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Inibidores da DPP-4 e incretinomiméticos: revisão expressa O objetivo deste post é de tirar dúvidas sobre estas duas classes de medicamentos, cada vez mais prescritas nos consultórios médicos. O modo de ação dessas medicações consiste em aumentar a ação do GLP-1 (Glucagon-like peptide- 1), utilizando para isto os seguintes mecanismos: Inibindo sua degradação enzimática (inibidores da DPP-4); Agindo como agonistas de seu receptor (exenatida); Agindo como análogos do GLP-1, mas resistentes à inativação enzimática (liraglutida). O GLP-1, substância produzida pela mucosa do intestino, age estimulando a síntese e secreção de insulina dependente da glicemia, como também reduz a secreção de glucagon e o esvaziamento gástrico. Pacientes diabéticos têm uma diminuição de seus níveis, tanto no jejum quanto no estado pós-prandial. O aumento de sua atividade, assim, leva a melhora tanto na glicemia de jejum, quanto pós-prandial. Particularidades: Inibidores da DPP-4 (GLIPTINAS): 1. administrados por via oral, têm efeito neutro com relação ao peso e são muito bem tolerados; 2. não cursam com hipoglicemia (exceto se associadas a sulfoniluréias e insulina); 3. podem ser usadas em monoterapia, ou em associação com outros hipoglicemiantes orais e insulina. Em monoterapia, podem reduzir Hb glicada em 0,6-1,8%; em associação com a metformina, em 0,8%. 4. relatos de ocorrência de angioedema, linfopenia, infecções de vias aéreas superiores, tosse e edema periférico; 5. podem ser tomados a qualquer hora do dia, com ou sem alimentos. Incretinomiméticos (Exenatida e Liraglutida): 1. administrados por via subcutânea, reduzem Hb glicada entre 1% (monoterapia) e 1-1,5% (em associação com outros hipoglicemiantes); 2. têm como efeito colateral mais comum náuseas e vômitos; 3. induzem perda de peso variável, entre 1,6Kg à 5Kg em média; 4. hipoglicemia ocorre apenas em associação com sulfoniluréias e insulina; 5. exenatida não deve ser administradas após refeições, e sim, de preferência, uma hora antes do café-da-manhã e jantar; 6. produzem retardo do esvaziamento gástrico, e podem interferir na absorção de medicações orais, as quais devem ser administradas de preferência com uma hora de intervalo; 7. não devem ser usados em pacientes com doença inflamatória intestinal e em portadores de gastroparesia; 8. é importante lembrar que estas medicações não são substitutos da insulinoterapia. Quais as vantagens deste grupo de medicações? não induzem ganho de peso (e podem levar a perda de peso, no caso dos incretinomiméticos); não induzem hipoglicemia; boa eficácia na redução da Hb glicada; os inibidores da DPP-4, em particular, são muito bem tolerados e de fácil administração; muitos especialistas recomendam a associação dos inibidores da DPP-4 com a metformina, na terapia inicial de primeira linha dos pacientes diabéticos tipo 2; possibilidade de melhora da função das células beta-pancreáticas. Quais as desvantagens deste grupo de medicações? necessidade de administração subcutânea e náuseas/võmitos relativamente freqüentes (incretinomiméticos); custo; pode haver necessidade de ajustar doses de sulfoniluréia e insulina quando de seu uso combinado com gliptinas/incretinomiméticos, pelo risco de hipoglicemia; relatos de pancreatite aguda com os incretinomiméticos e gliptinas; menor experiência clínica. Quando devemos considerar seu uso nos pacientes com Diabetes mellitus tipo 2? como alternativa terapêutica de primeira linha às sulfoniluréias, quando as metas glicêmicas não são atingidas com o uso de metformina; em associação a outras classes de hipoglicemiantes orais; pacientes em uso de outras terapias em que hipoglicemia ocorra mais que o habitual; em pacientes com insuficiência renal leve-moderada, nos quais o uso de determinadas classes de hipoglicemiantes orais está contra-indicado, algumas destas medicações são seguras e eficazes (ver correção na disfunção renal abaixo); em pacientes com sobrepeso / obesidade, os incretinomiméticos seriam uma boa opção pela indução de perda de peso; Abaixo, seguem informações comerciais sobre os produtos: Exenatida (Byetta®) Canetas injetoras com 60 doses de 5mcg e 10mcg; Dose = 5mcg, via subcutânea, 12/12h durante 30 dias; após, 10mcg 12/12h; Clearance de creatinina<30ml/min = não usar. Liraglutida (Victoza®) Caneta injetora 6mg/ml; Dose = 0,6mg ao dia, aumentando para 1,2mg ao dia após uma semana. Pode-se aumentar até 1,8 mg ao dia; Clearance de creatinina<50ml/min = não usar. Sitagliptina (Januvia®) Comprimidos de 25 / 50 / 100mg; Em associação com a metformina = Janumet® (comprimidos de 50mg + 500mg; 50mg + 850mg; 50mg + 1000mg); Dose = 100mg uma vez ao dia; Clearcreat < 50ml/min = 50mg ao dia; Clearcreat < 30ml/min = 25mg ao dia. Vidagliptina (Galvus®) Comprimidos de 50mg; Em associação com a metformina = Galvus-Met® (comprimidos de 50mg + 500mg; 50mg + 850mg; 50mg + 1000mg); Dose = 50mg 12/12h; Clearcreat 30-50ml/min = 50mg ao dia; Clearcreat<30ml/min = não usar. Saxagliptina (Onglyza®) Comprimidos de 2,5mg e 5,0mg; Em combinação com metformina XR = Kombiglyze XR® (comprimidos de 5mg+500mg; 5mg+1000mg; 2,5mg+1000mg); Dose = 5mg ao dia; Clearcreat <50ml/min = 2,5mg ao dia. Linagliptina (Trayenta®) Comprimidos de 5mg; Dose = 5mg ao dia; Não necessita de ajuste nos pacientes com disfunção renal. Referências: 1. Dicker D. DPP-4 inhibitors: Impact on glycemic control and cardiovascular risk factors. Diabetes care.2011 May;34 (2 supplem): S276-S278. 2. Eliaschewitz FA. Visão geral dos análogos do GLP-1 e inibidores da DPP-4. In: Diabetes na prática clínica (E-book). Disponível em: www.diabetes.org.br (acesso em dezembro/2012). 3. Karagiannis T, Paschos P, Paletas K, Matthews DR, Tsapas A. Dipeptidyl peptidase-4 inhibitors for treatment of type 2 diabetes mellitus in the clinical setting: systematic review and meta-analysis. Disponível em: www.bmj.com (acesso em dezembro/2012). 4. Bulas médicas das medicações.
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