Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
METABOLISMO DA ÁGUA E ELETRÓLITOS Capacidade de resposta fisiológica ao excesso e/ou diminuição de água e sal no organismo → A estabilidade química do ambiente interno depende da água e sal e do controle fisiológico do rim, regulando as perdas. A capacidade fisiológica humana para excretar excessos de água e sal é limitada. Essa limitação é reduzida na desnutrição e no trauma, de modo que pode haver sobrecarga líquida, estabelecendo-se complicações indesejáveis, que comprometem a recuperação em tais condições. Se houver sobrecarga salina, pode ocorrer demora no restabelecimento da função GI e mais ainda se houver sobreposição de quadro de desnutrição. ÁGUA Funções da água: Transportadora Solvente Lubrificante Regulação térmica Estrutural Contribui com aproximadamente 60% do peso corporal no adulto jovem Em condições normais: 2/3 da água corporal está no espaço intracelular (quantidade de água geralmente fixa); 1/3 no espaço extracelular (quantidade que varia com frequência) Percentual de água cai para 54% em indivíduos idosos Obs.: Em mulheres, o percentual já é menor (cerca de 51%), que diminui para 46% após 60 anos Com a velhice, ocorre queda da massa muscular corporal e aumento da gordura corporal, o que diminui a fração de peso atribuível à água. Distribuição nos compartimentos celulares EIntraC → 40% do peso corporal; é a água que fica dentro da célula; no tecido muscular existe a maior quantidade liquida do EIC EExtraC → 20% do peso corporal; é divido em liquido plasmático (5%) e liquido intersticial (15%) Obs.: Na infância, o volume intersticial corresponde a aprox. 25% e na velhice, a 10%. As trocas entre os compartimentos são essenciais para o desempenho das funções celulares Os nutrientes (glicose e oxigênio, por exemplo) são ofertados às células pelo sangue, via liquido intersticial, e os produtos de degradação metabólica (como ureia) são removidos pelo sangue para eliminação. SOLUTOS O ser humano apresenta, aprox.: 3% de nitrogênio 10% de hidrogênio 18% de carbono 65% de oxigênio Esses átomos desempenham papel principal na composição química dos nutrientes alimentares Distribuição de solutos nos compartimentos: EEC → sódio (Na+) e cloro (Cl-) EIC → potássio (K+) e fosfatos (PO4-3) Obs.: O volume liquido do EEC é preservado pelos fatores que controlam o conteúdo corporal do Na+ No EEC, a neutralidade eletroquímica mantida pelo Na+ em equilíbrio com o Cl- e o HCO3- e diversas proteínas na forma aniônica. Já no EIC, os PO4-3 contribuem para a neutralidade eletroquímica do interior das células. Alteração do EEC: Desnutrição, Câncer, Trauma, Infecções graves, Aumentado: ◦ ICC, atleta jovem, gestantes Diminuído: ◦ senilidade, obesidade, desidratação Equilíbrio EIC x EEC Isoneutralidade ◦ Equilíbrio entre as cargas catiônicas (+) e aniônicas (-) ◦ Recebe contribuição dos bicarbonatos, sulfatos, fosfatos e proteínas Isosmolaridade ◦ As partículas dissolvidas na água corporal que não podem atravessar a membrana exercem uma força física que retém a agua, de tal modo que ela é atraída pelos eletrólitos para um dos compartimentos, cruzando a membrana por difusão passiva (menos concentrado para o mais concentrado). Sódio ◦ quando > 150mEq/L (hipernatremia) – aumento de volume do EEC ◦ quando < 120mEq/L (hiponatremia) – aumento de volume no EIC Rins: ◦ Na, Cl e K controlados pela filtração glomerular ◦ Células tubulares reabsorvem 95% da água e eletrólitos filtrados Cálcio ◦ 50 a 55% do Ca plasmático é ligado à albumina e ao citrato ◦ apenas uma pequena fração ionizada (não ligada): 2 a 2,5 mEq/L TONICIDADE É a osmolaridade efetiva, através da membrana celular, podendo ser afetada pelo acréscimo de água no EEC ou por modificações nas concentrações de soluto (como de glicose, manitol e sódio, que ficam restritas ao EEC) O cérebro desempenha papel de controle principal sobre a tonicidade do liquido corporal: o hipotálamo regula a liberação de ADH, que interfere na capacidade do indivíduo de responder à sede, e a liberação de vasopressina, que é