Buscar

CÁLCULO DO VOLUME NA EQUAÇÃO DE VAN DER WAALS PELO MÉTODO DE CARDANO

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – CEUNES
CÁLCULO DO VOLUME NA EQUAÇÃO DE VAN DER WAALS PELO MÉTODO DE CARDANO
Nelson H.T.Lemes, Química Nova, volume 33, número 6, páginas 1325-1329, ano 2010.
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN
1
INTRODUÇÃO
2
 O livro A grande arte sobre as regras da álgebra, de 1545, escrito por Girolamo Cardano (1501-1576),1 contém argumentos geométricos usados para obtenção das soluções da equação do terceiro e quarto graus.
 A teoria e aplicações da solução de Cardano para equações completas do terceiro grau, x3 + bx2 + cx + d = 0, serão aqui exploradas.
 O desenvolvimento do presente trabalho foi motivado pelo problema de se calcular o volume na equação de van der Waals.
Um gás ideal consiste de um gás hipotético que obedece rigorosamente a relação PV=nRT , conhecida por equação de Clapeyron, onde 
 P representa a pressão do gás na parede do recipiente;
 V representa o volume ocupado pelo gás no recipiente; 
 n representa o número de mols de moléculas; 
 T representa a temperatura do gás a qual está submetido; 
 R representa a constante universal dos gases e seu valor é . 
3
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – CEUNES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN
 Denominamos de gases reais aos gases que não obedecem à relação PV=nRT , devido à existência de forças intermoleculares.
 Há diversos modelos que descrevem o comportamento de um gás real, sendo um dos mais conhecidos a Equação de Van der Waals.
4
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – CEUNES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN
Os parâmetros a e b , na equação acima, são chamados de constantes de Van der Waals. 
 O parâmetro a é o fator de correção da pressão interna do gás, devido as atrações mútuas entre as moléculas;
 E o parâmetro b é o volume excluído entre as moléculas, o qual também diz respeito às forças de atração ou repulsão.
5
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – CEUNES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN
 Em 1494, Frei Luca Pacioli (1455 – 1514) escreveu “Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et Proportionalita”. Afirmou que não havia regra geral para a solução de equações da forma x3 + px = q.
 Scipione del Ferro (1465 – 1526), provou por volta de 1515, que era possível resolver equações do tipo x3 + px = q.
 Antonio Maria Fiore propôs, em 1535, um duelo a Niccólo Tartaglia.
 No dia 10 de fevereiro de 1535, Tartaglia resolveu as equações do tipo x3+px=q e obteve a fórmula geral para x3 + px2 + q = 0.
6
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – CEUNES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN
7
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – CEUNES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN
 Cardano ficou sabendo do feito realizado por Tartaglia na disputa com Fiore.
Cardano conseguiu demonstrar a validade da regra para resolver a equação e x3 + px = q e, além disso, observou que a substituição 
x = y – a/3 permite eliminar o termo x2 na equação x3 + ax2 + bx + c = 0.
8
 O objetivo inicial será o de resolver uma equação algébrica do terceiro grau:
EQUAÇÃO EQUIVALENTE
(1)
 O primeiro passo é tentar a substituição:
 Fornecendo:
(2)
9
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – CEUNES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN
 Escolhendo-se 
 o termo quadrático é eliminado da equação.
(3)
 Com essa escolha os outros termos constantes podem ser rearranjados na forma:
10
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – CEUNES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN
 Definindo :
 Escreve-se:
(4)
(5)
11
SOLUÇÃO DA EQUAÇÃO REDUZIDA
A solução de y3 + py + q = 0 deve ser procurada, somando-se posteriormente o termo -b/3, para que a solução de x3 + bx2 + cx + d = 0 seja estabelecida. 
 Vamos considerar:
(6)
12
 Impondo a condição:
Implicando também que: 
Obtém-se: 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – CEUNES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN
(7)
13
Após multiplicação por u 3. A solução de (7), equação do segundo grau em u 3, será,
Como u 3 + v 3 = -q tem-se,
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – CEUNES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN
(9)
(8)
14
Com os valores u e v pode-se construir a solução y = u + v e, consequentemente, a solução da equação original. Os valores de u e v são obtidos extraindo-se a raiz cúbica de (10).
(11)
CONSTRUÇÃO DAS SOLUÇÕES
15
A procura das possíveis soluções pode ser simplificada se o problema é reduzido a soluções reais, caso que será de interesse em aplicações em físico-química. Para que o desenvolvimento das possíveis soluções reais fique mais claro é conveniente fazer as substituições:
transformando (11) em:
SOLUÇÕES REAIS
16
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – CEUNES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN
17
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – CEUNES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN
(12)
18
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – CEUNES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN
O termo:
irá determinar se as somas de u e v serão reais ou complexas.
Três situações são possíveis:
 	D < 0
 	D = 0 
 	D > 0
19
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – CEUNES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN
Quando D < 0 o termo √D irá contribuir com um fator complexo. 
(14)
20
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – CEUNES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN
Quando D < 0 o termo √D irá contribuir com um fator complexo. 
(14)
21
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – CEUNES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN
Quais as combinações possíveis de u e v em (14) que darão raízes reais? 
22
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – CEUNES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN
 pois nesse caso o termo complexo irá se cancelar.
 pois,
(15)
23
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – CEUNES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN
 
