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FILOSOFIA GERAL E JURÍDICA

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FILOSOFIA GERAL E JURÍDICA
CURSO DIREITO
Prof. Dr. Delmo Mattos
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A FILOSOFIA NO DIREITO
● Por que estudar filosofia no curso de Direito?
● Qual a relação entre filosofia e direito?
● A filosofia pode ajudar no exercício profissional do advogado?
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Modelo “operativo do direito”
Operador do direito =“Operador s.m. 1.2 aquele que executa operações técnicas definidas, que se dedica a algum tipo de manipulação; 1.3 indivíduo encarregado de operar, de fazer funcionar máquinas, aparelhos, sistemas etc.(...) Mecanicista adj. FIL relativo a mecanicismo ou que é seu adepto ou seguidor. Mecanicismo s.m. FIL 1 doutrina filosófica, também adotada como princípio heurístico na pesquisa científica, que concebe a natureza como máquina, obedecendo a relações de causalidade necessárias, automáticas e previsíveis ...(...) Tecnocrata 2 estadista ou alto funcionário que busca apenas soluções técnicas ou racionais para os problemas, sem levar em conta aspectos humanos e sociais”.”In: HOUAISS, Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 1875, 2069 e 2683 .
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Operador do direito = “(...) posso dizer que o operador do direito é o indivíduo que age como escravo da lei, desapegando-se de tudo o mais que não esteja na sua literalidade ou na jurisprudência dos tribunais; é aquele que anula o seu pensar e nega a sua responsabilidade com a construção e modificação da realidade social” (Dalmo Dallari).
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Ministro Barroso e a visão operativa do Direito
“O operador faz ininterruptamente opções por tecnicismo formal exacerbado baseando-se em sistema jurídico dado como perfeito, pronto e acabado, turvando assim o lado dos efeitos práticos. Fundamenta a operacionalidade em uma pseudo-liberdade de interpretar o Direito baseada em uma lógica dedutiva com fundamentos em premissas indutivas que amarram o interprete num acriticismo teórico, tendo como consequência a refratariedade da efetividade da concreção da justiça como fator de desenvolvimento da igualdade social”.
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O modelo do Direito tecnicista
Influência direta do Positivismo Kelseano;
Formalismo;
Desumanização do profissional de Direito.
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Mudança de paradigmas na formação dos profissionais de Direito
A humanização dos juristas na evolução de “operador” para “pensador do direito” exige uma conjuntura com a realidade através da ficção e de outras ciências que propõe o pensar. 
Exige que ele possa se identificar enquanto sujeito de transformação social, dotado de força reflexiva e não enquanto um produto de reprodução de massa. 
Exige que ele saiba que as lacunas existentes no direito possam ser preenchidas também com toda e qualquer ciência que estimule o pensar, não só com os princípios gerais do direito, com a analogia e com os costumes.
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Diretrizes curriculares do curso de Graduação em Direito, elaboradas por força da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996).
O perfil desejado do formando de Direito repousa em uma sólida formação geral e humanística, com capacidade de análise e articulação de conceitos e argumentos, de interpretação e valoração dos fenômenos jurídico-sociais, aliada a uma postura reflexiva e visão crítica que fomente a capacidade de trabalho em equipe, favoreça a aptidão para a aprendizagem autônoma e dinâmica, além da qualificação para a vida, o trabalho e o desenvolvimento da cidadania. 
Nesse sentido, o curso deve proporcionar condições para que o formando possa, ao menos, atingir as seguintes características em sua futura vida profissional: 
(a) permanente formação humanística, técnicojurídica e prática, indispensável à adequada compreensão interdisciplinar do fenômeno jurídico e das transformações sociais; 
(c) capacidade de apreensão, transmissão crítica e produção criativa do Direito a partir da constante pesquisa e investigação; 
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Portaria Inep nº 236, de 10 de junho de 2015 Publicada no Diário Oficial de 12 de junho de 2015, Seção 1, pág. 24
Art. 5º A prova do Enade 2015, no Componente Específico da área de Direito, tomará como referência para o perfil do egresso as seguintes características, indispensáveis ao exercício da Ciência do Direito, da prestação da justiça e do desenvolvimento da cidadania: 
I - formação generalista, humanística e axiológica; 
II - capacidade de análise, domínio de conceitos e da terminologia jurídica; 
III - adequada argumentação, interpretação e valorização dos fenômenos jurídicos e sociais; 
IV - atitude reflexiva, crítica e ética; 
V - aptidão para a aprendizagem autônoma e dinâmica. 