sintetizada no hipotálamo, agindo nos rins. A osmolaridade da agua é mantida em valores normais, mesmo havendo variações grandes na ingesta de água e sal. Os osmorreceptores no tronco cerebral detectam uma osmolaridade acima do normal e estimulam a liberação de vasopressina (AVP), através dos sangues até os rins, ocorrendo antidiurese. Além disso, quando a osmolaridade está acima de 290 mOsm/L, ocorre aumento da sede, estimulando a ingesta de água. A liberação de AVP também pode ser intermediada por barorreceptores em estados de estresse emocional intenso, dor grave, hipotensão ou hipovolemia. BALANÇO EXTERNO A urina exerce um papel: Na regulação liquida do organismo Na sustentação da osmolaridade plasmática Na concentração do sódio Diante da alteração da concentração de sódio, os rins agem pelo ADH e do sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) para reestabelecer a normalidade do volume e osmolaridade do EEC. Em conjunto com osmorreceptores hipotalâmicos, os rins controlam a secreção de ADH → sustenta um balanço para manter a concentração plasmática de sódio entre 135 a 145 mmol/L. BALANÇO INTERNO Sódio/Potássio A movimentação de uma pequena quantidade (2%) de K+ do EIC para o EEC é capaz de causar um aumento potencialmente fatal, a partir da elevação da concentração de K+ plasmático. Bomba de Na+/K+-atpase → mais importante fonte de distribuição de K+ A atividade dessa bomba aumenta pela ação de catecolaminas e da insulina. Obs.: SINK CELL SYNDROME (Síndrome da célula doente) Estados clínicos críticos em indivíduos gravemente doentes podem romper o balanço no nível da membrana, gerando um aumento do Na+ intracelular, diminuição do K+ intracelular e alteração do potencial elétrico no nível da membrana, causando o quadro de síndrome da célula doente e morte celular. O edema que se desenvolve com essa condição grave pode ser revertido com oferta suficiente de carboidrato que restabeleça adequado aporte energético no interior das células, permitindo a saída de sódio e retorno do potássio para o ambiente intracelular. Albumina Em pessoas saudáveis, ocorre passagem de albumina intravascular através da parede capilar (5 a 7% por hora). Ela retorna ao compartimento plasmático pelos canais linfáticos até o ducto torácico, depois para a artéria subclávia esquerda e depois para o coração. Em pós-operatórios iniciais e quadros sépticos, a saída transcapilar de albumina para o interstício pode aumentar, podendo haver fluxo migratório maior que o retorno ao plasma. Seu acumulo no interstício promove aumento da pressão oncótica e consequente acumulo de água e sal, proveniente do intravascular. Obs.: Cirurgias abdominais de grande porte apresentam elevação da migração da albumina em 3x acima do normal SECREÇÕES DIGESTIVAS Todo o volume liquido do TGI em condições normais, exceto a quantidade perdida nas fezes, é reabsorvido no nível de intestino grosso e delgado. NECESSIDADS BÁSICAS DIÁRIAS Água Oferta diária = Água para diurese adequada + água necessária à reposição das perdas insensíveis – água endógena Geralmente, um indivíduo de 70kg, em condições normais, sem perdas extras, precisa de aprox. 2000 mL de água a cada 24h (ou 30mL/kg/dia) Diurese adequada: Adulto jovem: excreção de 400 a 600 mL em 24h podem ser o suficiente Em pcts com função renal pouco comprometida: 1000 a 1200 mL / 24 h são o volume necessário Perdas insensíveis: Evaporação (em condições normais): 1000 mL homens e 800 mL mulheres Ocorre pelas vias resp. (respiração) ou pelo suor Água metabólica É originada da ruptura de moléculas dos macronutrientes e acompanha a formação do CO2 + água + energia. Alimentos ricos em água: Melancia, melão, pera, laranja, chuchu, brócolis, alface, picles, feijões verdes Alimentos pobres em água: Carne seca, chocolates, doces A partir da combustão de macronutrientes, há geração de energia e produção de água, conforme: Glicose: ◦ 4,1 calorias e 0,6 mL de água por grama consumido Gorduras: ◦ 9,3 calorias e 1,07 mL de água por grama consumido Proteínas: ◦ 4,1 calorias e 0,41 mL de água por grama