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Perícia Psicológica Forense resenha

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ROVINSKI, Sônia Liane Reichert. Fundamentos da Perícia Psicológica Forense. São 
Paulo: Vetor Editora, 2004. 
 
RESENHA 
 
 A presente resenha do livro Fundamentos da Perícia Psicológica Forense 
de autoria de Sônia Liane Reichert Rovinski é uma análise dos seis capítulos da referida 
obra. A autora é Psicóloga Judiciária com experiência em perícias forenses ligadas a 
temas de violência, dano psicológico e de disputa de guarda. Professora convidada em 
diversos cursos de pós-graduação para ensino na área de perícias e testes projetivos. 
 O primeiro capítulo refere-se a Perícia Psicológica Forense e está 
dividida em três partes: A perícia judicial, Regulamentação legal da perícia judicial e 
Legitimação do psicólogo na função de perito por Órgão de Classe. 
 A perícia é considerada um meio de prova na área judicial que é realizada 
por um especialista, essa prova (perícia) permite incluir nos autos do processo 
informações técnicas, que geralmente o juiz (que solicitou) desconhece, já que seu 
conhecimento muita das vezes se restringe ao campo jurídico. É regulamentada por 
alguns instrumentos legais Código Civil, Código Penal e algumas legislações 
específicas como é o caso do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 Nos dois Códigos – Civil e Penal é dado legitimidade para o perito 
exercer suas atividades. O Código de Processo Civil afirma que está apto a ser perito 
todos psicólogos “que se encontram devidamente regulamentados junto a seu órgão de 
classe” (CRP). Nos casos das perícias criminais (Código de Processo Penal) é 
estabelecida a necessidade da atuação de dois peritos que atuem de forma concomitante. 
Cabe um destaque nesse caso para a perícia em saúde mental que exige também o 
exame médico legal. 
 A legitimidade do psicólogo na função de perito é regulamentada pelo 
Conselho Federal de Psicologia através da Lei 4.119 que define a responsabilidade do 
psicólogo “realizar perícias e emitir pareceres sobre a matéria de Psicologia”. 
 O contexto do trabalho pericial é o tema do segundo capítulo em que a 
autora discorre sobre a relação existente entre Psicologia e Direito, o contexto em que a 
avaliação psicológica forense está inserida e ética e perícia psicológica. 
 É destacado que a conduta humana, enquanto objeto de intervenção, 
acaba sendo algo em comum entre as disciplinas do Direito e de Psicologia. Citando 
Urra (2002) é destacado que as duas disciplinas partem do indivíduo como um sujeito 
único, responsável por seus atos e condutas e com capacidade para modifica-los. Ao 
mesmo tempo a autora destaca também a existência de diferenças entre as mesmas – 
1 
 
quanto a valores, premissas básicas e métodos de aproximação e compreensão, que são 
diferenças epistemológicas e de visão de mundo. 
 Os estudos que ressaltam essas diferenças destacam algumas questões 
importantes para o entendimento do papel do psicólogo forense. A controvérsia do livre 
arbítrio versus determinismo, se o indivíduo pode ou não ter tido a opção de realizar ou 
ter uma conduta ilícita, o que a presença de uma psicopatologia poderia amenizar a 
situação desse indivíduo. A natureza dos fatos, como cada disciplina constrói a noção 
de fato, a psicologia trata-o como pressuposto da probabilidade, enquanto o direito 
trabalha com o “nível de certeza”. E um ponto que é destacado pela autora é no que se 
refere ao propósito de cada disciplina. Sendo que a Psicologia é uma ciência que “busca 
a descrição, explicação, compreensão e predição da conduta humana através de estudos 
empíricos” e o Direito tem como finalidade a busca por “justiça”. 
 Uma questão importante levantada pela autoria são as características da 
avaliação psicológica no contexto forense, o que destaca a necessidade de se fazer 
adaptações dos procedimentos de avaliação ara a realidade forense, já que nesse 
procedimento o avaliado não se apresenta por vontade própria, ele está na dependência 
de um marco legal da decisão do juiz. Nesse sentido o objetivo da avaliação será 
“responder a uma questão legal expressão pelo juiz ou por outro agente jurídico”. 
 Nesse processo de avaliação no contexto forense ainda é destacado a 
relação do avaliador com a pessoa a ser periciada, o qual surge através de um 
encaminhamento feito pelo juiz ou seu advogado. A preocupação metodológica com o 
procedimento, já que o periciado poderá está temeroso ou desejoso com o resultado 
final da avaliação e a necessidade de uma capacitação técnica no psicólogo forense. 
 Não menos importante é a relação que existe entre a questão ética e a 
perícia psicológica. Nesse aspecto é importante destacar o Código de Ética Profissional 
do Psicólogo editado em 2005, principalmente os artigos 1 e 2 e os que se referem ao 
sigilo profissional artigos 9, 10 e 11, porém longe de ser uma questão meramente formal 
ou legal, é necessário encarar essa relação com profissionalismo, pois os casos poderão 
ter uma repercussão social, sem falar que todos terão uma repercussão na vida dos 
indivíduos ou dos indivíduos envolvidos no processo. 
 No capítulo três a autora irá discorrer sobre a metodologia da perícia 
psicológica, destaca a necessidade do psicólogo ter “conhecimento suficientes sobre as 
características do sistema jurídico em que vai atuar”. 
 Quanto ao início do caso da perícia dependerá da origem do contato 
inicial com o psicólogo, que poderá ser contratado pela parte litigante ou designado pelo 
juiz, mas independente do contato o psicólogo deverá buscar as seguintes informações: 
principais fatos, data de entrega da perícia, quais quesitos terá que responder, sujeitos 
demandantes, necessidades ou não de outros informes, complexidade do caso. Em 
seguida deve dar início a preparação do expediente, que consiste em manter sob sua 
guarda o processo a ser periciado e a partir deste levantar algumas informações: 
2 
 