(16)
24
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – CEUNES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN
 Na condição em que D=0, substitui-se em (11):
(11)
25
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – CEUNES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN
(17)
26
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – CEUNES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN
(18)
 Para o caso em que D < 0, uma forma prática, em termos de funções trigonométricas pode ser utilizada:
 Com:
27
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – CEUNES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN
 Se D < 0 então a equação do 3º grau tem três raízes reais e distintas;
Se D = 0 então a equação do 3º grau tem três raízes reais, sendo uma repetida; 
Se D > 0 então a equação do 3º grau tem uma raiz real e duas raízes complexas conjugadas.
28
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – CEUNES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN
29
 A equação de van der Waals pode ser escrita na forma equivalente:
A solução de uma equação completa do terceiro grau é necessária para que o volume seja estabelecido num sistema descrito pela equação de van der Waals. 
CÁLCULO DO VOLUME NA EQUAÇÃO DE VAN DER WAALS
(19)
30
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – CEUNES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN
A molécula de CO 2 será usada como protótipo para exemplificar o cálculo do volume pelo método de Cardano. Para esse sistema tem-se a = 3,592 atm L 2 mol- 2, b = 0,04267 L mol- 1 e Tc = 304 K.
31
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – CEUNES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN
Figura 1 – isoterma de van der Waals para o dióxido de carbono
32
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – CEUNES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN
Se p = 50 atm em T = 280 K observa-se que a solução
de (19) apresenta três soluções reais. Se o sistema se encontra no estado crítico (pc ,Vc, Tc), somente uma solução será encontrada. Para qualquer outra pressão acima da temperatura crítica somente uma raiz real pode acontecer.
Portanto, a Figura 1 ilustra também os três casos possíveis em relação ao valor de D: 
D menor do que zero(T < Tc); 
D igual a zero(T = Tc) e 
D maior do que zero(T > Tc), com respectivas soluções de acordo com a Tabela 1.
33
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – CEUNES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN
(20)
34
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – CEUNES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN
Para T = 280 K e p = 50 atm com R = 0,08206 atm L mol-1 K-1 calcula-se para o CO 2:
(21)
Acarretando em D < 0, como deveria ser. A substituição desses valores na solução estabelecida, forma trigonométrica, fornece V1 = 0,2936 L, V2 = 0,1221 L e V2 = 0,0865 L para as três raízes. 
35
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – CEUNES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN
Figura 1 – isoterma de van der Waals para o dióxido de carbono
36
 Cálculo do fator de compressibilidade, Z = V/Videal, tomando a solução real de maior valor.
 O cálculo para T = 310 K dessa quantidade apresenta-se na Figura 2. O fator de compressibilidade para outras temperaturas é calculado de forma semelhante.
FATOR DE COMPRESSIBILIDADE ANALÍTICO
37
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – CEUNES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN
Figura 2 – Fator de compressibilidade de van der Waals para a molecula de dióxido de caarbono em T = 310 K
38
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – CEUNES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN
O fator de compressibilidade pode ainda ser colocado numa forma analítica, pois todos os parâmetros para o cálculo são conhecidos. Para ilustrar, considera-se a temperatura maior do que a temperatura crítica. Pelos valores das constantes da solução algébrica, como em (20), pode-se usar a solução resumida na Tabela 1 para se estabelecer :
CONCLUSÃO
39
 O trabalho de Cardano sobre soluções analíticas de equações do terceiro grau foi apresentado de forma didática com aplicações no cálculo do volume na equação de estado de van der Waals. 
O cálculo do volume na equação de van der Waals foi feito na região abaixo e acima da temperatura crítica, tomando a molécula de CO2 como protótipo. Desses volumes obtidos e para temperatura acima da crítica calculou-se o fator de compressibilidade. 
As expressões estabelecidas por Cardano e usadas no presente trabalho são extremamente facéis de serem utilizadas, envolvendo somente substituições elementares. 
REFERÊNCIAS
40
 
LEMES, Nelson. Cálculo do volume na equação de van der waals pelo método de cardano, Quimica Nova, Vol. 33, No. 6, 1325-1329, 2010.
OBRIGADA !
41
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – CEUNES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando