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GA3X1 - Geometria Analítica e Álgebra Linear Prof. Lilian Candido 6 Espaços vetoriais Objetivos de aprendizagem • Reconhecer espaços e subespaços vetoriais. • Reconhecer e obter bases de espaços vetoriais. • Determinar a dimensão de um espaço vetorial. • Determinar as coordenadas de um vetor em relação a uma base. 6.1 Vetores em Rn O conjunto R dos números reais é interpretado geometricamente como sendo a reta real. Um número x pode ser encarado como um ponto ou como um vetor. O xb x O x x O conjunto R2 = {(x, y); x, y ∈ R} é interpretado geometricamente como sendo o plano cartesino. Um par (x, y) pode ser encarado como um ponto ou como um vetor. O x y b (x, y) O x y (x, y) O conjunto R3 = {(x, y, z); x, y, z ∈ R} é interpretado geometricamente como sendo o espaço tridimensional. Uma tripla (x, y, z) pode ser encarada como um ponto ou como um vetor. x y z (x, y, z) b x y z (x, y, z) 1 GA3X1 - Geometria Analítica e Álgebra Linear Prof. Lilian Candido Embora se perca a visão geométrica de espaços com dimensão acima de 3, é possível estender essa ideia a espaços como R4,R5, . . . ,Rn. Assim, o conjunto R n = {(x1, x2, . . . , . . . , xn); x1, x2, . . . , xn ∈ R} constitui o espaço de dimnesão n (ou espaço n-dimensional). A maneira de se trabalhar no Rn é análoga àquela vista em R2 e R3. Igualdade de vetores em Rn Dois vetores u = (x1, x2, . . . , xn) e v = (y1, y2, . . . , yn) são iguais se, e somente se, x1 = y1, x2 = y2, . . . , xn = yn, e escreve-se u = v. Operações com vetores em Rn Sejam os vetores u = (x1, x2, . . . , xn) e v = (y1, y2, . . . , yn) e k ∈ R. Define-se: a) u+ v = (x1 + y1, x2 + y2, . . . , xn + yn) b) ku = (kx1, kx2, . . . , kxn) Exemplo 6.1: Operações com vetores em R5 Sejam u = (1, 0, 2,−3, 4) e v = (0, 1, 1,−2, 5). u − 2v = u+ (−2v) = (1, 0, 2,−3, 4) + (−2(0, 1, 1,−2, 5)) = (1, 0, 2,−3, 4) + (0,−2,−2, 4,−10) = (1,−2, 0, 1,−6) Propriedades algébricas dos vetores em Rn Sejam u, v e w vetores em Rn; e sejam a e b escalares reais. Então, valem as propriedades: A) Em relação à adição: A1) u + v = v + u A2) (u+ v) +w = u + (v + w) A3) Existe 0 ∈ V tal que u+ 0 = u A4) Existe −u ∈ V tal que u+ (−u) = 0 M) Em relação à multiplicação por escalar: M1) a(u + v) = au + av M2) (a+ b)u = au + bu M3) (ab)u = a(bu) = b(au) M4) 1u = u 2 GA3X1 - Geometria Analítica e Álgebra Linear Prof. Lilian Candido 6.2 Espaços vetoriais Um espaço vetorial real é um conjunto V , não vazio, com duas operações: soma, V ×V + −→ V , e multiplicação por escalar, R×V · −→ V , tais que as propriedades a seguir sejam satisfeitas, ∀u,v,w ∈ V , ∀a, b ∈ R: A) Em relação à adição: A1) u + v = v + u A2) (u+ v) + w = u+ (v + w) A3) Existe 0 ∈ V tal que u+ 0 = u A4) Existe −u ∈ V tal que u+ (−u) = 0 M) Em relação à multiplicação por escalar: M1) a · (u + v) = a · u+ a · v M2) (a+ b) · u = a · u + b · u M3) (ab) · u = a · (b · u) = b · (a · u) M4) 1 · u = u Se na definição acima, ao invés de termos como escalares números reais, tivermos números complexos, V será um espaço vetorial complexo. Os elementos do espaço vetorial V serão chamados vetores, independentemente de sua natureza. Assim, os vetores podem ser números (quando V for um conjunto numérico), matrizes (quando V for constituído por matrizes), polinômios (quando V for constituído de polinômios), e assim por diante. São exemplos de espaços vetoriais: a) O conjunto dos vetores do espaço n-dimensional Rn = {(x1, x2, . . . , xn); xi ∈ R}, com as operações usuais de soma de vetores e multiplicação de vetor por escalar. b) O conjunto M(m,n) das matrizes reais m× n, com as operações usuais de soma de matrizes e multiplicação de matriz por escalar. c) O conjunto Pn = {a0+a1x+a2x2+· · ·+anxn; ai ∈ R} dos polinômios com coeficientes reais de grau menor ou igual a n, com as operações usuais de soma de polinômios e multiplicação de polinômio por escalar. d) O conjunto V = {f : R → R} das funções reais definidas em R, com as operações usuais de soma de funções e multiplicação de função por escalar. Teorema: Seja V um espaço vetorial, u um vetor em V e a um escalar. São válidas as seguintes propriedades: i) 0 · u = 0 ii) a · 0 = 0 iii) −1 · u = −u iv) Se a · u = 0, então a = 0 ou u = 0. 3 GA3X1 - Geometria Analítica e Álgebra Linear Prof. Lilian Candido 6.3 Subespaços vetoriais Sejam V um espaço vetorial e W um subconjunto não vazio de V . Se W é um espaço vetorial em relação à adição e à multiplicação por escalar definidas em V , então W é chamado de um subespaço vetorial de V . Assim, para que W seja um subespaço vetorial, devem estar definidas em W as operações de soma e multiplicação por escalar definidas em V , e devem ser satisfeitas as oito propriedades A1, A2, A3, A4, P1, P2, P3 e P4 da definição de espaço vetorial. No entanto, o teorema a seguir diz que basta que estejam definidas em W as operações de soma e multiplicação por escalar definidas em V para que W seja um subespaço vetorial. Teorema: Dado um espaço vetorial V , um subconjunto W , não vazio, será um subespaço vetorial de V se: i) Para quaisquer u,v ∈ W , tem-se u+ v ∈ W . ii) Para quaisquer k ∈ R, u ∈ W , tem-se k · u ∈ W . Demonstração. Como W é um subconjunto de um espaço vetorial V , e as operações em W são as mesmas que aquelas definidas em V , as propriedades A1, A2, P1, P2, P3 e P4 são válidas em W , pois são válidas para todos os elementos de V . Como W é não vazio, tomemos um elemento w qualquer de W . Da condição (ii), dado qualquer escalar k, o vetor k ·w está em W . Tomando k = 0, temos que 0 ·w = 0 está em W , e a propriedade A3 é satisfeita. Tomando k = −1, temos que −1 · w = −w está em W , e a propriedade A4 é satisfeita. � Um subespaço vetorial também é um espaço vetorial, portanto, ele deve conter o vetor nulo. De fato, o subespaço mais simples de um espaço