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Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais 
 
 Página 1 
 
LEI DE CRIMES AMBIENTAIS: Lei 9.605/98 
 
1. Proteção do Meio Ambiente na CF/88: 
 
A Constituição Federal de 1988 dispensou tratamento especial ao Meio Ambiente. José Afonso 
da Silva afirma que outras Constituições não tiveram essa preocupação. Foi destinado capítulo 
específico de proteção ao meio ambiente, além de normas ao longo de todo texto constitucional 
sobre proteção do meio ambiente. 
Dentre todas essas medidas de proteção ao meio ambiente se encontra a proteção penal, o 
que significa dizer que há previsão expressa na CF de que as lesões ao meio ambiente devem também 
ser punidas criminalmente, além de administrativa e civilmente. 
Essa previsão expressa é o que Luiz Regis Prado denomina Mandato Expresso de 
Criminalização. Essa expressão foi usada para definir a tutela expressa de proteção ao meio 
ambiente. 
Esta disposição se encontra no art. 225, §3º da CF, senão vejamos: 
 “As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou 
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.” 
As lesões ao meio ambiente sujeitam os infratores às sanções penais. Não há dúvida pois, que 
o meio ambiente deve ser e está penalmente tutelado, conforme disposição Constitucional. Essa 
discussão, em face da CF não tem sentido. 
 
2. Lei 9.605/98: 
 
Cumprindo a determinação constitucional surgiu a Lei 9.605/98 (dez anos após a CF) para 
proteção ao meio ambiente. Pode referida lei ser chamada Lei Ambiental – LA. 
Essa lei pode ser dividida da seguinte forma: 
 Parte geral – artigos 2º ao 28 � traz normas gerais de aplicação à lei penal. 
 Parte especial – art. 29 e seguintes � traz a tipificação dos crimes ambientais. 
Observe-se que, no que a lei ambiental for omissa, há complementação pela aplicação 
subsidiária do Código Penal, Código de Processo Penal e Lei 9.099/95 (a maioria das infrações 
ambientais são infrações de menor potencial ofensivo). 
 O objetivo claro e expresso dessa lei é a reparação do dano ambiental. A lei tem como 
propósito a reparação do dano ambiental, ou pelo menos, a sua compensação. Assim, podemos 
concluir que a maioria dos dispositivos da parte geral se encontra baseada na reparação dos danos 
ambientais. Ex. transação penal � somente é cabível se foi feita a composição acerca da reparação 
do dano ambiental, o que também ocorre com os demais institutos previstos na lei (suspensão 
condicional do processo, condenação com aplicação de penalidade para reparação do dano, etc.). 
 
3. Art. 2º da Lei Ambiental – Responsabilidade Penal das Pessoas Físicas: 
 
“Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes 
cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão 
Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais 
 
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técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de 
outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la. 
 
a) Concurso de Pessoas nos crimes ambientais: 
 
Há possibilidade de concurso de pessoas nos crimes ambientais, tendo a LA adotado a Teoria 
Monista ou Unitária do Concurso de Pessoas, tal como no art. 29, caput do CP. É o que prevê a 
primeira parte do art. 2º da Lei de crimes ambientais: “Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos 
crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade”. 
 
b) Omissão penalmente relevante nos crimes ambientais 
 
A segunda parte do artigo afirma que diretor, administrador, gerente, conselho, membro de 
órgão técnico, preposto ou mandatário de pessoa jurídica têm o dever jurídico de agir e evitar crimes 
ambientais, ou seja, essa segunda parte do art. 2º (incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua 
culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o 
preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua 
prática, quando podia agir para evitá-la) criou para essas pessoas o dever jurídico de agir, tornando a 
omissão deles penalmente relevante, nos termos do art. 13, §2º, “a” do Código Penal: “§ 2º - A omissão 
é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) 
tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;” 
Assim, as pessoas previstas no art. 2º da Lei ambiental respondem pela prática de crimes 
ambientais, tanto por ação quanto por omissão. 
É necessário observar que, para que essas pessoas sejam punidas por omissão, são 
necessários dois requisitos: 
 Ciência da conduta criminosa de outrem, ou seja, ciência da existência do crime. 
 Poder de evitar a infração ambiental. 
Esses requisitos objetivam evitar a responsabilidade penal objetiva. 
Obs.: se a omissão de tais agentes foi culposa, somente poderá haver punição caso haja a forma 
culposa do crime ambiental. Isso tendo em vista a excepcionalidade do crime culposo (somente 
pode ser punido, se houver previsão expressa da forma culposa do crime). 
 
3.1. Denúncia genérica: 
 
A fim de se evitar a responsabilidade penal objetiva, a jurisprudência atual do STF e do STJ não 
admite nos crimes ambientais, ou em qualquer crime societário, denúncia genérica. 
Denúncia genérica é aquela que não estabelece o mínimo vínculo entre o fato criminoso 
narrado na denúncia e o denunciado, ou seja, não estabelece o mínimo vínculo da conduta do 
agente com o fato criminoso. São denúncias que incluem no pólo passivo o diretor, gerente, sócio, 
etc. somente por ostentarem essa condição. 
A denúncia dá-se apenas pela condição ocupada pelo agente e não tendo em vista a prática 
delitiva. Essas denúncias vêm sendo reputadas ineptas pelo STF e STJ considerando que inviabilizam o 
exercício do contraditório e da ampla defesa. Se a pessoa não sabe qual o fato criminoso praticado 
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por ela não tem como exercer o contraditório e a ampla defesa. Nesse sentido, STJ, HC 58.157 e RHC 
24.390. 
 Merece especial destaque o HC 86.789, STF, cujo relator foi Joaquim Barbosa, em que há 
afirmação de que tenha havido mudança de orientação jurisprudencial considerando que, nos crimes 
societários, o STF e o STJ entendiam que era apta a denúncia que não individualizasse as condutas 
dos denunciados, bastando indicar que eles eram, de algum modo, responsáveis pela empresa – se o 
agente era responsável pela empresa, era responsabilizado. O argumento utilizado era no sentido de 
que a individualização das condutas ocorreria na instrução criminal. 
 Houve mudança de orientação jurisprudencial, e hoje, o STF e o STJ exigem que haja 
individualização das respectivas condutas na denúncia, em obediência os princípios do devido 
processo legal, ampla defesa e contraditório e dignidade da pessoa humana. 
 Assim, atualmente, o STF e o STJ repudiam as denúncias genéricas. 
 
3.1.1. Denúncia genérica X Denúncia Geral: 
 
Há setores da doutrina e jurisprudência que fazem diferenciação entre denúncia genérica e 
denúncia geral, podendo ser citado Eugênio Paccelli de Oliveira. 
Segundo tal autor, denúncia genérica é aquela que narra a conduta criminosa ou várias 
condutas criminosas e as imputa genericamente a todos os acusados, sem indicar quem agiu de tal ou 
qual maneira, inviabilizando o contraditório e a ampla defesa. Essa denúncia deve ser considerada 
inepta e via de consequência,rejeitada. 
Já a denúncia geral, é aquela que narra o fato criminoso com todas suas circunstâncias, como 
exige o CPP, e o imputa a todos os acusados, ou seja, a denúncia geral diz que todos acusados 
praticaram o fato criminoso narrado. Para Paccelli, essa denúncia é válida e apta, uma vez que, saber 
se os acusados praticaram ou não o fato criminoso é questão de prova e não pressuposto de 
desenvolvimento válido do processo. 
Observe-se que a distinção é bastante sutil. A jurisprudência do STF e do STJ também faz tal 
distinção, merecendo destaque os julgados: STJ, RHC 24.515 (Celso Limonge - Relator), HC 117.306. 
Em ambos julgados, o STJ faz bem a distinção entre denúncia geral e denúncia genérica, fazendo a 
mesma distinção realizada por Eugênio Paccelli. 
 
4. Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica (cai muito): 
 
4.1. Previsão Legal: 
 
A responsabilidade penal da pessoa jurídica está prevista no art. 225, §3º da CF (já foi feita 
leitura), bem como no art. 3º da Lei Ambiental: 
 “As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, 
nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão 
colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui 
a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.” 
 
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4.2. Correntes acerca da responsabilidade penal da Pessoa jurídica: 
 
Apesar dessas previsões, há enorme divergência na doutrina e na jurisprudência acerca da 
possibilidade de ser a pessoa jurídica responsabilizada, surgindo três correntes: 
 
a) 1ª Corrente: Afirma que a CF não criou a responsabilidade penal da pessoa jurídica. São 
argumentos de tal corrente: 
 A CF usou as expressões: condutas, pessoas físicas e sanções penais. Pessoas jurídicas, 
atividades e sanções administrativas = responsabilidade civil. Afirma tal argumento que, as 
pessoas praticam condutas e sofrem sanções penais enquanto as pessoas jurídicas exercem 
atividades lesivas e sofrem sanções administrativas, caso seja causando dano ao meio 
ambiente, havendo, para ambas a responsabilidade civil. 
 Princípio da Pessoalidade da Pena, ou da intranscendência: tem previsão no art. 5º, XLV da CF, 
que afirma que a pena não passará da pessoa do condenado. Diante de tal argumento, 
afirma-se que a Constituição federal não permite a punição da pessoa jurídica em razão de ato 
de pessoa física que a representa. 
 
