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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA - Campus Tubarão Curso: Bacharelado em Psicologia Disciplina: Fundamentos da Teoria Psicanalista Professor: Adriana de Oliveira Limas Cardoso Acadêmico: Caroline Milbratz Lucas da Silva Tubarão, 23 de abril de 2015. FREUD, Sigmund; STRACHEY, James; FREUD, Anna. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1969-1996. 24 v. Um Estudo Autobiográfico I Judeu, Freud nasceu em 06 de maio de 1856 na região onde hoje é a Tchecoslováquia. Ainda criança se mudou para Viena, onde recebeu toda a sua educação. Sempre estudante exemplar, teve todo o apoio do pai para seguir as próprias inclinações e, desde muito cedo, interessou-se pelas ciências humanas, teorias de Darwin e Goethe, tornando-se estudante de medicina. Quando ingressou na faculdade, deparou-se com a discriminação que os judeus sofriam. Mas jamais compreendera o motivo da segregação, enfrentando sem maiores dificuldades esta fase. Encontrou-se no laboratório de Ernest Brucke, quando passou a estudar o sistema nervoso até 1882. Neste período, por dificuldades financeiras, Freud se viu obrigado a abandonar sua carreira teórica, ingressando no Hospital Geral como assistente clínico. Tão breve, foi promovido a médico interno, desenvolvendo pesquisas sobre as medulas oblongas e doenças nervosas, tornando-se ativo no Instituto de Anatomia Cerebral. Porém, haviam poucos estudiosos de doenças nervosas em Viena, sendo assim, Freud decidiu formar um plano para viajar a Paris para continuar seus estudos. Nos anos seguintes, publicou diversos estudos sobre doenças nervosas, sendo capaz de determinar diagnósticos confirmados “post-mortem” e, em 1885, foi nomeado conferencista de neuropatologia, o que lhe rendeu uma bolsa que viabilizou sua viagem à Paris. Tornou-se aluno na Salpetriere, onde tornou-se tradutor de Charcot, especialista em histeria, que defendia que a histeria também ocorria em homens, tratando com hipnose. Antes de retornar a Viena, passou algumas semanas no Instituto Kassowitz em Berlim para estudar doenças nervosas em crianças , publicando vários artigos sobre paralisias cerebrais em crianças. Em 1886 estabeleceu-se em Viena como especialista em doenças nervosas. Lhe cabia a responsabilidade de apresentar a Sociedade de Medicina o que aprendera com Charcot sobre a histeria, mas perdeu toda sua credibilidade com as pessoas de autoridade ao afirmar que a histeria também ocorria em homens e, mesmo comprovando a teoria, a rejeição ao seu trabalho permaneceu. Nesta época foi excluído do laboratório de Anatomia Cerebral e por muito tempo não teve onde pronunciar suas conferências. Para tratar pacientes nervosos, eram utilizados dois métodos terapêuticos: eletroterapia e hipnotismo. A eletroterapia não era válida, deixando o campo aberto para o hipnotismo. Este, em Paris, era utilizado comumente para produzir sintomas em pacientes e então removê-los, passando assim ser, a sugestão hipnótica, a principal ferramenta de trabalho de Freud. Consequentemente, abandonou o tratamento de doenças nervosas orgânicas. Freud concluiu também, que não era capaz de hipnotizar todos os pacientes como gostaria e, ao visitar Nancy em 1889, observou Bernheim, concluindo que haviam poderosos processos mentais que estavam escondidos na consciência dos homens. II Desde o início, Freud fez uso da hipnose para fazer perguntas ao paciente sobre a origem de seus sintomas, de forma que em seu estado de vigília, jamais poderia descrevê-los. Enquanto ainda trabalhava com professor Brucke, Freud conheceu Dr. Josef Breuer, famoso fisiologista de Viena, que havia tratado um caso severo de histeria com hipnose. Tratava-se do caso de Ana O. que adoecera enquanto cuidava do pai enfermo. Através da hipnose, concluíram que Ana O. havia suprimido impulsos enquanto cuidava do pai, e estes se transformaram em sintomas. Em seu estado de vigília, jamais