vetorial V é aquele que consiste apenas do vetor nulo, W = {0}, chamado de subespaço nulo. Outro subespaço de V é o próprio V . Todo espaço vetorial contém esses dois subespaços triviais, e subespaços diferentes desses são chamados de subespaços próprios (ou não triviais). Exemplo 6.2: O subespaço nulo Se V é um espaço vetorial, o subconjunto W = {0} que consiste apenas no vetor nulo de V é um subespaço vetorial de V . De fato, W é não vazio, e temos i) 0 + 0 = 0 ii) k · 0 = 0 para qualquer k ∈ R Exemplo 6.3: Subespaços vetoriais em R2 a) Seja W = {(x, y) ∈ R2; y = 2x}, ou seja, W = {(x, 2x); x ∈ R}, isto é, o conjunto dos vetores de R2 que têm a segunda coordenada igual ao dobro da primeira. Vamos verificar se W é um subespaço vetorial de R2. W contém o vetor nulo 0 = (0, 0) de R2. Dados u = (x1, 2x1),v = (x2, 2x2) ∈ W e k ∈ R, temos: i) u+v = (x1, 2x1)+(x2, 2x2) = (x1+x2, 2x1+2x2) = (x1+x2, 2(x1+x2)) ∈ W , pois a segunda coordenada de u + v é o dobro da primeira. 4 GA3X1 - Geometria Analítica e Álgebra Linear Prof. Lilian Candido ii) ku = k(x1, 2x1) = (kx1, 2kx1) ∈ W , pois a segunda coordenada de au é o dobro da primeira. Portanto, W é subespaço vetorial de R2. b) Seja W = {(x, y) ∈ R2; y = 4 − 2x}. Vamos verificar se W é um subespaço vetorial de R2. W não contém o vetor nulo 0 = (0, 0) de R2. Então W não é subespaço vetorial de R2. c) Seja W = {(x, x2); x ∈ R}, isto é, o conjunto dos vetores de R2 que têm a segunda coordenada igual ao quadrado da primeira. Vamos verificar se W é um subespaço vetorial de R2. W contém o vetor nulo 0 = (0, 0) de R2. Dados u = (x1, x21),v = (x2, x 2 2) ∈ W e k ∈ R, temos: i) u + v = (x1, x21) + (x2, x 2 2) = (x1 + x2, x 2 1 + x 2 2) /∈ W , pois a segunda coordenada de u+ v não é o quadrado da primeira. Como a condição (i) não foi satisfeita, não precisamos verificar a condição (ii), e podemos concluir que W não é subespaço vetorial de R2. d) Seja W = {(x, y) ∈ R2; x ≥ 0}, isto é, o conjunto dos vetores de R2 que têm a primeira coordenada não negativa. Vamos verificar se W é um subespaço vetorial de R2. W contém o vetor nulo 0 = (0, 0) de R2. Sejam u = (x1, y1),v = (x2, y2) ∈ W , entãosabemos que x1 ≥ 0 e x2 ≥ 0. Dado k ∈ R, temos: i) u + v = (x1, y1) + (x2, y2) = (x1 + x2, y1 + y2) ∈ W , pois x1 + x2 ≥ 0. ii) ku = k(x1, y1) = (kx1, ky1). Se k < 0 e x1 > 0, teremos ax1 < 0, e então au /∈ W . Como a condição (ii) não foi satisfeita, podemos concluir que W não é subespaço vetorial de R2. Exemplo 6.4: Subespaços vetoriais de R3 a) Seja W = {(x, 0, 0); x ∈ R}, isto é, o conjunto dos vetores de R3 que têm a segunda e terceira coordenadas nulas. Vamos verificar se W é um subespaço vetorial de R3. W contém o vetor nulo 0 = (0, 0, 0) de R3. Sejam u = (x1, 0, 0),v = (x2, 0, 0) ∈ W e k ∈ R. i) u + v = (x1, 0, 0) + (x2, 0, 0) = (x1 + x2, 0, 0) ∈ W , pois a segunda e a terceira coordenadas são nulas. ii) ku = k(x1, 0, 0) = (kx1, 0, 0) ∈ W , pois a segunda e a terceira coordenadas 5 GA3X1 - Geometria Analítica e Álgebra Linear Prof. Lilian Candido são nulas. Portanto, W é subespaço vetorial de R3. b) Seja W = {(x, y, 0); x, y ∈ R}, isto é, o conjunto dos vetores de R3 que têm a terceira coordenada nula. Vamos verificar se W é um subespaço vetorial de R3. W contém o vetor nulo 0 = (0, 0, 0) de R3. Sejam u = (x1, y1, 0),v = (x2, y2, 0) ∈ W e k ∈ R. i) u + v = (x1, y1, 0) + (x2, y2, 0) = (x1 + x2, y1 + y2, 0) ∈ W , pois a terceira coordenadas é nula. ii) au = k(x1, y1, 0) = (kx1, ky1, 0) ∈ W , pois a terceira coordenada é nula. Portanto, W é subespaço vetorial de R3. c) Seja W = {(x, y, 1); x, y ∈ R}, isto é, o conjunto dos vetores de R3 que têm a terceira coordenada igual a 1. Vamos verificar se W é um subespaço vetorial de R 3. W não contém o vetor nulo 0 = (0, 0, 0) de R3. Então W não é subespaço vetorial de R3. Exemplo 6.5: Subespaço vetorial de R4 Seja W = {(x1, x2,−x2, x1); xi ∈ R}, isto é, o conjunto dos vetores de R4 que têm a terceira coordenada igual ao oposto da segunda, e a quarta coordenada igul à primeira. Vamos verificar se W é um subespaço vetorial de R4. W contém o vetor nulo 0 = (0, 0, 0, 0) de R4. Sejam u = (x1, x2,−x2, x1),v = (y1, y2,−y2, y1) ∈ W e k ∈ R. i) u+v = (x1, x2,−x2, x1)+(y1, y2,−y2, y1) = (x1+y1, x2+y2,−x2−y2, x1+y1) = (x1+ y1, x2 + y2,−(x2 + y2), x1 + y1) ∈ W , pois a terceira coordenada é igual ao oposto da segunda, e a quarta coordenada é igul à primeira. ii) au = k(x1, x2,−x2, x1) = (kx1, kx2,−kx2, kx1) ∈ W , pois a terceira coordenada é igual ao oposto da segunda, e a quarta coordenada é igul à primeira. Portanto, W é subespaço vetorial de R4. Exemplo 6.6: Espaço-solução de um sistema homogêneo Seja o sistema homogêneo Ax = 0, em que A é uma matriz m×n. Uma solução para este sistema consiste em um vetor x ∈ Rn. O conjunto W das soluções deste sistema, isto é, W = {x ∈ Rn;Ax = 0}, é um subespaço vetorial de Rn. De fato, W contém o vetor nulo de Rn, pois A0 = 0. Tomando u,v ∈ W temos Au = 0 e Av = 0. Dado k ∈ R, temos: i) A(u+ v) = Au+ Av = 0 + 0 = 0, ou seja, u + v é solução do sistema e então u+ v ∈ W . 6 GA3X1 - Geometria Analítica e Álgebra Linear Prof. Lilian Candido ii) A(ku) = kAu = k0 = 0, ou seja, ku é solução do sistema e então au ∈ W . 