Buscar

CEDERJ - Pedagogia - Psicologia da Educação - Texto 2 Aula 4

Prévia do material em texto

55 Licenciatura em Pedagogia – Disciplina: Psicologia da Educação 
 
Aula 4/Texto 2: 
Diversas concepções de homem subjacentes às abordagens do 
desenvolvimento humano: Interacionismo (Vygotsky) - Processos 
internos e influências externas 
 
Referência Bibliográfica: PELLEGRINI, Denise. Processos internos e influências externas -
Lev Vygotsky. In Aprenda com eles e ensine melhor - Conhecer a produção dos grandes 
pensadores ajuda a aprimorar o trabalho em classe e crescer na profissão. Revista Escola. 
Edição 139. Editora Abril: 2001. Disponível em: 
http://revistaescola.abril.com.br/historia/fundamentos/aprenda-eles-ensine-melhor-
423205.shtml. Acesso em 07/02/2010. 
 
Processos internos e influências externas - Lev Vygotsky 
 
 
Foto: divulgação 
Apesar da vida curta, morreu de tuberculose em 1934, aos 37 anos, o pensador bielo-
russo teve uma produção intelectual intensa. Formado em Direito, também fez cursos de 
Medicina, História e Filosofia. Por motivos políticos, suas obras foram censuradas e 
chegaram ao Ocidente apenas nos anos 60, no Brasil, só no início da década de 80. 
 
O que ficou 
 O aprendizado é essencial para o desenvolvimento do ser humano e se dá sobretudo 
pela interação social. 
Um alerta 
 A idéia de que quanto maior for o aprendizado maior será o desenvolvimento não 
justifica o ensino enciclopédico. A pessoa só aprende quando as informações fazem sentido 
para ela. 
O indivíduo não nasce pronto nem é cópia do ambiente externo. Em sua evolução 
intelectual há uma interação constante e ininterrupta entre processos internos e influências do 
mundo social. Por defender essa idéia, o psicólogo Lev Vygotsky é considerado um 
visionário. "Ele se posicionou contra as correntes de pensamento que eram aceitas em sua 
época", explica Teresa Rego, professora de Psicologia da Educação da Faculdade de 
Educação da Universidade de São Paulo (USP), que defendeu suas teses de mestrado e 
 
56 Licenciatura em Pedagogia – Disciplina: Psicologia da Educação 
 
doutorado sobre Vygotsky. O estudioso nascido na Bielo-Rússia se contrapôs ao pensamento 
inatista, segundo o qual as pessoas já nascem com suas características, como inteligência e 
estados emocionais, pré-determinados. Da mesma forma, enfrentou o empirismo, corrente que 
defende que as pessoas nascem como um copo vazio e são formadas de acordo com as 
experiências às quais são submetidas. "Ele construiu uma terceira via, a sociointeracionista", 
diz Teresa. 
Vygotsky entende que o desenvolvimento é fruto de uma grande influência das 
experiências do indivíduo. "Mas cada um dá um significado particular a essas vivências. O 
jeito de cada um aprender o mundo é individual", explica a educadora paulista. Para ele, 
desenvolvimento e aprendizado estão intimamente ligados: nós só nos desenvolvemos se (e 
quando) aprendemos. Além disso, o desenvolvimento não depende apenas da maturação, 
como acreditavam os inatistas. "O ser humano tem o potencial de andar ereto, articular sons, 
conquistar modos de pensar baseado em conceitos. Mas isso resulta dos aprendizados que 
tiver ao longo da vida dentro de seu grupo cultural", completa Teresa. "Apesar de ter 
condições biológicas de falar, uma criança só falará se estiver em contato com uma 
comunidade de falantes." 
A idéia de um maior desenvolvimento quanto maior for o aprendizado suscitou erros 
de interpretação. "Muitas escolas passaram a difundir um ensino enciclopédico, imaginando 
que quanto mais conteúdo passassem para os alunos mais eles se desenvolveriam", lembra 
Teresa. "Para ser assimiladas, no entanto, as informações têm de fazer sentido." Isso se dá 
quando elas incidem no que o psicólogo chamou de zona de desenvolvimento proximal, a 
distância entre aquilo que a criança sabe fazer sozinha (o desenvolvimento real) e o que é 
capaz de realizar com ajuda de alguém mais experiente (o desenvolvimento potencial). Dessa 
forma, o que é zona de desenvolvimento proximal hoje vira nível de desenvolvimento real 
amanhã. 
O bom ensino, portanto, é o que incide na zona proximal. "Ensinar o que a criança já 
sabe é pouco desafiador e ir além do que ela pode aprender é ineficaz. O ideal é partir do que 
ela domina para ampliar seu conhecimento", recomenda Teresa. A Secretaria Municipal de 
Educação de Porto Alegre baseia sua proposta nessas idéias e nas de Paulo Freire. 
"Organizamos o ensino com base numa pesquisa socioantropológica feita na comunidade a 
cada início do ano", conta o secretário José Clovis de Azevedo. Nas falas dos moradores, a 
cultura do grupo é detectada. "A Matemática, a História, a leitura ou a escrita são ensinadas 
tomando como ponto de partida as vivências coletivas. Assim, tornam-se significativas para 
todos os estudantes." 
Quer saber mais? 
A Linguagem e o Outro no Espaço Escolar: Vygotsky e a Construção do Conhecimento, 
Ana Luiza Smolka, 180 págs., Ed. Papirus, tel. (19) 3272-4500, 23 reais 
 
Vygotsky, Aprendizado e Desenvolvimento: Um Processo Sócio-Histórico, Marta Kohl de 
Oliveira, 111 págs., Ed. Scipione, tel. (11) 3277-1788, 20,30 reais 
 
Vygotsky, uma Perspectiva Histórico-Cultural da Educação, Teresa Rego, 138 págs., Ed. 
Vozes, tel. (24) 237-5112, 11 reais

Continue navegando