Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 77 AULA 06: PRÁTICAS DESLEAIS DE COMÉRCIO E DEFESA COMERCIAL SUMÁRIO PÁGINA 1-Palavras Iniciais 1 - 2 2- Práticas Desleais de Comércio x Medidas de Defesa Comercial 3 - 9 3- Dumping e Medidas Antidumping 9 - 36 4- Subsídios e Medidas Compensatórias 36 - 49 5- Medidas de Salvaguarda 49 - 60 6- Medidas Anticircunvenção 60 - 62 7-Certificação de Origem não-preferencial 63 - 64 8- Lista de Questões e Gabarito 65 - 77 Olá, amigos tudo bem? Como vão os estudos? Já estão preparados emocionalmente para se tornarem Analistas de Comércio Exterior? Espero que sim! Sentir-se previamente aprovado é um dos primeiros passos para a realização de seus objetivos! Enxergue-se, desde já, trabalhando no MDIC e, tenho certeza, você chegará lá! Hoje vamos abordar o tema “Práticas Desleais de Comércio e Defesa Comercial”. Trata-se de um assunto intimamente relacionado ao sistema multilateral de comércio e, por isso, é interessante que o estudemos em sequência às aulas sobre a OMC e os blocos regionais. Esse assunto é muitíssimo importante para a prova, meus amigos! No ranking de assuntos mais cobrados, esse assunto só perde para a OMC e para o MERCOSUL. Também é importante que estejamos atentos a esse tema porque, no atual contexto internacional, em que a China vem dominando os mercados mundiais com produtos altamente competitivos, cresce a importância dos instrumentos de defesa comercial. E, justamente em razão disso, é bem provável que muitos dos aprovados no próximo concurso de Analista de Comércio Exterior sejam lotados no DECOM. Sem dúvida, a grande questão do momento é a seguinte: como conferir proteção à indústria nacional contra a concorrência estrangeira, principalmente diante de práticas desleais de comércio? Tentaremos responder essa pergunta ao longo de nossa aula! Vamos lá! No edital de ACE (2012), a ESAF não pediu os assuntos “medidas anticircunvenção” e “certificação de origem não-preferencial” dentro do tópico “Defesa Comercial”. No entanto, acho temerário deixarmos de estudá-los. Explico! As medidas anticircunvenção nada mais são, conforme veremos adiante, do que a extensão de medidas antidumping a outras importações. E o Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 77 assunto “certificação de origem não-preferencial, embora esteja intimamente ligado à “defesa comercial”, pode ser pedido dentro do tópico “Regras de Origem”. Então vamos nessa... Uma boa aula a todos! Um abraço, Ricardo Vale ricardovale@estrategiaconcursos.com.br http://twitter.com/#!/RicardoVale01 http://www.facebook.com/rvale01 “O segredo do sucesso é a constância no objetivo!” Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 77 1-PRÁTICAS DESLEAIS DE COMÉRCIO X MEDIDAS DE DEFESA COMERCIAL: 1.1- Introdução: Quando vamos estudar esse tema, algumas perguntas vêm naturalmente à nossa mente. O que são práticas desleais de comércio? E, ainda, o que são medidas de defesa comercial? Práticas desleais de comércio são medidas adotadas por governos ou empresas que dificultam ou até mesmo inviabilizam a concorrência sobre bases justas e que são utilizadas, muitas vezes, como estratégia de dominação de mercados. Com efeito, desde o GATT-1947, já existe a preocupação dos Estados participantes do sistema multilateral de comércio com a existência de um comércio justo. Reconheceu-se, então, no GATT-1947, a possibilidade de os países utilizarem medidas protecionistas contra o chamado “comércio desleal” (unfair trade).1 Veja-se, nesse sentido, o art. VI do GATT: Art. VI – Direitos Antidumping e Direitos Compensatórios “1. As Partes Contratantes reconhecem que o "dumping" que introduz produtos de um país no comércio de outro país por valor abaixo do normal, é condenado se causa ou ameaça causar prejuízo material a uma indústria estabelecida no território de uma Parte Contratante ou retarda sensivelmente o estabelecimento de uma indústria nacional. ... 3. Nenhum direito compensatório será cobrado de qualquer produto proveniente do território de uma Parte Contratante importado por outra Parte Contratante, que exceda a importância estimada do prêmio ou subsídio que, segundo se sabe, foi concedido direta ou indiretamente à manufatura, produção ou exportação desse produto no país de origem ou de exportação, inclusive qualquer subsídio especial para o transporte de um produto determinado. A expressão "direito compensatório" significa um direito especial cobrado com o fim de neutralizar qualquer prêmio ou subvenção concedidos, direta ou indiretamente à manufatura, produção ou exportação de qualquer mercadoria.” O art. VI do GATT estabelecia, como se pode ver, a possibilidade de aplicação, por uma Parte Contratante, de medidas antidumping e medidas compensatórias para defender-se contra o dumping e os subsídios, 1 THORSTENSEN, Vera. OMC – Organização Mundial do Comércio: As regras do Comércio Internacional e a Nova Rodada de Negociações Multilaterais. São Paulo: Aduaneira, 2009. pp.115-116. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 77 respectivamente. Logo, pode-se afirmar que, segundo a normativa multilateral, são práticas desleais de comércio o dumping e o subsídio. Por outro lado, medidas de defesa comercial são os instrumentos utilizados pelos governos como forma de impedir ou minimizar os efeitos das práticas desleais de comércio (medidas antidumping e medidas compensatórias). Além de mitigar os efeitos das práticas desleais de comércio, as medidas de defesa comercial também podem ser empregadas para conferir proteção temporária à indústria nacional contra um surto de importações (medidas de salvaguarda). A partir dessas primeiras definições, já podemos chegar a duas assertivas importantes para sua prova: 1)- São práticas desleais de comércio o dumping e o subsídio. 2)- São medidas de defesa comercial as medidas antidumping, medidas compensatórias e as medidas de salvaguarda. Até aqui tudo bem? Ok. Vamos em frente! As medidas antidumping são aplicadas contra o dumping que cause dano à indústria nacional, enquanto as medidas compensatórias são aplicadas contra um subsídio danoso. Por sua vez, as medidas de salvaguarda não são aplicadas para fazer frente a uma prática desleal de comércio, mas sim diante de um surto de importações que cause dano grave à indústria nacional. Uma diferença essencial que decorre disso é a questão da seletividade. As medidas antidumping e medidas compensatórias, por serem aplicadas contra práticas desleais de comércio, são seletivas em razão da origem. Em outras palavras, as medidas antidumping e medidas compensatórias obedecem ao princípio da seletividade em função da origem. Mas o que isso quer dizer? PRÁTICAS DESLEAIS DE COMÉRCIO MEDIDAS DE DEFESA COMERCIAL X Dumping Subsídio Medidas antidumping Medidas compensatórias Medidas de salvaguarda Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof.Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 77 Simples, meus amigos! Quando é aplicada uma medida antidumping ou uma medida compensatória, elas têm um “alvo” determinado. Se, por exemplo, for aplicada uma medida antidumping sobre os imãs de ferrita originários da China, esses direitos não irão incidir sobre os imãs de ferrita de outras origens. Da mesma forma, se for aplicada uma medida compensatória contra as importações de algodão originário dos EUA, esses direitos não irão incidir sobre o algodão de outras origens. É possível afirmar, portanto, que as medidas antidumping e medida compensatórias somente incidem sobre os produtos originários do país contra o qual foram aplicadas. Cabe destacar que as medidas antidumping também podem ser aplicadas diretamente contra empresas estrangeiras. Por outro lado, as medidas de salvaguarda são não-seletivas, isto é, uma vez aplicadas, incidem sobre todas as importações de um determinado produto, independentemente da origem. Diz-se, portanto, que as medidas de salvaguarda obedecem ao princípio da não-seletividade. A razão para as medidas de salvaguarda serem não-seletivas é o fato de que, ao contrário dos direitos antidumping e compensatórios, elas não visam a neutralizar os efeitos de práticas desleais de comércio. As medidas de salvaguarda são aplicadas como forma de coibir um surto de importações de um determinado produto. E, diante de um surto de importações, não interessa a origem... O grande problema é a “enxurrada” de produtos entrando no território nacional. Mas será que um Estado pode aplicar medidas de defesa comercial da forma como bem entender? Será que ele tem esse poder? Não. Para a aplicação de medidas de defesa comercial, é necessário que seja realizada uma investigação prévia por uma autoridade nacional. Tal investigação deverá observar os procedimentos gerais previstos nos acordos multilaterais de comércio celebrados no âmbito da OMC, mais especificamente o Acordo Antidumping, o Acordo sobre Subsídios e Medidas Compensatórias e o Acordo sobre Salvaguardas. Vejamos como esse assunto pode ser cobrado em prova! MEDIDAS ANTIDUMPING MEDIDAS COMPENSATÓRIAS MEDIDAS DE SALVAGUARDA SELETIVAS EM RAZÃO DA ORIGEM NÃO-SELETIVAS EM RAZÃO DA ORIGEM Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 77 1- (ACE-2008) - A característica comum das medidas antidumping e das medidas compensatórias é seu caráter seletivo, diferenciando-as, nesse sentido, das salvaguardas comerciais, que, por força da razão pela qual são acionadas, não discriminam os produtos importados pela procedência. Comentários: As medidas de salvaguarda não discriminam os produtos importados pela procedência, isto é, são não-seletivas. Por sua vez, as medidas antidumping e compensatórias obedecem ao princípio da seletividade. Questão correta. 