAS DO TRÁFICO: 
Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a autoridade de polícia 
judiciária, remetendo os autos do inquérito ao juízo: 
I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que a levaram 
à classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da substância ou do produto 
apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as 
circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente; ou 
 
 VOLUNTARIEDADE: o crime é punido a título de dolo. 
 
 CONSUMAÇÃO: o crime consuma-se com a prática de qualquer um dos núcleos 
trazidos no tipo. 
 Há modalidades permanentes, como a dos verbos “guardar”, “manter em depósito”, 
“trazer consigo”, etc. Nesse caso, nos termos da Súmula 711 do STF, a lei penal mais 
grave aplica-se se for anterior à cessão da permanência. 
Súmula 711, STF. A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime 
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. 
 
 TENTATIVA: a possibilidade de tentativa gera divergência na doutrina e na 
jurisprudência: 
 1ª corrente: a multiplicidade de núcleos (18) inviabiliza a tentativa; 
 2ª corrente (prova da PF, doutrna moderna): é possível a tentativa, como, por 
exemplo, “tentar adquirir”. 
 Recentemente o STF decidiu que o fato do indivíduo encomendar drogas pelo 
telefone para revender, caracteriza tráfico, mesmo que não venha a se consumar. 
Tentativa de adquirir 
 
 
7 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
 Questão de concurso: Fulano, auxiliado por Beltrano, vendia drogas na Praça 
Azul. Enquanto Fulano negociava com consumidores, Beltrano vigiava o local. Dois 
policiais, passando-se por usuários, provocaram Fulano vender um papelote de cocaína. 
Logo que esgotava a venda, Fulano foi preso em flagrante, apreendendo-se em seu poder 
dinheiro e 10 papelotes. Fulano delatou Beltrano, que também foi preso. 
1. Consta do APF que Fulano e Beltrano vendiam drogas... 
ERRADO, por que: 
a) A venda foi provocada, tratando-se de crime impossível; 
Súmula 145, STF: Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna 
impossível a sua consumação. 
 
b) Beltrano não realizou o núcleo “vender”. 
2. Consta do APF que Fulano e Beltrano traziam consigno drogas... 
ERRADO. O núcleo “trazer consigo” está correto, pois esta ação não foi provocada 
pelos policiais (Fulano trazia consigo espontaneamente), mas Beltrano não realizou este 
núcleo (não trazia droga consigo). 
3. Consta do APF que Fulano, auxiliado por Beltrano, trazia consigo drogas... 
CORRETO. 
 
CONCURSO DE CRIMES: é perfeitamente possível o concurso de tráfico de drogas 
com outros crimes. 
Ex¹: furtador que subtrai de um hospital substâncias entorpecentes e vende para 
usuários (art. 155 CP + art. 33 da Lei 11343/06); 
Ex²: traficante que recebe coisa que sabe ser produto de crime como forma de 
pagamento pela droga vendida (art. 180 CP + art. 33 da Lei 11343/06); 
A 1ª turma do STF, no HC 94240/SP, por maioria de votos, decidiu pela possibilidade 
do princípio do non olet, isto é, a incidência de tributação sobre valores arrecadados em 
virtude de atividade ilícita, consoante art. 118 do CTN (o Min. Marco Aurélio defendeu a 
tese de que o recolhimento do tributo pressupõe atividade legítima). 
 
Do fornecimento de drogas para consumo conjunto: 
Lei 6368/76 Lei 11343/06 
1ª corrente: é tráfico, crime 
equiparado a hediondo; 
Configura o crime do art. 33, §3º (tráfico de menor 
potencial ofensivo) mediante o cumprimento dos 
requisitos: 
 
8 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
2ª corrente: é tráfico, não 
equiparado a hediondo, 
posto que não há 
mercancia; 
3ª corrente: o 
comportamento é punido 
como porte para uso; 
 Oferecimento eventual; 
 Sem objetivo de lucro (elemento subjetivo normativo 
negativo); 
 A pessoa de seu relacionamento; 
 Para juntos consumirem (elemento subjetivo 
normativo positivo); 
Faltando um dos requisitos citados, o crime praticado será 
o do art. 33, caput. 
 
Art. 33, § 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro (elemento subjetivo 
negativo do tipo), a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem (elemento 
subjetivo positivo do tipo): 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 
1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28. 
 
 Do tráfico de matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à 
preparação da droga: 
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, 
expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, 
prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, 
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: 
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, 
fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, 
sem autorização ou em desacordo com determinação legalou regulamentar, matéria-
prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas; 
 
 OBJETO MATERIAL: 
No art. 33, caput No art. 33, §1º, I 
O objeto material é a 
droga pronta 
O objeto material é matéria-prima, insumo ou produtos 
químicos destinados à preparação da droga. Ex: éter 
sulfúrico, que serve para o refino da cocaína 
 
 De acordo com Vicente Greco, compreende não só as substâncias destinadas 
exclusivamente à preparação da droga, como as que, eventualmente, se prestem a essa 
finalidade (como é o caso do éter sulfúrico), sendo imprescindível perícia. 
 Não há necessidade de que os produtos tenham, por si sós, os efeitos 
farmacológicos da droga a ser produzida. 
 Para caracterizar o delito em estudo, prevalece que basta a prática dos núcleos, 
sabendo que a substância serve para produzir droga, não se exigindo que ele tenha 
vontade de produzir prova. 
 
9 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
 Consuma-se o crime com a prática de qualquer um dos núcleos, dispensando a 
efetiva preparação da droga. 
 TENTATIVA: é admitida pela doutrina. 
 
 Do tráfico consistente em semear, cultivar ou colher plantas que se 
constituam em matéria-prima para preparação de drogas: 
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, 
expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, 
prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, 
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 
(mil e quinhentos) dias-multa. 
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: 
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação 
legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação 
de drogas; 
 
 OBJETO MATERIAL 
Crime Art. 33, caput Art. 33, §1º Art. 33, §2º 
Pena De 5 a 15 anos de reclusão e 500 a 1500 dias-multa 
Objeto 
material 
Drogas Matéria-prima, insumo ou 
produtos químicos 
destinados a produzir droga 
Plantas que se constituam 
em matéria prima para a 
preparação de drogas 
 
 Não importa se essas plantas apresentam ou não o princípio ativo. 
 
 PLANTIO PARA USO PRÓPRIO: 
Lei 6368/76 Lei 11343/06 
1ª corrente: plantio para uso próprio é tráfico, pois 
a lei não diferencia a finalidade; 
2ª corrente: plantio para uso próprio é punido 
como porte para uso, numa analogia in bonan 
partem de norma penal incriminadora; 
3ª corrente: plantio para uso próprio não é tráfico, 
pois ausente a finalidade de comércio; não é porte 
para uso, por que o antigo art. 16 não detinha o 
núcleo “plantar”. Logo, o fato é atípico. 
O plantio para uso próprio configura 
o crime do art. 28, §1º, se 
presentes os seguintes requisitos: 
- plantar para uso próprio; 
- pequena quantidade de droga. 
Média ou grande quantidade 
configurará crime do art. 33, §1º, 
II. 
 
 
 Em razão do entendimento adotado na nova lei, a perícia se revela importante para 
a caracterização do crime praticado pelo agente. 
 
 
10 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
 EXPROPRIAÇÃO DE TERRAS 
Art. 243, CF. As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais 
de plantas psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e especificamente destinadas 
ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos, 
sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em 
lei. 
Art. 32. As plantações ilícitas serão imediatamente destruídas pelo delegado de 
polícia na forma do art. 50-A, que recolherá quantidade suficiente para exame 
pericial, de tudo lavrando auto de levantamento das condições encontradas, com 
a delimitação do local, asseguradas as medidas necessárias para a preservação 
da prova. (Redação dada pela Lei nº 12.961, de 2014) 
 
§ 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.961, de 2014) 
 
§ 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.961, de 2014) 
 
§ 3o Em caso de ser utilizada a queimada para destruir a plantação, observar-
se-á, além das cautelas necessárias à proteção ao meio ambiente, o disposto no 
Decreto no 2.661, de 8 de julho de 1998, no que couber, dispensada a 
autorização prévia do órgão próprio do Sistema Nacional do Meio Ambiente - 
Sisnama. 
 
§ 4o As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão expropriadas, conforme 
o disposto no art. 243 da Constituição Federal, de acordo com a legislação em 
vigor.. 
 
1) A expropriação é total ou parcial (ou seja, é total ou incidirá na parte onde 
plantada a droga)? (Princípio da Proporcionalidade) 
2) A expropriação pode recair sobre bem de família? (Princípio da Pessoalidade da 
Pena) 
Ambas as questões estão sendo decididas no Supremo. 
 
 Do tráfico consistente em utilizar local ou bem de qualquer natureza ou 
consentir que outra pessoa dele se utilize: 
Art. 33, §1º, III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, 
posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda 
que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. 
 
1ª situação 2ª situação 
Emprestar apartamento para comércio de 
drogas 
Emprestar apartamento para alguém usar 
drogas 
 
11 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
Art. 33, §1º, III: pena de 5 a 15 anos Art. 33, §2º: pena de 1 a 3 anos 
Infração de alto potencial ofensivo Infração de médio potencial ofensivo 
Não cabe suspensão condiciona do processo Cabe suspensão condicional do processo 
Cabe preventiva, ainda que réu primário Não cabe preventiva para réu primário 
 
Art. 33, § 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa. 
 
 Do “tráfico privilegiado”: 
Art. 33, §4º. Nos delitos definidos no caput e no §1º deste artigo, as penas poderão ser 
reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de 
direitos*, desde que o agente sejam primário, de bons antecedentes, não se dedique às 
atividades criminosas nem integre organização criminosa. 
 
* A vedação de substituição da pena privativa de liberdade em pena restritiva de 
direitos foi declarada inconstitucional pelo STF, sob os seguintes fundamentos: 
- a proibição ignora o princípio da proporcionalidade, desdobramento do princípio 
da individualização da pena; 
- a proibição viola o princípio da suficiência das penas alternativas; 
- não se admite proibições com base na gravidade em abstrato, retirando do juiz a 
capacidade de analisar o caso concreto; 
A Resolução 5 do Senado, de 16.02.2012, suspendeu a execução da expressão 
"vedada a conversão em penas restritivas de direitos". 
Trata-se de causa de diminuição de pena, que deve ser considerada pelo juiz na 3ª 
fase da aplicação da pena e incide apenas no crime do caput e nos crimes do §1º e seus 
incisos. 
São requisitos para concessão da minorante: 
1º) agente primário; 
2º) bons antecedentes; 
3º) não se dedique às atividades criminosas; 
4º) não integre organização criminosa; 
 Presentes estes requisitos, a diminuição de pena é direito subjetivo do réu. 
 Qual critério deve utilizar o magistrado para variar a redução da pena de 1/6 a 2/3? 
1ª corrente: A doutrina ensina que o juiz deve considerar o tipo e a quantidade da 
droga. A 1ª Turma, assim decidiu: 
HC N. 106.377-MG 
RELATORA: MIN. ROSA WEBER 
 
12 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
Ementa: DIREITOPENAL. HABEAS CORPUS. HISTÓRICO. VULGARIZAÇÃO E 
DESVIRTUAMENTO. TRÁFICO DE DROGAS. DOSIMETRIA. BENEFÍCIO DO ART. 33, § 4º, 
DA LEI Nº 11.343/2006. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE ILEGALIDADE OU 
ARBITRARIEDADE. 
1. O habeas corpus tem uma rica história, constituindo garantia fundamental do cidadão. 
Ação constitucional que é, não pode ser o writ amesquinhado, mas também não é passível 
de vulgarização, sob pena de restar descaracterizado como remédio heroico. Contra a 
denegação de habeas corpus por Tribunal Superior prevê a Constituição Federal remédio 
jurídico expresso, o recurso ordinário. Diante da dicção do art. 102, II, a, da Constituição 
da República, a impetração de novo habeas corpus em caráter substitutivo escamoteia o 
instituto recursal próprio, em manifesta burla do preceito constitucional. Precedente da 
Primeira Turma desta Suprema Corte. 
2. A dosimetria da pena é matéria sujeita a certa discricionariedade judicial. O Código 
Penal não estabelece rígidos esquemas matemáticos ou regras absolutamente objetivas 
para a fixação da pena. Cabe às instâncias ordinárias, mais próximas dos fatos e das 
provas, fixar as penas. Às Cortes Superiores, no exame da dosimetria das penas em grau 
recursal, compete apenas o controle da legalidade e da constitucionalidade dos critérios 
empregados, bem como a correção das frações de aumento ou diminuição adotadas pelas 
instâncias anteriores em eventuais hipóteses de discrepâncias gritantes e arbitrárias 
3. Pertinente à dosimetria da pena, encontra-se a aplicação da causa de diminuição da 
pena objeto do §4º do art. 33 da Lei 11.343/2006. A quantidade e a variedade da 
droga apreendida, como indicativos do maior ou menor envolvimento do agente 
no mundo das drogas, constituem elementos que podem ser validamente valorados no 
dimensionamento do benefício previsto no §4º do art. 33 da Lei 11.343/2006. 
4. Habeas corpus rejeitado. 
 
 2ª corrente (Defensoria Pública): a 2ª Turma do STF, no HC 107.857/DF, decidiu 
que a quantidade da droga deve ser sopesada na primeira fase da individualização da 
pena (art. 42 da Lei de Drogas), sendo impróprio invocá-la por ocasião da escolha do fator 
de redução prevista no art. 33, §4º, sob pena de bis in idem. 
 3ª corrente: a 1ª Turma, no entanto, no HC 110.487/RS, decidiu que a quantidade 
de droga apreendida é fundamento idôneo para justificar o patamar da redução da pena 
no privilégio previsto no art. 33, §4º. 
 
Questão de concurso (CESPE): Está consolidado no Supremo que a quantidade 
de droga pode ser utilizada como critério para aplicar a variação da causa de diminuição 
de pena. A assertiva está falsa, já que a 1ª e 2ª Turma se controvertem. 
Lei 6368/76 Lei 11343/06 
Tráfico de drogas Tráfico de drogas 
Art. 12: pena de 3 a 15 anos Art. 33: pena de 5 a 15 anos 
Agente primário, bons antecedentes, 
etc., figurava somente como 
circunstâncias judiciais favoráveis 
Agente primário, bons antecedentes, etc., 
figura como causa de diminuição de pena, 
entre 1/6 a 2/3. Logo, a pena mínima poderá 
ser de 1 ano e 8 meses. 
 