Conclusão: a CF não prevê e proíbe a responsabilidade penal da pessoa jurídica. Sob a ótica 
dessa primeira corrente, o artigo 3º da Lei Ambiental é materialmente inconstitucional, 
ofendendo os artigos 225, §3º e 5º, XLV da CF, que, interpretados sistematicamente, 
permitem concluir que a CF não prevê e proíbe a responsabilidade penal da pessoa jurídica. 
 
Adeptos: É corrente adotada por Luiz Regis Prado, Miguel Reale Júnior, Renê Ariel Dotti, Cezar 
Roberto Bittencourt, José Henrique Pierangeri. 
 
b) 2ª Corrente: tal corrente afirma que a Pessoa jurídica não pode cometer crimes – “Societas 
delinqnere non potest”. Essa segunda corrente entende que Pessoa jurídica não pode ser 
sujeito ativo de crime. E essa corrente, sustenta-se na Teoria Civilista da Ficção Jurídica de 
Savigny e Foerbach, segundo a qual as pessoas jurídicas não são entes reais, são puras 
abstrações jurídicas, entes fictícios que não podem praticar comportamentos humanos, como, 
por exemplo, conduta criminosa. Partindo desse pressuposto, essa segunda corrente utiliza 
três argumentos: 
 Pessoas jurídicas não têm capacidade de conduta, isso porque, são desprovidas de vontade, 
consciência e finalidade. Em outras palavras, não agem com dolo ou culpa. Logo, punir a 
pessoa jurídica significa Responsabilidade Penal Objetiva. Nesse sentido, Zaffaroni – afirma 
que PJ não pode ser sujeito ativo de crime considerando que não possui vontade humana. 
 As pessoas jurídicas não têm culpabilidade uma vez que, faltam-lhes os três elementos da 
culpabilidade: imputabilidade (capacidade de entendimento do que faz), potencial consciência 
da ilicitude (capacidade de entender que o que faz é proibido) e exigibilidade de conduta 
diversa (não dá para exigir pessoa jurídica conduta diversa, simplesmente porque ela não 
pratica conduta). Se as pessoas jurídicas não têm culpabilidade, não podem sofrer pena, 
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considerando que a culpabilidade é pressuposto de aplicação da pena, independentemente da 
adoção da Teoria Bipartite ou Tripartite. Nesse sentido, Vicente Cernicchiaro. Tal autor afirma 
que, a culpabilidade, como juízo de reprovabilidade somente pode ser atribuída a seres 
humanos. 
 As pessoas jurídicas não têm capacidade de sofrer penas pois não agem com culpabilidade e 
considerando que a pena é inútil para elas já que, como são entes fictícios, são incapazes de 
assimilar as finalidades da pena. Portanto, a pena é inútil em relação às pessoas jurídicas. É o 
que afirma Luiz Regis Prado, dizendo ainda que, há violação do Princípio da necessidade da 
Pena. 
Conclusão: pessoa jurídica não pode cometer crimes nem sofrer penas. Quanto ao art. 225, 
§3º e art. 3º da LA, os adeptos dessa segunda corrente se posicionam em duas vertentes: 
a) O art. 225,§3º da CF é norma constitucional não autoaplicável, dependente de 
regulamentação infraconstitucional. Trata-se de norma de eficácia limitada e essa 
regulamentação infraconstitucional seria a criação de uma Teoria do Crime própria 
para as pessoas jurídicas, com institutos penais compatíveis com a natureza fictícia das 
pessoas jurídicas. Nesse sentido, Rogério Greco. É o que também afirma Luiz Regis 
Prado que também afirma que a França criou a responsabilidade penal da pessoa 
jurídica, mas automaticamente lá foi elaborada uma adaptação, ou seja, uma teoria do 
crime para a pessoa jurídica. 
 
b) Outros afirmam que, o art. 225, §3º da CF não considera a Pessoa jurídica como sujeito 
ativo de crime, mas apenas como responsável penal (o que é diferente de sujeito 
ativo). Nesse sentido, Fernando Galvão, que afirma a impossibilidade de se confundir 
Sujeito ativo com responsável pelo crime. Tal autor fundamenta seu entendimento 
com base no art. 3º da Lei Ambiental que afirma “as pessoas jurídicas são 
responsabilizadas”, o que se diferencia do fato de ser sujeito passivo. Assim, segundo 
tal autor, a responsabilidade penal da pessoa jurídica é indireta, por fato de terceiro. 
Nesse sentido também, Luiz Vicente Cernichiaro, que afirma que o art. 225, §3º 
apenas permitiu que sejam estendidos à pessoa jurídica os efeitos penais da sentença 
penal condenatória aplicada à pessoa física. 
 
Adeptos: Adotam essa segunda corrente, Zaffaroni, Cernichiaro, Delmanto, Tourinho, 
Mirabete, Rogério Greco, Francisco de Assis Toledo e todos citados na primeira corrente, uma 
vez que estes afirmam inicialmente que a CF não criou a responsabilidade penal da pessoa 
jurídica, mas mesmo que tivesse criado, não poderiam cometer crimes. 
 
c) 3ª Corrente: pessoa jurídica pode cometer crimes e sofrer penas – Societas Delinqnere Potest 
– pessoa jurídica delinque. A terceira corrente afirma que pessoa jurídica pode ser sujeito 
ativo de crime, e referida corrente se baseia na Teoria Civilista da Realidade ou da 
Personalidade Real, de Otto Gierke. Para tal teoria, as pessoas jurídicas são entes reais e não 
meras ficções jurídicas, ou seja, tem capacidade e vontade próprias e autônomas, distintas das 
Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais 
 
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pessoasfísicas que a compõe. Partindo desse pressuposto de que as pessoas jurídicas são 
realidades independentes, essa terceira corrente diz que as pessoas jurídicas têm capacidade 
de conduta, uma vez que, possuem vontade, não no sentido humano, mas no sentido 
pragmático-sociológico reconhecível socialmente – é o conceito de ação delituosa 
institucional, ou seja, no plano prático, é possível o reconhecimento da vontade da pessoa 
jurídica, o que não é possível no sentido psicológico-humano. Quem desenvolve esse 
entendimento é o Prof. Sérgio Salomão Schecaira, ferrenho defensor da responsabilidade 
penal da pessoa jurídica. 
 A pessoa jurídica possui culpabilidade. Não a culpabilidade clássica do finalismo, mas uma 
culpabilidade social que coloca a empresa como centro autônomo de decisões. E se tem 
culpabilidade pode sofrer pena (não a privativa de liberdade). A pessoa jurídica pode sofrer 
penas restritivas de direito ou multa, que é a meta principal do Direito Penal atual (a meta 
principal do direito penal atual são as penas alternativas), dada a falência do sistema prisional. 
Isso quem afirma é Guilherme de Souza Nucci, defendendo a culpabilidade e punibilidade da 
pessoa jurídica. 
 A responsabilidade penal da pessoa jurídica tem previsão constitucional (art. 225, §3º, CF) do 
Poder Constituinte Originário e previsão infraconstitucional (art. 3º, L.A). Portanto, é 
indiscutível a criação da responsabilidade penal da pessoa jurídica, não podendo tais 
dispositivos serem ignorados. 
 
Adeptos: Fernando Capez, Nucci, Schecaira, Édis Milaré, Herman Benjamim, Paulo Afonso 
Leme Machado. 
 
4.3. Jurisprudência: 
 
 O STJ adota a terceira corrente, admitindo que a pessoa jurídica é sujeito ativo de crime 
ambiental, ou seja, pode ser denunciada – incluída no pólo passivo da denúncia – como sujeito ativo 
de crime ambiental. 
 Nesse sentido, Resp. 800.817, julgado em 04.02.2010. Há um julgado do STJ dizendo que, 
considerar a PJ como sujeito ativo de crime não ofende o princípio Constitucional da Pessoalidade da 
Pena, uma vez que “é incontroversa a existência de duas pessoas distintas, uma física e outra jurídica, 
cada qual recebendo punição de forma individualizada” (Resp. 610.114/RN). 
 No STF ainda não há decisão definitiva acerca da responsabilidade penal da pessoa jurídica. 
Mas há dois precedentes que indicam que o STF admite que a Pessoa jurídica pode ser sujeito ativo 
de crime. O primeiro precedente é o HC 92.921/BA em que foi impetrado HC em favor da PJ. A 
discussão foi acerca do cabimento ou não do HC, mas em sede de obiter dicta foi afirmado pelos 
Ministros a possibilidade de responsabilização penal da pessoa jurídica. 
 No RE 593.729, o STF manteve uma ação penal cujos denunciados como autores do crime são 
a Sabesp – Empresa de Saneamento de SP e um diretor seu. Foi mantida ação penal em que há 
pessoa jurídica e pessoa jurídica como acusados. 
Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais 
 
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 Diante desses dois precedentes, pode-se afirmar que prevalece no STF a possibilidade de 
responsabilização penal da PJ. 
 