2- (AFRF – 2005)- Para neutralizar a prática do dumping, o país prejudicado pode aplicar uma medida antidumping, respeitando o princípio da não-seletividade, ou seja, a aplicação da medida deverá atingir todas as importações do produto em questão, não importando sua procedência. Comentários: As medidas antidumping somente incidem sobre os produtos originários do país contra o qual foram aplicadas, ou seja, obedecem ao princípio da seletividade. Questão errada. 1.2- O Sistema de Defesa Comercial no Brasil: Como é que funciona o sistema de defesa comercial? É simples! O sistema de defesa comercial brasileiro funciona, basicamente, em torno de duas instâncias: o Departamento de Defesa Comercial (DECOM) e a Câmara de Comércio Exterior (CAMEX)2. O DECOM, integrante da estrutura da SECEX, é responsável, dentre outras tarefas, por propor a abertura e conduzir investigações destinadas à aplicação de medidas antidumping, medidas compensatórias e medidas de salvaguarda. Ao final da investigação, o 2 Na próxima aula, estudaremos detalhadamente cada uma das instituições intervenientes no comércio exterior brasileiro. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 77 DECOM é responsável por PROPOR à CAMEX a aplicação das medidas de defesa comercial. A CAMEX, por sua vez, é o órgão de cúpula do comércio exterior brasileiro, a ela competindo a decisão final quanto à aplicação de medidas de defesa comercial. Nesse sentido, a CAMEX é responsável pela fixação de direitos antidumping, direitos compensatórios e medidas de salvaguarda. Destaque-se que a CAMEX pode fixar essas medidas de defesa comercial em caráter definitivo ou provisório (direitos antidumping provisórios, direitos compensatórios provisórios ou medidas de salvaguarda provisórias). Caso uma investigação seja encerrada com aplicação de medida de defesa comercial, a competência do encerramento será da CAMEX, que o fará por meio de Resolução. Por outro lado, caso a investigação seja encerrada sem a aplicação de medida de defesa comercial, a competência para o encerramento será do Secretário de Comércio Exterior, que o fará por meio de Circular SECEX. Muitos podem pensar: “O DECOM realiza a investigação, então é ele que a começa e a encerra.” Ledo engano! O DECOM realmente realiza a investigação, mas o encerramento desta necessita da formalização através de um ato público. E o encerramento é materializado por meio de uma Resolução CAMEX (no caso de aplicação de medida de defesa comercial) ou de uma Circular SECEX (quando não houver aplicação de medida de defesa comercial). Pergunta-se: é possível que o DECOM proponha a aplicação de uma medida de defesa comercial e a CAMEX se recuse a aplicá-la? Sim, é possível. Em um caso recente, o DECOM propôs a aplicação de direitos antidumping sobre cimento e a CAMEX recusou. Qual o argumento da CAMEX? Segundo foi apurado, as empresas brasileiras que entraram com a petição no DECOM estavam sendo investigadas por prática de cartel. Nesse sentido, caso fossem aplicados direitos antidumping, a livre concorrência restaria mais prejudicada ainda. Encerramento da investigação sem aplicação de medida de defesa comercial Competência da CAMEX Competência da SECEX Encerramento da investigação com aplicação de medida de defesa comercial Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 77 Cabe destacar também a participação da Receita Federal nesse processo todo. É esse órgão o responsável pela arrecadação (recolhimento) das medidas de defesa comercial, o que já é feito automaticamente por ocasião do registro da Declaração de Importação. Recapitulando: Vejamos como esse assunto pode ser cobrado em prova! 3- (ACE-2008) - O sistema de defesa comercial brasileiro está organizado essencialmente em torno de duas instâncias: o Departamento de Defesa Comercial, órgão executivo vinculado à Secretaria de Comércio Exterior do MDIC, com competência de propor a abertura e conduzir investigações para a aplicação de medidas antidumping, compensatórias e de salvaguardas, e de recomendar a aplicação das medidas de defesa comercial previstas nos acordos da OMC; a CAMEX, cujas competências incluem a aplicaçãode medidas provisórias e o encerramento de investigação com aplicação de medidas definitivas. Comentários: Três informações importantes, que tornam a questão correta: DECOM CAMEX RECEITA FEDERAL - PROPÕE a abertura e conduz a investigação para aplicação de medidas de defesa comercial. - PROPÕE a aplicação de medidas de defesa comercial FIXA direitos antidumping, direitos compensatórios e medidas de salvaguarda ARRECADA direitos antidumping, direitos compensatórios e medidas de salvaguarda Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 77 1)- O DECOM da SECEX tem competência para propor a abertura e conduzir investigações para a aplicação de medidas antidumping, compensatórias e de salvaguardas, e de recomendar (propor) a aplicação das medidas de defesa comercial previstas nos acordos da OMC. 2)- A CAMEX tem competência para aplicação de medidas de defesa comercial em geral, sejam elas provisórias ou definitivas. 3)- A CAMEX tem competência para encerrar a investigação com aplicação de medidas definitivas. 4- (Questão Inédita)- A abertura de uma investigação de defesa comercial é de competência da Secretaria de Comércio Exterior. No entanto, a aplicação de medidas provisórias ou definitivas é de competência da CAMEX. Comentários: A abertura de uma investigação de defesa comercial é de competência da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), mais especificamente do Departamento de Defesa Comercial (DECOM), que poderá iniciá-la de ofício (iniciativa própria) ou por meio de petição da indústria doméstica. A CAMEX, por sua vez, é responsável pela aplicação das medidas de defesa comercial, sejam estas provisórias ou definitivas. Questão correta. 5- (Questão Inédita)- A competência para o encerramento das investigações sem aplicação de medida de defesa comercial é do Secretário de Comércio Exterior. Comentários: O encerramento de uma investigação sem aplicação de medida de defesa comercial compete ao Secretário de Comércio Exterior, que o fará mediante Circular SECEX. Questão correta. 2- DUMPING E MEDIDAS ANTIDUMPING: 2.1- Conceito de Dumping: Há muita confusão em torno do conceito de dumping. É muito usual, por exemplo, que o senso comum afirme que o dumping ocorre quando uma mercadoria é vendida por um preço inferior ao preço de custo. Isso está absolutamente errado! Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 77 Segundo a normativa da OMC, o dumping é uma prática desleal de comércio que consiste na venda de um produto para exportação por um preço inferior ao seu valor normal. Em outras palavras, considera-se que existe dumping quando um produto é vendido no mercado internacional por um preço inferior ao praticado no mercado interno do país exportador. Pode-se dizer também que o dumping fica caracterizado quando há uma discriminação de preços em mercados diferentes. A definição de dumping segundo a normativa da OMC e as normas brasileiras é bem semelhante (como não poderia deixar de ser!). No entanto, a normativa brasileira reconhece que as importações amparadas pelo regime aduaneiro especial de drawback também estão abrangidas pelo conceito de dumping. Isso é o que se depreende a partir da leitura do art. 4º do Decreto nº 1602/95, segundo o qual considera-se prática de dumping a introdução de um bem no mercado doméstico, inclusive sob as modalidades de drawback , a preço de exportação inferior ao valor normal. Acredito que um exemplo irá auxiliar o nosso entendimento sobre o que é o dumping! Suponha que empresas chinesas estejam exportando para o Brasil sapatos por US$ 4,00 / par e que, em seu mercado interno, o par de sapatos seja vendido por US$ 6,00. Nessa situação, existe dumping? Sim, existe. E por quê? Porque o preço de exportação está inferior ao preço praticado no mercado interno do país exportador, isto é, inferior ao valor normal. Logo, as empresas chinesas, na situação apresentada, estão praticando dumping. Aqui chamo sua atenção para um detalhe importante: quem pratica o dumping são empresas (e não governos!) Mas o que fazer para combater o dumping? Bem, o governo poderá dar início, mediante pleito da indústria nacional ou de ofício, a uma investigação para aplicação de medidas antidumping. Nessa investigação, é necessário que se comprove a existência de três elementos: DUMPING, DANO e NEXO CAUSAL. Estando presentes esses três requisitos, poderão ser aplicados direitos antidumping. Mais à frente estudaremos cada um deles. Recapitulando: DUMPING Venda de um produto para exportação por um preço inferior ao valor normal Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 77 Vejamos como esse assunto pode ser cobrado em prova! 