6.4 Combinação linear É muito útil sob diversos aspectos que possamos construir um elemento de um espaço vetorial a partir de outros. Vejamos como fazer isso. Sejam V um espaço vetorial real, v1,v2, . . . ,vn ∈ V e a1, a2, . . . , an números reais. Então, o vetor v = a1 · v1 + a2 · v2 + · · ·+ an · vn é um elemento de V ao que chamamos combinação linear de v1, . . . ,vn. Os números a1, a2, . . . , an são denominados coeficientes da combinação linear. Exemplo 6.7: Determinação de combinações lineares em R2 a) Sejam os vetores v1 = (1, 0) e v2 = (0, 1). O vetor v = (3, 2) é combinação linear de v1 e v2, pois existem coeficientes a1 e a2 tais que v = a1v1 + a2v2. De fato, temos (3, 2) = a1(1, 0) + a2(0, 1) (3, 2) = (a1, 0) + (0, a2) (3, 2) = (a1, a2) que implica em a1 = 3 e a2 = 2. Assim, temos v = 3v1 + 2v2, isto é, (3, 2) = 3(1, 0) + 2(0, 1) b) Sejam os vetores v1 = (1, 0) e v2 = (1, 1). O vetor v = (3, 2) é combinação linear de v1 e v2, pois existem coeficientes a1 e a2 tais que v = a1v1 + a2v2. De fato, temos (3, 2) = a1(1, 0) + a2(1, 1) (3, 2) = (a1, 0) + (a2, a2) (3, 2) = (a1 + a2, a2) que implica no sistema { a1 + a2 = 3 a2 = 2 , cuja solução é a1 = 1 e a2 = 2. Assim, temos v = 1v1 + 2v2, isto é, (3, 2) = 1(1, 0) + 2(1, 1) c) Sejam os vetores v1 = (1, 0), v2 = (0, 1) e v3 = (1, 1). O vetor v = (3, 2) é combinação linear de v1, v2 e v3, pois existem coeficientes a1, a2 e a3 tais que v = a1v1 + a2v2 + a3v3. De fato, temos (3, 2) = a1(1, 0) + a2(0, 1) + a3(1, 1) (3, 2) = (a1, 0) + (0, a2) + (a3, a3) (3, 2) = (a1 + a3, a2 + a3) que implica no sistema { a1 + + a3 = 3 a2 + a3 = 2 , que tem infinitas soluções onde a1 = 3 − a3 e a2 = 2 − a3. Assim, v pode ser escrito como combinação linear de v1, v2 e v3 e infinitas maneiras. Por exemplo: 7 GA3X1 - Geometria Analítica e Álgebra Linear Prof. Lilian Candido - fazendo a3 = 0 tem-se a1 = 3 e a2 = 2, então temos v = 3v1 + 2v2 + 0v3, isto é, (3, 2) = 3(1, 0) + 2(0, 1) + 0(1, 1) - fazendo a3 = 1 tem-se a1 = 2 e a2 = 1, então temos v = 2v1 + 1v2 + 1v3, isto é, (3, 2) = 2(1, 0) + 1(0, 1) + 1(1, 1) Para cada valor atribuído a a3, vamos obter uma forma de escrever v como combinação linear de v1, v2 e v3. d) Sejam os vetores v1 = (1, 2) e v2 = (2, 4). O vetor v = (3, 2) não é combinação linear de v1 e v2, pois não existem coeficientes a1 e a2 e a3 tais que v = a1v1 + a2v2. De fato, temos (3, 2) = a1(1, 2) + a2(2, 4) (3, 2) = (a1, 2a1) + (2a2, 4a2) (3, 2) = (a1 + 2a2, 2a1 + 4a2) que implica no sistema { a1 + 2a2 = 3 2a1 + 4a2 = 2 , que não possui solução. Exemplo 6.8: Determinação de combinações lineares em R3 Sejam os vetores v1 = (1,−3, 2) e v2 = (2, 4,−1). a) O vetor v = (−4,−18, 7) é combinação linear de v1 e v2, pois existem coefici- entes a1 e a2 tais que v = a1v1 + a2v2. De fato, temos (−4,−18, 7) = a1(1,−3, 2) + a2(2, 4,−1) (−4,−18, 7) = (a1,−3a1, 2a1) + (2a2, 4a2,−a2) (−4,−18, 7) = (a1 + 2a2,−3a1 + 4a2, 2a1 − a2) que que implica no sistema a1 + 2a2 = −4 −3a1 + 4a2 = −18 2a1 − a2 = 7 , cuja solução é a1 = 2 e a2 = −3. Assim, temos v = 2v1 − 3v2, isto é, (−4,−18, 7) = 2(1,−3, 2)− 3(2, 4,−1) b) O vetor v = (4, 3,−6) não é combinação linear de v1 e v2, pois não existem coeficientes a1 e a2 tais que v = a1v1 + a2v2. De fato, temos (4, 3,−6) = a1(1,−3, 2) + a2(2, 4,−1) (4, 3,−6) = (a1,−3a1, 2a1) + (2a2, 4a2,−a2) (4, 3,−6) = (a1 + 2a2,−3a1 + 4a2, 2a1 − a2) que que implica no sistema a1 + 2a2 = 4 −3a1 + 4a2 = 3 2a1 − a2 = −6 , que não possui solução. 8 GA3X1 - Geometria Analítica e Álgebra Linear Prof. Lilian Candido 6.5 Subespaços gerados Dado um conjunto S = {v1,v2, . . . ,vn} de vetores em um espaço vetorial V , o conjunto de todos os vetores que são combinações lineares dos vetores v1,v2, . . . ,vn é chamado de conjunto gerado por v1,v2, . . . ,vn, denotado por [v1,v2, . . . ,vn] ou [S]. Teorema: Seja S = {v1,v2, . . . ,vn} um conjunto não vazio de vetores num espaço veto- rial V . Então [S] é um subespaço vetorial de V . Demonstração. O vetor nulo pertence a [S], pois 0 = 0 · v1 + 0 · v2 + · · ·+ 0 · vn. Dados os vetores u = a1v1 + a2v2 + · · · + anvn,v = b1v1 + b2v2 + · · · + bnvn ∈ [S], e o escalar k ∈ R, temos i) u+ v = (a1 + b1)v1 + (a2 + b2)v2 + · · ·+ (an + bn)vn ∈ [S] ii) ku = ka1v1 + ka2v2 + · · ·+ kanvn ∈ [S] � Dizemos que [S] = [v1,v2, . . . ,vn] é o subespaço gerado pelos vetores v1,v2, . . . ,vn (ou pelo conjunto S), e que os vetores v1,v2, . . . ,vn (ou o conjunto S) geram o subespaço vetorial [S]. Os vetores v1,v2, . . . ,vn são chamados vetores geradores do subespaço [S], enquanto S é chamado conjunto gerador de [S]. O subespaço [S] é o “menor” subespaço de V que contém todos os vetores de S, no sentido de que qualquer outro subespaço de V que contenha todos aqueles vetores contém W . Para o caso particular de S = {}, define-se [S] = {0}. Exemplo 6.9: Subespaços gerados em R2 a) O subespaço gerado pelos vetores v1 = (1, 0) e v2 = (0, 1) é dadopor [v1,v2] = {(x, y) ∈ R 2/(x, y) = a1(1, 0) + a2(0, 1); a1, a2 ∈ R}. Então, devemos ter (x, y) = a1(1, 0) + a2(0, 1) (x, y) = (a1, 0) + (0, a2) (x, y) = (a1, a2) que implica em a1 = x e a2 = y. Dessa forma, (x, y) = x(1, 0) + y(0, 1) e então todo vetor (x, y) ∈ R2 é combi- nação linear de v1 e v2. Portanto, [v1,v2] = R2. b) O subespaço gerado pelos vetores v1 = (1, 0) e v2 = (1, 1) é dado por [v1,v2] = {(x, y) ∈ R 2/(x, y) = a1(1, 0) + a2(1, 1); a1, a2 ∈ R}. Então, devemos ter (x, y) = a1(1, 0) + a2(1, 1) (x, y) = (a1, 0) + (a2, a2) (x, y) = (a1 + a2, a2) que implica no sistema { a1 + a2 = x a2 = y , cuja solução é a1 = x−y e a2 = y. Dessa forma, (x, y) = (x − y)(1, 0) + y(1, 1) e então todo vetor (x, y) ∈ R2 é combinação linear de v1 e v2. Portanto, [v1,v2] = R2. 