Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Álgebra Linear Espaços Vetoriais Subespaços Vetoriais Combinações Lineares Subespaços Gerados Dependência e Independência Linear Base e Dimensão Prof. Alessandro R. da Fonseca Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas – Uncisal Uncisal Álgebra Linear 1. Espaços Vetoriais Introdução: Ao final do século XIX, após o estabelecimento das bases mate- máticas da teoria de matrizes, foi observado que várias entidades matemáticas que eram tratadas de forma diferentes possuíam pro- priedades semelhantes, o que motivou os matemáticos da época a criarem uma teoria consistente que viabilizasse um tratamento uniforme a tais entidades. Como exemplo, vetores pertencentes ao R2 e ao R3, funções polinomiais e funções diferenciáveis apre- sentam as mesmas propriedades de adição e da multiplicação por escalar, observadas para o caso matricial. Tal constatação deu origem à definição de espaço vetorial. Uncisal Álgebra Linear 1. Espaços Vetoriais Historicamente contextualizado, a idéia original associada a de- finição de espaço vetorial foi publicada em 1844, por Hermann Grassmann (1808-1887), teólogo e filósofo polonês. Na época em que publicou seu trabalho, não houve muita repercussão, e so- mente 44 anos depois da publicação do trabalho de Grassmann é que o matemático italiano Giuseppe Peano (1858-1932) publicou uma interpretação condensada dos conceitos estabelecidos por Grassmann. No entanto, as definições correntes para espaço ve- torial, subespaço vetorial, bases e dimensão foram estabelecidas por um matemático alemão chamado Hermann Weyl (1895-1955), que reconheceu a magnitude e a importância do trabalho original- mente proposto por Grassmann. Uncisal Álgebra Linear 1. Espaços Vetoriais Definição: Um Espaço Vetorial (ou Espaço Linear) é composto por: • V é um conjunto não vazio de objetos denominados de vetores; • K é um conjunto denominado corpo de escalares (R ou C); • Uma regra (ou operação), dita adição de vetores, que associa a cada par de vetores u, v ∈V um vetor u+ v ∈V, denominado soma de u e v , de maneira tal que: (A1) u+ v = v +u, ∀u,v ∈ V (comutativa) (A2) u+(v +w) = (u+ v)+w, ∀u,v ,w ∈ V (associativa) (A3) Existe um único 0 ∈ V, denominado vetor nulo, tal que: u+0 = u, ∀u ∈V (A4) Para cada vetor u ∈V, existe um único oposto (também chamado de simétrico), indicado por −u ∈ V tal que: u+(−u) = 0, ∀u ∈ V Uncisal Álgebra Linear 1. Espaços Vetoriais • Uma regra (ou operação), dita multiplicação escalar, que associa a cada escalar α ∈ K e a cada vetor u ∈ V, um vetor αu ∈ V, denomi- nado o produto de α por u de maneira tal que: (M1) α(βu)= (αβ)u, ∀α,β ∈K e u ∈V (M2) (α +β)u = αu+βu, ∀α,β ∈K e u ∈V (M3) α(u+ v)= αu+αv , ∀α ∈K e u,v ∈ V (M4) 1u = u, ∀u ∈ V Observação: Um componente importante da definição é que o espaço é fechado em re- lação às operações. Essas propriedades podem ser resumidas da seguinte maneira: (C1) Se u,v ∈ V, então, u+ v ∈ V; (C2) Se u ∈ V e α ∈K, então, αu ∈ V. Uncisal Álgebra Linear 1. Espaços Vetoriais Exemplo 01: Seja W = {(a,1), a∈R} com as operações usuais de adição e multiplicação por escalar. Verifique se W é ou não um espaço vetorial. Cuidado! Se um conjunto A é fechado em relação as operações é necessário verificar os oito axiomas, entretanto, se um conjunto A não é fechado em relação as operações, então A será um subespaço vetorial. Exemplo 02: Seja o conjunto R2 = {(a,b), a,b ∈ R} com as operações: + : (a,b)+ (c,d) = (a+ c,b+d) � : α(a,b) = (αa,b) Verifique