6- (AFRFB-2009)- A prática do dumping consiste na venda de um produto por preço inferior ao custo de produção de seu similar no mercado de exportação e enseja, de parte do país importador, como forma de defesa, a imposição de salvaguardas comerciais. Comentários: A questão está errada por dois motivos. 1)- O dumping fica caracterizado quando um produto é vendido para exportação por um preço inferior ao praticado no mercado interno do país exportador (e não inferior ao custo de produção!) 2)- Como forma de se proteger do dumping danoso, o governo do país importador poderá aplicar medidas antidumping (e não medidas de salvaguarda!) 7- (AFRF – 2005)- Segundo as normas da OMC, pratica dumping a empresa que vende no mercado de outro país abaixo do seu preço de custo. Comentários: Essa é uma grande pegadinha! O dumping ocorre quando uma empresa vende um produto para exportação por um preço inferior ao preço praticado no mercado interno do país exportador (e não por um preço inferior ao preço de custo!). Questão errada. VALOR NORMAL Preço praticado no mercado interno do país exportador Aplicação de Medidas Antidumping - Dumping - Dano - Nexo Causal Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 77 8- (AFRF-2002.1) - A venda de uma mercadoria no exterior a preços inferiores aos normalmente praticados no mercado de origem configura prática comercial denominada dumping. Comentários: Outra questão cobrando o conceito de dumping! Estejam atentos: o dumping ocorre quando o preço de exportação é inferior ao valor normal (preço praticado no mercado de origem). Questão correta. 9- (MDIC-2009/Área Administrativa)- De acordo com o Decreto n.º 1.602/1995, dumping é a introdução de um bem no mercado doméstico, inclusive sob as modalidades de drawback, a preço de exportação inferior ao valor praticado no mercado de origem. Comentários: O dumping fica caracterizado quando o preço de exportação é inferior ao preço praticado no mercado interno do país exportador (país de origem). No Brasil, a definição de dumping alcança também as importações ao amparo do drawback. Questão correta. 10- (AFTN-1998)- Dumping é a introdução de um bem no mercado doméstico por um preço de exportação inferior ao valor normal, isto é, ao seu preço de custo. Comentários:Novamente a mesma pegadinha! Agora eu tenho certeza que você acertou! (rsrs...) As bancas examinadoras adoram falar em “preço de exportação inferior ao preço de custo”. Isso está errado! Especificamente nessa questão, o correto seria: “Dumping é a introdução de um bem no mercado doméstico por um preço de exportação inferior ao valor normal, isto é, inferior ao preço praticado no mercado interno de origem.” 11- (AFRF 2000 – adaptada)- Um produto é exportado com preço de dumping se é introduzido no mercado de outro país por um valor inferior ao vendido no mercado doméstico. Comentários: Esse é o exato conceito de dumping! Muita atenção, porque isso irá, muito provavelmente, ser cobrado na sua prova. Questão correta. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 77 12- (Questão Inédita)- Considera-se haver prática de dumping, isto é, oferta de um produto no comércio de outro país a preço inferior a seu valor normal, no caso de o preço de exportação do produto ser inferior àquele praticado no curso normal das atividades comerciais para o mesmo produto quando destinado ao consumo no país exportador. Comentários: Segundo o art. 2º, § 1º, do Acordo Antidumping, “considera-se haver prática de dumping, isto é, oferta de um produto no comércio de outro país a preço inferior a seu valor normal, no caso de o preço de exportação do produto ser inferior àquele praticado no curso normal das atividades comerciais para o mesmo produto quando destinado ao consumo no país exportador.” Questão correta. 2.2- Determinação do Valor Normal: O valor normal é o preço pelo qual o produto é vendido no mercado interno do país exportador, em operações mercantis normais e em volume significativo, no nível “ex-fabrica”. Alguém pode perguntar: “Professor, o que é nível “ex-fabrica”? Dizemos que um produto é vendido em nível “ex-fabrica” (ou ex-works) se o vendedor o disponibiliza no seu próprio estabelecimento (chão da fábrica) ao comprador. Quando consideramos o preço “ex-fabrica”, isso significa que não estamos levando em conta, para a determinação do valor normal, nenhum dos gastos incorridos após o momento da disponibilização do produto no “chão da fábrica”. Bem, a regra geral é que valor normal é o preço pelo qual o produto é vendido no mercado interno do país exportador! No entanto, podem ocorrer situações em que será necessário proceder a uma determinação alternativa do valor normal. Segundo o art. 2º, § 2º, do Acordo Antidumping, caso inexistam vendas do produto similar no mercado doméstico do país exportador, ou quando tais vendas não permitam comparação adequada (em razão de condições específicas de mercado ou por motivo do baixo nível de vendas no mercado doméstico do país exportador), deverá ser considerado como valor normal o preço do produto similar ao ser exportado para um terceiro país, desde que esse preço seja representativo. Ou, ainda, o valor normal será determinado a partir do custo de produção no país de origem acrescido de custos administrativos, custos de comercialização e margem de lucro. No caso de as importações serem originárias de países não considerados economias de mercado (como é o caso da China, por Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 77 exemplo!), a determinação do valor normal poderá ser feita por outros métodos: - Preço de exportação praticado por um terceiro país de economia de mercado. - Preço praticado no mercado interno de um terceiro país de economia de mercado. - Construção do valor do produto similar em um terceiro país de economia de mercado. - Outro preço razoável. Em um caso recente, o DECOM utilizou o valor construído do glifosato na Argentina (terceiro país de economia de mercado), a fim de apurar o valor normal em uma investigação antidumping aberta contra a China (que não é considerada economia de mercado!) Esquematizando: Vejamos como esse assunto pode ser cobrado em prova! Valor Normal Preço praticado no mercado interno do país exportador Em condições mercantis normais e volume significativo Caso não existam vendas do produto similar no mercado interno do país exportador ou essas vendas não permitam comparação adequada - Preço de exportação do produto similar para um terceiro país. - Custo de produção + custos administrativos + custos de comercialização + margem de lucro. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 77 13- (AFRF-2000 - adaptada)- Para fins de cálculo do valor normal, caso não haja a venda de produto similar no mercado doméstico do país exportador, deve-se comparar com vendas de produtos similares em outros mercados. Comentários: A questão traz à tona um dos métodos alternativos para determinação do valor normal. Se não há venda de produto similar no mercado doméstico do país exportador, deverá ser utilizado o preço de exportação do produto similar para terceiros países (e não o preço do produto similar no mercado doméstico de outros países!). Questão errada. 14- (Questão Inédita)- Na análise de dumping, se o produto similar não for objeto de vendas no mercado interno do país exportador , pode-se utilizar como valor normal exclusivamente o preço de exportação para terceiro país. Comentários: Há dois métodos alternativos para proceder-se ao cálculo do valor normal: 1)- Por meio do preço de exportação para terceiro país, desde que este seja representativo. 2)- Por meio do valor construído no país de origem. A assertiva está errada porque a palavra "exclusivamente" dá a entender que só existiria uma única maneira de determinar o valor normal quando não há vendas de produto similar no mercado doméstico do país exportador. 