9 GA3X1 - Geometria Analítica e Álgebra Linear Prof. Lilian Candido c) O subespaço gerado pelos vetores v1 = (1, 0), v2 = (0, 1) e v3 = (1, 1) é dado por [v1,v2,v3] = {(x, y) ∈ R 2/(x, y) = a1(1, 0) + a2(0, 1) + a3(1, 1); a1, a2, a3 ∈ R}. Então, devemos ter (x, y) = a1(1, 0) + a2(0, 1) + a3(1, 1) (x, y) = (a1, 0) + (0, a2) + (a3, a3) (x, y) = (a1 + a3, a2 + a3) que implica no sistema { a1 + a3 = x a2 + a3 = y , que possui infinitas soluções para quaisquer (x, y). Dessa forma, todo vetor (x, y) ∈ R2 é combinação linear de v1, v2 e v3. Portanto, [v1,v2,v3] = R2. d) O subespaço gerado pelos vetores v1 = (1, 2) e v2 = (2, 4) é dado por [v1,v2] = {(x, y) ∈ R 2/(x, y) = a1(1, 2) + a2(2, 4); a1, a2 ∈ R}. Então, devemos ter (x, y) = a1(1, 2) + a2(2, 4) (x, y) = (a1, 2a1) + (2a2, 4a2) (x, y) = (a1 + 2a2, 2a1 + 4a2) que implica no sistema { a1 + 2a2 = x 2a1 + 4a2 = y . Este sistema possui solução se 2x − y = 0, ou seja, o vetor (x, y) pertence ao subespaço gerado por v1 e v2 se satisfaz a condição y = 2x. Portanto, [v1,v2] = {(x, y) ∈ R2/y = 2x}. e) O subespaço gerado pelo vetor v1 = (1, 2) é dado por [v1,v2] = {(x, y) ∈ R 2/(x, y) = a1(1, 2), a1 ∈ R}. Então, devemos ter (x, y) = a1(1, 2) (x, y) = (a1, 2a1) isto é, y = 2x. Portanto, [v1] = {(x, y) ∈ R2/y = 2x}. Exemplo 6.10: Subespaços gerados em R3 a) Sejam os vetores v1 = (1, 0, 0), v2 = (0, 1, 0) e v3 = (0, 0, 1), e seja W = [v1,v2,v3], isto é, W = {(x, y, z) ∈ R3/(x, y, z) = a1(1, 0, 0) + a2(0, 1, 0) + a3(0, 0, 1); a1, a2, a3 ∈ R}. Então, devemos ter (x, y, z) = a1(1, 0, 0) + a2(0, 1, 0) + a3(0, 0, 1) (x, y, z) = (a1, 0, 0) + (0, a2, 0) + (0, 0, a3) (x, y, z) = (a1, a2, a3) que implica em a1 = x, a2 = y e a3 = z. Dessa forma, (x, y, z) = x(1, 0, 0) + y(0, 1, 0) + z(0, 0, 1) e então todo vetor (x, y, z) ∈ R3 é combinação linear de v1, v2 e v3. 10 GA3X1 - Geometria Analítica e Álgebra Linear Prof. Lilian Candido Portanto, [v1,v2,v3] = R3. b) Sejam os vetores v1 = (1, 1, 1), v2 = (1, 1, 0) e v3 = (1, 0, 0), e seja W = [v1,v2,v3], isto é, W = {(x, y, z) ∈ R3/(x, y, z) = a1(1, 1, 1) + a2(1, 1, 0) + a3(1, 0, 0); a1, a2, a3 ∈ R}. Então, devemos ter (x, y, z) = a1(1, 1, 1) + a2(1, 1, 0) + a3(1, 0, 0) (x, y, z) = (a1, a1, a1) + (a2, a2, 0) + (a3, 0, 0) (x, y, z) = (a1 + a2 + a3, a1 + a2, a1) que implica no sistema a1 + a2 + a3 = x a1 + a2 = y a1 = z , cuja solução é a1 = z, a2 = y − z e a3 = x− y. Dessa forma, (x, y, z) = z(1, 1, 1)+ (y− z)(1, 1, 0)+ (x− y)(1, 0, 0) e então todo vetor (x, y, z) ∈ R3 é combinação linear de v1, v2 e v3. Portanto, [v1,v2,v3] = R3. c) Sejam os vetores v1 = (1, 1, 2), v2 = (1, 0, 1) e v3 = (2, 1, 3), e seja W = [v1,v2,v3], isto é, W = {(x, y, z) ∈ R3/(x, y, z) = a1(1, 1, 2) + a2(1, 0, 1) + a3(2, 1, 3); a1, a2, a3 ∈ R}. Então, devemos ter (x, y, z) = a1(1, 1, 2) + a2(1, 0, 1) + a3(2, 1, 3) (x, y, z) = (a1, a1, 2a1) + (a2, 0, a2) + (2a3, a3, 3a3) (x, y, z) = (a1 + a2 + 2a3, a1 + a3, 2a1 + a2 + a3) que implica no sistema a1 + a2 + 2a3 = x a1 + a3 = y 2a1 + a2 + 3a3 = z . Este sistema possui solução se −x− y+ z = 0, ou seja, o vetor (x, y, z) pertence ao subespaço gerado por v1, v2 e v3 se satisfaz a condição x+ y − z = 0. Portanto, = [v1,v2,v3] = {(x, y, z) ∈ R3/x+ y − z = 0}. d) O subespaço gerado pelos vetores v1 = (1, 0, 0) e v2 = (0, 1, 0) é dado por [v1,v2] = {(x, y, z) ∈ R 3/(x, y, z) = a1(1, 0, 0) + a2(0, 1, 0); a1, a2 ∈ R} Então, devemos ter (x, y, z) = a1(1, 0, 0) + a2(0, 1, 0) (x, y, z) = (a1, 0, 0) + (0, a2, 0) (x, y, z) = (a1, a2, 0) isto é, z = 0. Portanto, [v1,v2] = {(x, y, z) ∈ R3/z = 0}. e) O subespaço gerado pelo vetor v1 = (1, 2, 3) é dado por [v1] = {(x, y, z) ∈ R 3/(x, y, z) = a1(1, 2, 3); a1 ∈ R} Então, devemos ter (x, y, z) = a1(1, 2, 3) (x, y, z) = (a1, 2a1, 3a1) isto é, y = 2x e z = 3x. 11 GA3X1 - Geometria Analítica e Álgebra Linear Prof. Lilian Candido Portanto, [v1] = {(x, y, z) ∈ R3/y = 2x, z = 3x}. Sendo [S] o subespaço gerado por um conjunto S, vejamos o que acontece se adici- onarmos ao conjunto gerador S um vetor do subespaço [S]. Teorema: Dado um conjunto S = {v1,v2 . . . ,vn} de um espaço vetorial V , se w ∈ [S] , isto é, w = a1v1 + a2v2 + . . .+ anvn, então [v1,v2, . . . ,vn] = [v1,v2, . . . ,vn,w] Demonstração. Supondo que v ∈ [v1,v2, . . . ,vn,w], então existem coeficientes b1, b2, . . . , bn, b tais que v = b1v1 + b2v2 + . . .+ bnvn + bw Assim, temos v = b1v1 + b2v2 + . . .+ bnvn + b(a1v1 + a2v2 + . . .+ anvn) ou seja, v = (b1 + a1b)v1 + (b2 + a2b)v2 + . . .+ (bn + anb)vn e, portanto, v é combinação linear de v1,v2, . . . ,vn, isto é, v ∈ [v1,v2, . . . ,vn]. Reciprocamente, supondo que v ∈ [v1,v2, . . . ,vn], então existem coeficientes b1, b2, . . . , bn tais que v = b1v1 + b2v2 + . . .+ bnvn Assim, temos v = b1v1 + b2v2 + . . .+ bnvn + 0w e, portanto, v é combinação linear de v1,v2, . . . ,vn,w, isto é, v ∈ [v1,v2, . . . ,vn,w]. � Assim, sendo [S] o subespaço gerado por um cojunto S, ao acrescentarmos vetores de [S] ao conjunto S, o subespaço gerado será o mesmo. Esse fato faz entender que um determinado subespaço pode ser gerado por uma inifinidade de vetores, porém existe um número mínimo de vetores para gerá-lo. 6.6 Dependência e independência linear Dado um espaço vetorial V , seja [S] o subespaço gerado pelo conjunto S. Do último teorema, vimos que se algum vetor em S for combinação linear dos demais vetores em S, então este é um vetor supérfluo para descrever o subespaço, isto é, podemos retirar esse vetor do conjunto gerador e o subespaço gerado não será alterado. Em particular, é desejável que o conjunto gerador tenha o menor número possível de vetores, isto é, não tenha vetores desnecessários. Para isso, é preciso analisarmos como os vetores dependem uns dos outros. Se em um dado conjunto, algum vetor for combinação linear dos demais vetores, dizemos que o conjunto é linearmente dependente. Caso nenhum vetor seja combinação linear dos demais vetores, dizemos que o conjunto é linearmente independente. Dessa forma, o conjunto gerador S terá o menor número possível de vetores se for linearmente independente. Nesta seção, vamos desenvolver maneiras de descobrir se um conjunto S é linear- mente independente. 12 GA3X1 - Geometria Analítica e Álgebra Linear Prof. Lilian Candido Seja S = {v1,v2, . . . ,vn}. Suponha que vi seja combinação linear dos demais vetores de S: vi = b1v1 + b2v2 + . . .+ bi−1vi−1 + bi+1vi+1 + · · ·+ bnvn Subtraindo vi de ambos os membros dessa equação e reordenando os termos, temos: b1v1 + b2v2 + . . .+ bi−1vi−1 − vi + bi+1vi+1 + · · ·+ bnvn = 0 De modo geral, podemos renomear os coeficientes para que a equação fique sob forma a1v1 + a2v2 + . . .