se R2 com esta multiplicação por escalar é um espaço vetorial. Exemplo 03: Seja d(s) = d0s2 + d1s + d2 e n(s) = n0s2 + n1s + n2, com d0,n0 6= 0, o conjunto de polinômios em “s”, com coeficientes reais, de grau dois com as seguintes propriedades: (d +n)(s) = d(s)+n(s) (αd)(s) = α(d(s)) O conjunto definido acima é um espaço vetorial? Uncisal Álgebra Linear 2. Subespaços Vetoriais Muitas vezes, é necessário detectar, dentro de um espaço vetorial V, sub- conjuntos W que sejam eles próprios espaços vetoriais em relação à adição e à multiplicação por escalar definidas em V. Tais conjuntos serão chama- dos subespaços de V . Definição: Um subconjunto S não vazio, de um espaço vetorial V é um subespaço vetorial de V se estiverem satisfeitas as condições: (i) 0 ∈ S (Vetor nulo) (ii) ∀ u,v ∈ S ⇒ u+ v ∈ S (ii) ∀ α ∈ R, ∀ v ∈ S ⇒ αv ∈ S Observações: • Todo espaço vetorial admite pelo menos dois subespaços vetoriais: o subespaço nulo {0} e o próprio subespaço vetorial V. • Estes subespaços são chamados subespaços triviais. • Os demais subespaços, se existirem, serão chamados subespaços próprios. Uncisal Álgebra Linear 2. Subespaços Vetoriais Exemplo 04: Considerando as operações usuais sobre R3 verifique se o conjunto W= {(x,y ,z) ∈ R3; x + y = 0} é um subespaço vetorial do R3. -2 2 x -1 -4 1 -2 0 0 0 y -1 2 1 -2 4 2 Uncisal Álgebra Linear 2. Subespaços Vetoriais Exemplo 05: Considere o sistema homogêneo a11x +a12y +a13z = 0 a21x +a22y +a23z = 0 a31x +a32y +a33z = 0 Adotando as notações: A = a11 a12 a13 a21 a22 a23 a31 a32 a33 , X = x y z e 0 = 0 0 0 O sistema linear pode ser reescrito como AX = 0 Seja S = X = x y z o conjunto de todas as soluções do homogêneas. Mostre que S é um subespaço vetorial do R3. Uncisal Álgebra Linear 2. Subespaços Vetoriais Exemplo 06: Seja V=R2 e S = {(x,y) ∈R2; y = 2x} mostre que S é um subespaço de V. Exemplo 07: Seja V=R2 e W= {(x,4−2x); x ∈R}.W é um subespaço vetorial do R2? Exemplo 08: A superfície abaixo é a representação gráfica do subconjunto W ⊆ V = R3 onde W = { (x,y ,z) ∈ R3; x2 − y2 = 0 } . Considerando as operações usuais em V, verifique se W é um subespaço vetorial do R3. -2 -2 -4 y x -1 -1 -2 00 0 1 2 1 4 2 2 Uncisal Álgebra Linear 3. Combinações Lineares Uma das características mais importantes de um espaço vetorial é a obten- ção de novos vetores a partir de vetores dados. Definição: Seja V um espaço vetorial sobre um corpo K. Assim, um vetor v ∈ V é uma combinação linear dos vetores u1,u2, . . . ,un ∈V se existirem escalares α1,α2, . . . ,αn ∈K tais que v = α1u1 +α2u1 + . . .αnun = n ∑ i=1 αi ui Exemplo 09: Considere os vetores do R3, v1 = (1,2,1), v2 = (1,0,2) e v3 = (1,1,0). Escreva o vetor v = (1,2,4) como combinação linear dos ve- tores v1, v2 e v3. v = α1v1 +α2v2 +α3v3 (1,2,4) = α1(1,2,1)+α2(1,0,2)+α3(1,1,0) (1,2,4) = (α1 +α2 +α3, 2α1 +α3, α1 +2α2) logo, α1 +α2 +α3 = 1 2α1 +α3 = 2 α1 +2α2 = 4 Resolvendo o sistema linear temos: α1 = 2, α2 = 1 e α3 =−2.Uncisal Álgebra Linear 3. Combinações Lineares Assim, o vetor v se escreve como uma combinação linear de v1, v2 e v3, do seguinte modo: v = 2v1 + v2−2v3. Geometricamente, Uncisal Álgebra Linear 3. Combinações Lineares Exemplo 10: Seja V o espaço vetorial dos polinômios de grau menor ou igual a 2. Expresse o vetor v = 7x2 +11x−26 como combinação linear dos vetores p1 = 5x2−3x +2 e p2 =−2x2 +5x−8. Exemplo 11: Determine escalares a, b, e c de forma que o vetor (3,7,−4) seja uma combinação linear dos vetores (1,2,3), (2,3,7) e (3,5,6), nesta ordem. Obervação: Sejam S1 e S2 dois subespaços vetoriais de V. Então, S = S1 +S2 é o conjunto de todos os vetores u+ v tal que u ∈ S1 e v ∈ S2. Teorema1 (Soma de Subespaços Vetoriais) A soma S de dois subespaços vetoriais S1 e S2 de V é um subespaço vetorial. 