documentos iniciais, informações do sujeito, anotações da entrevista com os sujeitos, 
advogado ou juiz, cronologia do caso... 
 Nos aspectos metodológicos da perícia a autora destaca ainda a avaliação 
de necessidades e coleta de dados mas sem se restringir a eles, o que poderá evitar a 
distorção metodológica e a incapacidade de responder a novos quesitos relacionados ao 
caso. A necessidade de selecionar estratégia para executa a perícia e destaca as 
seguintes questões: as estratégias escolhidas estão disponíveis, são éticas, são aceitáveis 
e são práticas. 
 Na ela elaboração do laudo pericial é necessário levar em consideração 
algumas questões referentes a clareza e inteligibilidade, precisão e objetividade, ser 
denotativo, usar de impessoalidade. A partir do CFP é necessário conter no mínimo 
cinco itens: identificação, descrição da demanda, procedimento, análise e conclusão 
esses itens são genéricos e não específicos para a área forense, por isso a autora destaca 
a contribuição do CRP do Paraná, que sugere um roteiro para uso na área forense: 
preâmbulo, histórico, descrição, discussão, conclusões e resposta aos quesitos. 
 No capítulo quatro são destacados as competências legais quanto a 
avaliação psicológica no contexto forense, nesse caso a autora destaca que a dinâmica se 
amplia “com a necessidade de dirigir os achados para a questão legal”. São destacadas 
seis características básicas: a competência legal sempre se direciona a uma habilidade, 
comportamento ou capacidade funcional; característica contextual; inferências causais, 
interação pessoa/contexto, características do julgamento e ao caráter dispositivo da 
competência legal. 
 No penúltimo capítulo a autora ira destacar as técnicas e instrumentos de 
avaliação. Iniciando com a entrevista clínica forense, sendo considerada um conjunto de 
técnicasde investigação, a ser usada em um tempo determinado e de conhecimentos 
psicológicos com o objetivo de descrever e avaliar aspectos pessoais, relacionais ou 
sistêmicos e faz algumas recomendações para tal técnica, a partir de Meloy (1991) ela 
sugere seis dimensões distintivas que caracterizam a entrevista no contexto forense: 
contexto coercitivo; falta parcial ou total de sigilo; redação do laudo; distorção 
consciente das informações; discordância e verificação e o papel do investigador. 
 Outra técnica considerada importante são os testes psicológicos, estes 
permitem vantagem ao poder medir de forma padronizada, habilidades funcionais, 
déficits, personalidade e status mental. 
 No capítulo seis é feito o debate sobre simulação e dissimulação, o que 
para a autora pode de certa forma ser comum a conduta de mentira para induzir falsas 
crenças sobre um fato ou uma pessoa. Nesse caso a simulação é aquela em que o sujeito 
de forma voluntária “finge ou intensifica sintomas com o fim de obter ganhos ou evitar 
consequências”. A autora recorre a Vargas (1990) para descrever três tipos de 
simulação: pré simulação ou simulação anterior (praticada de forma premeditada), 
parassimulação, supersimulação ou simulação aumentada (quando uma pessoa copia e 
3 
 
imita sintomas e condutas de outras pessoas doentes mentais) e metassimulação ou 
simulação residual (mais frequente, em que o sujeito, após se recuperar de determinada 
doença mental, continua a fingir os sintomas da mesma), todas elas tem o objetivo de 
auferir vantagens. 
 Já a dissimulação ocorre de maneira contrária como forma de distorcer a 
realidade, ou seja, uma “pessoa com sintomas mentais pode ter interesse em esconder 
sua patologia para atingir determinados objetivos”, nesse caso o indivíduo procura 
expressar uma boa imagem ou mostrar-se que está recuperado para evitar uma 
internação ou interdição de seus direitos. 
 É importante para os peritos que fazem avaliação forense estarem atentos 
para estes fenômenos, que podem ocorrer principalmente em situações que envolvam 
processos de divórcio e guarda de filhos, em situações que podem ter ganhos 
financeiros ou que podem gerar riscos a liberdade. Um fato comum que podem ocorrer 
com os avaliadores é a possibilidade de acreditar que jamais podem ser enganados. 
 Qual o procedimento para avaliação a simulação? A autora sugere 
algumas questões importantes que devem ser evitadas: acreditar que simulação não 
ocorre om frequência, associar simulação com doença mental, acreditar que o avaliador 
não pode ser enganado, valorizar os traços de caráter em vez do contexto..., e destaca 
alguns instrumentos que podem ajudar nessa avaliação: a entrevista clínica e a aplicação 
de testes psicológicos. 
 
 
TÁCITO PEREIRA DOS SANTOS 
tacitosantos@yahoo.com.br

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