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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Desembargadora Renata Cotta Mandado de Segurança n.º 0043641-14.2015.8.19.0000 Página 1 de 7 3ª CÂMARA CÍVEL MANDADO DE SEGURANÇA nº 0043641-14.2015.8.19.0000 IMPETRANTE: DJALMA SANTOS DA SILVA JUNIOR IMPETRADO: EXMO. SR. SECRETÁRIO DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DESEMBARGADORA RENATA MACHADO COTTA MANDADO DE SEGURANÇA. CONCLUSÃO DO ENSINO MÉDIO. FECHAMENTO DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO ANTES DA EXPEDIÇÃO DO DIPLOMA. RESPONSABILIDADE TRANSFERIDA PARA A SECRETARIA DE ENSINO. REQUISITOS PARA EXPEDIÇÃO DO DIPLOMA PREENCHIDOS. MORA INJUSTIFICÁVEL. CONCESSÃO DA SEGURANÇA. O mandado de segurança cabe na proteção de direito líquido e certo não amparado por habeas corpus ou habeas data ameaçado ou violado por ato ilegal ou abusivo de autoridade pública. Na hipótese dos autos, verifica-se que o impetrante concluiu no ano de 1995 o curso de formação geral do 2º grau, correspondente hoje ao ensino médio, conforme declaração de conclusão de curso e histórico escolar emitidos pela Coordenadoria Geral Pedagógica da Secretaria de Estado de Educação. Ademais, diante de sua conclusão do 2º grau, o impetrante ingressou e concluiu o ensino superior no Curso de Ciências Contábeis da Faculdade de Economia e Finanças do Rio de Janeiro da SUESC, obtendo a graduação em 2013. Nesse sentido, tanto os PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Desembargadora Renata Cotta Mandado de Segurança n.º 0043641-14.2015.8.19.0000 Página 2 de 7 documentos emitidos pela Secretaria de Educação, quanto o fato de o impetrante ter concluído o ensino superior demonstram, de forma inequívoca, que houve a conclusão do 2º grau. Ressalte-se, por oportuno, que o referido documento foi, inclusive, expedido, o que torna cristalino o direito líquido e certo do impetrante. Nada obstante, a hipótese não é de perda superveniente do interesse de agir, pois a apresentação do documento, objeto da demanda, ocorreu em razão da decisão liminar de fls.21/24, que deve ser devidamente confirmada. Concessão da segurança. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos do MANDADO DE SEGURANÇA N.º 0043641-14.2015.8.19.0000, em que é IMPETRANTE: DJALMA SANTOS DA SILVA JUNIOR e AUTORIDADE COATORA: EXMO. SR. SECRETÁRIO DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. ACORDAM os Desembargadores que integram a 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, por unanimidade de votos, em conceder a segurança, nos termos do voto do Des. Relator. R E L A T Ó R I O Cuida-se de mandado de segurança impetrado por DJALMA SANTOS DA SILVA JUNIOR, alegando, em síntese, que concluiu o ensino PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Desembargadora Renata Cotta Mandado de Segurança n.º 0043641-14.2015.8.19.0000 Página 3 de 7 médio pelo colégio estadual Subtenente Duplar Pires de Mello, que se localizava na Vila Militar da Cidade do Rio de Janeiro. Ocorre, porém, que o colégio foi fechado, deixando de fornecer o certificado de conclusão do ensino médio, muito embora tenha sido sua aprovação devidamente publicada no diário oficial. Aduz que requereu administrativamente o diploma, o que não foi atendido, sendo certo que precisa do documento para que seja confeccionado o diploma do ensino superior. Decisão de deferimento da liminar (fls. 21/24). Manifestação da autoridade coatora, alegando a inexistência de direito líquido e certo, bem como a perda superveniente do interesse de agir, uma vez que, foi entregue o documento pretendido (fls. 94/96 e 103/104). Impugnação do Município do Rio de Janeiro encampando as informações prestadas pela autoridade coatora (fls. 102). Parecer do Ministério Público pela concessão da ordem (fls. 107/110). É o relatório. PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Desembargadora Renata Cotta Mandado de Segurança n.