1A demonstração deste teorema será uma das questões da Avaliação II de Álgebra Linear. Uncisal Álgebra Linear 4. Subespaços Gerados Seja V um espaço vetorial e A= {v1, v2, . . . ,vn}⊆V com A 6= /0. O conjunto S de todos os vetoresde V que são combinações lineares dos vetores de A é um subespaço2 vetorial de V. O conjunto S é chamado de subespaço gerado por A. Observações: • Notação: S = G(A) ou S = [v1, v2, . . . ,vn]. • Os vetores v1, v2, . . . ,vn são os geradores do espaço. • A é o conjunto gerador. • Se A= /0, então, define-se [ /0] = {0} Exemplo 12: Seja V= R3 e A = {(1,1,1), (1,1,0), (1,0,0)}. Verifique se R3 = G(A). Exemplo 13: Verifique se os vetores i = {(1,0) e j = (0,1) geram o espaço R2. 2A verificação deste fato também será uma das questões da Avaliação II de Álgebra Linear. Uncisal Álgebra Linear 5. Dependência e Independência Linear Definição (L.I.): Os vetores v1, v2, . . . ,vn em um espaço vetorial V, são ditos Linearmente Independentes se α1v1 +α2v2 + . . .+αnvn = 0 (1) implica que todos os escalares α1 = α2 = . . .= αn = 0. Definição (L.D.): Os vetores v1, v2, . . . ,vn em um espaço vetorial V, são ditos Linearmente Dependentes se existem escalares α1, α2, . . . , αn NÃO TODOS NULOS, tais que α1v1 +α2v2 + . . .+αnvn = 0. (2) Exemplo 14: Verifique se os vetores u = {(1,1) e v = (1,2) do R2 são L.I. ou L.D. Exemplo 15: Sejam os vetores v1 =(2,−1,3), v2 =(−1,0,2) e v3 =(2,−3,1) verifique se B = {v1, v2, v3} é um conjunto L.I ou L.D. Uncisal Álgebra Linear 5. Dependência e Independência Linear Exemplo 16: Verifique se o conjunto formado pelos vetores p1(x) = x2−2x +3 p2(x) = 2x2 + x +8 p3(x) = x2 +8x +7 é L.I. ou L.D. Propriedades: • Pela definição, o conjunto vazio é linearmente independente. • Todo conjunto que contém o vetor nulo é linearmente dependente. • Todo conjunto que tem um subconjunto linearmente dependente é linearmente dependente. • Todo subconjunto de um conjunto linearmente independente é linearmente independente. • Se um vetor de um conjunto é combinação linear de outros vetores desse conjunto, então o conjunto é linearmente dependente Uncisal Álgebra Linear 6. Base e Dimensão de um Espaço Vetorial Definição: Um conjunto B = {v1, v2, . . . ,vn} ⊂ V é uma base do espaço vetorial V se • B é L.I. • V= G(B) Exemplo 17: Verifique se B = {(1,1),(−1,0)} é uma base do R2. Exemplo 18: Seja o conjunto {x3,3x2,6x,6}. Mostre que este conjunto é uma base do espaço vetorial dos polinômios cúbicos. Exemplo 19: Seja Vθ o espaço vetorial das funções variável real θ tal que Vθ = {acos θ +bsen θ ;a,b ∈R}. Verifique se o conjunto K = {cosθ − senθ ,2cos θ +3sen θ}. Exemplo 20: Mostre que se {v1, v2, . . . ,vn} e {u1, u2, . . . ,um} são duas bases para um espaço vetorial V, então, n = m. Uncisal Álgebra Linear 6. Base e Dimensão de um Espaço Vetorial Teorema: Seja B = {v1,v2, . . . ,vn} uma base de um espaço vetorial V. Então, todo ve- tor v ∈V se exprime de maneira única como combinação linear dos vetores da base base B. Definição: Diz-se que um espaço vetorial V é de dimensão finita n ou n−dimensional, se escreve-se dimV= n, se V possui uma base com n vetores. Observação: Diz-se que o subespaço {0} de V tem dimensão zero Uncisal Álgebra Linear
Compartilhar