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OAB
O exame da OAB solicitam atualmente o que se está convencionando a chamar de “formação humanística”, um conjunto de matérias que tradicionalmente recebiam o nome de humanidades ou estudos clássicos, para complementar a formação do candidato. 
Tais matérias são basicamente filosofia e teoria do Direito, teoria da política, sociologia, psicologia e ética.
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O que se espera do profissional de Direito
Capacidade de conhecer a realidade a qual é aplicada a lei, tendo capacidade de perceber suas desigualdades e contradições. 
Formação humanística e visão global que o contextualize o seu meio social, político e econômico, ao passo que fornece à percepção da diversidade cultural.
Depurar a linguagem jurídica, os conceitos filosóficos e científicos do direito, bem como analisar sua estrutura lógica;
Desmascarar as ideologias que orientam a cultura dos juristas, seus preconceitos e atitudes, desenvolver as críticas necessárias para reorientação da função de responsabilidade ético-social das profissões jurídicas.
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O que é FILOSOFIA?
Dificuldade de encontrar uma resposta à pergunta filosofia?
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Caracterização do discurso Filosófico
Duas formas de caracterizar a filosofia:
-Pela ETIMOLOGIA
-Pelo “setor de objetos”
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Etimologia da palavra Filosofia
FILOSOFIA = PHILOS + SOPHIA = amor pelo saber, amizade à sabedoria, busca do saber. 
PHILOS = amizade, amor SOPHIA = sabedoria
SOPHOS = sábio
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Setor de objeto e a filosofia
“Sempre que vamos estudar alguma disciplina, a primeira coisa que fazemos é procurar saber o que é aquilo que vamos estudar. O mesmo ocorre com a filosofia. Mas nesse momento surge um problema: explicar o que é a filosofia. Quando estudamos matemática, economia ou biologia, por exemplo, já sabemos desde o início, ou pelo menos já temos uma idéia aproximada daquilo acerca de que essas ciências tratam: a matemática lida com números, enquanto a economia estuda as relações econômicas e a biologia estuda os seres vivos. Em outras palavras, isso significa que cada uma dessas ciências é definida em função do setor de objetos que lhe diz respeito”. 
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Setor de objetos = definição
A realidade como um todo pode ser dividida em diferentes setores de objetos, os quais, por sua vez, podem se tornar temas de investigação científica. 
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Realidade
Realidade (do latim 'realitas', isto é, "coisa") significa em uso comum «tudo o que existe». Em seu sentido mais livre, o termo inclui tudo o que é, seja ou não perceptível, acessível ou entendido pela ciência, filosofia ou qualquer outro sistema de análise.
Origem: Wikiquote, a coletânea de citações livre.
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Realidade virtual
Realidade Virtual, Holografia, e/ou ambiente virtual, é uma tecnologia de interface avançada entre um usuário e um sistema computacional. O objetivo dessa tecnologia é recriar ao máximo a sensação de realidade para um indivíduo, levando-o a adotar essa interação como uma de suas realidades temporais. Para isso, essa interação é realizada em tempo real, com o uso de técnicas e de equipamentos computacionais que ajudem na ampliação do sentimento de presença do usuário.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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A regionalização da REALIDADE
A incapacidade do intelecto em compreender a realidade em sua totalidade.
A COGNIÇÃO HUMANA
compartimentaliza a realidade para compreendê-la.
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O objeto da filosofia é a TOTALIDADE.
A TOTALIDADE é o que abarca as particularidades.
A TOTALIDADE é a absolutidade.
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Qual o objeto da filosofia?
Se as ciências são constituídas de objetos...
A filosofia possui um objeto que a caracterize?
Que objeto caracteriza a filosofia?
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Qual é o Setor de objetos da filosofia?