conseguira descrever a origem de seus sintomas, no entanto, enquanto hipnotizada, descrevia cada um dos seus sintomas ligando-os a impulsos reprimidos e, de forma alucinatória e sob hipnose, os levava até a conclusão, libertando a emoção, eliminando definitivamente o sintoma. Este método foi denominado catarse e Freud, posteriormente, começou a desenvolvê-lo com seus pacientes também. O método catártico teve seu sucesso, porém Freud, ao continuar seus estudos, concluiu que habitualmente excitações de natureza sexual desencadeavam as neuroses. Sendo assim, cada neurose tinha uma anormalidade na vida sexual como fator correspondente: a excitação não consumada e a masturbação excessiva. Partindo deste princípio, os sintomas destes pacientes não são determinados ou removíveis pela análise, mas devem ser considerados como consequências de processos químicos sexuais perturbados. III Freud livrou-se da hipnose, mas teve que adaptar o método catártico. Questionou o fato de os pacientes esquecerem-se de fatos (traumas), mas quando aplicada uma técnica, recordavam- se. Partindo desta premissa, concluiu que tudo o que tinha sido esquecido, em algum momento fora aflitivo para o indivíduo e para torná-lo consciente novamente, alguma barreira precisou ser quebrada/ superada. Sendo assim, surgiu a teoria da repressão. A teoria da repressão nada mais é senão o mecanismo de defesa do indivíduo afim de se proteger de alguma memória ruim, deixando esta adormecida na mente. A psicanálise considera tudo o que seja de ordem mental como “inconsciente”. Este inconsciente produz efeito sobre o sujeito. Freud denominou libido a energia que vem do corpo (sexual), e catexia a capacidade de fazer investimentos da libido. Ao contrário dos mais profundos preconceitos humanos, Freud defendia que a sexualidade se desenvolve desde os primeiros anos da vida do indivíduo. A maioria dos pacientes reproduziam cenas de sua infância em que supostamente foram seduzidos sexualmente por algum adulto. E quase sempre relacionadas aos pais. Alguns dos casos até eram reais, no entanto, a maior parte não passava de fantasia, porém, ainda assim, realidade psíquica. Durante os primeiros anos, a sexualidade é descentralizada e autoerótica. A primeira fase é oral, quando o prazer se dá com a relação com a mãe. Ao ser alimentada, a criança obtem prazer pela boca em contato com o seio materno. A seguir, existe a fase anal, definida pelo controle do corpo, o ato de represar a urina e fezes, a manipulação do corpo e genitais a autonomia. Por seguinte a fase fálica, ser portador do falo ou a castração. A representação do poder/ autoridade, complexo de Édipo, paixão pela referência ativa da casa. Então, a fase de latência, sublimação, escoar a libido para outras coisas além do corpo. E por fim, a fase genital, quando ocorre a definição sexual, a busca por um parceiro. Freud defende a teoria de que todo o indivíduo nasce bissexual e desenvolve sua sexualidade ao longo do seu amadurecimento. IV Freud desenvolve o método de associação livre, afim de superar a resistência do paciente, sendo assim, o paciente lhe conta tudo o que vem à cabeça. Este método tornou-se a regra fundamental da psicanálise. Esta associação livre não é realmente livre, uma vez que o paciente permanece sob influência da percepção analítica. O paciente evidenciará resistência ao material de sua mente, de forma que quanto mais reprimido está o trauma, mais alusivo será sua manifestação. A análise se baseia na arte da interpretação destas manifestações. Em toda relação entre analista e paciente, existe a transferência do sentimento/ emoção do paciente em relação ao analista. Essa transferência pode ser positiva, comoo desejo de cura ou negativa como evidenciação da resistência. A análise induz o próprio paciente realizar o trabalho psíquico de superar suas resistências à transferência. Através da associação livre e da arte da interpretação, foi possível