13 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
 
 Diante destas considerações, questiona-se: o §4º do art. 33 da Lei de Drogas pode 
retroagir, alcançando fatos praticados na vigência da Lei 6268/76? 
 1ª corrente (boa para Defensoria Pública): tratando de inovação benéfica para o 
réu, deve retroagir para alcançar os fatos pretéritos. Trata-se de combinações de leis 
penais favoráveis ao réu. 
 2ª corrente: não se admite combinação de leis penais, ainda que favorável ao réu, 
pois o juiz, assim agindo, cria uma terceira lei, elevando-se a legislador. A lei nova não 
alcança os fatos pretéritos. 
 O Supremo ainda não decidiu a questão, havendo adoção de ambos os 
entendimentos. 
 Há corrente (boa para prova do Ministério Público) que entende que o §4º do art. 
33 é inconstitucional, pois viola mandado constitucional de criminalização: 
Art. 5º, XLIII, CF - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou 
anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo 
e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores 
e os que, podendo evitá-los, se omitirem; 
 
 Relembrando: 
 O princípio da proporcionalidade deve ser encarado sob dois ângulos: 
 Evitar a hipertrofia da punção; 
 Proibição de proteção insuficiente (imperativo de tutela); 
Os direitos fundamentais expressam não apenas uma proibição do excesso, mas 
também podem ser traduzidos como proibições de proteção insuficiente ou imperativos 
de tutela. 
Na linha de raciocínio supramencionada, o §4º enseja proteção deficiente do Estado. 
 
Do tráfico de maquinários: 
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a 
qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, 
aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção 
ou transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação legal 
ou regulamentar: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a 
2.000 (dois mil) dias-multa. 
 
OBJETO MATERIAL: maquinários; 
 
14 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
Apesar de haver corrente em sentido contrário, prevalece que o art. 34 é subsidiário. 
Se o agente, no mesmo contexto fático, é surpreendido mantendo sob sua guarda drogas 
e na posse de maquinismo para manipular drogas, responde somente pelo art. 33, ficando 
o art. 34 absorvido. 
Não existem aparelhos destinados exclusivamente para a fabricação, produção ou 
transformação da droga. Qualquer instrumento, ordinariamente usado em laboratório 
químico pode vir a ser utilizado na produção de drogas. 
Cuidado! a conduta de portar lâmina de barbear não configura o crime em tela, 
posto que não se destina a tais finalidades (produzir, fabricar, transformar), mas sim 
separar droga pronta. 
A jurisprudência exige exame pericial nos instrumentos. 
Art. 33 Art. 34 
Se o agente é 
primário, de bons 
antecedentes, etc., a 
pena pode ser 
reduzida de 1/6 a 
2/3 
Qual a consequência de o agente ser primário, ter bons 
antecedentes, etc.? 
1ª corrente (maioria): aplica-se o §4º do art. 33, por analogia, 
não havendo motivos para tratamento diferenciado. 
2ª corrente: não se aplica o §4º do art. 33. Não houve omissão 
involuntária do legislador, aliás, o art. 34 já é punido com pena 
menos severa do que o art. 33. 
 
Da associação para o tráfico: 
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou 
não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 
(mil e duzentos) dias-multa. 
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para 
a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei. 
 
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, 
caput e § 1o, e 34 desta Lei: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e quinhentos) 
a 4.000 (quatro mil) dias-multa. 
 
Art. 288, CP Art. 35, caput Art. 35, parágrafo único 
Exige reunião de 3 ou mais 
pessoas 
Reunião de 2 ou mais 
pessoas 
Reunião de 2 ou mais 
pessoas 
Reunião estável quanto à 
estrutura e permanente 
(duradoura) para o fim de 
praticar crimes 
Reunião estável quanto à 
estrutura e permanente 
para o fim de praticar 
crimes de tráfico de 
drogas, matéria-prima ou 
maquinário 
Reunião estável quanto à 
estrutura e permanente 
para o fim de praticar o 
crime de financiamentodo 
tráfico 
 
15 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
 Observações: 
1- A expressão “reiteradamente ou não” está relacionada aos crimes visados pela 
associação, não se tratando de características dela (associação); 
2- A exemplo do art. 288 do CP, o art. 35, caput e art. 35, parágrafo único são 
crimes autônomos, isto é, a sua caracterização não depende da prática de 
qualquer dos crimes referidos no tipo. Aliás, ocorrendo qualquer um dos crimes 
visados pela associação, ocorrerá o concurso material de delitos; 
3- É imprescindível o animus associativo, aliado ao fim específico de traficar drogas, 
maquinário ou financiar o tráfico; 
4- Trata-se de crime permanente, protraindo-se a consumação enquanto perdurar 
a reunião; 
Questão de concurso: E a associação eventual? É mero concurso de agentes: 
Lei 6368/76 Lei 11343/06 
A associação eventual caracterizada 
causa de aumento de pena, prevista no 
revogado art. 18, III. 
Aboliu a causa de aumento, devendo ser 
considerada pelo juiz na fixação da pena-
base. 
 
Do sustento do tráfico: 
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, 
caput e § 1o, e 34 desta Lei: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e quinhentos) 
a 4.000 (quatro mil) dias-multa. 
 
Veja que é a pena mais grave imposta na Lei de Drogas. 
Lei 6368/76 Lei 11343/06 
Quem financiava ou custeava o tráfico era 
“autor de escritório” do tráfico, 
respondendo pelo art. 12. 
Quem financia ou custeia o tráfico é autor 
do crime previsto no art. 36. 
Obs.: os Ministros do STF, a exceção de 
Lewandosvik, estão chamando José Dirceu 
de “autor de escritório” do Mensalão. 
 
 
 SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa; 
 
 SUJEITO PASSIVO: coletividade; 
 
 CONDUTA: sustentar o tráfico, o que pode ser feito de duas maneiras: 
 - financiamento: é o sustento em sentido estrito; 
 - custeio: abastecer no que for necessário, prover despesas. 
 
16 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
 A doutrina critica o legislador por ter usado as duas expressões, uma vez que são 
sinônimas. 
 Não é imprescindível que o financiamento ou custeio se dê por meio de dinheiro, 
haja vista que, por exemplo, pode haver sustento com materiais. 
 
 TIPO SUBJETIVO: dolo, com fim especial de sustentar os crimes específicos do art. 
33, caput e §1º. 
 
 CONSUMAÇÃO: há divergência: 
 1ª corrente (prevalece): o crime se consuma com qualquer ato indicando sustento; 
 2ª corrente (para Rogério Sanches, e mais correta): o crime se consuma com a 
reiteração de atos de sustento (delito habitual). Fundamentos: 
a) Financiar e custear indicam comportamento reiterado; 
b) O art. 35, parágrafo único, sugere que o art. 36 só pode ser praticado 
reiteradamente; 
c) O art. 40, VII, traz o financiamento ou custeio eventual; 
Art. 36 Art. 40, VII 
Crime de sustento Majorante de sustento 
Exige reiteração Sustento não reiterado 
 
 A definição sobre a habitualidade ou não do crime de sustento interferirá na 
admissão ou inadmissão da TENTATIVA. 
 O stj no informativo 534 entendeu que se o agente além de financia o tráfico 
também pratica algum verbo do 33, responde pelo 33 cc o artigo 40 inciso VV e não será 
condenado pelo 36 
Atenção às seguintes situações: 
 1ª situação: Fulano e Beltrano, associados de forma estável e permanente, 
sustentam o tráfico no morro X. 
 Conclusão: Fulano e Beltrano respondem por crime do art. 35, parágrafo único, e 
art. 36 da Lei de Drogas, em concurso material. 
 
 2ª situação: Fulano e Beltrano, ocasionalmente associados, sustentam o tráfico no 
morro X. 
 
17 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
 Conclusão: Fulano e Beltrano respondem por crime do art. 36, em concurso de 
pessoas, circunstância esta que o juiz irá sopesar na análise das circunstâncias judiciais. 
 
 3ª situação: Fulano sustenta traficantes do morro X, sem estar associado, de forma 
estável e permanente, com qualquer um deles. 
 Conclusão: Fulano responde por crime do art. 36. 
 
 Do informante colaborador: 
Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização ou associação destinados 
à prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300 (trezentos) a 700 
(setecentos) dias-multa. 
 
 SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa; 
 Se o colaborador for funcionário público, a sua pena pode ser aumentada nos termos 
do art. 40, II. 
 
 SUJEITO PASSIVO: a coletividade; 
 
 CONDUTA: colaborar; 
 Apesar de não expresso no dispositivo legal, a conduta do informante colaborador 
necessariamente precisa ser eventual. Seria somente a conduta daquele que, sem 
estabelecer qualquer vínculo associativo, com os destinatários das informações, contribui 
eventualmente com informes, ainda que mediante remuneração. Se permanente e estável 
a colaboração, a conduta não tipifica o art. 37, mas sim a associação para o tráfico (art. 
35). 
 
 CONSUMAÇÃO: o crime se consuma com um ato apenas. 
 
 TENTATIVA: admite tentativa na hipótese escrita (carta interceptada, por exemplo). 
 
 
 
Do único crime culposo 
 
18 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o 
paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 200 
(duzentos) dias-multa. 
 
 Trata-se de infração de menor potencial ofensivo, cuja competência é do Juizado 
Especial Criminal. 
 SUJEITO ATIVO: 
Lei 6268/76 Lei 11343/06 
Art. 15: punia prescrever 
(médico ou dentista) ou ministrar 
(médico, dentista, farmacêutico 
ou profissional de enfermagem) 
 
Art. 38: pune prescrever ou ministrar, não 
especificando o profissional que pratica a conduta. 
 
 
Não abrangia veterinário e 
nutricionista 
Observa Vicente Greco: na lei revogada, sujeito 
ativo só poderia ser médico, dentista, farmacêutico 
ou profissional de enfermagem (crime próprio). 
Com a lei nova, o tipo ampliou seu alcance para 
abranger todas as pessoas que possam prescrever 
ou ministrar drogas, como o veterinário ou 
nutricionista. 
 
 SUJEITO PASSIVO: primário, a coletividade; secundário, o paciente; 
 
 NEGLIGÊNCIA: 
Lei 6268/76 Lei 11343/06 
- Prescrever ou ministrar droga certa, 
mas na dose errada; 
- Prescrever ou ministrar droga certa, mas 
na dose errada; 
- Prescrever ou ministrar dose certa da 
droga, mas da droga errada; 
- Prescrever ou ministrar dose certa da 
droga, mas da droga errada; 
------------ - Prescrever ou ministrar dose certa da 
droga certa para paciente errado; 
 
 TIPO SUBJETIVO: somente é punido a título de culpa; 
 
 CONSUMAÇÃO: 
 - na modalidade “prescrever”, o crime de consuma com a entrega da receita ao 
paciente; 
 - na modalidade “ministrar”, o crime de consuma no momento da aplicação; 
 
19 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
 Atenção: se o paciente sofre lesão ou morre em razão do comportamento culposo 
do profissional, ou mesmo a morte, haverá concurso por lesão culposa ou homicídio 
culposo. 
 
 TENTATIVA: evidente que não é admitida, posto tratar-se de crime culposo. 
 
 IMPORTANTE: 
a) Na modalidade prescrever, consumando-se com a simples entrega da receita 
ao paciente, dispensando qualquer dano à sua saúde, trata-se de crime culposo não 
material; 
O crime culposo é, em regra, crime de resultado naturalístico. Veja que a hipótese 
em comento é rara exceção de crime culposo não material, na modalidade “prescrever”;b) O curandeiro não pode ser sujeito ativo, até porque o parágrafo único do 
dispositivo em comento prevê a comunicação ao conselho respectivo. 
 
Da condução de embarcação ou aeronave após consumo de drogas 
Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano 
potencial a incolumidade de outrem: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da apreensão do veículo, 
cassação da habilitação respectiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena 
privativa de liberdade aplicada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) 
dias-multa. 
Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas cumulativamente com as demais, 
serão de 4 (quatro) a 6 (seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias-
multa, se o veículo referido no caput deste artigo for de transporte coletivo de 
passageiros. 
 
 SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa, salvo na hipótese o parágrafo único; 
 
 SUJEITO PASSIVO: primária, a coletividade; secundária, pessoa colocada em perigo 
pelo comportamento do agente; 
 
 CONDUTA: conduzir veículo ou embarcação após o consumo de drogas, expondo a 
dano potencial a incolumidade de outrem. 
 Trata-se de perigo concreto, não presumido. Não havendo prova do perigo, 
caracteriza mera infração administrativa. 
 Tratando-se de veículo automotor, aplica-se o art. 306 do CTB. 
 
20 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
 CONSUMAÇÃO: consuma-se com a condução anormal (perigosa) do veículo; 
 
 TENTATIVA: não é admitida, posto tratar-se de delito unissubsistente; 
 
 OBSERVAÇÃO: É necessário haver exame de sangue para se comprovar a prática 
do delito. 
 
 COMPETÊNCIA: em regra, será da Justiça Comum Estadual. 
 
 Das causas de aumento de pena: 
 De início, ressalte-se que a majorante do art. 40 varia de 1/6 a 2/3 e somente 
aplicam aos crimes do art. 33 a 37, não incidindo nos arts. 38 e 39. 
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a 
dois terços, se: 
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias 
do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito; 
Dispensa habitualidade, bastando a intenção para gerar a transnacionalidade do crime; 
 
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de 
missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância; 
 
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos 
prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, 
recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde 
se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de 
dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em 
transportes públicos; 
Basta transportar droga que servirá para o comércio em ônibus público ou é indispensável 
o comércio da droga no ônibus? 
1ª corrente (boa para Defensoria Pública): o STF, no HC 109.538, decidiu que o art. 40, 
III, refere-se somente a comercialização em transporte público, não alcançando a situação 
de o agente ter sido surpreendido quando trazia droga em ônibus municipal, sem que nele 
a tivesse vendido; 
2ª corrente (prevalece): já no HC 108.523, o STF decidiu ser firme a jurisprudência na 
Corte no sentido de que a simples utilização de transporte público para a circulação da 
droga já é suficiente para incidir o aumento do art. 40, III. 
 
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, 
ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva; 
 
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal; 
Trata-se de tráfico interestadual, de competência da Justiça Estadual, ainda que a Polícia 
Federal tenha investigado o crime. 
 
21 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
A exemplo do tráfico transnacional, também no tráfico interestadual basta a intenção de 
o agente querer fazer com que a droga saia dos limites do território do estado para incidir 
a majorante. A efetiva transposição dos limites do estado é dispensável. 
 
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por 
qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação; 
Não abrange pessoa idosa, diferentemente do que ocorria na lei revogada. 
 
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime. 
Inciso já estudado 
 
 Da delação premiada: 
Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação 
policial e o processo criminal na identificação dos demais coautores ou partícipes do crime 
e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá pena 
reduzida de um terço a dois terços. 
 
 Da aplicação da pena: 
Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com preponderância sobre o previsto 
no art. 59 do Código Penal, a natureza e a quantidade da substância ou do produto, a 
personalidade e a conduta social do agente. 
Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts. 33 a 39 desta Lei, o juiz, atendendo 
ao que dispõe o art. 42 desta Lei, determinará o número de dias-multa, atribuindo a cada 
um, segundo as condições econômicas dos acusados, valor não inferior a um trinta avos 
nem superior a 5 (cinco) vezes o maior salário-mínimo. 
Parágrafo único. As multas, que em caso de concurso de crimes serão impostas sempre 
cumulativamente, podem ser aumentadas até o décuplo se, em virtude da situação 
econômica do acusado, considerá-las o juiz ineficazes, ainda que aplicadas no máximo. 
 
 Das consequências restritivas para determinados crimes: 
Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei são 
inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, 
vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos. 
Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-á o livramento 
condicional após o cumprimento de dois terços da pena, vedada sua concessão ao 
reincidente específico. 
 
