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• Aula 07: Direito de Imagem e outros 
Direitos de Personalidade. 
Disciplina Eletiva de Propriedade Intelectual 
Prof. Alysson H. Oikawa 
Proteção à pessoa como limite à liberdade 
de expressão e ao direito à informação 
“A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob 
qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, 
observado o disposto nesta Constituição.” (art. 220, CF/88) 
“Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena 
liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação 
social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.” (art. 220, § 1º, 
CF/88) 
“É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e 
artística.” (art. 220, § 2º, CF/88) 
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Art. 5º, Constituição Federal de 1988 
“IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da 
indenização por dano material, moral ou à imagem; [...] 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das 
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral 
decorrente de sua violação; 
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas 
as qualificações profissionais que a lei estabelecer; 
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da 
fonte, quando necessário ao exercício profissional;” 
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Direito de personalidade: particularidades 
(arts. 11 et seq, Código Civil) 
• Via de regra, intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu 
exercício sofrer limitação voluntária. (art. 11, CC) 
• Possibilidade de se exigir a cessação de ameaça ou lesão, além de 
reclamar perdas e danos. (art. 12, CC) 
– Em se tratando de morto: legitimidade do cônjuge sobrevivente ou de 
qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. (art. 12, parág. 
único, CC) 
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Direito à privacidade 
• “A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento 
do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou 
fazer cessar ato contrário a esta norma.” (art. 21, CC) 
• Tutela da esfera individual: direito de não se submeter a uma 
publicidade que não provocou e nem desejou. 
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Caso “Topless em público” 
 (STJ, 4a T – REsp 595600/SC, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, j. 18/03/2004) 
• Ação de indenização por danos materiais e morais contra Zero Hora 
Editora Jornalística S.A., tendo em vista a publicação desautorizada em 
“topless”, fotografada em praia pública, em momento de lazer. 
• Juízo de primeiro grau julgou improcedente a demanda: a ré “exerceu 
sua liberdade de imprensa que tem amparo constitucional, sem ferir as 
garantias da autora, que, por sua vez, exerceu sua liberdade pessoal, 
consciente ou inconscientemente, produzindo notícia, pela prática de top 
less, em público.” 
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Caso “Topless em público” 
 (STJ, 4a T – REsp 595600/SC, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, j. 18/03/2004) 
• Autora apela da decisão de primeira instância, e TJ-SC deu-lhe 
provimento, deferindo indenização no importe de 100 salários mínimos. 
– “O direito a própria imagem, como direito personalíssimo, goza de proteção 
constitucional, sendo absoluto e, pois, oponível a todos os integrantes da 
sociedade, para os quais cria um dever jurídico de abstenção. A publicação de 
imagem de alguém fotografado imprescinde, sempre, de autorização do 
fotografado. Inexistente essa autorização, a veiculação da imagem materializa 
violação ao direito do respectivo titular, ainda que inexistente qualquer 
ultraje à moral e aos bons costumes. A ocorrência do dano, em tal hipótese, é 
presumida, resultando tão somente da vulneração do direito à imagem.” 
• Editora opõe embargos infringentes opostos, os quais foram acolhidos. 
Autora interpõe recurso especial. 
 
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Caso “Topless em público” 
 (STJ, 4a T – REsp 595600/SC, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, j. 18/03/2004) 
• Decisão do STJ: Recurso especial não conhecido. 
– “Na espécie, a recorrida divulgou fotografia, sem chamada 
sensacionalista, de imagem da recorrente praticando topless ‘numa 
praia lotada em pleno feriado’.” 
– “Isto é, a própria recorrente optou por revelar sua intimidade, ao 
expor o peito desnudo em local público de grande movimento, 
inexistindo qualquer conteúdo pernicioso na veiculação, que se 
limitou a registrar sobriamente o evento sem sequer citar o nome da 
autora.” 
– “Assim, se a demandante expõe sua imagem em cenário público, não é 
ilícita ou indevida sua reprodução sem conteúdo sensacionalista pela 
imprensa, uma vez que a proteção à privacidade encontra limite na 
própria exposição realizada.” 
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Direito à privacidade: 
pessoas notórias 
“Se se tratar de pessoa notória, o âmbito de sua vida privada haverá que 
reduzir-se, de forma sensível. E isto porque, no tocante às pessoas célebres, 
a coletividade tem maior interesse em conhecer-lhes a vida íntima, as 
reações que experimentam e as peculiaridades que oferecem. E tal 
interesse será ainda mais legítimo quando aquele episódio íntimo tiver 
desempenhado papel relevante na formação da personalidade notória. As 
personalidades em evidência pertencem literalmente ao público, pois como 
que alienaram a própria existência privada. Em razão do status social do 
indivíduo, o seu papel – que é o aspecto dinâmico do próprio status – é o de 
exibir a sua pessoa e atrair para si o interesse popular.” 
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COSTA Jr. Paulo José. O direito de estar só – Tutela penal da intimidade. 4.ed. 
São Paulo: RT, 2007, p. 32-33. 
Direito à honra 
• “Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: 
Pena - detenção, de seis (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.” (art. 138, 
Cód. Penal) 
– Mesma pena para a divulgação, desde haja consciência de que a imputação é 
falsa. 
– Também é punível a calúnia contra os mortos. 
– Possibilidade de exceção da verdade, ressalvadas hipóteses do art. 138, §3º, 
Cód. Penal. 
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Direito à honra 
• “Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena - 
detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.” (art. 139, Cód. Penal) 
– Exceção da verdade somente admitida quando o ofendido é funcionário 
público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. 
• “Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena - 
detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.” (art. 140, Cód. Penal) 
– “O juiz pode deixar de aplicar a pena: I - quando o ofendido, de forma 
reprovável, provocou diretamente a injúria; II - no caso de retorsão imediata, 
que consista em outra injúria.” (art. 140, §1º, Cód. Penal) 
– Agravantes: Violência ou vias de fato aviltantes; Elementos referentes a raça, 
cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de 
deficiência. 
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Direito à honra 
• “A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação 
do dano que delas resulte ao ofendido.” (art. 953, CC) 
• “Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar, 
eqüitativamente, o valor da indenização, na conformidade das 
circunstâncias do caso.” (art. 953, parág. único, CC) 
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Direito ao nome 
• “O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações 
ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda que não 
haja intenção difamatória.” (art. 17, CC) 
• “Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda 
comercial.” (art. 18, CC) 
 