+ ai−1vi−1 + aivi + ai+1vi+1 + · · ·+ anvn = 0 Para que possamos isolar algum vi em termos dos outros vetores, devemos ter, pelo menos ai 6= 0, pois precisaremos ter vi = a1 ai v1 + a2 ai v2 + . . .+ ai−1 ai vi−1 + ai+1 ai vi+1 + · · ·+ an ai vn Portanto, para que um dos vetores seja combinação linear dos demais, os coeficientes a1, . . . , an não podem ser todos nulos. Caso os coeficientes a1, . . . , an sejam todos nulos, nenhum vetor do conjunto será combinação linear dos demais. Dizemos que o conjunto S = {v1,v2, . . . ,vn} é linearmenteindependente (LI), ou que os vetores v1,v2, . . . ,vn são linearmente independentes (LI), se a equação a1v1 + a2v2 + · · ·+ anvn = 0 implica que a1 = a2 = · · · = an = 0. No caso em que exista algum ai 6= 0 dizemos que o cojunto S = {v1,v2, . . . ,vn} é linearmente dependente (LD), ou que os vetores v1,v2, . . . ,vn são linearmente dependentes (LD). Exemplo 6.11: Dependência e independência linear em R2 a) O conjunto S = {(1, 0), (0, 1)} é linearmente independente. De fato, dado a1v1 + a2v2 = 0 temos a1(1, 0) + a2(0, 1) = (0, 0) (a1, 0) + (0, a2) = (0, 0) (a1, a2) = (0, 0) que implica em a1 = 0 e a2 = 0. b) O conjunto S = {(1, 0), (1, 1)} é linearmente independente. De fato, dado a1v1 + a2v2 = 0 temos a1(1, 0) + a2(1, 1) = (0, 0) (a1, 0) + (a2, a2) = (0, 0) (a1 + a2, a2) = (0, 0) que implica no sistema { a1 + a2 = 0 a2 = 0 , cuja solução é a1 = 0 e a2 = 0. c) O conjunto S = {(1, 0), (0, 1), (1, 1)} é linearmente dependente. De fato, dado a1v1 + a2v2 + a3v3 = 0 temos a1(1, 0) + a2(0, 1) + a3(1, 1) = (0, 0) (a1, 0) + (0, a2)(a3, a3) = (0, 0) (a1 + a3, a2 + a3) = (0, 0) 13 GA3X1 - Geometria Analítica e Álgebra Linear Prof. Lilian Candido que implica no sistema { a1 + a3 = 0 a2 + a3 = 0 , que é um sistema homogêneo com menos equações do que incógnitas, e portanto possui infinitas soluções, dadas por a1 = −a3 e a2 = −a3. Uma solução particular para este sistema é a1 = −1, a2 = −1 e a3 = 1. Dessa forma, tem-se: −1v1 − 1v2 + 1v3 = 0 e então v1 = −v2 + v3, ou seja, v1 é combinação linear de v2 e v3; v2 = −v1 + v3, ou seja, v2 é combinação linear de v1 e v3; v3 = v1 + v2, ou seja, v3 é combinação linear de v1 e v2. d) O conjunto S = {(1, 2), (2, 4)} é linearmente dependente. De fato, dado a1v1 + a2v2 = 0 temos a1(1, 2) + a2(2, 4) = (0, 0) (a1, 2a1) + (2a2, 4a2) = (0, 0) (a1 + 2a2, 2a1 + 4a2) = (0, 0) que implica no sistema { a1 + 2a2 = 0 2a1 + 4a2 = 0 , que tem infinitas soluções onde a1 = −2a2. Uma solução particular para este sistema é a1 = −2 e a2 = 1. Dessa forma, tem-se: −2v1 + 1v2 = 0 e então v1 = 1 2 v2, ou seja, v1 é combinação linear de v2; v2 = 2v1, ou seja, v2 é combinação linear de v1. e) O conjunto S = {(1, 2)} é linearmente independente. De fato, dado a1v1 = 0 temos a1(1, 2) = (0, 0) (a1, 2a1) = (0, 0) que implica em a1 = 0. Exemplo 6.12: Dependência e independência linear em R3 a) O conjunto S = {(1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)} é linearmente independente. De fato, dado a1v1 + a2v2 + a3v3 = 0 temos a1(1, 0, 0) + a2(0, 1, 0) + a3(0, 0, 1) = (0, 0, 0) (a1, 0, 0) + (0, a2, 0) + (0, 0, a3) = (0, 0, 0) (a1, a2, a3) = (0, 0, 0) que implica em a1 = 0, a2 = 0 e a3 = 0. b) O conjunto S = {(1, 1, 1), (1, 1, 0), (1, 0, 0)} é linearmente independente. De fato, dado a1v1 + a2v2 + a3v3 = 0 temos a1(1, 1, 1) + a2(1, 1, 0) + a3(1, 0, 0) = (0, 0, 0) 14 GA3X1 - Geometria Analítica e Álgebra Linear Prof. Lilian Candido (a1, a1, a1) + (a2, a2, 0) + (a3, 0, 0) = (0, 0, 0) (a1 + a2 + a3, a1 + a2, a1) = (0, 0, 0) que implica no sistema a1 + a2 + a3 = 0 a1 + a2 = 0 a1 = 0 , cuja solução é a1 = 0, a2 = 0 e a3 = 0. c) O conjunto S = {(1, 1, 2), (1, 0, 1), (2, 1, 3)} é linearmente dependente. De fato, dado a1v1 + a2v2 + a3v3 = 0 temos a1(1, 1, 2) + a2(1, 0, 1) + a3(2, 1, 3) = (0, 0, 0) (a1, a1, 2a1) + (a2, 0, a2) + (2a3, a3, 3a3) = (0, 0, 0) (a1 + a2 + 2a3, a1 + a3, 2a1 + a2 + a3) = (0, 0, 0) que implica no sistema a1 + a2 + 2a3 = 0 a1 + a3 = 0 2a1 + a2 + 3a3 = 0 , que tem infinitas solu- ções, dadas por a1 = −a3 e a2 = −a3. Uma solução particular para este sistema é a1 = −1, a2 = −1 e a3 = 1. Dessa forma, tem-se: −1v1 − 1v2 + 1v3 = 0 e então v1 = −v2 + v3, ou seja, v1 é combinação linear de v2 e v3; v2 = −v1 + v3, ou seja, v2 é combinação linear de v1 e v3; v3 = v1 + v2, ou seja, v3 é combinação linear de v1 e v2. d) O conjunto S = {(1, 0, 0), (0, 1, 0)} é linearmente independente. De fato, dado a1v1 + a2v2 = 0 temos a1(1, 0, 0) + a2(0, 1, 0) = (0, 0, 0) (a1, 0, 0) + (0, a2, 0) = (0, 0, 0) (a1, a2, 0) = (0, 0, 0) que implica em a1 = 0 e a2 = 0. e) O conjunto S = {(1, 2, 3)} é linearmente independente. De fato, dado a1v1 = 0 temos a1(1, 2, 3) = (0, 0) (a1, 2a1, 3a1) = (0, 0) que implica em a1 = 0. O teorema a seguir se refere à dependêcia e à independência linear de conjuntos de um ou dois elementos e conjuntos que contenham o vetor nulo. Teorema: Seja S um conjunto em um espaço vetorial V . a) Se S contém o vetor nulo, então S é linearmente dependente. b) Se S contém exatamente um vetor v e v 6= 0, então S é linearmente independente. c) Se S contém dois vetores, então S é linearmente dependente se, e somente se, um dos vetores é múltiplo escalar do outro. 15 GA3X1 - Geometria Analítica e Álgebra Linear Prof. Lilian Candido Demonstração. a) Seja S = {v1,v2, . . . , 0, . . . ,vn}. Então a equação 0v1 + 0v2 + · · ·+ a0 + · · ·+ 0vn = 0 se verifica para a 6= 0. Portanto, S é linearmente dependente. b) Seja S = {v}, com v 6= 0. Então a equação av = 0 só se verifica se a = 0. Portanto, S é linearmente independente. c) Seja S = {v1,v2}. Supondo que S seja linearmente dependente, a equação a1v1 + a2v2 = 0 se verifica pra algum ai 6= 0. Supondo a1 6= 0, tem-se v1 = − a2 a1 v2, isto é, um dos vetores é múltiplo escalar do outro. Reciprocamente, supondo que v1 é múltiplo escalar de v2 tem-se v1 = kv2, isto é, v1 − kv2 = 0, e então a equação a1v1 + a2v2 = 0 se verifica para a1 = 1 e a2 = −k, isto é, S é linearmente dependente. 