 
Art. 33, caput 
 
 
1ª corrente: para Vicente Greco, todos passaram a ser equiparados a 
hediondos. 
Conclusão: além das restrições do art. 44 da Lei de Drogas (sursis, graça, 
indulto, anistia, liberdade provisória, substituição da PPL por PRD, temos que 
acrescentar a progressão rígida e maior tempo de prisão temporária previstas 
no art. 2º da Lei 8072/90. 
 
Art. 33, §1º 
 
 
Art. 34 
 
22 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
 Críticas: o art. 37 não pode ser equiparado a hediondo com pena tão baixa; o 
art. 35 não é tráfico, mas associação para o tráfico; 
 
2ª corrente (prevalece): sabendo que a comparação tem previsão 
constitucional, só é crime hediondo por equiparação os arts. 33, caput e §1º 
e art. 34 e 36. 
Conclusão: para os crimes dos arts. 35 e 37 não se aplica progressão rígida 
ou prisão temporária por 30 dias; 
 
 
Art. 35 
 
 
Art. 36 
 
 
Art. 37 
 
 
 Restrições: 
 Inafiançáveis; 
 Sursis: há julgados no STF autorizando o juiz a conceder a suspensão condicional 
da pena se o caso concreto permitir. Isto porque a proibição com base na gravidade 
em abstrato é inconstitucional; 
 Anistia, graça e indulto: no que tange ao indulto, é pacífico o entendimento no STJ 
de não ser possível a sua concessão a réu condenado a tráfico de drogas, ainda que 
aplicada a diminuição do art. 33, §4º (HC 167825/MS). O entendimento do STF 
também se posta neste sentido; 
 Liberdade provisória: o STF decidiu que a vedação da liberdade provisória com base 
na gravidade em abstratoé inconstitucional (como já visto na lei dos crimes 
hediondos); 
 Restritiva de direitos: o STF decidiu que a vedação da substituição da PPL por PRD 
com base na gravidade em abstrato é inconstitucional; 
 Livramento condicional: somente após o cumprimento de 2/3 da pena, desde que o 
agente não seja reincidente específico; 
O Plenário, por maioria, deferiu parcialmente habeas corpus — afetado pela 2ª Turma — 
impetrado em favor de condenado pela prática do crime descrito no art. 33, caput, c/c o 
art. 40, III, ambos da Lei 11.343/2006, e determinou que sejam apreciados os requisitos 
previstos no art. 312 do CPP para que, se for o caso, seja mantida a segregação cautelar 
do paciente. Incidentalmente, também por votação majoritária, declarou a 
inconstitucionalidade da expressão “e liberdade provisória”, constante do art. 
44, caput, da Lei 11.343/2006 (“Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 
a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade 
provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos”). A defesa 
sustentava, além da inconstitucionalidade da vedação abstrata da concessão de liberdade 
provisória, o excesso de prazo para o encerramento da instrução criminal no juízo de 
origem. 
HC 104339/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, 10.5.2012. 
 
 
23 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
 
 
 
 
 Vedação ao indulto para o traficante privilegiado 
Importante!!! Não é possível o deferimento de indulto a réu condenado por tráfico de 
drogas, ainda que tenha sido aplicada a causa de diminuição prevista no art. 33, § 4º, da 
Lei 11.343/2006 à pena a ele imposta, circunstância que não altera a tipicidade do crime. 
Os condenados por crimes hediondos e equiparados não podem ser contemplados com o 
indulto, mesmo o chamado “indulto humanitário”. O fato de o condenado estar doente ou 
ser acometido de deficiência não é causa de extinção da punibilidade nem de suspensão 
da execução da pena. STF. 2ª Turma. HC 118213/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado 
em 6/5/2014. 
Informativo 745-STF (23/05/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante 
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TRAFICANTE PRIVILEGIADO 
O delito de tráfico de drogas está previsto no art. 33 da Lei nº 11.343/2006: 
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor 
à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, 
ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem 
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 
(mil e quinhentos) dias-multa. 
A Lei de Drogas prevê, em seu art. 33, § 4º, a figura do “traficante privilegiado”, também 
chamada de “traficância menor” ou “traficância eventual”: 
Art. 33 (...) 
§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas 
de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde 
que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades 
criminosas nem integre organização criminosa. 
Qual é a natureza jurídica deste § 4º? 
Trata-se de uma causa de diminuição de pena. 
 
24 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
Havia uma tese defensiva sustentando que o art. 33, § 4º da Lei nº 11.343/2006 não 
seria tão grave e, por isso, não poderia ser equiparado a hediondo. A jurisprudência 
acolheu esta posição? 
NÃO. Tanto o STF como o STJ possuem o entendimento de que o § 4º do art. 33 da Lei 
nº 11.343/2006 é também equiparado a hediondo. Isso porque a causa de diminuição de 
pena prevista no art. 33, § 4º NÃO constitui tipo penal distinto do caput do mesmo artigo, 
sendo o mesmo crime, no entanto, com uma causa de diminuição. 
Dessa forma, a aplicação da causa de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º da Lei 
11.343/2006 não afasta a hediondez do crime de tráfico de drogas, pois a sua incidência 
não decorre do reconhecimento de uma menor gravidade da conduta praticada e 
tampouco da existência de uma figura privilegiada do crime. A criação da minorante tem 
suas raízes em questões de política criminal, surgindo como um favor legislativo ao 
pequeno traficante, ainda não envolvido em maior profundidade com o mundo criminoso, 
de forma a lhe propiciar uma oportunidade mais rápida de ressocialização. 
Assim, se o indivíduo é condenado por tráfico de drogas e recebe a diminuição prevista 
no § 4º do art. 33, mesmo assim terá cometido um crime equiparado a hediondo. 
INDULTO 
Indulto 
a de renúncia do Estado ao seu direito de punir. 
-se como causa de extinção da punibilidade (art. 107, II CP). 
 
 
O Presidente da República pode delegar a concessão do indulto ao(s): 
 
 
 
Informativo 745-STF (23/05/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante 
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Indulto natalino 
É bastante comum o Presidente da República editar um Decreto, no final de todos os anos, 
concedendo indulto a diversos réus. Esse Decreto é conhecido como “indulto natalino”. 
Vedação ao indulto 
 
25 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
e equiparados: 
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e 
drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: 
I - anistia, graça e indulto; 
de tráfico de drogas: 
Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei são 
inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, 
vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos. 
Apesar disso, nos últimos anos, os Presidentes da República, ao editarem os decretos 
concedendo o indulto natalino, preveem a possibilidade de ser aplicado o indulto para 
pessoas condenadas por crimes hediondos e equiparados, desde que elas estejam 
acometidas de doenças graves ou sejam portadoras de deficiências. É o chamado “indulto 
humanitário”. 
parágrafo único, foi concedido o indulto humanitário para condenados por crimes 
hediondos e equiparados. 
A pergunta que surge é a seguinte: 
A pessoa condenada pelo art. 33, § 4º da Lei nº 11.343/2006 poderá receber o benefício 
do indulto? O Decreto Presidencial poderia conceder indulto humanitário para condenados 
por crimes hediondos e equiparados? 
NÃO. O STF e o STJ entendem que NÃO é possível o deferimento de indulto a réu 
condenado por tráfico de drogas, ainda que tenha sido aplicada a causa de diminuição 
circunstância que 
não altera a tipicidade do crime. 
Os condenados por crimes hediondos e equiparados não podem ser contemplados com o 
indulto. 
O fato de o condenado estar doente ou ser acometido de deficiência não é causa de 
extinção da punibilidade nem de suspensão da execução da pena. 
A CF/88, em seu art. 5º, XLIII, prevê o seguinte: XLIII - a lei considerará crimes 
inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de 
 
26 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles 
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; 
Segundo o STF, quando a CF/88, em seu art. 5º, XLIII, fala em graça ou anistia, também 
está proibindo a concessão de indulto para os condenados por crimes hediondos e 
equiparados. Isso porque a “graça” nada mais é do que um indulto individual. 
Desse modo, o Decreto Presidencial que concede indulto a condenado por crimes 
hediondos é inconstitucional. 
 