15- (Questão Inédita)- Considera-se valor normal, para fins de determinação de dumping, o preço efetivamente praticado para o produto similar nas operações mercantis normais, que o destinem a consumo interno no país exportador. Comentários: Valor normal é sinônimo de preço praticado no mercado interno do país exportador. Questão correta. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 77 2.3- Determinação do Preço de Exportação: O preço de exportação é o preço efetivamente pago ou a pagar pelo produto exportado em nível “ex fabrica”. Isso quer dizer que no preço de exportação não entram os impostos e os custos incorridos após o momento em que o produto ficou pronto na fábrica. A autoridade investigadora nacional consegue determinar o preço de exportação a partir dos seus registros. No Brasil, por exemplo, todos os produtos que entram no país devem ser declarados à Receita Federal por meio da DI (Declaração de Importação). Em certas situações, todavia, pode não ser possível calcular o preço de exportação ou este pode não ser confiável, em virtude de associação ou acordo compensatório entre exportador e importador ou uma terceira parte. Ora, se há uma associação entre exportador e importador, é possível que o preço de exportação seja declarado a maior3, o que causaria distorções na apuração pela autoridadeinvestigadora nacional. Nesses casos, será utilizado um método alternativo para a determinação do preço de exportação. O preço de exportação será, então, construído a partir do preço pelo qual os produtos importados foram revendidos ao primeiro comprador independente. Se não houver comprador independente ou os produtos não forem revendidos na mesma condição em que foram importados, o preço de exportação será construído a partir de uma “base razoável”. Será, então, aplicado qualquer outro método, desde que justificado. Esquematizando: 3 Se as empresas são vinculadas (matriz e subsidiária), o preço de exportação pode ser declarado a maior a fim de que a empresa brasileira tenha uma despesa maior e, consequentemente, a base de cálculo do Imposto de Renda (IR) desta empresa brasileira seja menor. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 77 Vejamos como esse assunto pode ser cobrado em prova! 16- (AFRF-2005)- Caso não seja possível o cálculo do preço de exportação, ou caso o preço seja duvidoso segundo os parâmetros da legislação aplicável, o preço de exportação do produto investigado pode ser construído pela autoridade investigadora para fins de constatação da prática do dumping. Comentários: Se não for possível calcular o preço de exportação ou este parecer duvidoso, a autoridade investigadora deverá utilizar um método alternativo, construindo o preço de exportação. Questão correta. Preço de Exportação Preço efetivamente pago ou a pagar, em nível “ex fabrica” Caso ele não possa ser calculado ou não seja confiável Construção do preço de exportação - A partir do valor de revenda ao primeiro comprador independente - A partir de uma base razoável (outro método) caso não exista comprador independente ou os produtos não forem revendidos na mesma condição em que foram importados Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 77 2.4- Determinação da Margem de Dumping: Já sabemos determinar o preço de exportação e o valor normal! Se o preço de exportação for inferior ao valor normal, poderemos concluir que há dumping! Mas qual será o “tamanho” do dumping? Isso se apura pelo cálculo da margem de dumping, que é depois utilizada como base para o cálculo dos direitos antidumping a serem aplicados. O cálculo da margem de dumping leva em consideração a seguinte fórmula: Para ficar mais claro, vamos a um exemplo! Suponha que uma empresa chinesa esteja exportando chinelos ao Brasil por US$ 8,00 / par, ao mesmo tempo em que pratica no mercado interno chinês o preço de US$ 10,00 / par. Qual a margem de dumping? MD=VN - PE MD= US$ 10,00 – US$ 8,00 MD= US$ 2,00 Essa é a margem de dumping absoluta! Por sua vez, encontramos a margem de dumping relativa a partir da aplicação da seguida fórmula: No exemplo acima, a margem de dumping relativa seria: MR= MD / PE MR=US$ 2,00 / US$ 8,00 MR= 25% Fácil, não é mesmo? Ocorre que a apuração da margem de dumping não é tão simples assim! Ao contrário, devem ser consideradas todas as vendas realizadas no período da investigação. Nesse sentido, o Acordo Antidumping determina quais as maneiras de se apurar a margem de dumping: MD= VN -PE MD= margem de dumping VN= valor normal PE= preço de exportação MR= MD / PE MR= margem de dumping relativa MD= margem de dumping absoluta PE= preço de exportação Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 77 1)- Comparação entre o valor normal médio ponderado e o preço médio ponderado de todas as exportações 2)- Comparação entre o valor normal e os preços de exportação transação a transação. 3)- Comparação entre o valor normal médio ponderado e o preço de exportação de cada transação: esse método somente será possível quando os preços de exportação diferirem significativamente e se for explicada a razão de tais diferenças não poderem ser consideradas, adequadamente, por meio de comparação entre médias ponderadas ou transação a transação. A comparação entre o valor normal e o preço de exportação para fins de determinação de dumping deverá ser realizada sobre bases justas, ou seja, a comparação deverá ser efetuada ao mesmo nível de comércio, normalmente ex-fábrica, levando-se em consideração as datas mais próximas possíveis. Pronto! Agora vocês já sabem determinar o preço de exportação, o valor normal e a margem de dumping. Já estão próximos de se tornarem investigadores comerciais do DECOM (rsrs...) Mas por que é importante a determinação da margem de dumping? A margem de dumping é importante porque ela influencia no montante dos direitos antidumping aplicados. Com efeito, o direito antidumping é o montante em dinheiro igual ou inferior à margem de dumping apurada, aplicado com o fim exclusivo de neutralizar os efeitos danosos das importações objeto de dumping. O direito antidumping aplicado não pode exceder a margem de dumping apurada. Ele é um montante igual ou inferior. Os direitos antidumping poderão ser impostos na forma de alíquotas ad valorem ou específicas, fixas ou variáveis, ou pela conjugação de ambas.4 Quando o direito antidumping for aplicado na forma de alíquota específica, 4 - Exemplo de alíquota ad valorem fixa = Direitos antidumping de 25% - Exemplo de alíquota específica fixa = Direito antidumping de R$ 2,00 / unidade - Exemplo de alíquota ad valorem variável = Se a mercadoria custar até R$ 2,00 / unidade, incidirá um direito antidumping de 20%; se a mercadoria custar acima de R$ 2,00 /unidade, incidirá um direito antidumping de 30%. - Exemplo de alíquota específica variável = Se a mercadoria custar até R$ 2,00 / unidade, incidirá um direito antidumping de R$ 1,00 / unidade; se a mercadoria custar acima de R$ 2,00 /unidade, incidirá um direito antidumping de R$ 1,50 / unidade. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 77 deverá ser levada em consideração a margem de dumping absoluta. Por sua vez, quando o direito antidumping for aplicado na forma de alíquota ad valorem, deverá ser levada em consideração a margem de dumping relativa. Destaque-se que, quando a margem de dumping relativa for inferior ao “de minimis”, isto é, inferior a 2%, não poderão ser aplicadas medidas antidumping. A aplicação de direitos antidumping não poderá ocorrer na forma de restrições quantitativas (cotas), mas apenas na forma de alíquotas. As únicas medidas de defesa comercial que podem ser aplicadas na forma de restrições quantitativas são as medidas de salvaguarda. Vejamos como esse assunto pode ser cobrado em prova! 17- (AFRF-2003)- O dumping é considerada prática desleal de comércio e define-se como a determinação do preço de exportação de uma mercadoria com base nas diferenças entre os custos de produção nos mercados de origem e de destino. Comentários: De fato, o dumping é considerado uma prática desleal de comércio. No entanto, ele fica caracterizadoquando o preço de exportação é inferior ao preço praticado no mercado interno do país exportador (valor normal). Logo, a questão está errada. 18- (Questão Inédita)- Na análise de dumping deverá ser comparado o preço de exportação com o valor normal. O valor normal, por sua vez, é considerado em base FOB. Comentários: O valor normal e o preço de exportação deverão ser comparados levando-se em conta o mesmo nível comercial, normalmente “ex fabrica”. Questão errada. 