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Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais Página 1 LEI DE CRIMES AMBIENTAIS: Lei 9.605/98 1. Proteção do Meio Ambiente na CF/88: A Constituição Federal de 1988 dispensou tratamento especial ao Meio Ambiente. José Afonso da Silva afirma que outras Constituições não tiveram essa preocupação. Foi destinado capítulo específico de proteção ao meio ambiente, além de normas ao longo de todo texto constitucional sobre proteção do meio ambiente. Dentre todas essas medidas de proteção ao meio ambiente se encontra a proteção penal, o que significa dizer que há previsão expressa na CF de que as lesões ao meio ambiente devem também ser punidas criminalmente, além de administrativa e civilmente. Essa previsão expressa é o que Luiz Regis Prado denomina Mandato Expresso de Criminalização. Essa expressão foi usada para definir a tutela expressa de proteção ao meio ambiente. Esta disposição se encontra no art. 225, §3º da CF, senão vejamos: “As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.” As lesões ao meio ambiente sujeitam os infratores às sanções penais. Não há dúvida pois, que o meio ambiente deve ser e está penalmente tutelado, conforme disposição Constitucional. Essa discussão, em face da CF não tem sentido. 2. Lei 9.605/98: Cumprindo a determinação constitucional surgiu a Lei 9.605/98 (dez anos após a CF) para proteção ao meio ambiente. Pode referida lei ser chamada Lei Ambiental – LA. Essa lei pode ser dividida da seguinte forma: Parte geral – artigos 2º ao 28 � traz normas gerais de aplicação à lei penal. Parte especial – art. 29 e seguintes � traz a tipificação dos crimes ambientais. Observe-se que, no que a lei ambiental for omissa, há complementação pela aplicação subsidiária do Código Penal, Código de Processo Penal e Lei 9.099/95 (a maioria das infrações ambientais são infrações de menor potencial ofensivo). O objetivo claro e expresso dessa lei é a reparação do dano ambiental. A lei tem como propósito a reparação do dano ambiental, ou pelo menos, a sua compensação. Assim, podemos concluir que a maioria dos dispositivos da parte geral se encontra baseada na reparação dos danos ambientais. Ex. transação penal � somente é cabível se foi feita a composição acerca da reparação do dano ambiental, o que também ocorre com os demais institutos previstos na lei (suspensão condicional do processo, condenação com aplicação de penalidade para reparação do dano, etc.). 3. Art. 2º da Lei Ambiental – Responsabilidade Penal das Pessoas Físicas: “Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais Página 2 técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la. a) Concurso de Pessoas nos crimes ambientais: Há possibilidade de concurso de pessoas nos crimes ambientais, tendo a LA adotado a Teoria Monista ou Unitária do Concurso de Pessoas, tal como no art. 29, caput do CP. É o que prevê a primeira parte do art. 2º da Lei de crimes ambientais: “Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade”. b) Omissão penalmente relevante nos crimes ambientais A segunda parte do artigo afirma que diretor, administrador, gerente, conselho, membro de órgão técnico, preposto ou mandatário de pessoa jurídica têm o dever jurídico de agir e evitar crimes ambientais, ou seja, essa segunda parte do art. 2º (incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la) criou para essas pessoas o dever jurídico de agir, tornando a omissão deles penalmente relevante, nos termos do art. 13, §2º, “a” do Código Penal: “§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;” Assim, as pessoas previstas no art. 2º da Lei ambiental respondem pela prática de crimes ambientais, tanto por ação quanto por omissão. É necessário observar que, para que essas pessoas sejam punidas por omissão, são necessários dois requisitos: Ciência da conduta criminosa de outrem, ou seja, ciência da existência do crime. Poder de evitar a infração ambiental. Esses requisitos objetivam evitar a responsabilidade penal objetiva. Obs.: se a omissão de tais agentes foi culposa, somente poderá haver punição caso haja a forma culposa do crime ambiental. Isso tendo em vista a excepcionalidade do crime culposo (somente pode ser punido, se houver previsão expressa da forma culposa do crime). 3.1. Denúncia genérica: A fim de se evitar a responsabilidade penal objetiva, a jurisprudência atual do STF e do STJ não admite nos crimes ambientais, ou em qualquer crime societário, denúncia genérica. Denúncia genérica é aquela que não estabelece o mínimo vínculo entre o fato criminoso narrado na denúncia e o denunciado, ou seja, não estabelece o mínimo vínculo da conduta do agente com o fato criminoso. São denúncias que incluem no pólo passivo o diretor, gerente, sócio, etc. somente por ostentarem essa condição. A denúncia dá-se apenas pela condição ocupada pelo agente e não tendo em vista a prática delitiva. Essas denúncias vêm sendo reputadas ineptas pelo STF e STJ considerando que inviabilizam o exercício do contraditório e da ampla defesa. Se a pessoa não sabe qual o fato criminoso praticado Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais Página 3 por ela não tem como exercer o contraditório e a ampla defesa. Nesse sentido, STJ, HC 58.157 e RHC 24.390. Merece especial destaque o HC 86.789, STF, cujo relator foi Joaquim Barbosa, em que há afirmação de que tenha havido mudança de orientação jurisprudencial considerando que, nos crimes societários, o STF e o STJ entendiam que era apta a denúncia que não individualizasse as condutas dos denunciados, bastando indicar que eles eram, de algum modo, responsáveis pela empresa – se o agente era responsável pela empresa, era responsabilizado. O argumento utilizado era no sentido de que a individualização das condutas ocorreria na instrução criminal. Houve mudança de orientação jurisprudencial, e hoje, o STF e o STJ exigem que haja individualização das respectivas condutas na denúncia, em obediência os princípios do devido processo legal, ampla defesa e contraditório e dignidade da pessoa humana. Assim, atualmente, o STF e o STJ repudiam as denúncias genéricas. 3.1.1. Denúncia genérica X Denúncia Geral: Há setores da doutrina e jurisprudência que fazem diferenciação entre denúncia genérica e denúncia geral, podendo ser citado Eugênio Paccelli de Oliveira. Segundo tal autor, denúncia genérica é aquela que narra a conduta criminosa ou várias condutas criminosas e as imputa genericamente a todos os acusados, sem indicar quem agiu de tal ou qual maneira, inviabilizando o contraditório e a ampla defesa. Essa denúncia deve ser considerada inepta e via de consequência,rejeitada. Já a denúncia geral, é aquela que narra o fato criminoso com todas suas circunstâncias, como exige o CPP, e o imputa a todos os acusados, ou seja, a denúncia geral diz que todos acusados praticaram o fato criminoso narrado. Para Paccelli, essa denúncia é válida e apta, uma vez que, saber se os acusados praticaram ou não o fato criminoso é questão de prova e não pressuposto de desenvolvimento válido do processo. Observe-se que a distinção é bastante sutil. A jurisprudência do STF e do STJ também faz tal distinção, merecendo destaque os julgados: STJ, RHC 24.515 (Celso Limonge - Relator), HC 117.306. Em ambos julgados, o STJ faz bem a distinção entre denúncia geral e denúncia genérica, fazendo a mesma distinção realizada por Eugênio Paccelli. 4. Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica (cai muito): 4.1. Previsão Legal: A responsabilidade penal da pessoa jurídica está prevista no art. 225, §3º da CF (já foi feita leitura), bem como no art. 3º da Lei Ambiental: “As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.” Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais Página 4 4.2. Correntes acerca da responsabilidade penal da Pessoa jurídica: Apesar dessas previsões, há enorme divergência na doutrina e na jurisprudência acerca da possibilidade de ser a pessoa jurídica responsabilizada, surgindo três correntes: a) 1ª Corrente: Afirma que a CF não criou a responsabilidade penal da pessoa jurídica. São argumentos de tal corrente: A CF usou as expressões: condutas, pessoas físicas e sanções penais. Pessoas jurídicas, atividades e sanções administrativas = responsabilidade civil. Afirma tal argumento que, as pessoas praticam condutas e sofrem sanções penais enquanto as pessoas jurídicas exercem atividades lesivas e sofrem sanções administrativas, caso seja causando dano ao meio ambiente, havendo, para ambas a responsabilidade civil. Princípio da Pessoalidade da Pena, ou da intranscendência: tem previsão no art. 5º, XLV da CF, que afirma que a pena não passará da pessoa do condenado. Diante de tal argumento, afirma-se que a Constituição federal não permite a punição da pessoa jurídica em razão de ato de pessoa física que a representa. Conclusão: a CF não prevê e proíbe a responsabilidade penal da pessoa jurídica. Sob a ótica dessa primeira corrente, o artigo 3º da Lei Ambiental é materialmente inconstitucional, ofendendo os artigos 225, §3º e 5º, XLV da CF, que, interpretados sistematicamente, permitem concluir que a CF não prevê e proíbe a responsabilidade penal da pessoa jurídica. Adeptos: É corrente adotada por Luiz Regis Prado, Miguel Reale Júnior, Renê Ariel Dotti, Cezar Roberto Bittencourt, José Henrique Pierangeri. b) 2ª Corrente: tal corrente afirma que a Pessoa jurídica não pode cometer crimes – “Societas delinqnere non potest”. Essa segunda corrente entende que Pessoa jurídica não pode ser sujeito ativo de crime. E essa corrente, sustenta-se na Teoria Civilista da Ficção Jurídica de Savigny e Foerbach, segundo a qual as pessoas jurídicas não são entes reais, são puras abstrações jurídicas, entes fictícios que não podem praticar comportamentos humanos, como, por exemplo, conduta criminosa. Partindo desse pressuposto, essa segunda corrente utiliza três argumentos: Pessoas jurídicas não têm capacidade de conduta, isso porque, são desprovidas de vontade, consciência e finalidade. Em outras palavras, não agem com dolo ou culpa. Logo, punir a pessoa jurídica significa Responsabilidade Penal Objetiva. Nesse sentido, Zaffaroni – afirma que PJ não pode ser sujeito ativo de crime considerando que não possui vontade humana. As pessoas jurídicas não têm culpabilidade uma vez que, faltam-lhes os três elementos da culpabilidade: imputabilidade (capacidade de entendimento do que faz), potencial consciência da ilicitude (capacidade de entender que o que faz é proibido) e exigibilidade de conduta diversa (não dá para exigir pessoa jurídica conduta diversa, simplesmente porque ela não pratica conduta). Se as pessoas jurídicas não têm culpabilidade, não podem sofrer pena, Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais Página 5 considerando que a culpabilidade é pressuposto de aplicação da pena, independentemente da adoção da Teoria Bipartite ou Tripartite. Nesse sentido, Vicente Cernicchiaro. Tal autor afirma que, a culpabilidade, como juízo de reprovabilidade somente pode ser atribuída a seres humanos. As pessoas jurídicas não têm capacidade de sofrer penas pois não agem com culpabilidade e considerando que a pena é inútil para elas já que, como são entes fictícios, são incapazes de assimilar as finalidades da pena. Portanto, a pena é inútil em relação às pessoas jurídicas. É o que afirma Luiz Regis Prado, dizendo ainda que, há violação do Princípio da necessidade da Pena. Conclusão: pessoa jurídica não pode cometer crimes nem sofrer penas. Quanto ao art. 225, §3º e art. 3º da LA, os adeptos dessa segunda corrente se posicionam em duas vertentes: a) O art. 225,§3º da CF é norma constitucional não autoaplicável, dependente de regulamentação infraconstitucional. Trata-se de norma de eficácia limitada e essa regulamentação infraconstitucional seria a criação de uma Teoria do Crime própria para as pessoas jurídicas, com institutos penais compatíveis com a natureza fictícia das pessoas jurídicas. Nesse sentido, Rogério Greco. É o que também afirma Luiz Regis Prado que também afirma que a França criou a responsabilidade penal da pessoa jurídica, mas automaticamente lá foi elaborada uma adaptação, ou seja, uma teoria do crime para a pessoa jurídica. b) Outros afirmam que, o art. 225, §3º da CF não considera a Pessoa jurídica como sujeito ativo de crime, mas apenas como responsável penal (o que é diferente de sujeito ativo). Nesse sentido, Fernando Galvão, que afirma a impossibilidade de se confundir Sujeito ativo com responsável pelo crime. Tal autor fundamenta seu entendimento com base no art. 3º da Lei Ambiental que afirma “as pessoas jurídicas são responsabilizadas”, o que se diferencia do fato de ser sujeito passivo. Assim, segundo tal autor, a responsabilidade penal da pessoa jurídica é indireta, por fato de terceiro. Nesse sentido também, Luiz Vicente Cernichiaro, que afirma que o art. 225, §3º apenas permitiu que sejam estendidos à pessoa jurídica os efeitos penais da sentença penal condenatória aplicada à pessoa física. Adeptos: Adotam essa segunda corrente, Zaffaroni, Cernichiaro, Delmanto, Tourinho, Mirabete, Rogério Greco, Francisco de Assis Toledo e todos citados na primeira corrente, uma vez que estes afirmam inicialmente que a CF não criou a responsabilidade penal da pessoa jurídica, mas mesmo que tivesse criado, não poderiam cometer crimes. c) 3ª Corrente: pessoa jurídica pode cometer crimes e sofrer penas – Societas Delinqnere Potest – pessoa jurídica delinque. A terceira corrente afirma que pessoa jurídica pode ser sujeito ativo de crime, e referida corrente se baseia na Teoria Civilista da Realidade ou da Personalidade Real, de Otto Gierke. Para tal teoria, as pessoas jurídicas são entes reais e não meras ficções jurídicas, ou seja, tem capacidade e vontade próprias e autônomas, distintas das Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais Página 6 pessoasfísicas que a compõe. Partindo desse pressuposto de que as pessoas jurídicas são realidades independentes, essa terceira corrente diz que as pessoas jurídicas têm capacidade de conduta, uma vez que, possuem vontade, não no sentido humano, mas no sentido pragmático-sociológico reconhecível socialmente – é o conceito de ação delituosa institucional, ou seja, no plano prático, é possível o reconhecimento da vontade da pessoa jurídica, o que não é possível no sentido psicológico-humano. Quem desenvolve esse entendimento é o Prof. Sérgio Salomão Schecaira, ferrenho defensor da responsabilidade penal da pessoa jurídica. A pessoa jurídica possui culpabilidade. Não a culpabilidade clássica do finalismo, mas uma culpabilidade social que coloca a empresa como centro autônomo de decisões. E se tem culpabilidade pode sofrer pena (não a privativa de liberdade). A pessoa jurídica pode sofrer penas restritivas de direito ou multa, que é a meta principal do Direito Penal atual (a meta principal do direito penal atual são as penas alternativas), dada a falência do sistema prisional. Isso quem afirma é Guilherme de Souza Nucci, defendendo a culpabilidade e punibilidade da pessoa jurídica. A responsabilidade penal da pessoa jurídica tem previsão constitucional (art. 225, §3º, CF) do Poder Constituinte Originário e previsão infraconstitucional (art. 3º, L.A). Portanto, é indiscutível a criação da responsabilidade penal da pessoa jurídica, não podendo tais dispositivos serem ignorados. Adeptos: Fernando Capez, Nucci, Schecaira, Édis Milaré, Herman Benjamim, Paulo Afonso Leme Machado. 4.3. Jurisprudência: O STJ adota a terceira corrente, admitindo que a pessoa jurídica é sujeito ativo de crime ambiental, ou seja, pode ser denunciada – incluída no pólo passivo da denúncia – como sujeito ativo de crime ambiental. Nesse sentido, Resp. 800.817, julgado em 04.02.2010. Há um julgado do STJ dizendo que, considerar a PJ como sujeito ativo de crime não ofende o princípio Constitucional da Pessoalidade da Pena, uma vez que “é incontroversa a existência de duas pessoas distintas, uma física e outra jurídica, cada qual recebendo punição de forma individualizada” (Resp. 610.114/RN). No STF ainda não há decisão definitiva acerca da responsabilidade penal da pessoa jurídica. Mas há dois precedentes que indicam que o STF admite que a Pessoa jurídica pode ser sujeito ativo de crime. O primeiro precedente é o HC 92.921/BA em que foi impetrado HC em favor da PJ. A discussão foi acerca do cabimento ou não do HC, mas em sede de obiter dicta foi afirmado pelos Ministros a possibilidade de responsabilização penal da pessoa jurídica. No RE 593.729, o STF manteve uma ação penal cujos denunciados como autores do crime são a Sabesp – Empresa de Saneamento de SP e um diretor seu. Foi mantida ação penal em que há pessoa jurídica e pessoa jurídica como acusados. Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais Página 7 Diante desses dois precedentes, pode-se afirmar que prevalece no STF a possibilidade de responsabilização penal da PJ. 4.4. Requisitos para responsabilização da Pessoa jurídica (art. 3º, L.A): Independentemente da teoria adotada, o art. 3º da Lei ambiental exige dois requisitos para responsabilização da pessoa jurídica: A decisão de praticar infração tenha emanado do representante legal ou contratual, ou órgão colegiado da empresa. Esse requisito é a chamado Responsabilidade Penal em Ricochete, de empréstimo, subsequente, ou por procuração. É o sistema Francês de responsabilidade penal da pessoa jurídica. Diante de tal requisito, pode-se concluir que o STJ não admite denúncia isolada contra Pessoa jurídica – não é por causa do sistema da dupla imputação, esta é consequência da responsabilidade em ricochete e não sua causa. A denúncia da PJ somente pode se dar se conjuntamente com a pessoa física (ou pessoas). Ex. se o funcionário da Motosserra, por sua conta e risco resolve cortar árvores em área de Preservação Ambiental, somente se fala nesse caso de responsabilidade penal de pessoa física, já que não é representante legal da PJ. Que a infração tenha sido cometida no interesse ou benefício da entidade (pessoa jurídica). Ex. um gerente da empresa autorizou corte de árvores, contrariando interesses da PJ � somente o gerente será responsabilizado, uma vez que o crime não foi cometido nem no interesse nem em benefício da entidade, ainda que tenha sido cometido o delito por represente da empresa. Obs.: A denúncia deve narrar a decisão do representante legal do colegiado e qual foi o interesse ou benefício da pessoa jurídica com o crime, sob pena de inépcia. 4.5. Sistema da Dupla Imputação ou Sistema de Imputações Paralelas: Art. 3º, p. único da Lei ambiental: “A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato”. Por meio de tal sistema, é possível denunciar isoladamente a pessoa física, ou denunciar conjuntamente a pessoa física e a pessoa jurídica. Não é possível denunciar isoladamente a pessoa jurídica, considerando o Sistema da Responsabilidade Penal em Ricochete, adotado no art. 3º caput da lei ora comentada. Observe-se que tal sistema não caracteriza o bis in idem, apesar do prof. Carlos Henrique entender que sim. O STJ entende que o sistema da dupla imputação não gera bis in idem, considerando que bis in idem significa punir duplamente pelo mesmo fato, a mesma pessoa, e, nesse caso, se fala em punição pelo mesmo fato, pessoas distintas – pessoa física e pessoa jurídica. Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais Página 8 4.6. Responsabilidade Penal das Pessoas jurídicas de Direito Público: Indaga-se se é possível a punição de Município, autarquia, etc. por crime ambiental. Acerca dessa matéria, existem duas correntes: a) 1ª Corrente: a Lei Ambiental e a Constituição referem-se a pessoas jurídicas sem especificar (sem fazer distinções) se de Direito Público ou de Direito Privado, pelo que onde a norma não distingue não cabe ao interprete fazê-lo (Paulo Afonso Leme Machado). Assim, é possível a responsabilidade penal das pessoas jurídicas de direito público também. Nesse sentido, Luiz Flávio Gomes, que não fala em responsabilidade penal da pessoa jurídica, mas em Direito Penal Sancionador, Nucci, Paulo Afonso Leme Machado, Valter Claudius Rothemburg ( Artigo - “Pessoa Jurídica Criminosa), entre outros. b) 2ª Corrente: não é possível a responsabilidade penal da pessoa jurídica de Direito Público. São argumentos de tal corrente: O Estado não pode punir a si próprio: Schecaira, que não admite a responsabilidade penal das pessoas jurídicas de direito público, mas admite das paraestatais. Os entes públicos, por sua própria natureza, somente podem perseguir fins lícitos, portanto, quem age com desvio e pratica o crime é sempre o administrador público e não a pessoa jurídica. Data vênia, a pessoa jurídica de direito privado também só pode perseguir fins lícitos. A pena de multa recairia sobre os próprios contribuintes uma vez que o Estado pagaria a multa com recursos financeiros dos cidadãos. As penas restritivas de direitos seriam inúteis, pois já é função do Poder Público prestar serviços sociais. Esses argumentos são de Wladmir Passos de Freitas e Valdir Passos de Freitas. 4.7. Crime Culposo e Responsabilidade penal da Pessoa jurídica: É possível denunciar a PJ por crime Culposo? O Prof. Edis Milaré afirma que Pessoa jurídica não pode ser punida por crime culposo uma vez que o domínio do fato está com as pessoas físicas e não existe tal domínio sem dolo.Na verdade, o professor em questão está adotando a Teoria do Domínio Final do Fato, que vem sendo adotado pela doutrina de vanguarda no Brasil, mas tal teoria tem algumas restrições, como, por exemplo, a impossibilidade de responsabilização em relação a crimes culposos. Se houver uma decisão culposa do representante legal ou órgão colegiado da empresa, que seja a causa do resultado involuntário há possibilidade de responsabilização da pessoa jurídica, de acordo com Sílvio Maciel. Ex. gerente de uma empresa para reduzir custos, utiliza tubos de esgotos inapropriados, e estes cedem, causando derramamento de esgoto em rios � aqui se tem uma decisão culposa do gerente (utilização de material de segunda linha), mas esta foi hábil a ensejar dano ambiental, cabendo a responsabilização da PJ. Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais Página 9 4.8. Desconsideração da Pessoa Jurídica – art. 4º, da L.A. Art. 4º, L.A.: “Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.” Essa desconsideração da personalidade jurídica somente permite a transferência das responsabilidades civil e administrativa, da pessoa jurídica para a pessoa física. Não há permissão para a transferência da responsabilidade penal, tendo em vista o princípio da intranscendência ou incomunicabilidade da pena (art. 5º, XLV, CF). Esse artigo 4º é, pois, instituto da responsabilidade civil ou administrativa, mas nunca da responsabilidade penal. Nesse sentido, Guilherme de Souza Nucci. Ex. Caso a PJ tenha cometido infração ambiental e em razão dela tenha sofrido multa administrativa, condenação civil e multa penal, mas seu patrimônio se encontra esvaziado, diante da transferência ilícita para os sócios � há possibilidade de desconsideração da PJ para que seja a multa administrativa e a condenação civil para o patrimônio das pessoas físicas. No entanto, a responsabilidade penal relativa a multa aplicada não pode ser transferida para as pessoas físicas, já que a pena não pode passar da pessoa do condenado. Questão de prova: Transporte in utilibus da sentença penal condenatória: nas ações coletivas, quando há procedência do pedido, a sentença pode ser executada em ações individuais. Ex. uma sentença penal condenatória contra pessoa jurídica pode ser executada individualmente na esfera cível. Art. 103, §§3º e4º do CDC: “§3º. Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16, combinado com o art. 13 da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, não prejudicarão as ações de indenização por danos pessoalmente sofridos, propostas individualmente ou na forma prevista neste código, mas, se procedente o pedido, beneficiarão as vítimas e seus sucessores, que poderão proceder à liquidação e à execução, nos termos dos arts. 96 a 99. § 4º Aplica-se o disposto no parágrafo anterior à sentença penal condenatória”. Edis Milaré entende que há possibilidade de desconsideração da pessoa jurídica também para fins penais. 5. Aplicação da Pena nos Crimes Ambientais – art. 6º e ss, L.A.: A lei ambiental possui suas próprias regras acercada da Teoria da Pena, sendo aplicado o CP de forma subsidiária. A aplicação da pena pode ser divida em três etapas, senão vejamos: Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais Página 10 a) 1ª Etapa: Na primeira etapa, o juiz fixa a quantidade de pena, utilizando o Critério Trifásico ou Nelson Hungria previsto do art. 68 do CP. Pena base fixada de acordo com as circunstâncias judiciais, agravantes e atenuantes genéricas (pena intermediária), e posteriormente, são analisadas as causas de aumento e diminuição de pena. b) 2ª Etapa: o juiz fixa o regime inicial de cumprimento de pena: Fechado, Semiaberto ou aberto. c) 3ª Etapa: possibilidade de substituição da prisão por restritiva de direitos ou multa. Não sendo possível a substituição, o juiz verifica a possibilidade de suspensão da execução da pena de prisão Obs.: Se o condenado for pessoa física, o juiz cumpre essas três etapas. Já em se tratando de pessoa jurídica, o juiz somente se vale da primeira etapa da aplicação da pena. Pois, se não há prisão para PJ não poderá haver a substituição de pena, ou fixação de regime de cumprimento de pena. 5.1. Aplicação da Pena para pessoa física: É utilizado o critério trifásico de aplicação da pena do CP, com as seguintes especificações: 5.1.1. Primeira Etapa: a) Pena Base: Para calcular a pena base, o juiz utiliza as circunstâncias judiciais do art. 6º da L.A, e, apenas supletivamente as circunstâncias judiciais do CP. Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará: I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas conseqüências para a saúde pública e para o meio ambiente; II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental; III - a situação econômica do infrator, no caso de multa. *Nas circunstâncias do art. 59 do CP são consideradas as consequências para a vítima. Aqui se fala em saúde pública e meio ambiente. *Maus ou bons antecedentes ambientais não se referem apenas a crimes ambientais, mas sim ao cumprimento da legislação de interesse ambiental. *Multa: o Juiz leva em conta a situação econômica do infrator, mas também o valor do prejuízo ambiental – art. 19, L.A.: “A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa” b) Atenuantes e Agravantes: A Lei ambiental tem suas próprias atenuantes e agravantes: artigos 14 e 15 da Lei: b.1) Circunstâncias atenuantes – art. 14: Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena: I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente. PF P J Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais Página 11 Obs. Se retirar a potencial consciência da ilicitude haverá erro de proibição e não, atenuante de pena. Ex. morador de área rural que sempre pegou casas de árvores para fazer chá. II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental causada; Obs.: há doutrina que afirma que não se aplica nos crimes ambientais, o arrependimento posterior, do art. 16 do CP, que se trata da reparação do dano antes do recebimento da denúncia, tratando-se de causa de diminuição de pena de 1/3 a 2/3. Na lei ambiental, o arrependimento com reparação do dano é sempre atenuante de pena, seja feito antes ou após o recebimento da denúncia. Haverá sempre, mera atenuante de pena, e não a causa de diminuição de pena do art. 16, CP. É o que afirma Delmanto. III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental; IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental. Obs.: é o que Delmanto denomina Delação Premiada Ambiental, ou seja, é o infrator colaborando com as autoridades na apuração da infração ambiental. b.2) Circunstâncias agravantes – art. 15: Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: I - reincidência nos crimes de natureza ambiental; Obs.: Nos crimes ambientais, o juiz somente pode reconhecer reincidência específica. O juiz somente pode aplicar agravante da reincidência se for reincidência específica em crimes ambientais, ou seja, possui condenação definitiva por outro crime ambiental. Ex. condenação definitiva por furto e crime ambiental ���� não é reincidente. Também não é reincidente o agenteque comete contravenção ambiental e depois comete crime ambiental. II - ter o agente cometido a infração: a) para obter vantagem pecuniária; b) coagindo outrem para a execução material da infração; c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente; d) concorrendo para danos à propriedade alheia; e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso; f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos; g) em período de defeso à fauna; h) em domingos ou feriados; i) à noite; j) em épocas de seca ou inundações; l) no interior do espaço territorial especialmente protegido; m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais; n) mediante fraude ou abuso de confiança; o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental; p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais; q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes; r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções. Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais Página 12 c) Causas de aumento e diminuição de pena: são aplicadas as causas de aumento e diminuição de pena tanto da lei ambiental quanto do CP. Ex. se houve crime ambiental tentado – tem-se a aplicação do art. 14, II do CP. 5.1.2. 2ª Etapa: Regime inicial de cumprimento de pena: É aplicado o CP de foram subsidiária, considerando que a Lei ambiental não traz especificação acerca dessa matéria. 5.1.3. 3ª Etapa: Substituição da PPL por Pena Restritiva de Direitos (art. 7º ao 13) ou Suspensão da execução da pena: a) Penas Restritivas de Direitos na Lei Ambiental (pessoas físicas): *Características: Autonomia: não se tratam de penas acessórias. Substitutividade: não são penas principais (são substitutivas da prisão); Conversibilidade em prisão: se descumpridas injustificadamente, convertem-se em prisão � Aplica-se o CP de forma subsidiária. *Duração da Penas restritivas de direito: a duração das penas restritivas de direito na Lei Ambiental tem a mesma duração da pena de prisão substituída. É o que diz o art. 7º, p. ún. da L.A: “As penas restritivas de direitos a que se refere este artigo terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída.” *Espécies – art. 8º a 13: Lei ambiental Código Penal Prestação de serviços à comunidade: art. 9º: “A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível.” Prestação de serviços à comunidade: art. 46, §2º, CP: “A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais.” Interdição temporária de direitos: art. 10: “As penas de interdição temporária de direito são a proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos.” Obs.: esta pena não tem a mesma duração da Interdição temporária de direitos: art. 47, CP: “As penas de interdição temporária de direitos são: I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo; II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público;III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo. IV - proibição de freqüentar Art. 7º, L.A. Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais Página 13 pena de prisão substituída, tratando-se pois, de exceção. Há prazo fixo. Delmanto sustenta que esse prazo está em contradição lógica com o art. 7§, p. ún., devendo ser desconsiderado, diante do fato que as penas privativas de liberdade são inferiores a tais prazos. determinados lugares.” Suspensão parcial ou total de atividades: art. 11: “A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às prescrições legais.” Sem correspondente no CP. Prestação pecuniária: art. 12: “A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou à entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for condenado o infrator.” Prestação Pecuniária: art. 45, §1º, CP: “A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários.” Não há previsão quanto aos dependentes na L.A. Diz que pode haver substituição por prestação de outra natureza, se houver concordância do beneficiário. É chamada prestação inominada. Diz a doutrina que essa possibilidade pode ser aplicada de forma subsidiária à L.A. Recolhimento domiciliar: art. 13: “O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em residência ou em qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória.” Limitação de final de semana: art. 48, CP: “A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado. Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser ministrados ao condenado cursos e palestras ou atribuídas atividades educativas.” *Requisitos para a substituição: Art. 7º, I e II da Lei Ambiental. A previsão é distinta do CP (art. 44). Requisitos para a Susbstituição Código Penal Lei ambiental Condenação por crime culposo, ou condenação igual ou inferior a quatro anos, se doloso. Condenação por crime culposo, qualquer que seja a pena ou condenação inferior a quatro anos, se crime doloso. Circunstâncias judiciais favoráveis Circunstâncias judiciais favoráveis Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais Página 14 Condenado não reincidente em crime doloso Não é exigido pela lei ambiental. Crime sem violência ou grave ameaça à pessoa. Não é requisito exigido pela lei ambiental. *Multa na lei ambiental: pode substituir a pena de prisão quando for prisão não superior a um ano � é aplicado subsidiariamente o art. 44, §2º do CP c.c. 79 da Lei ambiental, considerando que nesta não há vedação para que exista a substituição da pena de multa. Art. 44,§2º, CP: Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos. *Cálculo da Multa:art. 18, L.A: afirma que o cálculo da multa ser feito com base nos critérios do CP, ou seja, é calculada de acordo com o art. 49 e parágrafos do CP. Art. 18, L.A: “ A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida.” Na lei ambiental, o juiz pode triplicar a pena aplicada no máximo considerando o valor da vantagem econômica obtida com o crime. No CP, o juiz pode triplicar a multa aplicada no máximo tendo em vista a situação econômica do infrator. Observe-se, pois, que os critérios são distintos. Obs.: Paulo Sirvinskas afirma que o Juiz pode triplicar a multa duas vezes, uma com base na situação econômica do réu prevista no CP e outra com base no valor da vantagem econômica obtida, com base na Lei Ambiental (o que é, uma invencionice). b) Suspensão da execução da pena (SURSI): No CP, existem quatro espécies de SURSI, quais sejam o Sursi simples (art. 77, caput), o Sursi especial (art. 78, §2º), além dos Sursis etário e humanitário (art. 77, §2º do CP). Todas essas espécies de Sursi são cabíveis nos crimes ambientais, com algumas diferenças. 