6.7 Base e dimensão de um espaço vetorial Queremos, nesta seção, determinar o número mínimo de vetores necessários para gerar um determinado espaço vetorial. Para que esse número seja mínimo, é necessário que o conjunto gerador seja linearmente independente. Tal conjunto gerador mínimo é chamado base do espaço vetorial. Um conjunto B = {v1, . . . ,vn} de vetores de um espaço vetorial V será uma base de V se: i) B gera o espaço vetorial V e ii) B é linearmente independete (LI). Exemplo 6.13: Bases em R2 a) O conjunto B = {(1, 0), (0, 1)} é base de R2. De fato, i) B gera R2 (exemplo 6.9a) ii) B é linearmente independente (exemplo 6.11a) A base B = {(1, 0), (0, 1)} é chamada de base canônica de R2. b) O conjunto B = {(1, 0), (1, 1)} é base de R2. De fato, i) B gera R2 (exemplo 6.9b) ii) B é linearmente independente (exemplo 6.11b) 16 GA3X1 - Geometria Analítica e Álgebra Linear Prof. Lilian Candido c) O conjunto B = {(1, 0), (0, 1), (1, 1)} não é base de R2. Vimos que i) B gera R2 (exemplo 6.9c) ii) B é linearmente dependente (exemplo 6.11c), logo a condição (ii) não é satisfeita. d) O conjunto B = {(1, 2), (2, 4)} não é base de R2. Vimos que i) B não gera R2 (exemplo 6.9d), logo a condição (i) não é satisfeita. ii) B é linearmente dependente (exemplo 6.11d), logo a condição (ii) não é satisfeita. e) O conjunto B = {(1, 2)} não é base de R2. Vimos que i) B não gera R2 (exemplo 6.9e), logo a condição (i) não é satisfeita. ii) B é linearmente independente (exemplo 6.11e) Exemplo 6.14: Bases em R3 a) O conjunto B = {(1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)} é base de R3. De fato, i) B gera R3 (exemplo 6.10a) ii) B é linearmente independente (exemplo 6.12a) A base B = {(1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)} é chamada de base canônica de R3. b) O conjunto B = {(1, 1, 1), (1, 1, 0), (1, 0, 0)}é base de R3. De fato, i) B gera R3 (exemplo 6.10b) ii) B é linearmente independente (exemplo 6.12b) c) O conjunto B = {(1, 1, 2), (1, 0, 1), (2, 1, 3)} não é base de R3. Vimos que i) B não gera R3 (exemplo 6.10c), logo a condição (i) não é sarisfeita. ii) B é linearmente dependente (exemplo 6.12c), logo a condição (ii) não é satisfeita. d) O conjunto B = {(1, 0, 0), (0, 1, 0)} não é base de R3. Vimos que i) B não gera R3 (exemplo 6.10d), logo a condição (i) não é sarisfeita. ii) B é linearmente independente (exemplo 6.12d) e) O conjunto B = {(1, 2, 3)} não é base de R3. Vimos que i) B não gera R3 (exemplo 6.10e), logo a condição (i) não é sarisfeita. ii) B é linearmente independente (exemplo6.12e) 17 GA3X1 - Geometria Analítica e Álgebra Linear Prof. Lilian Candido Exemplo 6.15: Base canônica de R4 O conjunto B = {(1, 0, 0, 0), (0, 1, 0, 0), (0, 0, 1, 0), (0, 0, 0, 1)} é base de R4. De fato i) [B] = {v ∈ R4/v = a1v1 + a2v2 + a3v3 + a4v4; a1, a2, a3, a4 ∈ R} Então, temos (x1, x2, x3, x4) = a1(1, 0, 0, 0) + a2(0, 1, 0, 0) + a3(0, 0, 1, 0) + a4(0, 0, 0, 1) (x1, x2, x3, x4) = (a1, 0, 0, 0) + (0, a2, 0, 0) + (0, 0, a3, 0) + (0, 0, 0, a4) (x1, x2, x3, x4) = (a1, a2, a3, a4) que implica em a1 = x1, a2 = x2, a3 = x3 e a4 = x4. Dessa forma, todo vetor v ∈ R4 é combinação linear de v1, v2, v3 e v4. Portanto, [B] = R4, ou seja, B gera R4. ii) Dado a1v1 + a2v2 + a3v3 + a4v4 = 0 temos a1(1, 0, 0, 0) + a2(0, 1, 0, 0) + a3(0, 0, 1, 0) + a4(0, 0, 0, 1) = (0, 0, 0, 0) (a1, 0, 0, 0) + (0, a2, 0, 0) + (0, 0, a3, 0) + (0, 0, 0, a4) = (0, 0, 0, 0) (a1, a2, a3, a4) = (0, 0, 0, 0) que implica em a1 = 0, a2 = 0, a3 = 0 e a4 = 0. Portanto, B é linearmente independente. A base B = {(1, 0, 0, 0), (0, 1, 0, 0), (0, 0, 1, 0), (0, 0, 0, 1)} é chamada de base canônica de R4. Exemplo 6.16: Base canônica de Rn O conjunto B = {(1, 0, . . . , 0), (0, 1, . . . , 0), . . . , (0, 0, . . . , 1)} é base de Rn. De fato i) [B] = {v ∈ Rn/v = a1v1 + a2v2 + · · ·+ anvn; a1, a2, . . . , an ∈ R} Então, temos (x1, x2, . . . , xn) = a1(1, 0, . . . , 0) + a2(0, 1, . . . , 0) + · · ·+ an(0, 0, . . . , 1) (x1, x2, . . . , xn) = (a1, 0, . . . , 0) + (0, a2, . . . , 0) + · · ·+ (0, 0, . . . , an) (x1, x2, . . . , xn) = (a1, a2, . . . , an) que implica em a1 = x1, a2 = x2, . . . , an = xn. Dessa forma, todo vetor v ∈ Rn é combinação linear de v1,v2, . . . ,vn. Portanto, [B] = Rn, ou seja, B gera Rn. ii) Dado a1v1 + a2v2 + · · ·+ anvn = 0 temos a1(1, 0, . . . , 0) + a2(0, 1, . . . , 0) + · · ·+ an(0, 0, . . . , 1) = (0, 0, . . . , 0) (a1, 0, . . . , 0) + (0, a2, . . . , 0) + · · ·+ (0, 0, . . . , an) = (0, 0, . . . , 0) (a1, a2, . . . , an) = (0, 0, . . . , 0) que implica em a1 = 0, a2 = 0, . . . , an = 0. Portanto, B é linearmente independente. A base B = {(1, 0, . . . , 0), (0, 1, . . . , 0), . . . , (0, 0, . . . , 1)} é chamada de base canônica de Rn. Teorema: Sejam v1,v2, . . . ,vn vetorers não nulos que geram um espaço vetorial V . En- tão, dentre esses vetores podemos extrair uma base de V . Demonstração. Se v1,v2, . . . ,vn são linearmente independentes, então eles forma uma base de V e não temos mais nada a fazer. 