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CDC AULA RESPONSABILIDADE

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AULA 05
RESPONSABILIDADE
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INTRODUÇÃO
Com a Revolução Industrial surgiu a fabricação de produtos e oferta de serviços em série, de forma padronizada, com diminuição dos custos.
Na produção seriada é impossível assegurar como resultado final um produto sem vício/defeito.
Uma das características principais da atividade econômica é o risco do empreendedor, que envolve muitas variáveis, como a escolha dos insumos, os meios de distribuição, a qualidade do produto, o preço, os impostos etc.
A questão do vício/defeito envolve o produto e o serviço em si, independente do produtor, visto que o produto/serviço que causam dano ao consumidor e não o fornecedor, que apenas é o responsável pelo ressarcimento dos prejuízos. 
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RESPONSABILIDADE OBJETIVA
Com o CDC o risco do negócio é do fornecedor,  RESPONSABILIDADE OBJETIVA
O fornecedor não pode ser considerado negligente, imprudente ou imperito.
OBS:
Negligente = quem causa dano por omissão.
Imprudente = quem causa dano por ação.
Imperito = profissional que não age com a destreza que dele se espera.
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RESPONSABILIDADE OBJETIVA
A responsabilidade por danos decorre da propagação do vício(art. 17), e supõe a ocorrência de três pressupostos:
 1) defeito do produto;
 2) eventus damni;
 3) relação de causalidade entre o defeito e o evento danoso.
A reparação do danos será ampla: material (danos emergentes e lucros cessantes), moral, estética e da imagem. 
Não interessa investigar a conduta do fornecedor de bens ou serviços, mas somente se deu causa (responsabilidade causal) ao produto ou serviço, sendo responsável pela sua colocação no mercado de consumo.
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RESPONSABILIDADE OBJETIVA
Súmula 37 do STJ: “São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato”. 
Súmula 227 do STJ:“A pessoa jurídica pode sofrer dano moral” .
EXISTE DIFERENÇA NA INDENIZAÇÃO POR DEFEITO E POR VÍCIO?
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VÍCIO X DEFEITO
O Vício é uma característica intrínseca do produto ou serviço. São considerados vícios os problemas de qualidade ou quantidade que tornem o produto/serviço inadequado ou impróprio ao uso e lhe diminua o valor. (vícios in re ipsa)
O Vício poder ser: aparente ou oculto.
O Defeito é o vício acrescido de um problema extra, algo extrínseco ao produto ou serviço, que causar um dano maior que um simples mau funcionamento ou não funcionamento. 
Existe vício sem defeito, mas não existe defeito sem vício.
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VÍCIO X DEFEITO
Em termos de dano ao consumidor: o Defeito é mais devastador que o Vício. Assim, só se fala em acidente de consumo na hipótese de defeito.
No CDC os defeitos são tratados dos arts. 12 ao 17 (vícios por insegurança - Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço). 
 Já os vícios são disposto nos arts. 18 ao 25 (vícios por inadequação).
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DEFEITO
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos (rol exemplificativo), bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. 
Responsabilidade Objetiva  sem culpa.
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DEFEITO
O CDC estabelece exceções a responsabilidade objetiva:
Art. 12 ....
§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar:
   I - que não colocou o produto no mercado (ex: falsificação);
 II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste (ex: acidente de carro provocado por falar no celular);
  III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro ( e a culpa concorrente? O STJ admite no Resp 287.849-SP, reduz o valor da indenização)
E o caso fortuito e a força maior? 
- Se ocorreu antes do produto/serviço ser colocado no mercado = o fornecedor será responsável. 
- Se ocorreu depois = o fornecedor não será responsável.
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DEFEITO
O comerciante é excluído do rol dos agentes responsáveis, respondendo apenas na hipótese do Art. 13. Também está excluído o distribuidor. 
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:
	I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados
	II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador
	III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso. (Ver art. 88)
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DEFEITO
Art. 14. O “fornecedor” (prestador) de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
	§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
	I - o modo de seu fornecimento;
	II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
	III - a época em que foi fornecido.
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas.
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DEFEITO
Art. 14. ...