 
 
22 
No procedimento da Lei de Drogas, o interrogatório continua sendo o primeiro ato da 
audiência 
Não gera nulidade o fato de, no julgamentodos crimes previstos na Lei 11.343/2006, a 
oitiva do réu ocorrer antes da inquirição das testemunhas. Segundo regra contida no art. 
394, § 2º, do CPP, o procedimento comum será aplicado no julgamento de todos os 
crimes, salvo disposições em contrário do próprio CPP ou de lei especial. Logo, se para o 
julgamento dos delitos disciplinados na Lei 11.343/2006 há rito próprio (art. 57, da Lei 
11.343/2006), no qual o interrogatório inaugura a audiência de instrução e julgamento, 
é de se afastar o rito ordinário (art. 400 do CPP) nesses casos, em razão da especialidade. 
STJ. 5ª Turma. HC 275.070-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 18/2/2014. 
/2006 tipifica os delitos envolvendo drogas. Além de prever os crimes, 
a referida Lei também traz o procedimento, ou seja, o rito que deverá ser observado pelo 
juiz. 
diferenças em relação ao procedimento comum ordinário previsto no CPP. Uma das 
diferenças reside no momento em que é realizado o interrogatório do réu. Vejamos: 
CPP (art. 400) 
 
, atualmente, o interrogatório 
deve ser feito depois da inquirição das testemunhas e da realização das demais provas. 
Em suma, o interrogatório passou a ser o último ato da audiência de instrução (segundo 
a antiga previsão, o interrogatório era o primeiro ato). 
 
27 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
O art. 57 da Lei de Drogas prevê que, na audiência de instrução e julgamento, o 
interrogatório do acusado é feito antes da inquirição das testemunhas. 
Em suma, o interrogatório é o primeiro ato da audiência de instrução. 
O que é mais favorável ao réu: ser interrogado antes ou depois da oitiva das testemunhas? 
Depois. Isso porque após o acusado ouvir o relato trazido pelas testemunhas poderá 
decidir a versão. 
 
O crime de tráfico de drogas, com a redução do § 4º do art. 33, é equiparado a hediondo, 
estando sujeito a progressão com requisitos objetivos mais rígidos 
Importante!!! A aplicação da causa de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º, da 
Lei 11.343/2006 não afasta a hediondez do crime de tráfico de drogas, limitando-se, por 
critérios de razoabilidade e proporcionalidade, a abrandar a pena do pequeno e eventual 
traficante, em contrapartida com o grande e contumaz traficante, ao qual a Lei de Drogas 
conferiu punição mais rigorosa que a prevista na lei anterior. Assim, se o indivíduo é 
condenado por tráfico de drogas e recebe a diminuição prevista no § 4º do art. 33, mesmo 
assim terá cometido um crime equiparado a hediondo. STF. 1ª Turma. RHC 118099/MS e 
HC 118032/MS, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/2/2014. 
O delito de tráfico de drogas está previsto no art. 33 da Lei nº 11.343/2006: 
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor 
à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, 
ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem 
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 
(mil e quinhentos) dias-multa. 
 
A Lei de Drogas prevê, em seu art. 33, § 4º, a figura do “traficante privilegiado”, também 
chamada de “traficância menor” ou “traficância eventual”: 
Art. 33 (...) 
§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas 
de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde 
que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades 
criminosas nem integre organização criminosa. 
Qual é a natureza jurídica desse § 4º? 
 
28 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
Trata-se de uma causa de diminuição de pena. 
Havia uma tese defensiva sustentando que o art. 33, § 4º da Lei nº 11.343/2006 não 
seria tão grave e, por isso, não poderia ser equiparado a hediondo. A jurisprudência 
acolheu essa posição? 
NÃO. Tanto o STF como o STJ possuem o entendimento de que o § 4º do art. 33 da Lei 
nº 11.343/2006 é também equiparado a hediondo. Isso porque a causa de diminuição de 
pena prevista no art. 33, § 4º NÃO constitui tipo penal distinto do caput do mesmo artigo, 
sendo o mesmo crime, no entanto, com uma causa de diminuição. 
Dessa forma, a aplicação da causa de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º da Lei 
11.343/2006 não afasta a hediondez do crime de tráfico de drogas, pois a sua incidência 
não decorre do reconhecimento de uma menor gravidade da conduta praticada e 
tampouco da existência de uma figura privilegiada do crime. A criação da minorante tem 
suas raízes em questões de política criminal, surgindo como um favor legislativo ao 
pequeno traficante, ainda não envolvido em maior profundidade com o mundo criminoso, 
de forma a lhe propiciar uma oportunidade mais rápida de ressocialização. 
Assim, se o indivíduo é condenado por tráfico de drogas e recebe a diminuição prevista 
no § 4º do art. 33, mesmo assim terá cometido um crime equiparado a hediondo. 
A pessoa condenada pelo art. 33, § 4º da Lei nº 11.343/2006 poderá progredir de regime 
em quanto tempo? 
Como vimos, o § 4º do art. 33 é também equiparado a hediondo. Logo, os requisitos para 
a progressão serão os mesmos do crime hediondo: Progressão no caso do art. 33, § 4º 
da Lei nº 11.343/2006 
ANTES da Lei nº 11.464/2007 
DEPOIS da Lei nº 11.464/2007 
Requisito objetivo para progressão: 
cumprir 1/6 da pena 
Requisito objetivo para progressão: 
cumprir 2/5 da pena – se primário 
cumprir 3/5 da pena – se reincidente 
 
 
LEI DE DROGAS 
Livramento condicional no caso de associação para o tráfico (art. 35) 
 
29 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
Importante!!! O art. 83 do CP prevê que o condenado por crime hediondo ou equiparado 
que não for reincidente específico poderá obter livramento condicional após cumprir 2/3 
da pena. Os condenados por crimes não hediondos ou equiparados terão direito ao 
benefício se cumprirem mais de 1/3 da pena (não sendo reincidentes em crimes dolosos) 
ou se cumprirem mais de 1/2 da pena (se forem reincidentes em crimes dolosos). O crime 
de associação para o tráfico de drogas, previsto no art. 35 da Lei 11.343/2006, não é 
hediondo nem equiparado. No entanto, mesmo assim, o prazo para se obter o livramento 
condicional é de 2/3 porque este requisito é exigido pelo parágrafo único do art. 44 da Lei 
de Drogas. Dessa forma, aplica-se ao crime do art. 35 da LD o requisito objetivo de 2/3 
não por força do art. 83, V, do CP, mas sim em razão do art. 44, parágrafo único, da LD. 
Vale ressaltar que, no caso do crime de associação para o tráfico, o art. 44, parágrafo 
único, da LD prevalece em detrimento da regra do art. 83, V, do CP em virtude de ser 
dispositivo específico para os crimes relacionados com drogas (critério da especialidade), 
além de ser norma posterior (critério cronológico). Uma última observação: se o réu 
estiver cumprindo pena pela prática do crime de associação para o tráfico (art. 35), o 
requisito objetivo para que ele possa obter progressão de regime será de 1/6 da pena 
(quantidade de tempo exigida para os "crimes comuns"). Os condenados por crimes 
hediondos ou equiparados só têm direito de progredir depois de cumpridos 2/5 (se 
primário) ou 3/5 (se reincidente). STJ. 5ª Turma. HC 311.656-RJ, Rel. Min. Felix Fischer, 
julgado em 25/8/2015 (Info 568). 
ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO 
O delito de a
nos seguintes termos: Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de 
praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 
1º, e 34 desta Lei: Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 
(setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa. Parágrafo único. Nas mesmaspenas do 
caput deste artigo incorre quem se associa para a prática reiterada do crime definido no 
art. 36 desta Lei. 
Em que consiste o crime: 
A pessoa comete esse crime quando se junta com outra(s) pessoa(s), de forma estável e 
permanente, com o objetivo de praticar: 
 
art. 33); ou 
 
30 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
 
Duas ou mais pessoas que se unem para financiar/custear o tráfico (crime do art. 36) 
reiterada do art. 36. 
 