4.4. Requisitos para responsabilização da Pessoa jurídica (art. 3º, L.A): 
 
Independentemente da teoria adotada, o art. 3º da Lei ambiental exige dois requisitos para 
responsabilização da pessoa jurídica: 
 A decisão de praticar infração tenha emanado do representante legal ou contratual, ou 
órgão colegiado da empresa. Esse requisito é a chamado Responsabilidade Penal em 
Ricochete, de empréstimo, subsequente, ou por procuração. É o sistema Francês de 
responsabilidade penal da pessoa jurídica. Diante de tal requisito, pode-se concluir que o STJ 
não admite denúncia isolada contra Pessoa jurídica – não é por causa do sistema da dupla 
imputação, esta é consequência da responsabilidade em ricochete e não sua causa. A 
denúncia da PJ somente pode se dar se conjuntamente com a pessoa física (ou pessoas). Ex. 
se o funcionário da Motosserra, por sua conta e risco resolve cortar árvores em área de 
Preservação Ambiental, somente se fala nesse caso de responsabilidade penal de pessoa 
física, já que não é representante legal da PJ. 
 
 Que a infração tenha sido cometida no interesse ou benefício da entidade (pessoa jurídica). 
Ex. um gerente da empresa autorizou corte de árvores, contrariando interesses da PJ � 
somente o gerente será responsabilizado, uma vez que o crime não foi cometido nem no 
interesse nem em benefício da entidade, ainda que tenha sido cometido o delito por 
represente da empresa. 
 
Obs.: A denúncia deve narrar a decisão do representante legal do colegiado e qual foi o interesse 
ou benefício da pessoa jurídica com o crime, sob pena de inépcia. 
 
4.5. Sistema da Dupla Imputação ou Sistema de Imputações Paralelas: 
 
Art. 3º, p. único da Lei ambiental: 
 “A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do 
mesmo fato”. 
 Por meio de tal sistema, é possível denunciar isoladamente a pessoa física, ou denunciar 
conjuntamente a pessoa física e a pessoa jurídica. Não é possível denunciar isoladamente a pessoa 
jurídica, considerando o Sistema da Responsabilidade Penal em Ricochete, adotado no art. 3º caput 
da lei ora comentada. 
 Observe-se que tal sistema não caracteriza o bis in idem, apesar do prof. Carlos Henrique 
entender que sim. O STJ entende que o sistema da dupla imputação não gera bis in idem, 
considerando que bis in idem significa punir duplamente pelo mesmo fato, a mesma pessoa, e, nesse 
caso, se fala em punição pelo mesmo fato, pessoas distintas – pessoa física e pessoa jurídica. 
 
Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais 
 
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4.6. Responsabilidade Penal das Pessoas jurídicas de Direito Público: 
 
Indaga-se se é possível a punição de Município, autarquia, etc. por crime ambiental. Acerca 
dessa matéria, existem duas correntes: 
 
a) 1ª Corrente: a Lei Ambiental e a Constituição referem-se a pessoas jurídicas sem especificar 
(sem fazer distinções) se de Direito Público ou de Direito Privado, pelo que onde a norma não 
distingue não cabe ao interprete fazê-lo (Paulo Afonso Leme Machado). Assim, é possível a 
responsabilidade penal das pessoas jurídicas de direito público também. Nesse sentido, Luiz 
Flávio Gomes, que não fala em responsabilidade penal da pessoa jurídica, mas em Direito 
Penal Sancionador, Nucci, Paulo Afonso Leme Machado, Valter Claudius Rothemburg ( Artigo -
“Pessoa Jurídica Criminosa), entre outros. 
 
b) 2ª Corrente: não é possível a responsabilidade penal da pessoa jurídica de Direito Público. São 
argumentos de tal corrente: 
 O Estado não pode punir a si próprio: Schecaira, que não admite a responsabilidade 
penal das pessoas jurídicas de direito público, mas admite das paraestatais. 
 Os entes públicos, por sua própria natureza, somente podem perseguir fins lícitos, 
portanto, quem age com desvio e pratica o crime é sempre o administrador público e 
não a pessoa jurídica. Data vênia, a pessoa jurídica de direito privado também só pode 
perseguir fins lícitos. 
 A pena de multa recairia sobre os próprios contribuintes uma vez que o Estado pagaria 
a multa com recursos financeiros dos cidadãos. 
 As penas restritivas de direitos seriam inúteis, pois já é função do Poder Público prestar 
serviços sociais. 
Esses argumentos são de Wladmir Passos de Freitas e Valdir Passos de Freitas. 
 
4.7. Crime Culposo e Responsabilidade penal da Pessoa jurídica: 
 
É possível denunciar a PJ por crime Culposo? O Prof. Edis Milaré afirma que Pessoa jurídica 
não pode ser punida por crime culposo uma vez que o domínio do fato está com as pessoas físicas e 
não existe tal domínio sem dolo.Na verdade, o professor em questão está adotando a Teoria do Domínio Final do Fato, que 
vem sendo adotado pela doutrina de vanguarda no Brasil, mas tal teoria tem algumas restrições, 
como, por exemplo, a impossibilidade de responsabilização em relação a crimes culposos. 
Se houver uma decisão culposa do representante legal ou órgão colegiado da empresa, que 
seja a causa do resultado involuntário há possibilidade de responsabilização da pessoa jurídica, de 
acordo com Sílvio Maciel. Ex. gerente de uma empresa para reduzir custos, utiliza tubos de esgotos 
inapropriados, e estes cedem, causando derramamento de esgoto em rios � aqui se tem uma 
decisão culposa do gerente (utilização de material de segunda linha), mas esta foi hábil a ensejar 
dano ambiental, cabendo a responsabilização da PJ. 
Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais 
 
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4.8. Desconsideração da Pessoa Jurídica – art. 4º, da L.A. 
 
Art. 4º, L.A.: 
“Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de 
prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.” 
 Essa desconsideração da personalidade jurídica somente permite a transferência das 
responsabilidades civil e administrativa, da pessoa jurídica para a pessoa física. Não há permissão 
para a transferência da responsabilidade penal, tendo em vista o princípio da intranscendência ou 
incomunicabilidade da pena (art. 5º, XLV, CF). 
 Esse artigo 4º é, pois, instituto da responsabilidade civil ou administrativa, mas nunca da 
responsabilidade penal. Nesse sentido, Guilherme de Souza Nucci. 
 Ex. Caso a PJ tenha cometido infração ambiental e em razão dela tenha sofrido multa 
administrativa, condenação civil e multa penal, mas seu patrimônio se encontra esvaziado, diante da 
transferência ilícita para os sócios � há possibilidade de desconsideração da PJ para que seja a multa 
administrativa e a condenação civil para o patrimônio das pessoas físicas. No entanto, a 
responsabilidade penal relativa a multa aplicada não pode ser transferida para as pessoas físicas, já 
que a pena não pode passar da pessoa do condenado. 
 
Questão de prova: 
 
Transporte in utilibus da sentença penal condenatória: nas ações coletivas, quando há procedência 
do pedido, a sentença pode ser executada em ações individuais. Ex. uma sentença penal 
condenatória contra pessoa jurídica pode ser executada individualmente na esfera cível. Art. 103, 
§§3º e4º do CDC: “§3º. Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16, combinado com o art. 13 
da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, não prejudicarão as ações de indenização por danos 
pessoalmente sofridos, propostas individualmente ou na forma prevista neste código, mas, se 
procedente o pedido, beneficiarão as vítimas e seus sucessores, que poderão proceder à liquidação 
e à execução, nos termos dos arts. 96 a 99. § 4º Aplica-se o disposto no parágrafo anterior à 
sentença penal condenatória”. 
 
Edis Milaré entende que há possibilidade de desconsideração da pessoa jurídica também para 
fins penais. 
 
5. Aplicação da Pena nos Crimes Ambientais – art. 6º e ss, L.A.: 
 
A lei ambiental possui suas próprias regras acercada da Teoria da Pena, sendo aplicado o CP 
de forma subsidiária. A aplicação da pena pode ser divida em três etapas, senão vejamos: 
 
 
 
Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais 
 
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a) 1ª Etapa: Na primeira etapa, o juiz fixa a quantidade de pena, utilizando o Critério 
Trifásico ou Nelson Hungria previsto do art. 68 do CP. Pena base fixada de acordo com as 
circunstâncias judiciais, agravantes e atenuantes genéricas (pena intermediária), e 
posteriormente, são analisadas as causas de aumento e diminuição de pena. 
b) 2ª Etapa: o juiz fixa o regime inicial de cumprimento de pena: Fechado, Semiaberto ou 
aberto. 
c) 3ª Etapa: possibilidade de substituição da prisão por restritiva de direitos ou multa. Não 
sendo possível a substituição, o juiz verifica a possibilidade de suspensão da execução da 
pena de prisão 
Obs.: Se o condenado for pessoa física, o juiz cumpre essas três etapas. Já em se tratando de pessoa 
jurídica, o juiz somente se vale da primeira etapa da aplicação da pena. Pois, se não há prisão para 
PJ não poderá haver a substituição de pena, ou fixação de regime de cumprimento de pena. 
 