1. Sursi Simples: na lei ambiental é cabível nas condenações até 3 anos, diferentemente do CP em que é cabível apenas nas condenações até 02 anos. 2. Sursi Especial: no CP, o Sursi especial é concedido ao condenado que reparou o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo e que tenha circunstâncias judiciais favoráveis, ficando sujeito às condições especiais do art. 78, §2º do CP. Já na lei ambiental, é cabível o Sursi especial com três observações: É cabível nas condenações até três anos, e não apenas até dois anos; A reparação do dano somente pode ser comprovada mediante Laudo de reparação do dano ambiental, ou seja, trata-se de uma exceção ao Princípio da Liberdade Probatória que vigora no processo penal. Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais Página 15 As condições a que fica sujeito o condenado não são as condições do CP (78, §2º), mas sim as condições relacionadas a proteção do meio ambiente, fixadas pelo juiz. 3. Sursi Etário: 4. Sursi Humanitário *Previsão Legal: se encontra nos artigos 16 e 17 da Lei Ambiental: Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos. Art. 17. A verificação da reparação a que se refere o § 2º do art. 78 do Código Penal será feita mediante laudo de reparação do dano ambiental, e as condições a serem impostas pelo juiz deverão relacionar-se com a proteção ao meio ambiente. 5.2. Aplicação da Pena para pessoa jurídica: Se a condenação incide sobre pessoa jurídica, o juiz somente passa pela primeira etapa de fixação da pena, aplicando a quantidade de pena com base no art. 68 do CP. Aqui, aplicam-se todas as peculiaridades atinentes à pessoa física. Nessa oportunidade o juiz não segue as segunda e terceira etapas, considerando que a segunda etapa é acerca do regime inicial e a terceira é sobre a substituição da pena ou suspensão condicional da pena. Isso porque a pessoa jurídica não sofre pena de prisão. Se a pessoa jurídica não sofre prisão não há como se falar em fixação de regime ou substituição da pena, ou ainda a substituição da pena. As penas que podem ser aplicadas à pessoa jurídica são as seguintes: Multa � segue a regra do art. 18 da Lei Ambiental: Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida. A multa é aplicada de acordo com o CP, observando-se que a correção do valor incide desde a data do crime, bem como que não há qualquer peculiaridade pelo fato de se tratar de pessoa jurídica. A doutrina critica essa posição, afirmando que a pessoa jurídica deveria ter pena maior que a pessoa física, indicando um autor inclusive que, deveria ser calculada por “dia de faturamento”. O professor entende que, no caso da pessoa jurídica a responsabilidade penal da pessoa jurídica é inútil considerando que a multa administrativa que pode ser aplicada é bem maior que a pena possível no caso da sanção penal. Penas restritivas de direitos: têm previsão no artigo 22 da L.A. Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são: I - suspensão parcial ou total de atividades; II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade; III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações. Aplicação subsidiária do CP, nos termos do art. 78 da Lei Ambiental Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais Página 16 § 1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente. § 2º A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou regulamentar. § 3º A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções ou doações não poderá exceder o prazo de dez anos. Perceba-se que, no caso da pessoa jurídica a pena restritiva de direitos de proibição de contratar com o poder público e dele receber subvenções é de até dez anos, já quando se trata de pessoa física essa prazo é de três anos se for condenação por crime culposo e de cinco anos se a condenação for por crime doloso. Prestação de Serviços à comunidade: tem previsão no art. 23 da Lei Ambiental: Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em: I - custeio de programas e de projetos ambientais; II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas; III - manutenção de espaços públicos; IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas. Atente-se que, diferentemente do CP, na lei ambiental, a prestação de serviços comunitários é uma terceira espécie de pena, e não uma modalidade de pena restritiva de direitos. Observação sobre as penas aplicáveis às pessoas jurídicas: Fora a pena de proibição de contratar com o poder público que é de no máximo até dez anos, as demais penas restritivas de direitos e de prestação de serviços à comunidade não possuem limites mínimos e máximos previstos em lei, pelo que muitos afirmam que tais penalidades são inconstitucionais por ferir o Princípio da Legalidade. Assim, exceto a pena do art. 22, §3º, as demais penas restritivas de direitos e a prestação de serviços a comunidade não têm os limites mínimo e máximo cominados na lei. Diante disso, há quem diga (Luiz Regis Prado) que tais penas são inconstitucionais por violação ao princípio da legalidade, uma vez que a lei prevê a pena, mas não comina seus prazos. Atente-se que tais penas são penas principais e não substitutivas da pena privativa de liberdade (a PJ não tem pena privativa de liberdade) pelo que não há como aplicar o prazo de suposta pena privativa de liberdade. Trata-se de penas principais, o que é uma exceção ao caráter da substitutividade das penas restritivas de direitos. Diante disso, caso não seja declarada a inconstitucionalidade da lei, entende o professor que, no caso concreto deve o juiz utilizar os patamares da pena de prisão. O juiz deve levar em conta os limites da pena de prisão cominados no tipo penal incriminador. Mas a doutrina nãotrabalha muito essa questão. Liquidação forçada: essa é uma quarta espécie de sanção aplicável a PJ estando prevista no art. 24 da Lei Ambiental: Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais Página 17 “A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.” Essa sanção somente é cabível se a pessoa jurídica tem como atividade principal a prática de crimes ambientais, o que pode ser observado por meio do uso do advérbio “preponderantemente”. Exemplo: madeireira clandestina � sua atividade principal é a extração de madeiras, de forma ilegal. Essa sanção penal não pode ser aplicada que eventualmente tenha cometido um crime ambiental, considerando que se trata de uma sanção extrema. Luiz Regis Prado afirma que equivale a “Pena de morte da pessoa jurídica”, somente podendo ser utilizada como “última das últimas medidas”, até mesmo tendo em vista os efeitos por ela causados. Atente-se que a liquidação forçada acarreta a extinção da pessoa jurídica, uma vez que todo seu patrimônio é considerado como instrumento do crime sendo confiscado e entregue ao Fundo Penitenciário Nacional. Diante disso, será a Pessoa Jurídica extinta. Quanto a forma de se aplicar essa liquidação forçada, a doutrina diverge: 1ª Corrente: Roberto Delmanto � afirma que, se a liquidação forçada pressupõe a prática de crime, somente pode ser aplicada em sentença penal condenatória transitada em julgado. Nessa hipótese, será aplicada como efeito de sentença penal condenatória transitada em julgado, efeito este que deve ser devidamente fundamentado, não podendo ser automático. Essa primeira corrente sustenta pois que, essa liquidação forçada somente pode ocorrer em uma ação penal, jamais em uma ação civil. 2ª Corrente: Wladimir Passos de Freitas e Valdir Passos de Freitas � afirmam que a liquidação forçada pode ser aplicada na ação penal, desde que haja pedido expresso da acusação nesse sentido. Não havendo pedido expresso da acusação, o juiz penal não pode aplicar essa liquidação forçada. Afirmam ainda que, a liquidação forçada pode ser objeto de ação própria no juízo cível, proposta pelo MP, utilizando por analogia, os artigos 761/786 do CPC. 6. Confisco dos instrumentos do crime ambiental: art. 25, §4º da L.A. Art. 25, §4º: § 4º Os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos, garantida a sua descaracterização por meio da reciclagem CP – Art. 91, II, “a”, CP L.A. – Art. 25, §4º Tal artigo não permite o confisco de qualquer instrumento do crime, mas somente daqueles que forem ilícitos. Se o instrumento for lícito ele não é confiscado. Ex. uma arma com a numeração raspada pode Tal dispositivo permite o confisco de instrumentos usados para a prática do crime, sejam eles lícitos ou ilícitos. Ex. o barco do pescador, embora não se trate de objeto ilícito pode ser confiscado. Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais Página 18 ser confiscada. Por outro lado, um automóvel, por exemplo, usado para a prática de um furto não pode ser confiscado, se foi legitimamente comprado. Entendendo dessa forma, Fernando Capez. Sucede que, a jurisprudência entende que essa regra do art. 25, §4º deve ser interpretada à luz do princípio da razoabilidade, o que quer dizer que, somente devem ser confiscados os instrumentos que usualmente são utilizados na prática de crimes ambientais. Ex. motosserras da madeireira clandestina, barcos de uma pesqueira ilegal. Mas por outro lado, se um objeto lícito esporadicamente foi utilizado em um crime ambiental, não deve ser confiscado. Ex. barco de um pescador que, eventualmente pescou quantidade de peixes superior à permitida. Nesse sentido, já houve inclusive decisão do TRF da 3ª Região. 7. Questões processuais da L.A.: 7.1. Perícia: Art. 19, caput: A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa. A perícia ambiental, além de verificar a materialidade delitiva deve fixar o montante do prejuízo causado pelo crime ambiental. A fixação desse valor é importante para que o juiz calcule o valor da fiança e da multa. No CPP, a fiança é baseada na pena máxima cominada ao delito, e na situação econômica do infrator. Já aqui na lei ambiental, é calculada com base no valor do prejuízo ambiental. 7.2. Prova emprestada: Tem previsão no art. 19, p.ún: “A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se o contraditório.” A lei permite que a perícia feita no inquérito civil ou na ação civil pública seja usada como prova emprestada na ação penal, desde que instaurado o contraditório. Aqui se tem o contraditório posterior, também chamado contraditório diferido. Esse contraditório diferido, segundo Wladimir e Valdir Passos de Freitas, significa apenas permitir às partes a manifestação sobre o laudo pericial. A maioria entretanto, afirma que, contraditório diferido não é só isso, como também a possibilidade se oferecimento de novos quesitos, apresentação de parecer de assistente técnico. 7.3. Sentença condenatória: A previsão se encontra no art. 20 da Lei Ambiental: Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais Página 19 “A sentença penal condenatória, sempre que possível, fixará o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente.” O art. 387 do CPC, inciso IV, prevê que o juiz, ao condenar pode fixar o valor mínimo de reparação civil. Essa foi uma novidade introduzida com a reforma de 2008 do CPC. Assim, o juiz penal pode fixar o valor mínimo de indenização civil. Quanto ao valor mínimo da indenização, a sentença penal passou a ser título certo, líquido e exigível, não se mais se exigindo a liquidação na seara cível. O juiz já fixa o valor mínimo para a indenização. E todos os processualistas afirmam que essa foi uma novidade no Direito Brasileiro, mas o art. 20 da Lei ambiental, desde sua edição já previa a possibilidade de fixação de valor mínimo para a reparação dos danos causados pela infração. Assim, essa possibilidade de o juiz fixar valor mínimo da indenização já existe desde a edição da Lei de Crimes Ambientais. Quanto a execução, prevê a lei ambiental que, transitada em julgado a sentença pode ser executado pelo valor mínimo, sem prejuízo da liquidação para apuração do dano efetivo. É possível pois que a sentença tenha parte líquida e ilíquida. Nesse ponto, merece destaque o p. ún. da Lei ora discutida: “Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá efetuar-se pelo valor fixado nos termos do caput, sem prejuízo da liquidação para apuração do dano efetivamente sofrido.” Atente-se que esse valor mínimo será fixado se houver elementos mínimos probatórios do valor do dano, daí o uso da expressão “sempre que possível” no caput do art. 20. 7.4. Interrogatório da Pessoa Jurídica: Acerca da matéria existem duas correntes: 1ª Corrente: Ada Pelegrini Grinover � afirma em artigo publicado que é um dos pontos mais sensíveis do tema responsabilidade da pessoa jurídica. Antes da Lei 10.792/03 Após a lei 10.792/03 Ada Pelegrini afirmava que o interrogatório se tratava de meio de prova, sustentando que deveria ser aplicado, poranalogia, o art. 873, §3º da CLT que prevê o interrogatório feito na pessoa do gerente ou preposto da empresa que tenha conhecimento sobre o fato. A finalidade do interrogatório era levar ao juiz o conhecimento dos fatos, e, portanto, deveria ser interrogado o gerente ou preposto que tivesse conhecimento dos fatos. O interrogatório passou a ser, inegavelmente um meio de defesa no CPP, e, diante disso, Ada Pelegrini passou a afirmar que, o interrogatório deve ser feito na pessoa de qualquer representante da pessoa jurídica que tem interesse em defender a pessoa jurídica. 2ª Corrente: entende que deve ser aplicado por analogia o art. 843, §1º da CLT. Nesse sentido, Nucci. Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais Página 20 7.5. Citação da Pessoa Jurídica: Deve ser aplicado o art. 12, VI do CPC, por analogia. É o que entende Guilherme de Souza Nucci, ou seja, devem ser citados os representante da pessoa jurídica. 7.6. HC e Pessoa Jurídica: Entendem o STF e o STJ que não é possível conhecer de Habeas corpus impetrado em favor de pessoa jurídica, uma vez que o HC tutela liberdade de locomoção, algo que a Pessoa jurídica não possui. Nesse sentido, HC 92.925/BA, STF. O relator de tal julgado admitiu o HC para pessoa jurídica, desde que com reflexos no direito de locomoção da pessoa física. O HC é cabível no caso em que há reflexos no direito de locomoção do agente, e o Min. Lewandovisk fez menção a ideia de que no caso concreto a liberdade da pessoa física estaria atingida reflexamente. No entanto, observe-se que, esse voto do Min. Lewandovisk foi voto vencido. Diante do não cabimento do HC, cabe o Mandado de Segurança no caso de se pretender trancar a ação penal. 7.7. Competência: No STF e no STJ para delinear a regra de competência são usadas duas premissas: a) A proteção ao meio ambiente é de competência comum entre a União, Estados, Municípios e DF (artigos 23 e 24 da CF). b) Não há nenhuma norma constitucional ou processual sobre competência criminal ambiental. A conclusão dessas duas premissas é a seguinte: a regra é de que os crimes ambientais são de competência da justiça estadual, quando não houver interesse da União ou quando o interesse da União for apenas genérico ou indireto. Assim, os crimes ambientais serão de competência da Justiça Federal, somente quando houver interesse direto e específico da União, de suas autarquias ou empresas públicas. *Crimes contra a fauna: Nos crimes contra a fauna, é seguida a regra básica da competência ora delineada. Isso porque a Súmula 91 do STJ que previa a competência da Justiça Federal para julgar crimes contra a fauna foi cancelada. *Contravenções Ambientais: quanto as contravenções ambientais, sempre a competência será da Justiça Estadual, ainda que atingido interesse direto e específico da União. Isso porque o art. 109, IV da CF afirma que a Justiça Federal não julga contravenções. Obs. Mas há uma exceção: caso o contraventor tenha foro por prerrogativa de função na Justiça Federal, a contravenção é julgada pela Justiça Federal uma vez que o critério em razão da pessoa prevalece sobre o critério em razão da matéria. Atente-se que esse foro por prerrogativa de função na Justiça Federal deve estar previsto na Constituição Federal. Ex. Juiz Federal acusado da prática de contravenção penal ���� será julgado pelo TRF. Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais Página 21 *Modificação da Competência: se durante a ação penal surgir interesse direito ou específico da União, que não havia no início da ação, desloca-se a competência da justiça estadual para a justiça federal. Nesse sentido, STJ, CC 88.013, julgado em 2008. Esse julgado diz respeito a um parque pertencia ao município, no entanto, foi incorporado ao patrimônio da união no curso da ação, oportunidade em que houve o deslocamento da competência para a Justiça Federal. Atente-se que o inverso também é verdadeiro � se durante o processo desaparece o interesse jurídico direto e específico da União, presente no início do processo, desloca-se a competência para a Justiça Estadual. Nesse sentido, HC 108.350/STJ. Nesse julgado havia conexão entre os crimes de desobediência de servidor federal e crimes ambientais e no curso da ação foi declarada a prescrição em relação ao crime de desobediência o que fez com que fosse deslocada a competência da J. Estadual. *Crime cometidos na Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Pantanal, Serra do Mar e Zona Costeira: art. 225, §4º da CF. de acordo com tal dispositivo esses são considerados patrimônio nacional. A competência nessa hipótese é, de regra da justiça estadual, uma vez que a expressão patrimônio nacional não significa patrimônio da União, mas sim patrimônio da nação brasileira. Assim, os crimes cometidos nessas áreas seguem o esquema geral de competência. Isso é jurisprudência pacífica no STF e no STJ. *Crimes cometidos em áreas fiscalizadas por órgão federal, por exemplo, IBAMA e em áreas de preservação permanente (APP): de acordo com a jurisprudência do STF e do STJ, o fato de a área ser fiscalizada por órgão federal ou ser área de preservação permanente não fixa, por si, só, competência da Justiça Federal, isso porque esses casos geram interesse apenas indireto da União. *Crime cometido em rio estadual, rio interestadual e em mar territorial: ex. crime de pesca predatória, de pesca proibida, extração ilegal de areia. O crime praticado em rio estadual é de competência da justiça estadual, ainda que sejam utilizados petrechos proibidos em normas federais. (STJ, CC. 36.594). Quanto ao crime praticado em rio interestadual ou em mar territorial, a competência será da Justiça Federal, uma vez que rio interestadual e mar territorial são considerados patrimônio da União, e diante disso há interesse direto e específico da União. Esse é um posicionamento pacífico do STJ. *Tráfico internacional de animais ou de espécies vegetais: a competência da Justiça Federal considerando que o Brasil é signatário de convenções internacionais sobre repressão ao tráfico internacional de animais e espécies da flora. Assim, tratando-se de crime a distância e havendo previsão em convenção internacional, a competência é da Justiça Federal (art. 109, V da CF). *Liberação no Meio Ambiente de OGM (Organismo Geneticamente Modificado): é crime previsto no art. 27 da Lei 11.105/05 (Lei de Biossegurança), cuja competência é da Justiça Federal. Ex. plantação Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais Página 22 de soja transgênica sem autorização. Trata-se de competência da Justiça Federal, segundo o STJ uma vez que esse crime transcende os interesses do estado, uma vez que suas consequências podem atingir a saúde pública de toda a humanidade (CC. 41.301/STJ). Ex. clonagem de seres humanos é crime previsto na referida Lei de Biosegurança. 7.8. Ação Penal: Todos os crimes da Lei ambiental são de ação pena pública incondicionada. Atente-se que, cabe ação penal privada subsidiária nos casos em que há vítima determinada. ����Dica: todos os crimes previstos em Lei especial são de ação penal pública incondicionada, salvo nos casos em que há lesão culposa no trânsito (depende de representação). 7.9. Transação Penal em crimes ambientais de menor potencial ofensivo: Lei 9.099/95 Lei Ambiental Na lei do Jesp Criminal existem dois institutos despenalizadores: a) Composição civil de danos: é acordo civil entre o autor do fato e a vítima ou seu representante (art. 74 da Lei 9.099/95). b) Transação penal: é acordo feito entre autor do fatoe o MP ou o querelante (STJ e STF entendem que na ação privada quem propõe a transação é o querelante apesar da lei dizer que é o MP). Nessa hipótese há aplicação imediata de pena que não seja de prisão. Na Lei do Jesp, a composição civil de danos não é requisito para a transação penal. Mesmo que não tenha sido feita a composição civil com a vítima, é possível que seja feita a transação com o MP. Ex. lesão corporal dolosa leve – o autor afirma que não faz composição civil, e apesar disso, o MP oferece transação penal. Na lei ambiental, a composição do dano ambiental é requisito para o oferecimento da proposta de transação penal. Assim, nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, os requisitos para a transação penal são aqueles da lei 9.099/95 (art. 76, §2º) + a composição do dano ambiental. É o que dispõe o art. 27 da lei Ambiental, senão vejamos: “Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, (TRANSAÇÃO PENAL) somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 (COMPOSIÇÃO DOS DANOS) da mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade.” Obs.: Essa prévia composição do dano é o compromisso formal de reparar o dano, não sendo necessária a efetiva reparação, para que seja proposta a transação penal. Ex. Termo de Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais Página 23 Ajustamento de Conduta assinado com o MP. Se o infrator assinou TAC comprometendo-se a reparar o dano, isso já é suficiente para o cabimento da transação penal. Se o autor do fato cumpre a pena imposta na transação penal, mas descumpre o acordo de reparação ambiental que permitiu a transação, só há uma solução que é a execução do acordo de reparação não cumprido. Não há possibilidade de oferecimento de denúncia uma vez que a transação foi cumprida, o que não foi cumprido foi um requisito para o cabimento da transação. 7.10. Suspensão Condicional do processo em crimes ambientais: Art. 89, Lei 9.099/95 Lei de crimes Ambientais (art. 28) A suspensão condicional do processo é cabível para crimes com pena mínima cominada não superior a um ano. Não é apenas cabível em infrações de menor potencial ofensivo, mas sim quanto aos crimes cuja pena mínima seja não superior a um ano. Ex. furto simples – pena de 01 a 04, estelionato – pena de 01 a 05 anos. De acordo com o art. 28 da Lei de Crimes Ambientais, a Suspensão condicional do processo aplica-se aos crimes de menor potencial ofensivo previstos nesta Lei de Crimes Ambientais. Assim, analisando a literalidade da lei somente é cabível a suspensão condicional do processo nos casos em que há previsão de crimes de menor potencial ofensivo. Para a doutrina, segue a regra geral da Lei do JeCrime (penas mínimas não superiores a um ano). Período de suspensão: o período de suspensão é de 02 a 04 anos na Lei 9.099/95. Período de suspensão: pode variar de 02 a 14 anos (4 anos, + duas prorrogações de cinco anos) 1. Esgotado o período de suspensão, é feito o laudo. Se o laudo aponta que não houve reparação integral, o juiz prorroga a suspensão do processo por cinco anos, com suspensão da contagem da prescrição. 2. Findo o prazo da prorrogação, se o laudo apontar que não houve reparação integral, o juiz tem duas opções: a) Revogar a suspensão; b) Prorrogar a suspensão por mais cinco anos, sem suspensão da prescrição. 3. Se o juiz optou pela nova prorrogação, findo o período dela, o juiz tem as seguintes opções: a) Se houve a reparação do dano ou não houve, mas foram adotadas todas as providências possíveis para reparar � o Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais Página 24 juiz declara extinta a punibilidade. b) Se não houve a reparação integral, nem as providências possíveis para essa reparação � o juiz revoga a suspensão do processo. Obs.: Durante os dois períodos de prorrogação, o acusado não fica mais sujeito às condições da suspensão condicional do processo. Isso é o que dispõe o art. 28, III da Lei Ambiental. A punibilidade é extinta se o acusado cumpre as condições impostas no período da suspensão. A punibilidade somente é extinta se houver reparação integral do dano ambiental, ou comprovação de que o acusado adotou todas as providências para reparar o dano, mas não foi possível. Obs.: A comprovação dessa reparação deve ser feita por laudo de constatação da reparação do dano ambiental, não se admitindo outro meio de prova. Obs.: Entende a doutrina que, nessa hipótese houve erro material do legislador na redação do dispositivo e onde está escrito “crimes de menor potencial ofensivo definidos nesta lei”, o legislador quis dizer “crimes definidos nessa lei”. é o que afirmam: Édis Milaré, Antonio Scarance Fernandes, Cezar Roberto Bittencourt, Delmanto, Wladimir Passos de Freitas e Gilberto Passos de Freitas. 