Crime autônomo O art. 35 é um crime autônomo. Isso significa que ele pode se consumar 
mesmo que os delitos nele mencionados acabem não ocorrendo e fiquem apenas na 
cogitação ou preparação. 
Assim, se João e Antônio se juntam, de forma estável e permanente, para praticar tráfico 
de drogas, eles terão cometido o crime do art. 35, ainda que não consigam perpetrar 
nenhuma vez o tráfico de drogas. 
Se João e Antônio conseguirem praticar o tráfico de drogas, eles responderão pelos dois 
 
Associação = reunião estável e permanente É muito importante ressaltar que associação 
significa uma reunião (junção) estável e permanente (duradoura) de pessoas. A isso se 
dá o nome de societas sceleris. 
“É necessário que fique demonstrado o ânimo associativo, um ajuste prévio referente à 
formação do vínculo permanente e estável, para a prática dos crimes que enumera.” (Min. 
Marco Aurélio Bellizze). 
Se essa associação for eventual ou acidental, não haverá o crime do art. 35, sendo apenas 
caso de concurso de pessoas. 
Ex: João e Antônio encontram-se em uma festa e, além de consumirem êxtase (uma 
espécie de droga sintetizada), decidem vender juntos ali mesmo as pílulas que sobraram. 
Terão cometido tráfico de drogas (art. 33, caput) em concurso de agentes. Não poderão 
ser condenados por associação (art. 35), considerando que a reunião para o projeto 
criminoso não tinha um caráter duradouro e estável, sendo uma junção ocasional. 
(...) Para a caracterização do crime de associação para o tráfico é imprescindível o dolo 
de se associar com estabilidade e permanência, sendo que a reunião ocasional de duas 
ou mais pessoas não se subsume ao tipo do artigo 35 da Lei 11.343/2006. Precedentes. 
STJ. 5ª Turma. HC 251.677/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 04/11/2014. 
Duas ou mais pessoas 
Para configurar o crime do art. 35, basta que o agente se una, de forma estável e 
permanente, com mais uma pessoa. Em suma, exige-se um número mínimo de duas 
pessoas. 
 
31 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
Para caracterizar esse delito, não importa que uma das pessoas seja inimputável. 
De igual forma, haverá o crime mesmo que o outro associado não seja identificado pela 
polícia, desde que se tenha certeza que havia, no mínimo, duas pessoas associadas. 
Concurso necessário 
Pelo fato de exigir, no mínimo, duas pessoas, esse delito é classificado como um crime de 
concurso necessário (plurissubjetivo). 
Crime plurissubjetivo (ou de concurso necessário) é aquele que, para se consumar, exige 
a participação de duas ou mais pessoas. Ex: rixa (art. 137 do CP). 
Elemento subjetivo 
É o dolo + especial fim de agir (“dolo específico”). 
Dolo = consciência e vontade de se associar. 
Especial fim de agir = vontade de se reunir para praticar qualquer dos crimes previstos 
nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 da Lei de Drogas. 
Consumação 
O delito se consuma a partir do momento em que ocorre a associação, estável e 
permanente, de duas ou mais pessoas com o objetivo de praticarem os delitos nele 
previstos. Não se exige a ocorrência de nenhum resultado naturalístico. Desse modo, é 
classificado como crime formal. 
Competência 
Em regra, trata-se de crime de competência da Justiça estadual. 
Diferenças para o crime do art. 288 do CP 
Associação para fins de tráfico (art. 35) 
Associação criminosa (art. 288 do CP) 
Exige, no mínimo, 2 pessoas associadas. 
Exige, no mínimo, 3 pessoas associadas. 
A finalidade da associação é praticar tráfico de drogas (art. 33, caput), alguma das 
condutas equiparadas a tráfico (art. 33, § 1º) ou, então, tráfico de maquinário de drogas 
(art. 34). 
A finalidade da associação é praticar quaisquer crimes. 
Haverá o art. 35 mesmo que as pessoas se associem com a finalidade de praticar um só 
crime, dentre os listados acima. 
 
32 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
Somente haverá o art. 288 do CP se as pessoas se associarem com a finalidade de praticar 
mais de um crime. Se houver reunião para cometer um só crime, não se consuma o art. 
288 do CP. 
Pena de 3 a 10 anos. 
Pena de 1 a 3 anos. 
O crime de associação para o tráfico (art. 35) é equiparado a hediondo? 
NÃO. O crime de associação para o tráfico não integra o rol de crimes hediondos ou 
equiparados, previstos na Lei n.º 8.072/90. Essa é a posição pacífica do STJ. Nesse 
sentido: STJ. 6ª Turma. HC 324.691/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado 
em 30/06/2015. 
PROGRESSÃO DE REGIME E ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO 
Qual é o requisito objetivo para que o apenado possa ter direito à progressão de regime? 
Se estiver condenado por CRIME COMUM: cumprimento de 1/6 da pena (LEP, art. 112) 
Se estiver condenado por CRIMES HEDIONDOS OU EQUIPARADOS: 
 
 for reincidente. 
Obs: esse requisito mais difícil para os crimes hediondos está previsto no art. 2º, § 2º da 
Lei nº 8.072/90. 
Se o réu estiver cumprindo pena pela prática do crime de associação para o tráfico (art. 
35), qual será o requisito objetivo para que ele possa obter progressão de regime? 
1/6 da pena. Isso porque a associação para o tráfico (art. 35 da LD) é um "crime comum", 
ou seja, não é crime hediondo nem equiparado. Logo, aplica-se a ele o requisito de 1/6 
da pena. Confira: 
(...) O crime de associação para o tráfico não integra o rol de crimes hediondos ou 
equiparados, previstos na Lei n.º 8.072/90. Assim, a progressão de regime, em 
condenações pelo delito do art. 35 da Lei n.º 11.343/06, sujeita-se ao lapso de 1/6, 
previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal. (...) 
STJ. 6ª Turma. HC 324.691/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 
30/06/2015. 
LIVRAMENTO CONDICIONAL E ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO 
O que é livramento condicional? 
Livramento condicional é... 
- um benefício da execução penal 
 