19- (Questão Inédita)- Não poderão ser aplicados direitos antidumping quando a margem de dumping for inferior ao “de minimis”. Comentários: Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 77 Quando a margem de dumping relativa for inferior ao “de minimis” (2%), não poderão ser aplicados direitos antidumping. Questão correta. 20- (Questão Inédita)- Margem de dumping é a diferença entre o valor normal e o preço de exportação, devidamente ajustados, vigentes durante o período estabelecido para investigações de existência de dumping. Comentários: A diferença entre o valor normal e o preço de exportação devidamente ajustados é o que se chama de margem de dumping, mais especificamente margem de dumping absoluta. A margem de dumping relativa é a razão entre a margem de dumping absoluta e o preço de exportação. Questão correta. 21- (AFRF – 2005)- A aplicação da medida antidumping pode ser feita de modo tanto qualitativo, por meio de um direito antidumping ad valorem ou específico, ou de modo quantitativo, ou seja, por meio da definição de uma cota que restrinja o ingresso do produto no mercado do país importador. Comentários: As medidas antidumping não podem ser aplicadas na forma de restrições quantitativas. Questão errada. 22- (Questão Inédita)- A margem de dumping será considerada como de minimis quando, expressa como um percentual do preço de exportação, for inferior a dois por cento. Nesse caso, quando a margem de dumping for inferior ao de minimis, não poderão ser aplicados direitos antidumping. Comentários: Quando a margem de dumping apurada for inferior ao “de minimis”, ou seja, 2%, não poderão ser aplicados direitos antidumping. Questão correta. 2.5- Determinação de Dano e Nexo Causal: As regras do sistema multilateral de comércio não proíbem a prática do dumping, ou seja, pode-se afirmar que nem todo o dumping é punível ou condenável. Imagine, por exemplo, que a indústria brasileira de calçados esteja comprando couro da China por um preço extremamente baixo. E, ainda, que o Brasil não tenha produção de couro... Nessa hipotética situação, não há Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 77 prejuízo para nenhum produtor nacional. Ao contrário, o dumping irá favorecer a indústria nacional de calçados. O dumping é admissível apenas quando não causar dano. Quando o dumping causar dano à indústria nacional do país importador, ele passa a ser condenável. Com efeito, a aplicação de medidas antidumping (sejam elas provisórias ou definitivas) depende de três requisitos: DUMPING, DANO e NEXO CAUSAL. É irrelevante, para fins de aplicação de direitos antidumping, a existência de dolo da empresa estrangeira em eliminar ou dificultar a concorrência. Mas quando é que fica caracterizado o dano? De início, cumpre destacar que a palavra “dano” deve ser interpretada em sentido amplo, isto é, considera-se que ocorre dano quando há: i) efetivo dano material à indústria nacional ii) ameaça de dano material à indústria nacional ou; iii) atraso sensível no estabelecimento da indústria. Ressalte-se que, em uma investigação de defesa comercial, é muito mais complexo determinar a existência de ameaça de dano ou de atraso sensível no estabelecimento da indústria. A determinação de dano é baseada em evidências positivas, isto é, leva em consideração provas materiais e inclui exame objetivo: i) do volume das importações a preços de dumping e do seu efeito sobre os preços de produtos similares no mercado interno; e ii) do impacto dessas importações sobre os produtores nacionais desses produtos. Imagine que a China esteja praticando dumping ao vender chinelos ao Brasil por US$ 8,00 / par. No entanto, o volume dessas importações é pequeno e não afeta os preços da indústria nacional. Nesse caso, fica nítido que não existe dano, não é mesmo? Supondo que o volume seja significativo, mas a indústria nacional pratique um preço inferior ao das importações chinesas, também fica patente a inexistência de dano. Na análise de dano, a autoridade nacional investigadora (DECOM) deverá avaliar todos os fatores e índices econômicos relevantes que tenham relação com a situação da indústria nacional, tais como queda real ou potencial das vendas, dos lucros, da produção, da participação no mercado, da produtividade, do retorno dos investimentos ou da ocupação da capacidade instalada; fatores que afetem os preços internos; a amplitude da margem de dumping; efeitos negativos reais ou potenciais sobre o fluxo de caixa, estoques, emprego, salários, crescimento, capacidade para aumentar capital ou obter investimentos. apuradas em uma investigação para aplicação de medidas antidumping. Não precisa decorar essa lista imensa, ok? Ela serve apenas para que você tenha uma noção de como é feita a análise pelo DECOM. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 77 Para que você não esqueça: A análise de dano é complexa e envolve o exame de fatores e índices econômicos relevantes. Na avaliação objetiva do dano, a autoridade investigadora deverá observar três pontos essenciais: - O volume das importações a preços de dumping: será considerado insignificante um volume inferior a 3% por cento das importações pelo Brasil de produto similar, a não ser que os países que, individualmente, respondam por menos de 3% das importações do produto similar pelo Brasil sejam, coletivamente, responsáveis por mais de 7% das importações do produto. Imagine, por exemplo, que o produto investigado é ventilador e a origem investigada é China. As importações totais de ventiladores feitas pelo Brasil somam 100.000 ventiladores. Se 2.500 ventiladores vierem da China (país investigado), considera-se que esse volume é insignificante, pois é de 2,5% (inferior a 3%). Mas agora imagine que há três origens investigadas: China, Índia e Taiwan. As importações totais de ventiladores feitas pelo Brasil somam 100.000 ventiladores. Se 2.500 ventiladores vierem da China, 2500 da Índia e 2500 de Taiwan, apesar de cada país, individualmente, representar apenas 2,5% (menos de 3%), em conjunto esses países somam 7,5% (maior que 7%). O volume não será, portanto, insignificante. - O efeito das importações a preços de dumping sobre os preços dos produtos similares no mercado doméstico: a autoridade investigadora levará em conta se os preços dos produtos importados a preços de dumping são superiores ao preço do produto similar. Se a indústria nacional DANO - Efetivo dano material - Ameaça de dano material -Atraso sensível no estabelecimento da indústria Autoridade investigadora deverá avaliar todos os fatores e índices econômicos relevantes que tenham relação com a situação da indústria nacionalComércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 77 está vendendo mais barato que o importado, não há razão para se falar em dano! - O impacto das importações a preços de dumping sobre os produtores nacionais: são analisados inúmeros fatores econômicos. Na análise do nexo causal entre o dumping e o dano, deve ser demonstrado que as importações a preço de dumping causaram dano à indústria doméstica. Não há necessidade, no entanto, de que elas sejam a única causa do dano sofrido pela indústria nacional, já que outros fatores podem também tê-lo provocado. Vejamos como esse assunto pode ser cobrado em prova! 23- (AFRF – 2005)- Para a aplicação da medida antidumping é necessária a comprovação do dolo específico, ou seja, do objetivo da empresa estrangeira de eliminar ou restringir a ação da concorrência no país importador. Comentários: Para a aplicação de medidas antidumping, não há necessidade de se comprovar o dolo específico (intenção) da empresa estrangeira em eliminar ou dificultar a concorrência. Os três elementos necessários para que sejam aplicados direitos antidumping são: i) dumping; ii) dano e; iii) nexo causal. Questão errada. 24- (AFRF-2000 - adaptada)- Para fins de determinação de dano, é possível afirmar que, com relação aos efeitos das importações sobre os preços, deve-se observar se o preço dos produtos importados não é superior ao preço do produto similar nacional e a qualidade de ambos. Comentários: Na determinação de dano, a autoridade investigadora nacional leva em consideração diversos fatores, dentre eles o preço do produto importado comparativamente ao preço do produto similar nacional. Não haverá dano se a indústria nacional estiver vendendo mais barato do que o produto importado. Questão correta. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 77 25- (AFRF 2000 – adaptada)- A determinação de dano deve estar baseada em evidência positiva em uma investigação para aplicação de uma medida antidumping. Comentários: A análise realizada pela autoridade investigadora se baseia em evidências positivas, isto é, em indicadores econômicos que demonstrem a existência do dano. Questão correta. 