18 GA3X1 - Geometria Analítica e Álgebra Linear Prof. Lilian Candido Se v1,v2, . . . ,vn são linearmente dependentes, algum vetor vi é combinação linear dos de- mais vetores v1,v2, . . . ,vi−1,vi+1, . . . ,vn e, portanto, v1,v2, . . . ,vi−1,vi+1, . . . ,vn ainda geram V . Se v1,v2, . . . ,vi−1,vi+1, . . . ,vn ainda forem linearmente dependentes, um dos vetores é combinação linear dos demais vetores e retirando este vetor do conjnto gerador ainda continuamos gerando o espaço vetorial V . Seguindo desta forma, após retirar do conjunto uma quantidade finita de vetores chegaremos a um conjunto de vetores linear- mente independentes que ainda geram V , ou seja, formaremos uma base de V . � Exemplo 6.17: Obtendo uma base a partir do conjunto gerador a) Sejam os vetores v1 = (1, 2) e v2 = (2, 4), e W = [v1,v2]. Vimos que W = {(x, y) ∈ R2/y = 2x} (exemplo 6.9d). Dentre os vetores geradores v1 e v2, podemos extrair uma base de W = [v1,v2]. Os vetores v1 e v2 são linearmente dependentes (exemplo 6.11d). Dado a1v1 + a2v2 = 0 temos a1(1, 2) + a2(2, 4) = (0, 0) (a1, 2a1) + (2a2, 4a2) = (0, 0) (a1 + 2a2, 2a1 + 4a2) = (0, 0) que implica no sistema { a1 + 2a2 = 0 2a1 + 4a2 = 0 , que tem infinitas soluções onde a1 = −2a2. Uma solução particular para este sistema é a1 = −2 e a2 = 1. Dessa forma, tem-se: −2v1 + 1v2 = 0 e então v2 = 2v1 ou seja, v2 é combinação linear de v1. Desse modo, o vetor v2 é supérfluo no conjunto gerador, e temos simplesmente W = [v1]. O vetor v1 é linearmente independente, pois um único vetor não nulo é sempre linearmente independente. Portanto, B = {(1, 2)} é uma base do subespaço W . b) Sejam os vetores v1 = (1, 1, 2), v2 = (1, 0, 1) e v3 = (2, 1, 3), e W = [v1,v2,v3]. Vimos que W = {(x, y, z) ∈ R3/x+ y − z = 0} (exemplo 6.10c). Dentre os vetores geradores v1, v2 e v3, podemos extrair uma base de W =. Os vetores v1, v2 e v3 são linearmente dependentes (exemplo 6.12c). Dado a1v1 + a2v2 + a3v3 = 0 temos a1(1, 1, 2) + a2(1, 0, 1) + a3(2, 1, 3) = (0, 0, 0) (a1, a1, 2a1) + (a2, 0, a2) + (2a3, a3, 3a3) = (0, 0, 0) (a1 + a2 + 2a3, a1 + a3, 2a1 + a2 + a3) = (0, 0, 0) que implica no sistema a1 + a2 + 2a3 = 0 a1 + a3 = 0 2a1 + a2 + 3a3 = 0 , que tem infinitas solu- ções, dadas por a1 = −a3 e a2 = −a3. 19 GA3X1 - Geometria Analítica e Álgebra Linear Prof. Lilian Candido Uma solução particular para este sistema é a1 = −1, a2 = −1 e a3 = 1. Dessa forma, tem-se: −1v1 − 1v2 + 1v3 = 0 e então v3 = v1 + v2 ou seja, v3 é combinação linear de v1 e v2. Desse modo, o vetor v3 é supérfluo no conjunto gerador, e temos simplesmente W = [v1,v2]. Os vetores v1 e v2 são linearmente independentes, pois um não é múltiplo escalar do outro. Portanto, B = {(1, 1, 2), (1, 0, 1)} é uma base do subespaço W . Exemplo 6.18: Obtendo uma base de um subespaço vetorial a) Seja o subespaço vetorial W = {(x, y) ∈ R2/y = 2x}, isto é, o subespaço de R 2 formado pelos vetores que têm a segunda coordenada igual ao dobro da primeira. Então os vetores de W podem ser escritos como (x, 2x) = x(1, 2) Desse modo, vemos que W é gerado pelo vetor v1 = (1, 2). O vetor v1 é linearmente independente, pois um único vetor não nulo é sempre linearmente independente. Portanto, B = {(1, 2)} é uma base de W . b) Seja o subespaço vetorial W = {(x, y, z) ∈ R3/z = 0}, isto é, o subespaço de R2 formado pelos vetores que têm a terceira coordenada nula. Então os vetores de W podem ser escritos como (x, y, 0) = x(1, 0, 0) + y(0, 1, 0) Desse modo, vemo que W é gerado pelos vetores v1 = (1, 0, 0) e v2 = (0, 1, 0). Os vetoesr v1 e v2 são linearmente independentes, pois um não é múltiplo escalar do outro. Portanto, B = {(1, 0, 0), (0, 1, 0)} é uma base de W . Teorema: Seja B = {v1,v2, . . . ,vn} uma base de um espaço vetorial V . Então: (a) Um conjunto com menos de n vetores não gera V . (b) Um conjunto com mais de n vetores é linearmente dependente. Corolário: Qualquer base de um espaço vetorial V tem sempre o mesmo número de vetores. O número de vetores de uma base de um espaço vetorial V é chamado dimensão de V e denotado por dimV . Se V é o espaço vetorial nulo, define-se dim V = 0. 20 GA3X1 - Geometria Analítica e Álgebra Linear Prof. Lilian Candido Exemplo 6.19: Dimensão de Rn Para o espaço vetorial Rn, uma das bases é a base canônica B = {(1, 0, . . . , 0), (0, 1, . . . , 0), . . . , (0, 0, . . . , 1)} Como B possui n vetores, temos dimRn = n. Em particular: No R2 temos a base canônica B = {(1, 0), (0, 1)}, logo, dimR2 = 2. No R3 temos a base canônica B = {(1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)}, logo, dimR3 = 3. Sabemos que um conjunto B é base de V se B gera V e se B for linearmente independente. No entanto, se soubermos que dim V = n, para obtermos uma base de V basta que apenas uma das condições de base esteja atendida. A outra condição ocorre automaticamente. Teorema: Seja V um espaço vetorial de dimensão n. (a) Qualquer subconjunto de V com n vetores geradores de V é uma base de V . (b) Qualquer subconjunto de V com n vetores linearmente independente é uma base de V . Podemos, ainda, relacionar a dimensão de um espaço vetorial com a dimensão de seus subespaços pelo teorema a seguir. Teorema: Se W for um subespaço vetorial de um espaço vetorial V de dimensão finita, então (a) W tem dimensão finita. (b) dimW ≤ dimV . (c) W = V se, e somente se dimW = dimV . Exemplo 6.20: Determinando a dimensão de um espaço vetorial a) Seja W = {(x, y) ∈ R2/y = 2x}. O conjunto B = {(1, 2)} é uma base de W (exemplo 6.18a). Como a base obtida para W possui um único vetor, temos dimW = 1. b) Seja W ={(x, y, z) ∈ R3/z = 0}. O conjunto B = {(1, 0, 0), (0, 1, 0)} é uma base de W (exemplo 6.18b). Como a base obtida para W possui dois vetores, temos dimW = 2. 21 GA3X1 - Geometria Analítica e Álgebra Linear Prof. Lilian Candido 6.8 Coordenadas de um vetor em relação a uma base Vimos que um espaço vetorial possui infinitas bases, todas com a mesma quantidade de vetores. Nesta seção, veremos como representar um vetor em relação às diferentes bases de um espaço vetorial. Teorema: Dada uma base B = {v1,v2, . . . ,vn} de V , cada vetor de V é escrito de maneira única como combinação linear de v1,v2, . . . ,vn. De acordo com o teorema anterior, um vetor v ∈ V é escrito como uma única com- binação linear v = a1v1+a2v2+ . . .