à psicanálise provar que os sonhos tem significados. Os sonhos nada mais são senão a manifestação dos desejos do inconsciente mesclados com pensamentos conscientes, ou seja, os sonhos são a realização de desejos reprimidos, desviando os estímulos externos, afim de acalmar o indivíduo impedindo que desperte. V No dez anos seguintes ao afastamento de Breuer, Freud não teve muitos seguidores, ficando completamente isolado. Suas teorias foram por muitos repudiadas, e por fim sua sensibilidade diminuiu. Seu isolamento gradativamente chegou ao fim quando um pequeno grupo de alunos se reuniu em Viena e alguns psiquiatras de Zurique como Jung e Bleuler adquiriam interesse pela psicanálise. Este grupo concordou em realizar congressos informais, o que resultou na publicação de um Anuário de Pesquisas Psicanalíticas e Psicopatológicas ainda no início da I Guerra Mundial. O interesse pela psicanálise se concretizou por toda a Alemanha, tornando-se tema de vários congressos científicos. Apesar desta disseminação da psicanálise, haviam ainda muitos profissionais que a rejeitavam, negando qualquer ligação entre as neuroses e a natureza sexual. No segundo congresso, em 1910, constituiu-se uma Associação Psicanalítica Internacional, dividida entre várias sociedades locais, porém regida por um único presidente, sendo designado por primeiro, C. Jung. Durante os anos seguintes, ocorreram dois movimentos seccionistas da psicanálise, um desenvolvido por Jung, que tentou dar uma nova interpretação abstrata e impessoal, escapando da necessidade de reconhecer a importância da sexualidade infantil e a de Adler, que repudiou completamente a importância da sexualidade, justificando a formação do caráter e neuroses apenas com o desejo do homem pelo poder e a necessidade de compensar suas inferioridades, desprezando todas as descobertas psicológicas até então. No entanto, nos dez anos seguintes, a própria psicanálise desmistifica estas teorias, sem provocar dano algum. A primeira reunião da Associação Psicanalítica Internacional pós guerra se deu em 1920, num cenário no qual havia um significativo interesse acerca de psicanálise, em função da observação das neuroses pós-guerra. Havia a condição para o desenvolvimento da psicogênese em perturbações neuróticas na profissão médica. Infelizmente, o projeto da criação de centros psicanalíticos para tratamento de neuroses de guerra jamais foi concretizado, uma vez que havia forças políticas freando esta ideia. Muitos profissionais justificaram sua teoria de que as neuroses eram desconectadas de fatores sexuais com a neurose de guerra. Porém não consideram a teoria narcisista, na qual a libido do indivíduo está ligada ai seu ego. Freud concluiu que o complexo de Édipo é o núcleo da neurose, sendo ao mesmo tempo o clímax da sexualidade infantil e o ponto no qual todas as fases de desenvolvimento sexual de apoiam. O complexo de Édipo definia a libido (energia sexual) vinculada a figura dos pais, no entanto, antes disso, estava ligada ao próprio ego, dando origem ao narcisismo ou amor- próprio. Definiu que o ser humano, através de sua libido, possui instintos de vida, autopreservação e de morte, autodestruição. E, ao definir o aparelho mental, o dividiu em Ego, Id, e Superego. IV Freud estabeleceu uma relação entre as obras de grandes autores como Hamlet de Shakespeare e a teoria do complexo de Édipo, considerando que Shakespeare escreveu esta peça logo após perder seu pai. Partindo deste princípio, a grande maioria dos artistas vivenciam a catarse ao transferir/ transformar suas neuroses em arte. Assim como os artistas, os neuróticos faziam uso de fantasia e imaginação para expor suas neuroses. O termo “psicanálise” tornou-se ambíguo, pois tratava-se não só de um método terapêutico, mas também uma ciência – a ciência dos processos mentais inconscientes. Palavras-chave: Psicanálise. Freud. Sexualidade.
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