 
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Direito de imagem 
• Conceito amplo: não só reprodução visual da pessoa, mas também todas 
as extensões de seus característicos de personalidade (voz, gestos e 
outras expressões dinâmicas). 
– Representação por diversos meios (pintura, escultura, desenho,fotografia, 
audiovisual, configuração caricata ou decorativa, reprodução em manequins e 
máscaras, etc.). 
 
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<http://www.whitehouse.gov/stateoftheunion/2006/photoessay/04.html>, 
acesso em 16 de maio de 2007. 
<http://www.frightcatalog.com/Halloween-Masks/Personalities/Bush+Mask-
1210014/>, acesso em 16 de maio de 2007. 
Direito de imagem 
• “[S]ão assegurados nos termos da lei: a) a proteção [...] à reprodução da 
imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas.” (art. 5º, 
XXVIII, CF) 
• “Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à 
manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão 
da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de 
uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo 
da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a 
respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. ” (art. 20, CC) 
– A proteção da imagem do morto fica à cargo do cônjuge, dos ascendentes ou 
dos descendentes (art. 20, parág. único, CC) 
 
 
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Direito de imagem: particularidades 
• Inalienável e intransmissível: não há como dissociá-lo de seu titular. 
– Por outro lado, há possibilidade de autorizar a utilização da própria imagem 
para que outros a utilizem para diversos fins. 
• Requisitos para a violação: 
– Identidade entre a reprodução e a imagem da pessoa reproduzida: é 
preciso que se reconheçam características e circunstâncias que 
distinguem a pessoa. 
– Individualidade: fotos de multidões, via de regra, não caracterizam 
violação. 
• Limites ao direito à própria imagem: relacionados à prevalência de 
interesse coletivo sobre o interesse individual. 
– Exemplos: segurança nacional, saúde pública, história, noticiário, etc. 
 
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Direito de imagem: 
aspectos de relevância contratual 
• Capacidade 
– Ex.: Se o retrato for menor, verificar se existe assistente. 
• Delimitações: meios de comunicação, tempo e espaço 
– A interpretação quanto à forma de utilização é restritiva. 
• Relação de trabalho 
– Importância de se pedir autorização de funcionários para utilização de sua 
imagem em jornais internos, web sites, propagandas etc. 
• Contratação indireta (ex.: através de agências de modelos) 
– Verificar contrato para certificar-se dos poderes de representação e das 
delimitações para o uso da imagem. 
 