“O que se dá previamente numa ciência é apenas o âmbito de objetos. Em contrapartida, na filosofia não pensamos num âmbito determinado de objetos, mas num modo de saber ou de questionar, portanto, numa determinada atividade” ( Tugendhat, E. Lições Introdutórias à Filosofia Analítica da Linguagem, p. 28), 
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A Especificidade da Filosofia: 
 Um modo de saber ou questionar 
A filosofia caracteriza-se por ser um modo de questionamento. 
A filosofia é uma determinada postura com a qual podemos nos colocar diante dos conhecimentos científicos em geral, das ações humanas e normas que as regulam, dos conceitos fundamentais das diferentes ciências, da arte, da cultura, da religião, etc. 
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O questionamento filosófico 
Mas o que é esse modo característico de questionar? Como se dá o questionamento genuinamente filosófico? 
Resposta: a filosofia é pensamento crítico. 
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Pensamento crítico
Julgamento propositado e reflexivo sobre o que acreditar ou o que fazer em resposta a uma observação, a um argumento, valor social transmitido, ou a uma ideia. 
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O objetivo do pensamento crítico é evitar que os valores sociais, as ideias e pensamentos conduzam à estandardização e ao conformismo.
O pensador crítico procura entender como reconhecer e mitigar ou evitar os diferentes enganos ou erros a que é submetido no dia-a-dia. 
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O nascimento da RAZÃO
Os historiadores da Filosofia determinam que a mesma surgiu por volta do final do século VII e início do século VI a.C., na cidade grega de Mileto, na região Jônia.
A Filosofia surge para substituir o modelo mitológico-cosmogônico, pelo cosmológico-racional. 
Não quer dizer que o processo anterior seja irracional, mas apenas se constitui como uma lógica imanente, no sentido de se atrelar ao psicológico ou a conteúdos que deem forma aos argumentos, enquanto que a Filosofia, ao se fazer e se constituir, vai propor o modelo inverso, qual seja, em que a forma lógica constitui melhor os conteúdos do pensamento, ascendendo ao verdadeiro conhecimento.
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A relação cronológica entre mito e filosofia
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A narrativa mítica
A palavra mito é grega e significa contar, narrar algo para alguém que reconhece o proferidor do discurso como autoridade sobre aquilo que foi dito.
Homero (Íliada e Odisseia) e Hesíodo (Teogonia e Dos trabalhos e dos Dias) são considerados os educadores da Hélade (como se chamava a Grécia) por excelência, bem como os rapsodos (uma espécie de ator, cantor, recitador) eram tidos como portadores de uma verdade fundamental sobre a origem do universo, das leis etc., por reproduzirem as narrativas contidas nas obras daqueles autores.
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Características do mito
O pensamento mítico explica a realidade a partir de uma realidade exterior, de ordem sobrenatural, que governa a natureza.
Ao contrário da explicação filosófica, que se utiliza da argumentação lógica para explicar a realidade, o mito explica a realidade através de suas histórias sagradas, que não possuem nenhum tipo de embasamento para serem aceitas como verdades.
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A função social do Mito
De acordo com o antropólogo Claude Leví-Strauss, o mito possui sua função social:
-Explicativa: explica o presente por alguma ação passada. Exemplo: por algum erro passado estamos vivendo esta calamidade.
-Compensatória: os erros passados foram corrigidos no presente;
-Organizativa: organiza as relações sociais. Alguns mitos, por exemplo, o de Édipo, garantem a proibição do incesto.
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A positividade e o caráter crítico da filosofia 
Atitude filosófica é negativa, isto é, um dizer não ao senso comum, aos pré-conceitos, aos pré-juízos, aos fatos e às idéias da experiência cotidiana, ao que “todo mundo diz e pensa”, ao estabelecido. 
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A positividade e o caráter crítico da filosofia 
Atitude filosófica é a positiva, isto é, uma interrogação sobre o que são as coisas, os fatos, as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos. 
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 Atitude filosófica
 Atitude negativa Atitude Positiva
 DESCONSTRUÇÃO
 CONSTRUÇÃO
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Foucault e o sentido da CRÍTICA
“Uma crítica não consiste em dizer que as coisas não estão bem como estão. Consiste em ver sobre que tipo de evidências, de familiaridades, de formas de pensar adquiridas e não pensadas repousam as práticas que se aceitam. (...) O pensamento existe aqui, muito mais além ou mais aquém dos sistemas e das construções discursivas. É algo que se esconde com frequência, mas que anima todos os comportamentos cotidianos. (...) A crítica consiste em fazer sair este pensamento e tentar mudá-lo: mostrar que as coisas não são tão evidentes quanto parecem, procurar que o que se aceita como evidente já não seja tão evidente”. 