+anvn dos vetores de uma base B = {v1,v2, . . . ,vn} de V . Os números a1, a2, . . . , an são chamados coordenadas de v em relação à base B, e o vetor coluna [v] B = a1 a2 ... an é o vetor de coordenadas de v em relação à base B. É importante notar que a ordem dos vetores de uma base influi no vetor de coorde- nadas de um vetor em relação a esta base. Em virtude disso, ao considerarmos uma base B = {v1,v2, . . . ,vn}, estaremos sempre subentendendo que a base seja ordenada, isto é, que os vetores estão ordenados na ordem em que aparecem. Exemplo 6.21: Coordenadas de um vetor em relação a uma base No espaço vetorial R2, tomemos o vetor v = (3, 2). a) Seja a base canônica B = {(1, 0), (0, 1)}. Para obter as coordenadas de v = (3, 2) em relação à base B, precisamos escrever v = (3, 2) como combinação linear dos vetores v1 = (1, 0) e v2 = (0, 1) da base B. Do exemplo 6.7a temos (3, 2) = 3(1, 0) + 2(0, 1) Portanto, o vetor de coordenadas de v em relação à base B é [v]B = [ 3 1 ] b) Seja a base B = {(1, 0), (1, 1)}. Para obter as coordenadas de v = (3, 2) em relação à base B, precisamos escrever v = (3, 2) como combinação linear dos vetores v1 = (1, 0) e v2 = (1, 1) da base B. Do exemplo 6.7b temos (3, 2) = 1(1, 0) + 2(1, 1) 22 GA3X1 - Geometria Analítica e Álgebra Linear Prof. Lilian Candido Portanto, o vetor de coordenadas de v em relação à base B é [v]B = [ 1 2 ] 6.9 Exercícios 1. Sejam u = (−3, 2, 1, 0), v = (4, 7,−3, 2) e v = (5,−2, 8, 1). Encontre as coordenadas de (a) v − w (b) 2u+ 7v (c) −u + (v − 4w) (d) 6 (u− 3v) (e) −v − w (f) (6v −w)− (4u+ v) 2. Verificar quais subconjuntos do R2 são subespaços vetoriais. (a) W = {(x, y); y = −x} (b) W = {(x, x2); x ∈ R} (c) W = {(x, y); x+ 3y = 0} (d) W = {(y, y); y ∈ R} (e) W = {(x, y); y = x+ 1} (f) W = {(x, y); x ≥ 0} 3. Verificar quais subconjuntos do R3 são subespaços vetoriais. (a) W = {(x, y, z); x = 4y e z = 0} (b) W = {(x, y, z); z = 2x− y} (c) W = {(x, y, z); x = z2} (d) W = {(y, y, z); y = x+ 2 e z = 0} (e) W = {(x, x, x); x ∈ R} (f) W = {(x, x, 0); x ∈ R} (g) W = {(y, y, z); xy = 0} (h) W = {(y, y, z); x = 0 e y = |z|} (i) W = {(y,−3x, 4x); x ∈ R} (j) W = {(y, y, z); x ≥ 0} (k) W = {(y, y, z); x+ y + z = 0} (l) W = {(4t, 2t,−t); t ∈ R} 4. Verificar se o subconjunto do R4 é subespaço vetorial. W = {(x1, x2, x3, 0); x1, x2, x3 ∈ R} 5. Considere o subespaço de R4 W = [(1, 1,−2, 4), (1, 1,−1, 2), (1, 4,−4, 8)] (a) O vetor ( 2 3 , 1,−1, 2 ) pertence a W ? (b) O vetor (0, 0, 1, 1) pertence a W ? 23 GA3X1 - Geometria Analítica e Álgebra Linear Prof. Lilian Candido 6. Determine se o conjunto S gera R2. Se o conjunto não gerar R2, então dê uma descrição geométrica do subespaço que ele gera. (a) S = {(2, 1), (−1, 2)} (b) S = {(−1, 1), (3, 1)} (c) S = {(5, 0), (5,−4)} (d) S = {(2, 0), (0, 1)} (e) S = {(−3, 5)} (f) S = {(1, 1)} (g) S = {(−1, 2), (2,−4)} (h) S = {(0, 2), (1, 4)} (i) S = {(1, 3), (−2,−6), (4, 12)} (j) S = {(−1, 2), (2,−1), (1, 1)} 7. Determine se o conjunto S gera R3. Se o conjunto não gerar R3, então dê uma descrição geométrica do subespaço que ele gera. (a) S = {(4, 7, 3), (−1, 2, 6), (2,−3, 5)} (b) S = {(5, 6, 5), (2, 1,−5), (0,−4, 1)} (c) S = {(−2, 5, 0), (4, 6, 3)} (d) S = {(1, 0, 1), (1, 1, 0), (0, 1, 1)} (e) S = {(1,−2, 0), (0, 0, 1), (−1, 2, 0)} (f) S = {(1, 0, 3), (2, 0,−1), (4, 0, 5), (2, 0, 6)} 8. Determine se os vetores dados geram o R4. Justifique a sua resposta. (a) S = {(1, 1, 1, 1), (0, 1, 1, 1), (0, 0, 1, 1), (0, 0, 0, 1)} (b) S = {(1, 3,−1, 0), (−2, 1, 0, 0), (0, 2, 1,−1), (3, 6,−3,−2)} 9. Classificar os seguintes subconjuntos do R2 em LI ou LD: (a) {(1, 3)} (b) {(1, 3), (2, 6)} (c) {(2,−1), (3, 5)} (d) {(1, 0), (−1, 1), (3, 5)} 10. Classificar os seguintes subconjuntos do R3 em LI ou LD: (a) {(2,−1, 3)} (b) {(1,−1, 1), (−1, 1, 1)} (c) {(2,−1, 0), (−1, 3, 0), (3, 5, 0)} (d) {(2, 1, 3), (0, 0, 0), (1, 5, 2)} (e) {(1, 2,−1), (2, 4,−2), (1, 3, 0)} (f) {(1,−1,−2), (2, 1, 1), (−1, 0, 3)} (g) {(1, 2,−1), (1, 0, 0), (0, 1, 2), (3,−1, 2)} 11. Classificar os seguintes subconjuntos do R4 em LI ou LD: (a) {(2, 1, 0, 0), (1, 0, 2, 1), (−1, 2, 0,−1)} (b) {(0, 1, 0,−1), (1, 1, 1, 1), (−1, 2, 0, 1), (1, 2, 1, 0)} (c) {(1,−1, 0, 0), (0, 1, 0, 0), (0, 0, 1,−1), (1, 2, 1,−2)} (d) {(1, 1, 2, 4), (1,−1,−4, 2), (0,−1,−3, 1), (2, 1, 1, 5)} 24 GA3X1 - Geometria Analítica e Álgebra Linear Prof. Lilian Candido 12. Verificar quais dos seguintes conjuntos de vetores formam base do R2: (a) {(1, 2), (−1, 3)} (b) {(3,−6), (−4, 8)} (c) {(0, 0), (2, 3)} (d) {(3,−1), (2, 3)} 13. Verificar quais dos seguintes conjuntos de vetores formam base do R3: (a) {(1, 1,−1), (2,−1, 0), (3, 2, 0)} (b) {(1, 0, 1), (0,−1, 2), (−2, 1,−4)} (c) {(2, 1,−1), (−1, 0, 1), (0, 0, 1)} (d) {(1, 2, 3), (4, 1, 2)} (e) {(0,−1, 2), (2, 1, 3), (−1, 0, 1), (4,−1,−2)} 14. Mostrar que o conjunto {(1, 1, 0, 0), (0, 0, 1, 1), (1, 0, 0, 3), (0, 0, 0, 5)} é base do R4. 15. Mostrar que os vetores v1 = (1, 1, 1), v2 = (1, 2, 3), v3 = (3, 0, 2) e v4 = (2,−1, 1) geram o R3 e encontrar uma base dentre os vetores v1, v2, v3 e v4. 16. Determinar uma base do subespaço do R4 gerado pelos vetores v1 = (1,−1, 0, 0), v2 = (−2, 2, 2, 1), v3 = (−1, 1, 2, 1) e v4 = (0, 0, 4, 2). 17. Em cada item, (i) dê uma descrição geométrica, (ii) encontre uma base e (iii) en- contre a dimensão do subespaço W de R2. (a) W = {(2t, t); t ∈ R} (b) W = {(0, t); t ∈ R} 18. Em cada item, (i) dê uma descrição geométrica, (ii) encontre uma base e (iii) en- contre a dimensão do subespaço W de R3. (a) W = {(2t, t,−t); t ∈ R} (b) W = {(2s− t, s, t); s, t ∈ R} 19. Em cada item, (i) encontre uma base e (ii) a dimensão do subespaço W de R4. (a) W = {(2s− t, s, t, s); s, t ∈ R} (b) W = {(5t,−3t, t, t); t ∈ R} (c) W = {(0, 6t, t,−t); t ∈ R} (d) W = {(s+ 4t, t, s, 2s− t); s, t ∈ R} 20. Determinar o vetor coordenada de v = (6, 2) em relação às seguintes bases: (a) α = {(3, 0), (0, 2)} (b) β = {1, 2), (2, 1)} (c) γ = {(1, 0), (0, 1)} (d) δ = {(0, 1), (1, 0)} 21. Quais são as coordenadas de x = (1, 0, 0) em relação à base β = {(1, 1, 1), (−1, 1, 0), (1, 0,−1)}? 25
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