5.1. Aplicação da Pena para pessoa física: 
 
 É utilizado o critério trifásico de aplicação da pena do CP, com as seguintes especificações: 
 
5.1.1. Primeira Etapa: 
 
a) Pena Base: Para calcular a pena base, o juiz utiliza as circunstâncias judiciais do art. 6º 
da L.A, e, apenas supletivamente as circunstâncias judiciais do CP. 
Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará: 
 I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas conseqüências para a saúde pública e para o 
meio ambiente; 
II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental; 
III - a situação econômica do infrator, no caso de multa. 
*Nas circunstâncias do art. 59 do CP são consideradas as consequências para a vítima. Aqui se 
fala em saúde pública e meio ambiente. 
*Maus ou bons antecedentes ambientais não se referem apenas a crimes ambientais, mas sim 
ao cumprimento da legislação de interesse ambiental. 
*Multa: o Juiz leva em conta a situação econômica do infrator, mas também o valor do 
prejuízo ambiental – art. 19, L.A.: 
“A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante do prejuízo causado para 
efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa” 
 
b) Atenuantes e Agravantes: A Lei ambiental tem suas próprias atenuantes e agravantes: 
artigos 14 e 15 da Lei: 
 
b.1) Circunstâncias atenuantes – art. 14: 
 
Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena: 
I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente. 
PF 
P J 
Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais 
 
 Página 11 
 
Obs. Se retirar a potencial consciência da ilicitude haverá erro de proibição e não, atenuante de 
pena. Ex. morador de área rural que sempre pegou casas de árvores para fazer chá. 
 
 II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação 
significativa da degradação ambiental causada; 
Obs.: há doutrina que afirma que não se aplica nos crimes ambientais, o arrependimento 
posterior, do art. 16 do CP, que se trata da reparação do dano antes do recebimento da 
denúncia, tratando-se de causa de diminuição de pena de 1/3 a 2/3. Na lei ambiental, o 
arrependimento com reparação do dano é sempre atenuante de pena, seja feito antes ou após o 
recebimento da denúncia. Haverá sempre, mera atenuante de pena, e não a causa de 
diminuição de pena do art. 16, CP. É o que afirma Delmanto. 
 
 III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental; 
 IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental. 
Obs.: é o que Delmanto denomina Delação Premiada Ambiental, ou seja, é o infrator 
colaborando com as autoridades na apuração da infração ambiental. 
 
 b.2) Circunstâncias agravantes – art. 15: 
 
Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: 
I - reincidência nos crimes de natureza ambiental; 
Obs.: Nos crimes ambientais, o juiz somente pode reconhecer reincidência específica. O juiz 
somente pode aplicar agravante da reincidência se for reincidência específica em crimes 
ambientais, ou seja, possui condenação definitiva por outro crime ambiental. Ex. condenação 
definitiva por furto e crime ambiental ���� não é reincidente. 
Também não é reincidente o agenteque comete contravenção ambiental e depois comete crime 
ambiental. 
II - ter o agente cometido a infração: 
a) para obter vantagem pecuniária; b) coagindo outrem para a execução material da infração; c) 
afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente; d) 
concorrendo para danos à propriedade alheia; e) atingindo áreas de unidades de conservação ou 
áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso; f) atingindo áreas urbanas ou 
quaisquer assentamentos humanos; g) em período de defeso à fauna; h) em domingos ou feriados; 
i) à noite; j) em épocas de seca ou inundações; l) no interior do espaço territorial especialmente 
protegido; m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais; n) mediante 
fraude ou abuso de confiança; o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização 
ambiental; p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas 
ou beneficiada por incentivos fiscais; q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios 
oficiais das autoridades competentes; r) facilitada por funcionário público no exercício de suas 
funções. 
 
Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais 
 
 Página 12 
 
c) Causas de aumento e diminuição de pena: são aplicadas as causas de aumento e 
diminuição de pena tanto da lei ambiental quanto do CP. Ex. se houve crime ambiental 
tentado – tem-se a aplicação do art. 14, II do CP. 
 
5.1.2. 2ª Etapa: Regime inicial de cumprimento de pena: 
 
 É aplicado o CP de foram subsidiária, considerando que a Lei ambiental não traz especificação 
acerca dessa matéria. 
 
5.1.3. 3ª Etapa: Substituição da PPL por Pena Restritiva de Direitos (art. 7º ao 13) ou 
Suspensão da execução da pena: 
 
a) Penas Restritivas de Direitos na Lei Ambiental (pessoas físicas): 
 
*Características: 
 
 Autonomia: não se tratam de penas acessórias. 
 Substitutividade: não são penas principais (são substitutivas da prisão); 
 Conversibilidade em prisão: se descumpridas injustificadamente, convertem-se em 
prisão � Aplica-se o CP de forma subsidiária. 
 
*Duração da Penas restritivas de direito: a duração das penas restritivas de direito na Lei Ambiental 
tem a mesma duração da pena de prisão substituída. É o que diz o art. 7º, p. ún. da L.A: 
 “As penas restritivas de direitos a que se refere este artigo terão a mesma duração da pena privativa de liberdade 
substituída.” 
 
*Espécies – art. 8º a 13: 
 
Lei ambiental Código Penal 
Prestação de serviços à comunidade: art. 9º: “A 
prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição 
ao condenado de tarefas gratuitas junto a parques e 
jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de 
dano da coisa particular, pública ou tombada, na 
restauração desta, se possível.” 
Prestação de serviços à comunidade: art. 46, 
§2º, CP: “A prestação de serviço à comunidade dar-se-á 
em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e 
outros estabelecimentos congêneres, em programas 
comunitários ou estatais.” 
Interdição temporária de direitos: art. 10: “As 
penas de interdição temporária de direito são a proibição 
de o condenado contratar com o Poder Público, de receber 
incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como 
de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no 
caso de crimes dolosos, e de três anos, no de crimes 
culposos.” 
Obs.: esta pena não tem a mesma duração da 
Interdição temporária de direitos: art. 47, CP: 
“As penas de interdição temporária de direitos são: I - 
proibição do exercício de cargo, função ou atividade 
pública, bem como de mandato eletivo; II - proibição do 
exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de 
habilitação especial, de licença ou autorização do poder 
público;III - suspensão de autorização ou de habilitação 
para dirigir veículo. IV - proibição de freqüentar 
Art. 7º, L.A. 
Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais 
 
 Página 13 
 
pena de prisão substituída, tratando-se pois, de 
exceção. Há prazo fixo. 
Delmanto sustenta que esse prazo está em 
contradição lógica com o art. 7§, p. ún., 
devendo ser desconsiderado, diante do fato que 
as penas privativas de liberdade são inferiores a 
tais prazos. 
determinados lugares.” 
Suspensão parcial ou total de atividades: art. 
11: “A suspensão de atividades será aplicada quando estas 
não estiverem obedecendo às prescrições legais.” 
Sem correspondente no CP. 
Prestação pecuniária: art. 12: “A prestação 
pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou 
à entidade pública ou privada com fim social, de 
importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário 
mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários 
mínimos. O valor pago será deduzido do montante de 
eventual reparação civil a que for condenado o infrator.” 
Prestação Pecuniária: art. 45, §1º, CP: “A 
prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à 
vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou 
privada com destinação social, de importância fixada pelo 
juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 
360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. O valor pago 
será deduzido do montante de eventual condenação em 
ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários.” 
Não há previsão quanto aos dependentes na L.A. 
Diz que pode haver substituição por prestação de 
outra natureza, se houver concordância do 
beneficiário. É chamada prestação inominada. 
Diz a doutrina que essa possibilidade pode ser 
aplicada de forma subsidiária à L.A. 
Recolhimento domiciliar: art. 13: “O recolhimento 
domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de 
responsabilidade do condenado, que deverá, sem 
vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou exercer atividade 
autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários de 
folga em residência ou em qualquer local destinado a sua 
moradia habitual, conforme estabelecido na sentença 
condenatória.” 
Limitação de final de semana: art. 48, CP: “A 
limitação de fim de semana consiste na obrigação de 
permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas 
diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento 
adequado. Parágrafo único - Durante a permanência 
poderão ser ministrados ao condenado cursos e palestras 
ou atribuídas atividades educativas.” 
 
*Requisitos para a substituição: 
 
 Art. 7º, I e II da Lei Ambiental. A previsão é distinta do CP (art. 44). 
 
Requisitos para a Susbstituição 
Código Penal Lei ambiental 
 Condenação por crime culposo, ou 
condenação igual ou inferior a quatro 
anos, se doloso. 
 Condenação por crime culposo, 
qualquer que seja a pena ou condenação 
inferior a quatro anos, se crime doloso. 
 Circunstâncias judiciais favoráveis Circunstâncias judiciais favoráveis 
Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais 
 
 Página 14 
 
 Condenado não reincidente em crime 
doloso 
 Não é exigido pela lei ambiental. 
 Crime sem violência ou grave ameaça à 
pessoa. 
 Não é requisito exigido pela lei 
ambiental. 
 
*Multa na lei ambiental: pode substituir a pena de prisão quando for prisão não superior a um ano � 
é aplicado subsidiariamente o art. 44, §2º do CP c.c. 79 da Lei ambiental, considerando que nesta não 
há vedação para que exista a substituição da pena de multa. Art. 44,§2º, CP: 
Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; 
se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por 
duas restritivas de direitos. 
 