7.11. Termo de Compromisso Ambiental: O art. 79-A da Lei Ambiental prevê a possibilidade de pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividades efetiva ou potencialmente poluidoras celebrem termo de compromisso ambiental com órgãos do SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente) para adequar suas condutas ou atividades às normas ambientais. Podem celebrar esse termo, portanto, as pessoas que exerçam atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, ou seja, quem já está poluindo ou quem pode fazê-lo. São efeitos penais desse termo de Compromisso: De acordo com Nucci, Delmanto e TJMG, esse Termo, devidamente cumprido, acarreta a falta de justa causa para a ação penal. Há por outro lado, entendimento de que esse termo é causa supralegal de exclusão da ilicitude. Outros porém, entendem que o cumprimento desse termo sequer acarreta reflexos penais, pelos seguintes motivos: Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais Página 25 a) O art. 225, §3º da CF prevê a responsabilidade penal independentemente da obrigação de reparar o dano, ou seja, a reparação do dano não afasta a responsabilidade penal. b) Vários dispositivos da lei ambiental deixam claro que a reparação do dano não acarreta falta de justa causa para a ação penal. Ex. o art. 14, II diz que a reparação do dano é atenuante de pena, o que faz crer a existência do crime. Outro exemplo é o art. 17 que diz que somente é cabível o SURSI especial se houve reparação do dano ambiental. � É esse o entendimento do STF e do STJ (HC 82.911 e RHC 21.469). STF, HC 86.361. 8. Principais crimes contra o meio ambiente: Antes de serem analisados os crimes em espécie, merecem atenção duas questões: a) Normas penais em branco: a técnica da norma penal em branco é perfeitamente legítima na elaboração dos tipos penais ambientais, uma vez que esses tipos penais trabalham com conceitos extrajurídicos e normas administrativas. Ex. conceitos de floresta de preservação permanente, caçar sem licença da autoridade competente (mas qual a autoridade?). No entanto, observe-se que, Luiz Regis Prado e Cerezo Mier dizem o seguinte: a técnica da norma penal em branco não ofende o princípio da legalidade desde que o Núcleo essencial da ação proibida esteja na norma penal, ou seja, a norma administrativa deve ser um complemento da norma penal, e não o inverso. b) Princípio da Insignificância: indaga-se a aplicação do princípio da insignificância aos crimes ambientais. Acerca da matéria existemduas correntes: 1ª Corrente: não se aplica o princípio da insignificância uma vez que, qualquer lesão é significante pois desequilibra o meio ambiente, direta ou indiretamente. É o que prevalece nos TRFs da 3ª e 4ª Regiões. 2ª Corrente: é cabível o princípio da insignificância em crimes ambientais se a conduta não causar uma lesão ou perigo de lesão significante ao bem jurídico meio ambiente. Esse é o entendimento do STJ e do STF. Tais tribunais entendem perfeitamente possível a aplicação do princípio da insignificância em crimes ambientais. Obs.: Os crimes contra o meio ambiente estão divididos em cinco grupos, o que faz crer que a lei ambiental considerou o meio ambiente em seu sentido amplo, tutelando penalmente: 1. Meio ambiente natural (fauna e flora); 2. Meio ambiente artificial ou urbano: ou seja, as edificações construídas pelo homem, praças, jardins públicos, etc. 3. Meio ambiente cultural: patrimônio histórico, artístico, paisagístico, arqueológico e turístico. 8.1. Crimes contra a fauna: Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais Página 26 *Conceito de fauna: compreende o conjunto de animais que vivem em uma determinada região ou ambiente, incluindo-se os animais da fauna terrestre e aquática. *Proteção penal da fauna: as normas penais sobre proteção da fauna eram as seguintes: a) Lei 5.197/67 – Código de Caça ou Lei de proteção à fauna � o art. 27 previa crimes. b) Dec. Lei 221/67 – Código d e Pesca � tinha um crime previsto no art. 61. c) Dec. Lei 3.688/41 – Lei das Contravenções Penais � o art. 64 previa a contravenção de crueldade contra animais. d) Lei 7.679/88 – art. 8º � criminalizava a pesca com substâncias tóxicas. e) Lei 7.643/87 – prevê o crime de pescar ou molestar cetáceos (baleia, golfinho). f) Lei 9.605/98 Essas são as normas penais que trazem crimes contra a fauna e as previstas nas letras de “a” a “d” estão tacitamente revogadas pela Lei 9.605, estando em vigor apenas as leis 9.605 e a Lei 7.643/87, e quanto a esta última ainda há divergência na doutrina e na jurisprudência. 8.1.1. Art. 29, L.A. Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa. Existem cinco núcleos verbais no tipo penal. Nos verbos matar, caçar, apanhar e utilizar, o crime é material. No caso do verbo perseguir, trata-se de crime formal. a) Objeto material: São espécimes da fauna silvestre. Espécime é um exemplar de uma espécie. Ex. um papagaio, um peixe. Com o tipo penal fala em espécimes no plural, tem doutrina que diz que, se o tipo atingir uma só espécie será fato atípico. *Não proteção dos animais domésticos ou domesticados: não estão protegidos nesse tipo penal os animais domésticos ou domesticados, uma vez que o tipo penal utiliza a expressão animais silvestres que significa, animais selvagens. Para alguns autores, o tipo penal não protege os animais exóticos. Animais exóticos são animais estrangeiros. Isso porque, o §3º do art. 29 é uma norma penal explicativa que dá o conceito penal de fauna silvestre: § 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras. Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais Página 27 Observe-se que tal parágrafo diz que fauna silvestre é composta de animais que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo no Brasil, pelo que alguns autores afirmam estarem excluídos os animas exóticos ou estrangeiros. O professor já afirma que analisando a expressão migratórias ou quaisquer outras podem ser incluídos os animais da fauna exótica. *Proteção das espécimes Aquáticas ou terrestres: o tipo penal se refere a animais aquáticos ou terrestres. No entanto, esse artigo 29 não se aplica aos atos de pesca, considerando o disposto no §6º do mesmo artigo: “As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de pesca.” Aplica-se pois tal dispositivo a atos que não dizem respeito a atos de pesca. Ex. morte de tartaruga. *Guarda doméstica e perdão judicial: de acordo como o §2º do art. 29, “No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.” Manter animal silvestre em casa ilegalmente é crime. Mas observe-se que, se esse animal não for ameaçado de extinção (não está na lista oficial do IBAMA de animais ameaçados de extinção), é cabível o perdão judicial. Já se o animal estiver na lista de extinção, não é cabível o perdão judicial, e a pena é aumentada da metade, nos termos do art. 24, §4º, I: § 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado: I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da infração; *Caça Profissional: se o crime do art. 29 for cometido em atividade de caça profissional (exercida com habitualidade e finalidade de lucro), por exemplo, poureiros do Pantanal (que matam jacarés), a pena é aumentada até o triplo. É o que dispõe o art. 29, §5º: A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício de caça profissional. 8.1.2. Análise do art. 32: Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Este artigo revogou o dispositivo da Lei de Contravenções que dispunha acerca do tema. a) Objeto material: Neste artigo estão protegidos os animais domésticos, que vivem naturalmente junto ao homem, e aqueles domesticados, sejam eles nativos (nacionais) ou exóticos (estrangeiros). Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais Página 28 Nucci entende que o tipo penal só está protegendo os animais silvestres, pois as expressões: domésticos, domesticados, nativos ou exóticos atingem os animais silvestres, sendo este entendimento insustentável. O sujeito deste crime pode ser qualquer pessoa, inclusive quem tem a propriedade ou a posse do animal. b) Tipo objetivo: No tipo penal são previstas quatro condutas: Atos de abuso – ex. submeter o animal a trabalhos excessivos, transportar o animal de maneira inadequada; Praticar maus tratos – causar sofrimento ao animal de qualquer forma; Ferir – lesionar o animal; Mutilar – cortar partes ou membros do animal. Mutilar animais para fins estéticos é crime ou não é crime? Desde que a mutilação seja feita na forma da lei e por profissional habilitado, não há crime por causa da intenção específica de causar dano ao animal. Art. 29 da LCA Art. 32 da LCA Tem a conduta matar, mas não protege animais domésticos ou domesticáveis. Protege animais domésticos ou domesticáveis, mas não possui o verbo matar. Matar animais domésticos ou domesticados, segundo a doutrina, configura o crime do art. 32, pois o agente precisa ferir o animal para mata-lo. Obs.: 1. Brigas de galo, rinhas e vaquejadas: Há quem defenda a constitucionalidade destas práticas, pois são manifestações culturais garantidas pelo art. 215 da CF/88. O STF afirma que estas práticas são todas inconstitucionais. No norte do país há leis regulamentando briga de galo e rinha, entretanto, todas estas leis foram consideradas inconstitucionais
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