§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
	I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
	II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro ( O STJ aceita a culpa concorrente como redutor do quantum).
§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa. 
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Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.
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VÍCIO
Os vícios antes da promulgação do CDC eram tratados pelo CC, onde é aplicada a terminologia de VÍCIOS REDIBITÓRIOS nos arts. 441 ao 446 do CC/2002.
O CDC aborda o tema em seus arts. 18 ao 25, bem como trata de prazos para sanar os vícios.
CONCEITO: São as características de qualidade ou quantidade que tornem os produtos ou serviços impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam e também lhes diminuem o valor, bem como, os decorrentes da diferença existente em relação ao que foi indicado no recipiente, rotulo, embalagem, oferta ou em mensagens publicitárias.
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VÍCIO
Os Vícios no CDC são os problemas que:
Fazem com que o produto não funcione adequadamente;
Fazem com que o produto funcione mal;
Diminua o valor do produto;
Não estejam de acordo com informações;
Façam os serviços apresentarem características com funcionamento insuficiente ou inadequado.
VÍCIO REDIBITÓRIO  é defeito oculto de coisa recebida em virtude de relação contratual, sendo o defeito grave e contemporâneo à celebração do contrato. Defeito pequeno monta ou superveniente ao negócio não afeta o princípio da garantia.
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VÍCIO
TIPOS DE VÍCIOS DO CDC:
Vício Aparente: É o de fácil constatação, é aquele que aparece com o singelo uso e consumo do produto ou serviço, ou ainda no momento da aquisição. (art. 26 caput)
 Vício Oculto: É aquele que só aparece com algum ou muito tempo após o uso, por não serem detectado por uma utilização ordinária.
A Responsabilidade pelo vício do produto e do serviço estão nos art. 18 a 25 do CDC 
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VÍCIO
Vícios de QUALIDADE dos Produtos  São aqueles que tornam o produto impróprio ou inadequado ao consumo que se destina, ou que diminuam o seu valor do produto ou houver disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária (art. 18)
Vícios de QUANTIDADE dos Produtos  São aqueles em que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, o conteúdo líquido é inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem
ou de mensagem publicitária. (art. 19)
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VÍCIO
Vícios de QUALIDADE dos Serviços  Os serviços prestados apresentam vícios quando os tornem impróprios ao consumo, ou diminuam o valor, ou houver disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária. (art. 20)
Vícios de QUANTIDADE dos Serviços  Decorrem da disparidade quantitativa com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária. Não há correspondência entre o serviço efetivamente prestado e aquele ofertado ao consumidor, diretamente ou mediante publicidade.
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VÍCIO DO PRODUTO
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de QUALIDADE ou QUANTIDADE que ...
Torne o produto impróprio ou inadequado ao consumo que se destina (é incapaz de satisfazer os tipos determinantes de sua aquisição, não são observadas normas ou padrões estabelecidos para a aferição da qualidade).;
Diminua o valor do produto;
Esteja em desacordo com o contido:
	- no recipiente, na embalagem e no rotulo;
	- na mensagem publicitária;
	- na apresentação (vitrine, prateleira, etc);
	- na oferta e informação em geral.
... respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. (exemplificativo)
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VÍCIO DO PRODUTO
Em regra a responsabilidade é solidária, 
PRAZO PARA O FORNECEDOR SANEAR O VÍCIO:
Art. 18. § 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
	I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
	II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
	III - o abatimento proporcional do preço.
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VÍCIO DO PRODUTO
Art. 18. ...
§ 2° Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. 
§ 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.
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VÍCIO DO PRODUTO
Art. 18. ...
§ 6° São impróprios ao uso e consumo:
	I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;
	II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação;
	III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam.
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VÍCIO DO PRODUTO
Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de QUANTIDADE do produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
	I - o abatimento proporcional do preço;
	II - complementação do peso ou medida;
	III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios;
	IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos.
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SERVIÇO PÚBLICO
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste código.
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MEDIDA JUDICIAL
Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.
§ 1° A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível se por elas optar o autor ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente.
§ 2° A indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da multa (art. 287, do Código de Processo Civil).
§ 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu. (art. 273 do CPC – necessário pedido do autor)

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