*Cálculo da Multa:art. 18, L.A: afirma que o cálculo da multa ser feito com base nos critérios do CP, 
ou seja, é calculada de acordo com o art. 49 e parágrafos do CP. 
 Art. 18, L.A: “ A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que 
aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica 
auferida.” 
 Na lei ambiental, o juiz pode triplicar a pena aplicada no máximo considerando o valor da 
vantagem econômica obtida com o crime. No CP, o juiz pode triplicar a multa aplicada no máximo 
tendo em vista a situação econômica do infrator. Observe-se, pois, que os critérios são distintos. 
Obs.: Paulo Sirvinskas afirma que o Juiz pode triplicar a multa duas vezes, uma com base na 
situação econômica do réu prevista no CP e outra com base no valor da vantagem econômica 
obtida, com base na Lei Ambiental (o que é, uma invencionice). 
 
b) Suspensão da execução da pena (SURSI): 
 
 No CP, existem quatro espécies de SURSI, quais sejam o Sursi simples (art. 77, caput), o Sursi 
especial (art. 78, §2º), além dos Sursis etário e humanitário (art. 77, §2º do CP). 
 Todas essas espécies de Sursi são cabíveis nos crimes ambientais, com algumas diferenças. 
1. Sursi Simples: na lei ambiental é cabível nas condenações até 3 anos, diferentemente do CP 
em que é cabível apenas nas condenações até 02 anos. 
 
2. Sursi Especial: no CP, o Sursi especial é concedido ao condenado que reparou o dano, salvo 
impossibilidade de fazê-lo e que tenha circunstâncias judiciais favoráveis, ficando sujeito às 
condições especiais do art. 78, §2º do CP. Já na lei ambiental, é cabível o Sursi especial com 
três observações: 
 É cabível nas condenações até três anos, e não apenas até dois anos; 
 A reparação do dano somente pode ser comprovada mediante Laudo de reparação do 
dano ambiental, ou seja, trata-se de uma exceção ao Princípio da Liberdade Probatória 
que vigora no processo penal. 
Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais 
 
 Página 15 
 
 As condições a que fica sujeito o condenado não são as condições do CP (78, §2º), mas 
sim as condições relacionadas a proteção do meio ambiente, fixadas pelo juiz. 
3. Sursi Etário: 
4. Sursi Humanitário 
 
 
*Previsão Legal: se encontra nos artigos 16 e 17 da Lei Ambiental: 
Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a 
pena privativa de liberdade não superior a três anos. 
Art. 17. A verificação da reparação a que se refere o § 2º do art. 78 do Código Penal será feita mediante laudo de 
reparação do dano ambiental, e as condições a serem impostas pelo juiz deverão relacionar-se com a proteção ao meio 
ambiente. 
 
5.2. Aplicação da Pena para pessoa jurídica: 
 
 Se a condenação incide sobre pessoa jurídica, o juiz somente passa pela primeira etapa de 
fixação da pena, aplicando a quantidade de pena com base no art. 68 do CP. Aqui, aplicam-se todas 
as peculiaridades atinentes à pessoa física. 
 Nessa oportunidade o juiz não segue as segunda e terceira etapas, considerando que a 
segunda etapa é acerca do regime inicial e a terceira é sobre a substituição da pena ou suspensão 
condicional da pena. Isso porque a pessoa jurídica não sofre pena de prisão. Se a pessoa jurídica não 
sofre prisão não há como se falar em fixação de regime ou substituição da pena, ou ainda a 
substituição da pena. 
 
 As penas que podem ser aplicadas à pessoa jurídica são as seguintes: 
 Multa � segue a regra do art. 18 da Lei Ambiental: 
Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no 
valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida. 
 A multa é aplicada de acordo com o CP, observando-se que a correção do valor incide 
desde a data do crime, bem como que não há qualquer peculiaridade pelo fato de se tratar de 
pessoa jurídica. A doutrina critica essa posição, afirmando que a pessoa jurídica deveria ter 
pena maior que a pessoa física, indicando um autor inclusive que, deveria ser calculada por 
“dia de faturamento”. 
 O professor entende que, no caso da pessoa jurídica a responsabilidade penal da 
pessoa jurídica é inútil considerando que a multa administrativa que pode ser aplicada é bem 
maior que a pena possível no caso da sanção penal. 
 
 Penas restritivas de direitos: têm previsão no artigo 22 da L.A. 
Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são: 
I - suspensão parcial ou total de atividades; 
 II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade; 
III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações. 
Aplicação subsidiária do CP, nos 
termos do art. 78 da Lei Ambiental 
Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais 
 
 Página 16 
 
§ 1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às disposições legais ou 
regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente. 
§ 2º A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a devida 
autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou regulamentar. 
§ 3º A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções ou doações não poderá 
exceder o prazo de dez anos. 
Perceba-se que, no caso da pessoa jurídica a pena restritiva de direitos de proibição de 
contratar com o poder público e dele receber subvenções é de até dez anos, já quando se 
trata de pessoa física essa prazo é de três anos se for condenação por crime culposo e de 
cinco anos se a condenação for por crime doloso. 
 
 Prestação de Serviços à comunidade: tem previsão no art. 23 da Lei Ambiental: 
Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em: 
 I - custeio de programas e de projetos ambientais; 
 II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas; 
III - manutenção de espaços públicos; 
 IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas. 
 Atente-se que, diferentemente do CP, na lei ambiental, a prestação de serviços 
comunitários é uma terceira espécie de pena, e não uma modalidade de pena restritiva de 
direitos. 
 
Observação sobre as penas aplicáveis às pessoas jurídicas: 
 
 Fora a pena de proibição de contratar com o poder público que é de no máximo até dez 
anos, as demais penas restritivas de direitos e de prestação de serviços à comunidade não 
possuem limites mínimos e máximos previstos em lei, pelo que muitos afirmam que tais 
penalidades são inconstitucionais por ferir o Princípio da Legalidade. Assim, exceto a pena do art. 
22, §3º, as demais penas restritivas de direitos e a prestação de serviços a comunidade não têm os 
limites mínimo e máximo cominados na lei. Diante disso, há quem diga (Luiz Regis Prado) que tais 
penas são inconstitucionais por violação ao princípio da legalidade, uma vez que a lei prevê a 
pena, mas não comina seus prazos. Atente-se que tais penas são penas principais e não 
substitutivas da pena privativa de liberdade (a PJ não tem pena privativa de liberdade) pelo que 
não há como aplicar o prazo de suposta pena privativa de liberdade. Trata-se de penas principais, 
o que é uma exceção ao caráter da substitutividade das penas restritivas de direitos. 
 Diante disso, caso não seja declarada a inconstitucionalidade da lei, entende o professor 
que, no caso concreto deve o juiz utilizar os patamares da pena de prisão. O juiz deve levar em 
conta os limites da pena de prisão cominados no tipo penal incriminador. Mas a doutrina nãotrabalha muito essa questão. 
 
 Liquidação forçada: essa é uma quarta espécie de sanção aplicável a PJ estando prevista no 
art. 24 da Lei Ambiental: 
Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais 
 
 Página 17 
 
“A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a 
prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado 
instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.” 
 Essa sanção somente é cabível se a pessoa jurídica tem como atividade principal a 
prática de crimes ambientais, o que pode ser observado por meio do uso do advérbio 
“preponderantemente”. Exemplo: madeireira clandestina � sua atividade principal é a 
extração de madeiras, de forma ilegal. 
 Essa sanção penal não pode ser aplicada que eventualmente tenha cometido um crime 
ambiental, considerando que se trata de uma sanção extrema. Luiz Regis Prado afirma que 
equivale a “Pena de morte da pessoa jurídica”, somente podendo ser utilizada como “última 
das últimas medidas”, até mesmo tendo em vista os efeitos por ela causados. 
 Atente-se que a liquidação forçada acarreta a extinção da pessoa jurídica, uma vez que 
todo seu patrimônio é considerado como instrumento do crime sendo confiscado e entregue 
ao Fundo Penitenciário Nacional. Diante disso, será a Pessoa Jurídica extinta. 
 Quanto a forma de se aplicar essa liquidação forçada, a doutrina diverge: 
 
1ª Corrente: Roberto Delmanto � afirma que, se a liquidação forçada pressupõe a prática de 
crime, somente pode ser aplicada em sentença penal condenatória transitada em julgado. 
Nessa hipótese, será aplicada como efeito de sentença penal condenatória transitada em 
julgado, efeito este que deve ser devidamente fundamentado, não podendo ser automático. 
Essa primeira corrente sustenta pois que, essa liquidação forçada somente pode ocorrer em 
uma ação penal, jamais em uma ação civil. 
 
2ª Corrente: Wladimir Passos de Freitas e Valdir Passos de Freitas � afirmam que a liquidação 
forçada pode ser aplicada na ação penal, desde que haja pedido expresso da acusação nesse 
sentido. Não havendo pedido expresso da acusação, o juiz penal não pode aplicar essa 
liquidação forçada. 
 Afirmam ainda que, a liquidação forçada pode ser objeto de ação própria no juízo cível, 
proposta pelo MP, utilizando por analogia, os artigos 761/786 do CPC. 
 
6. Confisco dos instrumentos do crime ambiental: art. 25, §4º da L.A. 
 
 Art. 25, §4º: § 4º Os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos, garantida a sua 
descaracterização por meio da reciclagem 
 
CP – Art. 91, II, “a”, CP L.A. – Art. 25, §4º 
Tal artigo não permite o confisco de qualquer 
instrumento do crime, mas somente daqueles 
que forem ilícitos. Se o instrumento for lícito ele 
não é confiscado. 
Ex. uma arma com a numeração raspada pode 
Tal dispositivo permite o confisco de 
instrumentos usados para a prática do crime, 
sejam eles lícitos ou ilícitos. 
Ex. o barco do pescador, embora não se trate de 
objeto ilícito pode ser confiscado. 
Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais 
 
 Página 18 
 
ser confiscada. 
Por outro lado, um automóvel, por exemplo, 
usado para a prática de um furto não pode ser 
confiscado, se foi legitimamente comprado. 
Entendendo dessa forma, Fernando Capez. 
 