º 0043641-14.2015.8.19.0000 Página 4 de 7 V O T O O mandado de segurança cabe na proteção de direito líquido e certo não amparado por habeas corpus ou habeas data ameaçado ou violado por ato ilegal ou abusivo de autoridade pública. O ato de autoridade será a ação ou omissão de agente ou órgão com poder de decisão que viole uma justa pretensão individual ou coletiva. O direito líquido e certo protegido pelo MS é aquele cujos fatos sejam incontroversos mediante provas pré-constituídas, documentalmente aferíveis e sem a necessidade de investigações comprobatórias. Nesse sentido, a lição de SÉRGIO FERRAZ (in Mandado de Segurança, 1993, p. 19): "líquido será o direito que se apresenta com alto grau, em tese, de plausibilidade; e certo, aquele que se oferece configurado preferencialmente de plano, documentalmente sempre, sem recurso a dilações probatórias". O ato objurgado pelo mandado de segurança, portanto, tem que ser uma ação ou omissão da autoridade pública que viole ou ameace concretamente um direito individual ou coletivo, razão pela qual o mandamus só deve ser impetrado contra um ato concreto de natureza pública, independentemente do revestimento formal sob o qual se apresenta. PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Desembargadora Renata Cotta Mandado de Segurança n.º 0043641-14.2015.8.19.0000 Página 5 de 7 Outrossim, o mandado de segurança é garantia constitucional contra ilegalidade ou abuso de poder constrangedor de direito líquido e certo, sendo cabível apenas nessas hipóteses legalmente previstas. No que tange ao direito líquido e certo, prevalece o entendimento de que se trata de uma especial condição da ação de segurança, ou seja, para que se obtenha o mandamus, não basta que o direito invocado exista, tendo ele, ademais, que ser líquido e certo, de forma que, numa primeira linha conceitual, líquido e certo seria o direito evidente de imediato, insuscetível de controvérsia, reconhecível sem demora. Em verdade, o conceito de direito líquido e certo é tipicamente processual, pois atende ao modo de ser de um direito subjetivo no processo, já que a circunstância de um determinado direito subjetivo realmente existir não lhe confere a característica de liquidez e certeza, que só lhe é atribuível se os fatos em que se fundar puderem ser provados de forma incontestável, certa, no processo. E isto normalmente só se dá quando a prova for documental, pois esta é adequada a uma demonstração imediata e segura dos fatos. Na hipótese dos autos, verifica-se que o impetrante concluiu no ano de 1995 o curso de formação geral do 2º grau, correspondente hoje ao ensino médio, conforme declaração de conclusão de curso e histórico escolar emitidos pela Coordenadoria Geral Pedagógica da Secretaria de Estado de Educação (fls. 3/5 do anexo). PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Desembargadora Renata Cotta Mandado de Segurança n.º 0043641-14.2015.8.19.0000 Página 6 de 7 Ademais, diante de sua conclusão do 2º grau, o impetrante ingressou e concluiu o ensino superior no Curso de Ciências Contábeis da Faculdade de Economia e Finanças do Rio de Janeiro da SUESC, obtendo a graduação em 2013 (fls. 6/8 do anexo). Nesse sentido, tanto os documentos emitidos pela Secretaria de Educação, quanto o fato de o impetrante ter concluído o ensino superior demonstram, de forma inequívoca, que houve a conclusão do 2º grau. Ressalte-se, por oportuno, queo referido documento foi, inclusive, expedido, o que torna cristalino o direito líquido e certo do impetrante. Nada obstante, a hipótese não é de perda superveniente do interesse de agir, pois a apresentação do documento, objeto da demanda, ocorreu em razão da decisão liminar de fls.21/24, que deve ser devidamente confirmada. Como bem ressaltou a d. Procuradoria de Justiça, o cumprimento da liminar, mesmo que de caráter satisfativo, não implica em perda do objeto, uma vez que esta é apenas uma antecipação do mérito, proferida com base em cognição provisória e incapaz de tornar a prestação jurisdicional plenamente efetiva. Sendo assim, a documentação colacionada pelo impetrante é suficiente para demonstrar o cabimento da expedição do diploma, não podendo o autor suportar o ônus da demora do Estado em localizar os documentos pertinentes desde o ano de 2013, data do requerimento administrativo. PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Desembargadora Renata Cotta Mandado de Segurança n.º 0043641-14.2015.8.19.0000 Página 7 de 7 POR TAIS FUNDAMENTOS, concedo a segurança, para confirmar a liminar deferida e determinar a expedição do certificado de conclusão do ensino médio requerido. Condeno o réu ao pagamento das custas, uma vez que, é hipótese de reembolso, na forma do art.17, §1º, da lei estadual n.º 3350/99. Sem honorários, na forma da Súmula 105 do STJ e da Súmula 512 do STF. Rio de Janeiro, ____ de ____________ de 2016. Desembargadora RENATA MACHADO COTTA Relatora
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