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Direito de arena 
• Previsto entre os direitos conexos aos de autor na antiga LDA (Lei nº 
5.988/73), como reconhecimento da importância da atividade esportiva 
em nosso país. 
• Atualmente fora do âmbito da LDA, mas com previsão legal específica na 
Lei nº 9.615/98 (“Lei Pelé”). 
– “Pertence às entidades de prática desportiva o direito de arena, 
consistente na prerrogativa exclusiva de negociar, autorizar ou 
proibir a captação, a fixação, a emissão, a transmissão, a 
retransmissão ou a reprodução de imagens, por qualquer meio ou 
processo, de espetáculo desportivo de que participem.” (art. 42, Lei Pelé, 
com redação dada pela Lei nº 12.395, de 16/03/2011) 
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Direito de arena 
• Salvo convenção coletiva de trabalho em contrário, 5% da receita serão 
repassados aos sindicatos de atletas profissionais, e estes distribuirão, 
em partes iguais, aos atletas profissionais participantes do espetáculo, 
como parcela de natureza civil. (art. 42, § 1º, Lei Pelé, com redação dada pela Lei 
nº 12.395, de 16/03/2011) 
• Possibilidade de exibição de flagrantes para fins exclusivamente 
jornalísticos, desportivos ou educativos, respeitadas as seguintes 
condições: (art. 42, § 2º, Lei Pelé, com redação dada pela Lei nº 12.395, de 
16/03/2011) 
– captação das imagens deve ser feita em locais reservados para não detentores 
de direitos ou, caso não disponíveis, mediante o fornecimento das imagens 
pelo detentor de direitos locais para a respectiva mídia; 
– duração do flagrante não poderá exceder 3% do total do tempo; 
– proibida a associação das imagens a qualquer forma de patrocínio, 
propaganda ou promoção comercial. 
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Direito de imagem: casos práticos 
• Empresa condenada ao pagamento de multa no valor de 3 salários 
mínimos, por exploração de imagem de menor em informe publicitário 
veiculado na televisão. (TJMG, 2a. Cam. Civ. – Apel. Cível nº 1.0024.00.283926-4/001, Rel. Des. 
Caetano Levi Lopes, j. 28/09/2004) 
– Equiparação da publicidade veiculada em rede de televisão a espetáculo 
público, devido à grande exposição a que se sujeita o menor. 
– A autorização dos pais ou responsáveis não supre o alvará judicial. 
– Empresa omitiu-se em obter o alvará; violação art. 149, II, 'a', do Estatuto da 
Criança e do Adolescente (ECA). 
– Condenação de multa em grau mínimo previsto no art. 258, ECA. 
• 3 a 20 salários mínimos; possibilidade de fechamento do estabelecimento 
em caso de reincidência. 
 
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Direito de imagem: casos práticos 
• Empresa condenada por exploração de imagem de modelo após o 
término do contrato. (TJMG, 16a. Cam. Civ. – Apel. Cível nº 1.0024.97.066885-1/001, Rel. Des. 
Otávio Portes, j. 15/0/2006) 
– Em setembro de 1995, modelo de 19 anos celebrou contrato para veiculação 
publicitária de sua imagem, para vigorar até março de 1996, pela quantia de 
R$ 300,00. 
– Empresa condenada ao pagamento de indenização por danos materiais, de 
acordo com o valor contratado, no período de 16/03/1996 a 31/05/1997. 
– Não cabimento de dano moral, pois a exposição da imagem foi objeto de 
contrato anterior, e não houve constrangimento ou humilhação. 
 
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Direito de imagem: casos práticos 
• Empresa condenada ao pagamento de indenização no valor de R$ 
5.000,00 pelo uso não autorizado de imagem de ex-funcionária em 
publicidade na internet durante a vigência e após a ruptura do contrato 
de trabalho. (TRT 3a. R., 6a. T. – Rec. Ord. nº 01258-2007-060-03-00-5, Rel. Ricardo Antônio 
Mohallem, j. 18/02/2008) 
– “A ausência de intuito depreciativo na veiculação da imagem não exime a 
reclamada de reparar os prejuízos causados.” 
– A condenação de primeira instância, no valor de R$10.000,00, foi reduzida, 
considerando a real extensão do dano, a não tão elevada capacidade 
econômica das partes, e a relativa gravidade do ilícito. 
 
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Direito de imagem: casos práticos 
• Editora condenada ao pagamento de R$ 200 mil de indenização pela 
divulgação não-autorizada de 10 fotos da apresentadora Xuxa no livro 
“Nu, Sensualidade e Sexualidade Humana”. (TJRJ, 9a. Cam. Civ. – Apel. Cível nº 
2005.001.22628, Rel. Des. Ruiz Athayde Alcântara de Carvalho, j. 24/01/2006) 
– R$ 100 mil pelo uso indevido da imagem + R$ 100 mil por danos morais. 
– Já havia sido deferido pedido de busca e apreensão da publicação. 
 
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Direito de imagem: casos práticos 
• Editora condenada pelo lançamento não-autorizado do livro “Estrela 
Solitária - Um brasileiro chamado Garrincha”. (STJ, 4a T – REsp 521697/RJ, Rel. Min. 
Cesar Asfor Rocha, j. 16/02/2006) 
– Ação promovida pelas filhas herdeiras de Garrincha, que alegavam violação 
aodireito à imagem, ao nome, à intimidade, à vida privada, à honra e todos os 
conexos da personalidade do referido ídolo, execrando a sua memória, 
postulando pela indenização de danos patrimonial e moral. 
– “Ademais, a imagem de pessoa famosa projeta efeitos econômicos para além 
de sua morte, pelo que os seus sucessores passam a ter, por direito próprio, 
legitimidade para postularem indenização em juízo, seja por dano moral, seja 
por dano material.” 
– Indenização por dano moral fixada em 100 salários mínimos para cada filha 
herdeira. 
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