 
 Sucede que, a jurisprudência entende que essa regra do art. 25, §4º deve ser interpretada à 
luz do princípio da razoabilidade, o que quer dizer que, somente devem ser confiscados os 
instrumentos que usualmente são utilizados na prática de crimes ambientais. Ex. motosserras da 
madeireira clandestina, barcos de uma pesqueira ilegal. 
 Mas por outro lado, se um objeto lícito esporadicamente foi utilizado em um crime ambiental, 
não deve ser confiscado. Ex. barco de um pescador que, eventualmente pescou quantidade de peixes 
superior à permitida. Nesse sentido, já houve inclusive decisão do TRF da 3ª Região. 
 
7. Questões processuais da L.A.: 
 
7.1. Perícia: 
 
 Art. 19, caput: A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante do prejuízo 
causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa. 
 A perícia ambiental, além de verificar a materialidade delitiva deve fixar o montante do 
prejuízo causado pelo crime ambiental. 
 A fixação desse valor é importante para que o juiz calcule o valor da fiança e da multa. No CPP, 
a fiança é baseada na pena máxima cominada ao delito, e na situação econômica do infrator. Já aqui 
na lei ambiental, é calculada com base no valor do prejuízo ambiental. 
 
7.2. Prova emprestada: 
 
 Tem previsão no art. 19, p.ún: 
“A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se o 
contraditório.” 
 A lei permite que a perícia feita no inquérito civil ou na ação civil pública seja usada como 
prova emprestada na ação penal, desde que instaurado o contraditório. Aqui se tem o contraditório 
posterior, também chamado contraditório diferido. 
 Esse contraditório diferido, segundo Wladimir e Valdir Passos de Freitas, significa apenas 
permitir às partes a manifestação sobre o laudo pericial. A maioria entretanto, afirma que, 
contraditório diferido não é só isso, como também a possibilidade se oferecimento de novos 
quesitos, apresentação de parecer de assistente técnico. 
 
7.3. Sentença condenatória: 
 
 A previsão se encontra no art. 20 da Lei Ambiental: 
Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais 
 
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“A sentença penal condenatória, sempre que possível, fixará o valor mínimo para reparação dos danos causados pela 
infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente.” 
 O art. 387 do CPC, inciso IV, prevê que o juiz, ao condenar pode fixar o valor mínimo de 
reparação civil. Essa foi uma novidade introduzida com a reforma de 2008 do CPC. Assim, o juiz penal 
pode fixar o valor mínimo de indenização civil. 
 Quanto ao valor mínimo da indenização, a sentença penal passou a ser título certo, líquido e 
exigível, não se mais se exigindo a liquidação na seara cível. O juiz já fixa o valor mínimo para a 
indenização. E todos os processualistas afirmam que essa foi uma novidade no Direito Brasileiro, mas 
o art. 20 da Lei ambiental, desde sua edição já previa a possibilidade de fixação de valor mínimo para 
a reparação dos danos causados pela infração. 
 Assim, essa possibilidade de o juiz fixar valor mínimo da indenização já existe desde a edição 
da Lei de Crimes Ambientais. 
 Quanto a execução, prevê a lei ambiental que, transitada em julgado a sentença pode ser 
executado pelo valor mínimo, sem prejuízo da liquidação para apuração do dano efetivo. É possível 
pois que a sentença tenha parte líquida e ilíquida. Nesse ponto, merece destaque o p. ún. da Lei ora 
discutida: 
“Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá efetuar-se pelo valor fixado nos termos do caput, 
sem prejuízo da liquidação para apuração do dano efetivamente sofrido.” 
 Atente-se que esse valor mínimo será fixado se houver elementos mínimos probatórios do 
valor do dano, daí o uso da expressão “sempre que possível” no caput do art. 20. 
 
7.4. Interrogatório da Pessoa Jurídica: 
 
 Acerca da matéria existem duas correntes: 
1ª Corrente: Ada Pelegrini Grinover � afirma em artigo publicado que é um dos pontos mais 
sensíveis do tema responsabilidade da pessoa jurídica. 
 
Antes da Lei 10.792/03 Após a lei 10.792/03 
Ada Pelegrini afirmava que o interrogatório se 
tratava de meio de prova, sustentando que 
deveria ser aplicado, poranalogia, o art. 873, §3º 
da CLT que prevê o interrogatório feito na pessoa 
do gerente ou preposto da empresa que tenha 
conhecimento sobre o fato. 
A finalidade do interrogatório era levar ao juiz o 
conhecimento dos fatos, e, portanto, deveria ser 
interrogado o gerente ou preposto que tivesse 
conhecimento dos fatos. 
O interrogatório passou a ser, inegavelmente um 
meio de defesa no CPP, e, diante disso, Ada 
Pelegrini passou a afirmar que, o interrogatório 
deve ser feito na pessoa de qualquer 
representante da pessoa jurídica que tem 
interesse em defender a pessoa jurídica. 
 
2ª Corrente: entende que deve ser aplicado por analogia o art. 843, §1º da CLT. Nesse sentido, Nucci. 
 
Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais 
 
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7.5. Citação da Pessoa Jurídica: 
 
 Deve ser aplicado o art. 12, VI do CPC, por analogia. É o que entende Guilherme de Souza 
Nucci, ou seja, devem ser citados os representante da pessoa jurídica. 
 
7.6. HC e Pessoa Jurídica: 
 
 Entendem o STF e o STJ que não é possível conhecer de Habeas corpus impetrado em favor de 
pessoa jurídica, uma vez que o HC tutela liberdade de locomoção, algo que a Pessoa jurídica não 
possui. Nesse sentido, HC 92.925/BA, STF. O relator de tal julgado admitiu o HC para pessoa jurídica, 
desde que com reflexos no direito de locomoção da pessoa física. O HC é cabível no caso em que há 
reflexos no direito de locomoção do agente, e o Min. Lewandovisk fez menção a ideia de que no caso 
concreto a liberdade da pessoa física estaria atingida reflexamente. 
 No entanto, observe-se que, esse voto do Min. Lewandovisk foi voto vencido. 
 Diante do não cabimento do HC, cabe o Mandado de Segurança no caso de se pretender 
trancar a ação penal. 
 
7.7. Competência: 
 
 No STF e no STJ para delinear a regra de competência são usadas duas premissas: 
a) A proteção ao meio ambiente é de competência comum entre a União, Estados, Municípios e 
DF (artigos 23 e 24 da CF). 
b) Não há nenhuma norma constitucional ou processual sobre competência criminal ambiental. 
 A conclusão dessas duas premissas é a seguinte: a regra é de que os crimes ambientais são de 
competência da justiça estadual, quando não houver interesse da União ou quando o interesse da 
União for apenas genérico ou indireto. 
 Assim, os crimes ambientais serão de competência da Justiça Federal, somente quando 
houver interesse direto e específico da União, de suas autarquias ou empresas públicas. 
 
*Crimes contra a fauna: Nos crimes contra a fauna, é seguida a regra básica da competência ora 
delineada. Isso porque a Súmula 91 do STJ que previa a competência da Justiça Federal para julgar 
crimes contra a fauna foi cancelada. 
 
*Contravenções Ambientais: quanto as contravenções ambientais, sempre a competência será da 
Justiça Estadual, ainda que atingido interesse direto e específico da União. Isso porque o art. 109, IV 
da CF afirma que a Justiça Federal não julga contravenções. 
Obs. Mas há uma exceção: caso o contraventor tenha foro por prerrogativa de função na Justiça 
Federal, a contravenção é julgada pela Justiça Federal uma vez que o critério em razão da pessoa 
prevalece sobre o critério em razão da matéria. Atente-se que esse foro por prerrogativa de função 
na Justiça Federal deve estar previsto na Constituição Federal. Ex. Juiz Federal acusado da prática 
de contravenção penal ���� será julgado pelo TRF. 
Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais 
 
 Página 21 
 
 
*Modificação da Competência: se durante a ação penal surgir interesse direito ou específico da 
União, que não havia no início da ação, desloca-se a competência da justiça estadual para a justiça 
federal. Nesse sentido, STJ, CC 88.013, julgado em 2008. Esse julgado diz respeito a um parque 
pertencia ao município, no entanto, foi incorporado ao patrimônio da união no curso da ação, 
oportunidade em que houve o deslocamento da competência para a Justiça Federal. 
 Atente-se que o inverso também é verdadeiro � se durante o processo desaparece o 
interesse jurídico direto e específico da União, presente no início do processo, desloca-se a 
competência para a Justiça Estadual. Nesse sentido, HC 108.350/STJ. Nesse julgado havia conexão 
entre os crimes de desobediência de servidor federal e crimes ambientais e no curso da ação foi 
declarada a prescrição em relação ao crime de desobediência o que fez com que fosse deslocada a 
competência da J. Estadual. 
 