33 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
- concedido ao condenado preso, 
- consistindo no direito de ele ficar em liberdade, 
- mesmo antes de ter terminado a sua pena, 
- assumindo o compromisso de cumprir algumas condições, 
- desde que preencha os requisitos previstos na lei. 
Requisitos 
Para que o condenado tenha direito ao livramento condicional, deverá atender aos 
seguintes requisitos: Requisitos OBJETIVOS O condenado deve ter: 1) sido sentenciado a 
uma pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 anos; 2) reparado o dano causado 
com o crime, salvo se for impossível fazê-lo; 3) cumprido parte da pena, quantidade que 
doloso e com bons antecedentes: basta cumprir mais de 1/3 (um terço) da pena. É 
chamad
deve cumprir mais de 1/2 (metade) da pena para ter direito ao benefício. É o livramento 
reincidente específico em crimes dessa natureza: deve cumprir mais de 2/3 (dois terços) 
equiparado, se for reincidente específico em crimes dessa natureza: não terá direito a 
livramento condicional. Requisitos SUBJETIVOS O condenado deve ter: 1) bom 
comportamento carcerário, a ser comprovado pelo diretor da unidade prisional; 2) bom 
desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; 3) aptidão para prover a própria 
subsistência mediante trabalho honesto; 4) para o condenado por crime doloso, cometido 
com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também 
subordinada à constatação de condições pessoais que façampresumir que o liberado não 
voltará a delinquir. 
Requisito objetivo no caso de crimes hediondos ou equiparados 
Para a generalidade dos crimes, os requisitos objetivos (tempo de cumprimento de pena) 
para concessão do livramento condicional estão previstos nos incisos I, II e V, do art. 83 
do Código Penal: 
Art. 83. O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de 
liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: 
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime 
doloso e tiver bons antecedentes; 
 
34 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso; 
(...) 
V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, 
prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o 
apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza. 
Desse modo, se a pessoa tiver sido condenada por crime hediondo ou equiparado, ela 
somente poderá obter livramento condicional após cumprir 2/3 da pena e desde que não 
seja reincidente específico em crimes dessa natureza (inciso V do art. 83 do CP). 
Se o réu, não reincidente, estiver cumprindo pena pela prática do crime de associação 
para o tráfico (art. 35), qual será o requisito objetivo para que ele possa obter livramento 
condicional? 
2/3 
Mas o art. 83, V, do CP só exige 2/3 para crimes hediondos ou equiparados e a associação 
para o tráfico (art. 35 da LD) não é hediondo nem equiparado... 
Isso é verdade, mas temos aqui uma armadilha da legislação. Acompanhe. 
Não há dúvidas de que o delito do art. 35 da LD não é hediondo nem equiparado. No 
entanto, mesmo assim, o prazo para se obter o livramento condicional é de 2/3 porque 
este requisito é exigido pelo parágrafo único do art. 44 da Lei de Drogas (Lei nº 
11.343/2006): 
Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei são 
inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, 
vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos. 
Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-á o livramento 
condicional após o cumprimento de dois terços da pena, vedada sua concessão ao 
reincidente específico. 
Dessa forma, aplica-se ao crime do art. 35 da LD o requisito objetivo de 2/3 não por força 
do art. 83, V, do CP, mas sim em razão do art. 44, parágrafo único, da LD. 
Vale ressaltar que, no caso do crime de associação para o tráfico, o art. 44, parágrafo 
único, da LD prevalece em detrimento da regra do art. 83, V, do CP em virtude de ser 
dispositivo específico para os crimes relacionados com drogas (critério da especialidade), 
além de ser norma posterior (critério cronológico). 
Esse tem sido o entendimento que prevalece no STJ. Confira: 
 
35 LEI DE CRIMES DROGAS - n. 11.343/06 
(...) Em razão do Princípio da Especialidade, para a concessão do livramento condicional 
ao delito de associação para o tráfico, aplica-se o requisito objetivo de 2/3 de 
cumprimento da pena previsto no parágrafo único do art. 44 da Lei nº 11.343/06. (...) 
STJ. 5ª Turma. HC 311.656/RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 25/08/2015. 
(...) Para o crime de associação para o tráfico, há expressa previsão legal da aplicação da 
fração para o livramento condicional em 2/3. Não se trata de atribuir ou não caráter 
hediondo ao delito previsto no art. 35 da Lei n. 11.343/2006, mas sim de se aplicar o 
parágrafo único do art. 44 do citado dispositivo legal. (...) 
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1484138/MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 
02/06/2015. 
Nesse sentido, podemos ampliar a tabela dos requisitos objetivos do livramento 
condicional para incluir essa regra da Lei de Drogas: Requisitos OBJETIVOS O condenado 
deve ter: 4) sido sentenciado a uma pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 
anos; 5) reparado o dano causado com o crime, salvo se for impossível fazê-lo; 6) 
cumprido parte da pena, quantidade que irá variar conforme ele seja reincidente ou não: 
condenado reincidente em crime doloso: deve cumprir mais de 1/2 (metade) da pena 
crime hediondo ou equiparado, se não for reincidente específico em crimes dessa 
natureza: deve cumprir mais de 2/3 (dois terços) da pena. É o livramento condicional 
ESPECÍFICO; 
LEI DE DROGAS 
Hipótese de inocorrência de ação controlada 
Ação controlada é uma técnica especial de investigação por meio da qual a autoridade 
policial ou administrativa (ex: Receita Federal, corregedorias), mesmo percebendo que 
existem indícios da prática de um ato ilícito em curso, retarda (atrasa, adia, posterga) a 
intervenção neste crime para um momento posterior, com o objetivo de conseguir coletar 
mais provas, descobrir coautores e partícipes da empreitada criminosa, recuperar o 
produto ou proveito da infração ou resgatar, com segurança, eventuais vítimas. Imagine 
que a Polícia recebeu informações de que determinado indivíduo estaria praticando tráfico 
de drogas. A partir daí, passou a vigiá-lo, seguindo seu carro, tirando fotografias e 
verificando onde ele morava. Em uma dessas oportunidades, houve certeza de que ele 
 
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estava praticando crime e foi realizada a sua prisão em flagrante. A defesa do réu alegou 
que a Polícia realizou "ação controlada" e que, pelo fato de não ter havido autorização 
judicial prévia, ela teria sido ilegal, o que contaminaria toda prova colhida. A tese da 
defesa foi aceita pelo STJ? NÃO. A investigação policial que tem como única finalidade 
obter informações mais concretas acerca de conduta e de paradeiro de determinado 
traficante, sem pretensão de identificar outros suspeitos, não configura a ação controlada 
do art. 53, II, da Lei nº 11.343/2006, sendo dispensável a autorização judicial para a sua 
realização. STJ. 6ª Turma. RHC 60.251-SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 
17/9/2015 (Info 570). 
AÇÃO CONTROLADA 
Atuação retardada da autoridade responsável 
Se a autoridade (seja ela policial ou administrativa) constatar que existe uma infração 
penal em curso, ela deverá tomar as providências necessárias para que esta prática cesse 
imediatamente, devendo até mesmo realizar a prisão da pessoa que se encontre em 
flagrante delito. 
A experiência demonstrou, contudo, que, em algumas oportunidades, é mais interessante, 
sob o ponto de vista da investigação, que a autoridade aguarde um pouco antes de intervir 
imediatamente e prender o agente que está praticando o ilícito. Isso ocorre porque em 
determinados casos se a autoridade esperar um pouco mais, retardando o flagrante, 
poderá descobrir outras pessoas envolvidas na prática da infração penal, reunir provas 
mais robustas, conseguir recuperar o produto ou proveito do crime, enfim obter maiores 
vantagens para a persecução penal. 
Exemplo 
O exemplo típico desta técnica de investigação é o caso do tráfico de drogas. Imagine que 
a polícia descubra que determinado passageiro irá embarcar uma grande quantidade de 
droga em uma barco que seguirá de um Estado para outro. A polícia poderia prender o 
traficante no instante em que este estivesse embarcando o entorpecente, ou ainda, no 
momento do transporte. Entretanto, revela-se mais conveniente à investigação que a 
autoridade policial aguarde até que o agente chegue ao seu destino onde poderá descobrir 
e prender também o destinatário da droga. Este modo de proceder é chamado de “ação 
controlada”. 
Conceito 
Ação controlada é... 
 
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- uma técnica especial de investigação 
- por meio da qual a autoridade policial ou administrativa (ex: Receita

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