26- (Questão Inédita)- Para fins de aplicação de direitos antidumping, o dano será entendido como dano material a uma indústria doméstica, ameaça de dano material a essa indústria ou ainda atraso real na implantação da mesma. Comentários: A interpretação do termo dano deverá ser feita em sentido amplo, ou seja, ele será entendido como dano material efetivamente ocorrido, ameaça de dano material ou atraso real na implantação de uma indústria. Questão correta. 27- (Questão Inédita)- A determinação de dano perpassa pela análise de uma série de indicadores, devendo ser avaliada a evolução das importações do produto objeto de dumping e a situação da indústria doméstica. Comentários: Na análise do dano serão levados em consideração indicadores econômicos diversos, tais como queda real ou potencial das vendas, dos lucros, da produção, da participação no mercado, da produtividade, do retorno dos investimentos ou da ocupação da capacidade instalada e outros. Questão correta. 28- (Questão Inédita)- Para que seja aplicado um direito antidumping deverá ser comprovado o dumping, dano e nexo causal. Comentários: Lembre-se bem desses três elementos: DUMPING, DANO e NEXO CAUSAL. Questão correta. 29- (Questão Inédita)- O Acordo sobre a implementação do art. VI do GATT/94 (Acordo Antidumping) determina que as importações a preço de dumping devem ser a única causa do dano sofrido pela indústria doméstica para fins de determinação da relação causal. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 77 Comentários: As importações a preço de dumping não precisam ter sido a única causa do dano sofrido pela indústria nacional. Questão errada. 30- (AFRF – 2003)- O dumping é admissível na normativa da Organização Mundial do Comércio desde que devidamente mensurado em sua magnitude e impacto sobre os fluxos de comércio e sempre que almeje a conquista de mercados onde não há condições equitativas de concorrência. Comentários: O dumping é admissível pela normativa da OMC quando ele não causa dano à indústria nacional do país importador. Questão errada. 31- (AFRF – 2003)- O dumping é incongruente com a normativa da Organização Mundial do Comércio na medida em que define a formação do preço de um bem exportável em patamares inferiores aos custos de produção desse mesmo bem nos mercados a que se destina. Comentários: O dumping fica caracterizado quando uma mercadoria é vendida para exportação por um preço inferior ao valor normal. Questão errada. 32- (AFRF – 2003)- O dumping representa medida considerada distorcida das condições de competição, consistindo na fixação de um preço de exportação para um determinado bem menor que aquele praticado no mercado em que este mesmo bem é produzido. Comentários: Essa é o exato conceito de dumping! Trata-se de uma prática desleal de comércio que ocorre quando um produto é vendido para exportação por um preço inferior ao praticado no mercado interno do país exportador. Em outras palavras, o dumping existe quando o preço de exportação de um bem é fixado em nível inferior ao praticado no mesmo mercado em que esse bem é produzido. Questão correta. 33- (Questão Inédita)- Para que seja aplicado um direito antidumping, provisório ou definitivo, é necessário que seja determinada a existência de dumping, dano e nexo causal entre os dois. Comentários: Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 77 Tanto na aplicação de direito antidumping provisório quanto na aplicação de direito antidumping definitivo, é necessária a determinação de DUMPING, DANO e NEXO CAUSAL. Questão correta. 34- (Questão Inédita)- Para que seja aplicada uma medida antidumping é suficiente que sejam determinados três elementos: dumping, dano e nexo causal. A intenção em prejudicar a indústria nacional do país importador não é levada em consideração na determinação do dumping. Comentários: Para a aplicação de uma medida antidumping é necessário a determinação de DUMPING, DANO e NEXO CAUSAL. Não interessa a intenção da empresa exportadora! Questão correta. 2.6- Investigação e Aplicação de Direitos Antidumping: No Brasil, uma investigação para aplicação de direitos antidumping será aberta mediante solicitação da indústria nacional ou por iniciativa governamental (ex officio). Também é possível que um terceiro país interessado encaminhe petição para a abertura de investigação para fins de aplicação de medidas antidumping. Apresentada a petição, o DECOM fará a análise quanto à admissibilidade desta. Nesse sentido, irá verificar se expressamente apoiaram a petição, isto é, a assinaram, produtores nacionais que representem, no mínimo, 25% da produção total do produto similar. Caso os produtores que tenham assinado a petição representem menos de 25% da produção nacional, esta será indeferida. A partir daí, o DECOM irá consultar a indústria nacional, que poderá apoiar ou rejeitar a petição.É importante termos em mente que a “indústria nacional”, no contexto de uma investigação antidumping, é a totalidade dos produtores nacionais do produto SIMILAR, ou aqueles, dentre eles, cuja produção conjunta constitua parcela significativa da produção nacional total do produto. Considera-se que a petição foi feita pela indústria doméstica ou em seu nome caso, nesse segundo momento, os produtores nacionais que demonstrarem seu apoio representem mais de 50% da produção doméstica do produto similar. Se a petição tiver sido feita pela indústria nacional ou em seu nome e, além disso, houver elementos de prova suficientes acerca da existência de dumping e dano dele decorrente, a investigação será aberta. No entanto, antes de ter início a investigação, o governo do país Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 77 exportador deverá ser notificado acerca da existência de petição devidamente instruída. A investigação para aplicação de medidas antidumping tem duração de 1 (um) ano, podendo, em casos excepcionais, chegar a 18 (dezoito) meses. Essa investigação deverá ser conduzida com base nas regras gerais definidas pelo Acordo sobre a Implementação do art. VI do GATT. Cabe destacar que a investigação poderá ser suspensa sem aplicação de direitos antidumping definitivos ou provisórios. Isso ocorrerá quando houver o chamado “compromisso de preços”, em que o exportador que pratica dumping assume o compromisso de praticar um preço mínimo em suas vendas. Tal compromisso deverá ser satisfatório às autoridades investigadoras, de forma que estas se convençam de que o compromisso elimina o efeito prejudicial decorrente do dumping. A competência para homologar o compromisso de preços é da CAMEX. Ocorrendo toda a investigação, ao seu final, o DECOM irá propor (ou não!) à CAMEX a aplicação dos direitos antidumping. A CAMEX é que irá, então, aplicar as referidas medidas de defesa comercial. Segundo o Acordo Antidumping, os direitos antidumping permanecerão em vigor enquanto houver a necessidade de neutralizar a prática de dumping causadora de dano. O limite máximo para a extinção de um direito antidumping definitivo é de 5 (cinco) anos a contar da data da sua aplicação, ou 5 (cinco) anos a contar da data da conclusão da mais recente revisão. Mas como é que funciona essa revisão? Simples! A regra geral é a de que os direitos antidumping devem ser extintos em 5 (cinco) anos. No entanto, esse prazo poderá ser prorrogado em virtude de as autoridades determinarem que a extinção dos direitos levaria, muito provavelmente, à continuação ou retomada do dumping e do dano. Para isso, todavia, faz-se necessário uma revisão de final de período. Ressalte-se que os direitos antidumping poderão ser prorrogados indefinidamente, isto é, por quantos períodos for necessário. Há, ainda, a revisão de meio de período, procedimento que poderá ser realizado a pedido de parte interessada ou ex officio, desde que tenha decorrido no mínimo 1 (um) ano da imposição de direitos antidumping definitivos. Além disso, devem ser apresentados elementos de prova de que a aplicação do direito deixou de ser necessária para neutralizar o dumping ou de que seria improvável que o dano subsistisse ou se reproduzisse caso o direito fosse revogado ou alterado. Suponha que no mês de janeiro de 2012 sejam aplicados direitos antidumping contra glifosato originário da China e determinado que a vigência Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 77 desses direitos seria de 5 anos. A princípio, em janeiro de 2017, o direito antidumping em questão seria extinto, não é mesmo? Todavia, é possível que, passado o período de 1 ano, seja solicitado por uma parte interessada uma revisão de meio de período. Tal revisão deverá ser finalizada no prazo de 12 (doze) meses e poderá concluir pela necessidade de extinção, manutenção ou alteração do direito antidumping. Como vocês puderam verificar, o prazo da investigação (12 meses, podendo chegar a 18) é muito extenso. Até o fim desse prazo, a indústria nacional poderá não resistir ao dano sofrido e literalmente “quebrar”. Para impedir tal situação é que existem as medidas antidumping provisórias, cuja lógica é muito semelhante às medidas liminares. As medidas antidumping provisórias terão vigência de até 4 meses, podendo ser prorrogadas, no máximo, até 6 meses. A aplicação de medidas antidumping provisórias somente poderá ocorrer quando: 1)- Uma investigação tiver sido regularmente aberta e as partes interessadas tiverem recebido a oportunidade de se manifestarem; 2)- Houver uma determinação preliminar positiva da existência de dumping e dano; 3)- As medidas forem necessárias para impedir que ocorra dano durante a investigação. 