*Crime cometidos na Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Pantanal, Serra do Mar e Zona Costeira: 
art. 225, §4º da CF. de acordo com tal dispositivo esses são considerados patrimônio nacional. A 
competência nessa hipótese é, de regra da justiça estadual, uma vez que a expressão patrimônio 
nacional não significa patrimônio da União, mas sim patrimônio da nação brasileira. 
 Assim, os crimes cometidos nessas áreas seguem o esquema geral de competência. Isso é 
jurisprudência pacífica no STF e no STJ. 
 
*Crimes cometidos em áreas fiscalizadas por órgão federal, por exemplo, IBAMA e em áreas de 
preservação permanente (APP): de acordo com a jurisprudência do STF e do STJ, o fato de a área ser 
fiscalizada por órgão federal ou ser área de preservação permanente não fixa, por si, só, competência 
da Justiça Federal, isso porque esses casos geram interesse apenas indireto da União. 
 
*Crime cometido em rio estadual, rio interestadual e em mar territorial: ex. crime de pesca 
predatória, de pesca proibida, extração ilegal de areia. O crime praticado em rio estadual é de 
competência da justiça estadual, ainda que sejam utilizados petrechos proibidos em normas federais. 
(STJ, CC. 36.594). 
 Quanto ao crime praticado em rio interestadual ou em mar territorial, a competência será da 
Justiça Federal, uma vez que rio interestadual e mar territorial são considerados patrimônio da União, 
e diante disso há interesse direto e específico da União. Esse é um posicionamento pacífico do STJ. 
 
*Tráfico internacional de animais ou de espécies vegetais: a competência da Justiça Federal 
considerando que o Brasil é signatário de convenções internacionais sobre repressão ao tráfico 
internacional de animais e espécies da flora. 
 Assim, tratando-se de crime a distância e havendo previsão em convenção internacional, a 
competência é da Justiça Federal (art. 109, V da CF). 
 
*Liberação no Meio Ambiente de OGM (Organismo Geneticamente Modificado): é crime previsto no 
art. 27 da Lei 11.105/05 (Lei de Biossegurança), cuja competência é da Justiça Federal. Ex. plantação 
Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais 
 
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de soja transgênica sem autorização. Trata-se de competência da Justiça Federal, segundo o STJ uma 
vez que esse crime transcende os interesses do estado, uma vez que suas consequências podem 
atingir a saúde pública de toda a humanidade (CC. 41.301/STJ). 
 Ex. clonagem de seres humanos é crime previsto na referida Lei de Biosegurança. 
 
7.8. Ação Penal: 
 
 Todos os crimes da Lei ambiental são de ação pena pública incondicionada. Atente-se que, 
cabe ação penal privada subsidiária nos casos em que há vítima determinada. 
 
����Dica: todos os crimes previstos em Lei especial são de ação penal pública incondicionada, salvo 
nos casos em que há lesão culposa no trânsito (depende de representação). 
 
7.9. Transação Penal em crimes ambientais de menor potencial ofensivo: 
 
Lei 9.099/95 Lei Ambiental 
Na lei do Jesp Criminal existem dois institutos 
despenalizadores: 
a) Composição civil de danos: é acordo civil 
entre o autor do fato e a vítima ou seu 
representante (art. 74 da Lei 9.099/95). 
b) Transação penal: é acordo feito entre autor 
do fatoe o MP ou o querelante (STJ e STF 
entendem que na ação privada quem 
propõe a transação é o querelante apesar da 
lei dizer que é o MP). Nessa hipótese há 
aplicação imediata de pena que não seja de 
prisão. 
Na Lei do Jesp, a composição civil de danos não é 
requisito para a transação penal. Mesmo que 
não tenha sido feita a composição civil com a 
vítima, é possível que seja feita a transação com 
o MP. 
Ex. lesão corporal dolosa leve – o autor afirma 
que não faz composição civil, e apesar disso, o 
MP oferece transação penal. 
Na lei ambiental, a composição do dano 
ambiental é requisito para o oferecimento da 
proposta de transação penal. 
Assim, nos crimes ambientais de menor 
potencial ofensivo, os requisitos para a transação 
penal são aqueles da lei 9.099/95 (art. 76, §2º) + 
a composição do dano ambiental. 
É o que dispõe o art. 27 da lei Ambiental, senão 
vejamos: “Nos crimes ambientais de menor potencial 
ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena 
restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 
9.099, de 26 de setembro de 1995, (TRANSAÇÃO PENAL) 
somente poderá ser formulada desde que tenha havido a 
prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 
74 (COMPOSIÇÃO DOS DANOS) da mesma lei, salvo em 
caso de comprovada impossibilidade.” 
 
 
 
Obs.: 
 Essa prévia composição do dano é o compromisso formal de reparar o dano, não sendo 
necessária a efetiva reparação, para que seja proposta a transação penal. Ex. Termo de 
Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais 
 
 Página 23 
 
Ajustamento de Conduta assinado com o MP. Se o infrator assinou TAC comprometendo-se 
a reparar o dano, isso já é suficiente para o cabimento da transação penal. 
 Se o autor do fato cumpre a pena imposta na transação penal, mas descumpre o acordo de 
reparação ambiental que permitiu a transação, só há uma solução que é a execução do 
acordo de reparação não cumprido. Não há possibilidade de oferecimento de denúncia uma 
vez que a transação foi cumprida, o que não foi cumprido foi um requisito para o cabimento 
da transação. 
 
7.10. Suspensão Condicional do processo em crimes ambientais: 
 
Art. 89, Lei 9.099/95 Lei de crimes Ambientais (art. 28) 
A suspensão condicional do processo é cabível 
para crimes com pena mínima cominada não 
superior a um ano. 
Não é apenas cabível em infrações de menor 
potencial ofensivo, mas sim quanto aos crimes 
cuja pena mínima seja não superior a um ano. Ex. 
furto simples – pena de 01 a 04, estelionato – 
pena de 01 a 05 anos. 
De acordo com o art. 28 da Lei de Crimes 
Ambientais, a Suspensão condicional do processo 
aplica-se aos crimes de menor potencial ofensivo 
previstos nesta Lei de Crimes Ambientais. 
Assim, analisando a literalidade da lei somente é 
cabível a suspensão condicional do processo nos 
casos em que há previsão de crimes de menor 
potencial ofensivo. 
Para a doutrina, segue a regra geral da Lei do 
JeCrime (penas mínimas não superiores a um 
ano). 
Período de suspensão: o período de suspensão é 
de 02 a 04 anos na Lei 9.099/95. 
Período de suspensão: pode variar de 02 a 14 
anos (4 anos, + duas prorrogações de cinco anos) 
1. Esgotado o período de suspensão, é feito o 
laudo. Se o laudo aponta que não houve 
reparação integral, o juiz prorroga a 
suspensão do processo por cinco anos, com 
suspensão da contagem da prescrição. 
2. Findo o prazo da prorrogação, se o laudo 
apontar que não houve reparação integral, o 
juiz tem duas opções: 
a) Revogar a suspensão; 
b) Prorrogar a suspensão por mais cinco 
anos, sem suspensão da prescrição. 
3. Se o juiz optou pela nova prorrogação, 
findo o período dela, o juiz tem as seguintes 
opções: 
a) Se houve a reparação do dano ou não 
houve, mas foram adotadas todas as 
providências possíveis para reparar � o 
Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais 
 
 Página 24 
 
juiz declara extinta a punibilidade. 
b) Se não houve a reparação integral, nem 
as providências possíveis para essa 
reparação � o juiz revoga a suspensão do 
processo. 
Obs.: Durante os dois períodos de prorrogação, 
o acusado não fica mais sujeito às condições da 
suspensão condicional do processo. Isso é o que 
dispõe o art. 28, III da Lei Ambiental. 
A punibilidade é extinta se o acusado cumpre as 
condições impostas no período da suspensão. 
A punibilidade somente é extinta se houver 
reparação integral do dano ambiental, ou 
comprovação de que o acusado adotou todas as 
providências para reparar o dano, mas não foi 
possível. 
Obs.: A comprovação dessa reparação deve ser 
feita por laudo de constatação da reparação do 
dano ambiental, não se admitindo outro meio 
de prova. 
 
Obs.: 
Entende a doutrina que, nessa hipótese houve erro material do legislador na redação do dispositivo 
e onde está escrito “crimes de menor potencial ofensivo definidos nesta lei”, o legislador quis dizer 
“crimes definidos nessa lei”. é o que afirmam: Édis Milaré, Antonio Scarance Fernandes, Cezar 
Roberto Bittencourt, Delmanto, Wladimir Passos de Freitas e Gilberto Passos de Freitas. 
 