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 A reflexão filosófica 
Reflexão: significa movimento de volta sobre si mesmo ou movimento de retorno a si mesmo. Em outras palavras, ela é o movimento pelo qual o pensamento volta-se para si mesmo, interrogando a si mesmo. 
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Radicalidade e movimento
A reflexão filosófica é radical porque é um movimento de volta do pensamento sobre si mesmo para conhecer-se a si mesmo, para indagar como é possível o próprio pensamento. 
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Reflexão e dogmas
Reflexão filosófica é anti-dogmática;
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Ceticismo e Dogmatismo
Skeptikós, em grego, significa "que observa", "que considera". O cético tanto observa e tanto considera que conclui, nos casos mais radicais, pela impossibilidade do conhecimento; e nas tendências moderadas suspensão provisória de qualquer juízo.
Dogmatíkós, em grego, significa" que se funda em princípios" ou "relativo a uma doutrina". Dogmático tem relação com intransigência e convicções.
 Nietzsche que "convicções são prisões". Refratário ao diálogo, o homem dogmático teme o novo e não raro se torna intransigente e prepotente. Quando resolve agir, o fanatismo é inevitável, e com ele, a justificação da violência. 
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A utilidade e inutilidade da filosofia
Princípio da Utilidade (Introdução aos princípios da moral e legislação – Bentham)
“Por princípio da utilidade, entendemos o princípio segundo o qual toda a ação, qualquer que seja, deve ser aprovada ou rejeitada em função da sua tendência de aumentar ou reduzir o bem-estar das partes afetadas pela ação. (...) Designamos por utilidade a tendência de alguma coisa em alcançar o bem-estar, o bem, a beleza, a felicidade, as vantagens, etc. O conceito de utilidade não deve ser reduzido ao sentido corrente de modo de vida com um fim imediato."
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Modernidade líquida - Zygmunt Bauman
A era em que vivemos é a era da liquidez;
Os valores que a nossa cultura ocidental até então estabelecera como os mais nobres e elevados cada vez mais diluem-se como a água que se escorre das nossas mãos, sem que sejamos capazes de detê-la;
A vida líquida é uma vida precária, vivida em condições de incerteza constante. 
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“linguagem de reconhecimento” - Bauman 
“[...] ter e apresentar em público coisas que portam a marca e/ou logo certos e foram obtidas na loja certa é basicamente uma questão de adquirir e manter a posição social que eles detêm ou a que aspiram. A posição social nada significa a menos que tenha sido socialmente reconhecida – ou seja, a menos que a pessoa em questão seja aprovada pelo tipo certo de “sociedade” (cada categoria de posição social tem seus próprios códigos jurídicos e seus próprios juízes) como um
membro digno e legítimo – como “um de nós” (BAUMAN, 2009, p. 21). 
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Consequências da liquidez
O resultado é a proliferação do comportamento mais nocivo desta sociedade: o consumo desenfreado onde se compra não apenas produtos e serviços, mas também modelos de personalidades e de relacionamentos,
Desta forma a sociedade passa a assumir um papel de consumidora e não mais de produtora, e os elementos que em determinado momento representam ostentação em pouco tempo passam a ser indispensáveis para as pessoas que deixam de adquirir bens para se tornarem escravos deles.
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Utilidade da filosofia
Ultrapassar o imediatismo do senso comum exigindo respostas rigorosas para promover mudanças no modo de agir e perceber a realidade; 
Desestabilizar as concepções prontas e dogmáticas da realidade conduzindo a diferenciação entre o real e o irreal, entre o verdadeiro do falso.
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Senso comum e filosofia
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Senso comum
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Formas de interpretar a realidade
A realidade pode ser explicada através do o mito, do Senso comum, da Ciência, da Filosofia e da Arte. 
Todos eles são formas de conhecimento, pois cada um, a seu modo, oferece uma resposta para os mais variados interesses do homem e atribuindo-lhes um sentido. 
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Ideologia

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