4)- Houver decorrido pelo menos 60 (sessenta) dias da data da abertura da investigação. Uma vez aplicadas as medidas antidumping provisórias, a investigação continuará em curso e, ao final, poderá concluir de 4 (quatro) maneiras diferentes: (Perceba que a conseqüência, em todas elas, será em benefício do importador. ) 1)- Determinação final de que não há dumping ou dano dele decorrente: a) se o valor das medidas antidumping provisórias tiver sido recolhido, ele será restituído; b) se o valor das medidas antidumping provisórias tiver sido garantido por depósito, será devolvido; c) se o valor das medidas antidumping provisórias tiver sido garantido por fiança bancária, esta será extinta. 2)- Aplicação de um direito antidumping definitivo inferior ao direito antidumping provisório: o valor pago a maior será restituído ou devolvido Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 77 3)- Aplicação de um direito antidumping definitivo superior ao direito antidumping provisório: não será exigida a diferença. 4)- Aplicação de um direito antidumping definitivo igual ao direito antidumping provisório: não há qualquer problema nisso. Destaque-se que a exigibilidade do direito antidumping provisório poderá ficar suspensa até a decisão final, desde que o importador ofereça garantia equivalente ao valor integral da obrigação. Vejamos como esse assunto pode ser cobrado em prova! 35- (MDIC-2009/Área Administrativa)- Caso os resultados da investigação de dumping concluam pela procedência da reclamação, as autoridades fixarão os direitos antidumping, os quais não deverão ultrapassar três anos, podendo ser prorrogados caso se comprove que sua extinção levaria à continuação ou retomada do dumping e do dano dele decorrente. Comentários: O prazo de vigência dos direitos antidumping é de 5 (cinco) anos, passível de prorrogação caso se comprove que sua extinção levaria à continuação ou retomada do dumping e do dano dele decorrente. Questão errada. 36- (AFRF – 2000 – adaptada)- Para uma medida antidumping ser adotada, é preciso que haja uma investigação de acordo com o Acordo Antidumping. Comentários: A adoção de uma medida antidumping depende de uma prévia investigação realizada por uma autoridade nacional competente, que o fará segundo as regras gerais definidas pelo Acordo sobre a Implementação do art. VI do GATT (Acordo Antidumping). Questão correta. 37- (Questão Inédita)- Se o valor do direito antidumping aplicado pela decisão finalfor superior ao valor do direito provisoriamente recolhido ou garantido por depósito, a diferença a maior será exigida do importador. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 77 Comentários: Se o valor do direito antidumping definitivo for superior ao direito antidumping provisoriamente recolhido ou garantido por depósito, a diferença não será exigida do importador. Questão errada. 38- (Questão Inédita)- O direito antidumping provisório poderá não ser cobrado, sendo prestada garantia a ele equivalente na forma de fiança bancária ou depósito. Comentários: A exigibilidade do direito antidumping poderá ficar suspensa, desde que seja apresentada garantia equivalente ao valor integral da obrigação. Questão correta. 39- (Questão Inédita)- A petição de abertura de investigação no caso de dumping poderá ser feita pela indústria doméstica. Essa petição deverá ser indeferida se os produtores que a apóiam responderem por menos de 25% da produção nacional. Comentários: A petição de abertura de investigação no caso de dumping poderá ser feita pela indústria doméstica ou em seu nome, sendo indeferida caso os produtores que expressamente a apóiem responderem por menos de 25% da produção nacional. Questão correta. 40- (Questão Inédita)- Caso o exportador assuma voluntariamente compromissos satisfatórios de revisão dos preços ou de cessação das exportações a preços de dumping e desde que as autoridades investigadoras se convençam de que o compromisso elimina o efeito prejudicial decorrente do dumping, poderão ser suspensos os procedimentos, sem prosseguimento da investigação. Comentários: Quando o exportador assumir um “compromisso de preços”, devidamente homologado pela CAMEX, a investigação é suspensa sem aplicação de direitos antidumping. Questão correta. 41- (Questão Inédita)- Se o valor do direito antidumping aplicado pela decisão final for inferior ao valor do direito antidumping provisoriamente recolhido ou garantido por depósito, essas importâncias não serão restituídas. Comentários: Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 77 Se o direito antidumping definitivo for inferior ao direito antidumping aplicado provisoriamente, as importâncias recolhidas a maior serão restituídas. Questão errada. 42- (Questão Inédita)- É obrigatória, antes do início da investigação de dumping, a notificação ao governo do país exportador da existência de petição devidamente instruída. Comentários: O governo do país exportador deve ser notificado acerca da existência de petição devidamente instruída antes de ser dado início à investigação. Questão correta. 43- (Questão Inédita)- A petição para aplicação de medidas antidumping poderá ser apresentada por terceiro país interessado. Comentários: De fato, é possível que um terceiro país interessado encaminhe petição para a abertura de investigação para aplicação de medidas antidumping. Questão correta. 44- (Questão Inédita)- A vigência das medidas antidumping provisórias terá duração não superior a 6 meses. Comentários: A vigência das medidas antidumping provisórias é de 4 meses, podendo chegar a 6 meses. Questão correta. 45- (Questão Inédita)- Todo direito antidumping definitivo será extinto no máximo em cinco anos após a sua aplicação, ou cinco anos a contar da data da conclusão da mais recente revisão, que tenha abrangido dumping e dano dele decorrente. Esse prazo poderá, no entanto, ser prorrogado mediante requerimento da indústria doméstica. Comentários: A duração do direito antidumping é de até 5 anos a contar da sua aplicação ou da mais recente revisão, sendo possível sua prorrogação indefinidamente. Questão correta. 46- (Questão Inédita)- O direito antidumping é o montante em dinheiro, igual ou superior à margem de dumping apurada, que tem o Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 77 fim exclusivo de neutralizar os efeitos danosos das importações a preços de dumping. Comentários: O direito antidumping não poderá ser aplicado em montante superior à margem de dumping, mas tão somente em nível igual ou inferior a esta. Questão errada. 47- (Questão Inédita)- Considerar-se-á como feita pela indústria doméstica, ou em seu nome, a petição que for apoiada por aqueles produtores cuja produção conjunta constitua mais de cinqüenta por cento da produção total do produto similar produzido por aquela parcela da indústria doméstica que tenha expressado apoio ou rejeição à petição. Comentários: Se os produtores nacionais que demonstrarem seu apoio representem mais de 50% da produção doméstica do produto similar, considera-se que a petição foi feita pela indústria doméstica, ou em seu nome. Questão correta. 48- (MDIC-2009/Área Administrativa - adaptada)- Cabe única e exclusivamente à Confederação Nacional da Indústria (CNI) enviar petição à SECEX solicitando ampla investigação para aplicação de medidas de defesa comercial, fornecendo, para tanto, as informações necessárias. Comentários: A CNI não é a única entidade que pode apresentar uma petição para aplicação de uma medida de defesa comercial. A petição deve ser apresentada à SECEX pela indústria nacional. Questão errada. 