7.11. Termo de Compromisso Ambiental: 
 
 O art. 79-A da Lei Ambiental prevê a possibilidade de pessoas físicas ou jurídicas que exerçam 
atividades efetiva ou potencialmente poluidoras celebrem termo de compromisso ambiental com 
órgãos do SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente) para adequar suas condutas ou atividades 
às normas ambientais. 
 Podem celebrar esse termo, portanto, as pessoas que exerçam atividades efetiva ou 
potencialmente poluidoras, ou seja, quem já está poluindo ou quem pode fazê-lo. 
 São efeitos penais desse termo de Compromisso: 
 De acordo com Nucci, Delmanto e TJMG, esse Termo, devidamente cumprido, acarreta a falta 
de justa causa para a ação penal. 
 Há por outro lado, entendimento de que esse termo é causa supralegal de exclusão da 
ilicitude. 
 Outros porém, entendem que o cumprimento desse termo sequer acarreta reflexos penais, 
pelos seguintes motivos: 
Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais 
 
 Página 25 
 
a) O art. 225, §3º da CF prevê a responsabilidade penal independentemente da obrigação de 
reparar o dano, ou seja, a reparação do dano não afasta a responsabilidade penal. 
b) Vários dispositivos da lei ambiental deixam claro que a reparação do dano não acarreta 
falta de justa causa para a ação penal. Ex. o art. 14, II diz que a reparação do dano é 
atenuante de pena, o que faz crer a existência do crime. Outro exemplo é o art. 17 que diz 
que somente é cabível o SURSI especial se houve reparação do dano ambiental. 
� É esse o entendimento do STF e do STJ (HC 82.911 e RHC 21.469). STF, HC 86.361. 
 
8. Principais crimes contra o meio ambiente: 
 
 Antes de serem analisados os crimes em espécie, merecem atenção duas questões: 
 
a) Normas penais em branco: a técnica da norma penal em branco é perfeitamente legítima na 
elaboração dos tipos penais ambientais, uma vez que esses tipos penais trabalham com 
conceitos extrajurídicos e normas administrativas. Ex. conceitos de floresta de preservação 
permanente, caçar sem licença da autoridade competente (mas qual a autoridade?). 
 No entanto, observe-se que, Luiz Regis Prado e Cerezo Mier dizem o seguinte: a técnica 
da norma penal em branco não ofende o princípio da legalidade desde que o Núcleo essencial 
da ação proibida esteja na norma penal, ou seja, a norma administrativa deve ser um 
complemento da norma penal, e não o inverso. 
 
b) Princípio da Insignificância: indaga-se a aplicação do princípio da insignificância aos crimes 
ambientais. Acerca da matéria existemduas correntes: 
1ª Corrente: não se aplica o princípio da insignificância uma vez que, qualquer lesão é 
significante pois desequilibra o meio ambiente, direta ou indiretamente. É o que prevalece 
nos TRFs da 3ª e 4ª Regiões. 
 
2ª Corrente: é cabível o princípio da insignificância em crimes ambientais se a conduta não 
causar uma lesão ou perigo de lesão significante ao bem jurídico meio ambiente. Esse é o 
entendimento do STJ e do STF. Tais tribunais entendem perfeitamente possível a aplicação do 
princípio da insignificância em crimes ambientais. 
 
Obs.: Os crimes contra o meio ambiente estão divididos em cinco grupos, o que faz crer que a lei 
ambiental considerou o meio ambiente em seu sentido amplo, tutelando penalmente: 
1. Meio ambiente natural (fauna e flora); 
2. Meio ambiente artificial ou urbano: ou seja, as edificações construídas pelo homem, praças, 
jardins públicos, etc. 
3. Meio ambiente cultural: patrimônio histórico, artístico, paisagístico, arqueológico e turístico. 
 
8.1. Crimes contra a fauna: 
 
Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais 
 
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*Conceito de fauna: compreende o conjunto de animais que vivem em uma determinada região ou 
ambiente, incluindo-se os animais da fauna terrestre e aquática. 
 
*Proteção penal da fauna: as normas penais sobre proteção da fauna eram as seguintes: 
 
a) Lei 5.197/67 – Código de Caça ou Lei de proteção à fauna � o art. 27 previa crimes. 
b) Dec. Lei 221/67 – Código d e Pesca � tinha um crime previsto no art. 61. 
c) Dec. Lei 3.688/41 – Lei das Contravenções Penais � o art. 64 previa a contravenção de 
crueldade contra animais. 
d) Lei 7.679/88 – art. 8º � criminalizava a pesca com substâncias tóxicas. 
 
e) Lei 7.643/87 – prevê o crime de pescar ou molestar cetáceos (baleia, golfinho). 
f) Lei 9.605/98 
 
 Essas são as normas penais que trazem crimes contra a fauna e as previstas nas letras de “a” a 
“d” estão tacitamente revogadas pela Lei 9.605, estando em vigor apenas as leis 9.605 e a Lei 
7.643/87, e quanto a esta última ainda há divergência na doutrina e na jurisprudência. 
 
8.1.1. Art. 29, L.A. 
Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a 
devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: Pena - detenção de 
seis meses a um ano, e multa. 
 Existem cinco núcleos verbais no tipo penal. Nos verbos matar, caçar, apanhar e utilizar, o 
crime é material. No caso do verbo perseguir, trata-se de crime formal. 
 
a) Objeto material: 
 
 São espécimes da fauna silvestre. Espécime é um exemplar de uma espécie. Ex. um papagaio, 
um peixe. 
 Com o tipo penal fala em espécimes no plural, tem doutrina que diz que, se o tipo atingir uma 
só espécie será fato atípico. 
 
*Não proteção dos animais domésticos ou domesticados: não estão protegidos nesse tipo penal os 
animais domésticos ou domesticados, uma vez que o tipo penal utiliza a expressão animais silvestres 
que significa, animais selvagens. 
 Para alguns autores, o tipo penal não protege os animais exóticos. Animais exóticos são 
animais estrangeiros. Isso porque, o §3º do art. 29 é uma norma penal explicativa que dá o conceito 
penal de fauna silvestre: 
 § 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, 
aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, 
ou águas jurisdicionais brasileiras. 
Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais 
 
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 Observe-se que tal parágrafo diz que fauna silvestre é composta de animais que tenham todo 
ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo no Brasil, pelo que alguns autores afirmam estarem excluídos 
os animas exóticos ou estrangeiros. 
 O professor já afirma que analisando a expressão migratórias ou quaisquer outras podem ser 
incluídos os animais da fauna exótica. 
 
*Proteção das espécimes Aquáticas ou terrestres: o tipo penal se refere a animais aquáticos ou 
terrestres. No entanto, esse artigo 29 não se aplica aos atos de pesca, considerando o disposto no §6º 
do mesmo artigo: 
 “As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de pesca.” 
 Aplica-se pois tal dispositivo a atos que não dizem respeito a atos de pesca. Ex. morte de 
tartaruga. 
 
*Guarda doméstica e perdão judicial: de acordo como o §2º do art. 29, “No caso de guarda doméstica 
de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as 
circunstâncias, deixar de aplicar a pena.” 
 Manter animal silvestre em casa ilegalmente é crime. Mas observe-se que, se esse animal não 
for ameaçado de extinção (não está na lista oficial do IBAMA de animais ameaçados de extinção), é 
cabível o perdão judicial. 
 Já se o animal estiver na lista de extinção, não é cabível o perdão judicial, e a pena é 
aumentada da metade, nos termos do art. 24, §4º, I: 
§ 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado: I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, 
ainda que somente no local da infração; 
 
*Caça Profissional: se o crime do art. 29 for cometido em atividade de caça profissional (exercida com 
habitualidade e finalidade de lucro), por exemplo, poureiros do Pantanal (que matam jacarés), a pena 
é aumentada até o triplo. É o que dispõe o art. 29, §5º: 
 A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício de caça profissional. 
 
8.1.2. Análise do art. 32: 
 
 Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou 
exóticos: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
 
Este artigo revogou o dispositivo da Lei de Contravenções que dispunha acerca do tema. 
 
a) Objeto material: 
 
Neste artigo estão protegidos os animais domésticos, que vivem naturalmente junto ao 
homem, e aqueles domesticados, sejam eles nativos (nacionais) ou exóticos (estrangeiros). 
Direito Penal IV - Lei de Crimes Ambientais 
 
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Nucci entende que o tipo penal só está protegendo os animais silvestres, pois as expressões: 
domésticos, domesticados, nativos ou exóticos atingem os animais silvestres, sendo este 
entendimento insustentável. 
O sujeito deste crime pode ser qualquer pessoa, inclusive quem tem a propriedade ou a posse 
do animal. 
 
b) Tipo objetivo: 
 
No tipo penal são previstas quatro condutas: 
 Atos de abuso – ex. submeter o animal a trabalhos excessivos, transportar o animal de 
maneira inadequada; 
 Praticar maus tratos – causar sofrimento ao animal de qualquer forma; 
 Ferir – lesionar o animal; 
 Mutilar – cortar partes ou membros do animal. 
 
Mutilar animais para fins estéticos é crime ou não é crime? Desde que a mutilação seja feita 
na forma da lei e por profissional habilitado, não há crime por causa da intenção específica de causar 
dano ao animal. 
 
Art. 29 da LCA Art. 32 da LCA 
Tem a conduta matar, mas não protege 
animais domésticos ou domesticáveis. 
Protege animais domésticos ou domesticáveis, mas 
não possui o verbo matar. 
 
Matar animais domésticos ou domesticados, segundo a doutrina, configura o crime do art. 32, 
pois o agente precisa ferir o animal para mata-lo. 
 
Obs.: 
1. Brigas de galo, rinhas e vaquejadas: Há quem defenda a constitucionalidade destas práticas, 
pois são manifestações culturais garantidas pelo art. 215 da CF/88. O STF afirma que estas 
práticas são todas inconstitucionais. No norte do país há leis regulamentando briga de galo 
e rinha, entretanto, todas estas leis foram consideradas inconstitucionais

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