2.7- Tipos de Dumping: A normativa da OMC não faz distinção quanto aos tipos de dumping existentes. No entanto, a literatura econômica / jurídica faz menção a diferentes tipos de dumping: a) Dumping predatório: a doutrina considera que o dumping predatório é uma estratégia de dominação de mercados, caracterizando-se pela redução de preços por uma empresa com vistas a eliminar a concorrência. Uma vez eliminada a concorrência, a empresa poderá praticar preços de Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 77 monopólio. Nessa espécie de dumping, há o dolo da empresa em monopolizar o mercado em seu favor. b) Dumping social: é um conceito doutrinário (não-positivado nas regras da OMC), segundo o qual a justificativa para que uma empresa pratique preços baixos no mercado internacional é o desrespeito aos padrões trabalhistas. c) Dumping ambiental: a justificativa para que uma empresa pratique preços baixos no mercado internacional é o não-cumprimento de padrões ambientais mínimos ou a inexistência de uma legislação ambiental. d) Dumping cambial: a empresa pratica preços baixos no mercado internacional em virtude da desvalorização artificial do câmbio (moeda). Cabe destacar que o dumping social, o dumping ambiental e o dumping cambial, apesar de serem termos utilizados pela literatura, não são apropriados, uma vez que eles não levam em consideração a característica essencial do dumping: preço de exportação inferior ao preço praticado no mercado interno do país exportador. Com efeito, o descumprimento de padrões trabalhistas, o desrespeito à legislação ambiental e a desvalorização artificial da moeda são fatores que apenas explicam a maior competitividade das empresas (custos reduzidos), mas não pressupõem a existência de discriminação internacional de preços. Vejamos como esse assunto pode ser cobrado em prova! 49- (QuestãoInédita)- O dumping social é uma modalidade especial de dumping na qual os preços aviltantes são decorrentes do desrespeito aos direitos humanos com a utilização de mão-de-obra escrava, infantil ou em condições subumanas. Comentários: O dumping social é uma modalidade de dumping em que os preços baixos são praticados em virtude do desrespeito às condições de trabalho da mão-de-obra. Questão correta. 50- (AFTN-1996)- Nem sempre o dumping é um mal. Há casos em que o país tem grande interesse em importar certos produtos pelo menor preço possível. Se os produtores de petróleo decidissem baixar os Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 77 preços desse insumo através de subsídios, provavelmente nenhum importador iria tomar alguma medida antidumping. O dumping é considerado predatório quando o mercado é restrito e não existe concorrente nacional. Comentários: De fato, o dumping nem sempre é considerado pernicioso aos interesses de um país. Ele somente o será quando afetar a indústria nacional, lhe trazendo prejuízos. Essa é também a lógica do Acordo Antidumping, que somente autoriza a aplicação de direitos antidumping quando presentes três elementos: DUMPING, DANO e NEXO CAUSAL. A questão afirma que o dumping será predatório quando o mercado for restrito e não existir concorrente nacional. Isso está errado! Se não houver concorrente nacional, o dumping não causa prejuízos à indústria doméstica e, portanto, nem sequer será punível com a aplicação de direitos antidumping. 51- (AFTN-1996)- Entende-se por “dumping social” a utilização de mecanismos de subsídios à produção e comercialização de bens cuja produção é feita com mão-de-obra intensiva. Comentários: Pelo conceito de “dumping social”, o que leva as empresas a praticarem preços baixos no mercado internacional é o desrespeito aos padrões trabalhistas. Questão errada. 2.8-Considerações Finais: No atual cenário internacional, percebe-se o recrudescimento das práticas protecionistas, as quais vêm à tona em razão da instabilidade econômica causada pela crise vivenciada pela União Europeia. Ao mesmo tempo, a crescente competitividade chinesa no comércio internacional, aliada a uma política de desvalorização artificial de sua moeda, contribui para a maior efusividade do discurso protecionista. Nesse contexto, cresce a relevância do estudo sobre as medidas de defesa comercial, em especial as medidas antidumping. Sob o ponto de vista econômico, há que se questionar se a aplicação de medidas antidumping são, de fato, benéficas à sociedade como um todo. Ao conferir proteção a indústria nacional contra importações estrangeiras, as medidas antidumping podem distorcer o comércio e a alocação ótima dos fatores de produção, redistribuindo renda em desfavor do consumidor. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 77 Admitindo-se que a proteção por meio de medidas antidumping possa ser legítima como forma de dar fôlego à indústria nacional, cabe questionar também se interessa ao governo proteger uma indústria ineficiente. 3- SUBSÍDIOS E MEDIDAS COMPENSATÓRIAS: 3.1- Conceito de Subsídios: Segundo o Acordo sobre Subsídios e Medidas Compensatórias, subsídio é uma contribuição financeira concedida por um governo ou órgão governamental que permita a um setor específico auferir uma vantagem. Também se enquadra no conceito de subsídio qualquer forma de receita ou sustentação de preços concedida a um setor específico que lhe coloque em posição de vantagem. Ele pode ser concedido, direta ou indiretamente, à fabricação, produção, exportação ou ao transporte de qualquer produto, possuindo potencial para distorcer os fluxos comerciais. Do conceito acima, podemos extrair 4 (quatro) características essenciais dos subsídios: 1)- Contribuição Financeira: o termo “contribuição financeira” deve ser entendido em sentido amplo, abrangendo transferência diretas de fundos, omissões de receitas (incentivos fiscais), fornecimento de bens e serviços além de infraestrutura geral e aquisição de bens pelo governo. Destaque-se que a isenção de taxas e impostos indiretos incidentes sobre produtos destinados à exportação está excluída do conceito de contribuição financeira. 2)- Concedida por um governo ou órgão governamental: a contribuição financeira, para caracterizar-se como um subsídio, deve ser concedido pelo governo ou por um órgão governamental. 3)- Representa uma vantagem: a contribuição financeira representará uma vantagem quando colocar o receptor em uma posição mais favorável do que a do mercado. 4)- Seja específico: a contribuição financeira será específica quando a autoridade governamental limitar o acesso a determinadas empresas ou grupos de empresas. Há, portanto, uma discriminação “de jure” ou “de facto” no acesso à contribuição financeira. Entendido até aqui? Vamos continuar... Um dos maiores problemas quanto à concessão de subsídios é a falta de transparência destes, o que leva a OMC a defender a tarificação das Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 06 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 77 barreiras. Apesar de o art. XVI do GATT dispor que os subsídios concedidos pelos membros da OMC devem ser notificados a essa organização internacional, muitos países não o fazem. Cabe destacar que o art. 25 do Acordo sobre Subsídios e Medidas Compensatórias (SCM) também traz uma obrigação nesse sentido, dispondo que os membros da OMC devem notificá-la sobre todo subsídio outorgado ou mantido em seus território. Quando estudamos o dumping, foi possível verificar que quem executa essa prática desleal de comércio são empresas. No caso, dos subsídios, é diferente. Quem concede os subsídios são governos, donde decorre a possibilidade de que os subsídios sejam combatidos de duas formas diferentes: i) aplicação de medidas compensatórias (processo administrativo interno conduzido pelo país importador) e; ii) contestação da medida no âmbito do sistema de solução de controvérsias da OMC (procedimento internacional) Não é possível a um Estado peticionar ao Órgão de Solução de Controvérsias em virtude de uma empresa estar praticando dumping, uma vez que as empresas não possuem legitimidade passiva no sistema de solução de controvérsias da OMC. Por outro lado, é plenamente possível que um subsídio (medida implementada por um Estado) seja contestado nessa jurisdição. A medida de defesa comercial destinada a neutralizar os efeitos de um subsídio é a medida compensatória, também conhecida pela doutrina como medidas anti-subsídios. Comparando as medidas compensatórias com as medidas antidumping, percebe-se que as primeiras são utilizadas em escala muito menor. A razão disso é justamente o fato de que as medidas antidumping são aplicadas contra empresas, ao passo que as medidas compensatórias são aplicadas contra governos. Ao aplicar uma medida compensatória, um Estado está, portanto, contestando (criticando) a política comercial levada a cabo por outro Estado, o que, do ponto de vista político-diplomático, é algo sensível. É preciso tomar cuidado para não misturarmos os conceitos de “dumping” e de “subsídios”. Se formos pensar bem, a concessão de um subsídio pode, de fato, levar à prática de dumping. Ora, se um governo concede uma contribuição
Compartilhar