consumido Água endógena Atende parte das necessidades diárias através de duas fontes: Lise de massa celular corporal (músculo): 73% água + oxidação da proteína A lise de 1 kg de massa celular corporal gera 800 a 850 mL de água, rica em íons como K+, Mg+ Oxidação de gordura: 1 g de gordura queimada = 1 mL de água MECANISMO DE PERDA DE ÁGUA Dessecação: perda excessiva de vapor d’água ou de soluções muito hipotônicas Causas: o Ocorrência de evaporação de água pelos pulmões em quadros de dispneia prologada e em traqueostomizados. o Perda de água nos estados febris sustentados o Situações de sudorese intensa pela superfície corporal o Diabetes insipidus → perda de água volumosa, com fluxo elevado de urina diluída Desidratação aguda: rápida perda de liquido corporal com concentrações isotônicas próximas às observadas no EEC Causas: o Perda significativa de fluidos pelo TGI, como nas: gastroenterites agudas, colites ulcerativas, diarreia infantil o Perdas externas promovem queda de 4% do peso corporal (grande repercussão sistêmica). Acima de 6% do peso corporal → choque hipovolêmico o Estabelecimento das necessidades iniciais da desidratação aguda: Reposição em L = 20% do peso x (1-40/Ht atual) Desidratação crônica: hipotonicidade dilucional que se estabelece na situação de perda de água e eletrólitos mantidas (perdas que não são repostas). Causas: o Comumente observadas nas perdas pelo TGI: diarreia, fístula intestinal o Quadro gradativo: pacientes oligúricos e fracos, geralmente sem sede o Quadro clínico: histórico de perdas orgânicas, perda de peso, apatia, prostração, fraqueza NECESSIDADES CALÓRICAS Indivíduo saudável de 70kg → 2000 a 2200 kcal Indivíduos recebendo reposição por via parenteral convencional e previamente sadios, diante de um quadro de doença aguda com previsão de resolução em poucos dias, podem receber oferta de 100 a 125g de glicose infundida por via intravenosa a cada 24h. O balanço calórico e nitrogenado positivo no indivíduo normal, sem perdas extras, por via parenteral, é aprox. 30 kcal/kg/dia → impossível de conseguir em fase aguda de infecção, estado febril grave ou politrauma, geralmente sendo balanço negativo. Causas de necessidades básicas aumentadas: Tamanho físico avantajado sem obesidade (massa celular corporal aumentada) Hipertireoidismo Estados febris prolongados Respiração bucal prolongada, acompanhada de acidose metabólica Estados hipercatabólicos Atletas de alto desempenho Traqueostomizados Ambientes muito aquecidos Causas de necessidades básicas diminuídas: Tamanho físico pequeno (habitus gracilis) sem obesidade (massa celular pequena) Senilidade Obesidade Hipotireoidismo Estado de expansão líquida do EEC ◦ edema cardíaco ◦ insuficiência renal NECESSIDADES ELETROLÍTICAS Em pessoas saudáveis com dieta balanceada: 130 a 170 mEq/dia de Na+ 60 a 100 mEq/dia de K+ Cloro → determinada pela soma das necessidades diárias de sódio e potássio Volumes de água Ingerida: 1200 mL Metabólica (fornecimento pelos nutrientes): 1000 mL Oxidação: 300 mL Eliminação: Urina: 1000 mL Pulmões: 700 mL Pele: 600 mL Fezes: 200 mL OSMOLALIDADE Osmolalidade: ◦ número de solutos por unidade (quilo) de água Osmolaridade: ◦ número de solutos por litro de solução Osmolalidade normal do soro: ◦ 282 a 298 mOsm/kg PERMUTABILIDADE A pressão osmótica de uma solução é proporcional ao número de partículas por unidade de volume do solvente e à temperatura da solução. De acordo com a Osmolalidade plasmática, é feita a caracterização das soluções: → solução isotônica: tem a mesma pressão osmótica com relação aos líquidos do organismo → solução hipotônica: Osmolalidade menor que os líquidos do organismo → Solução hipertônica: Osmolalidade maior que os líquidos do organismo SÓDIO Tonicidade = relação entre Osmolalidade do EEC com a Osmolalidade do EIC Valor normal: 280 a 290 mOsm/L Hipotonicidade → pode ser constatada em muitas situações de reequilíbrio hidroeletrolítico nos quadros de doença, precisando ser corrigida. O sódio e o cloro são a maior parte dos osmoles do plasma. Logo, hipotonicidade = hiponatremia (Na+ sérico < 130 mEq/L) Ocorre hipotonicidade importante nos casos de hiponatremia, podendo ser constatada nos quadros de: Choque hipovolêmico Fistulas Intestinais de alto débito (com perdas superiores a 500 mL/24h) Fase inicial e descompensada da síndrome do intestino curto Gastrenterites agudas Manifestações decorrentes da hiponatremia: - Manifestações neurológicas (quando Na < 120 mEq/L): letargia, diminuição do nível de consciência, confusão mental, coma e alto risco de óbito (principalmente mulheres, idosos e crianças) Tratamento do quadro: Uma vez estabelecido, a correção do sódio deve ser lenta, principalmente em idosos, e deve ser monitorada por avaliações clínicas várias vezes ao dia. Velocidade de reposição < 0,25 mEq/L/h Observar se o indivíduo tem risco de sobrecarga de volume, se apresenta ICC ou síndrome nefrótica. → Fazer monitoração da volemia com atenção redobrada, além de observar também pressão venosa central, pressão venocapilar pulmonar e peso corporal (medido diariamente). Indivíduos gravemente enfermos são frequentemente acidóticos. Se a reposição for rápida usando solução de NaCl a 0.9%, pode haver ocorrência de acidose hiperclorêmica. → Fazer correção ácido básica Pcts com diabete melito descompensado (hiperglicêmicos) evoluem com hiponatremia em decorrência do aumento de tonicidade do EEC, promovendo saída de água do EIC para o EEC devido à hiperglicemia. → Gera quadro de hiponatremia dilucional Nesse caso, a correção da hiperglicemia com insulina faz com que a água retorne para o EIC junto com a insulina, resolvendo o quadro. HIPONATREMIA Classificação: Leve: Na+ sérico entre 130 e 138 mEq/L Moderada: Na+ sérico entre 120 e 130 mEq/L Grave: Na+ sérico abaixo de 120 mEq/L Obs.: A medida que o Na sérico vai diminuindo, vão aumentando os riscos (principalmente neurológicos) e progressão das manifestações, podendo até levar a óbito por agravamento do edema cerebral quando Na < 110 mEq/L HIPONATREMIA HIPOVOLÊMICA Em indivíduos gravemente doentes, a queda de Na e do volume plasmático pode ocorrer por: Uso indevido de diuréticos de alça → acentua perdas renais Perdas não renais: Vômitos incoercíveis Diarreias volumosas Fístulas intestinais ou linfáticas de alto débito Peritonites Grandes queimados(com superfície corporal queimada > 30%) Traumatismo e hemorragia cerebral HIPONATREMIA PÓS-PROCEDIMENTOS Pode ocorrer em decorrência de aumento de fluidos e eletrólitos no espaço intersticial A tonicidade dos líquidos infundidos deve ser considerada → é uma situação de risco a oferta elevada de soros hipotônicos, principalmente em idosos Anestesia e cirurgias diminuem o volume urinário e quadros de dor e estresse agudo aumentam a liberação da AVP (arginina vasopressina) Mulheres hormonalmente ativas, com menstruação normal, evoluindo nas primeiras 48h do pós-operatório de cirurgias ginecológicas eletivas com hiponatremia grave, podem apresentar disfunções neurológicas (cefaleia, vômitos e letargia). → apresenta níveis aumentados de AVP, favorecendo aumento de Na na urina. HIPONATREMIA CRÔNICA Causa: síndrome da secreção inapropriada do hormônio antidiurético (SIADH) Portadores dessa síndrome apresentam: Hiposmolalidade plasmática e hiperosmolalidade urinária, com volume intravascular normal (ou leve aumento do EEC) Os principais exemplos da SIADH são aqueles que apresentam tumores secretores de AVP (como o carcinóide ou tumor pulmonar de pequenas células) e em casos de lesão hipotalâmica (trauma, hemorragia, infecção ou tumor) com liberação inapropriada de AVP. Mais de 35% dos portadores de HIV com infecção ativa e hiponatremia preenchem os critérios da SIADH. Muitos são assintomáticos, apresentando apenas Na sérico baixo. TRATAMENTO Correção deve ser cautelosa → reposição não deve ser superior a 10-15 mEq/L em 24h. Determinar se o quadro é agudo ou crônico Nos hiponatremicos crônicos, ocorre depleção compensatória do K+ → também deve ser suplementado Nos hiponatremicos de causa medicamentosa (uso de vincristina, cisplatina, vimblastina, ciclofasfamida, AINEs, inib. de recap. da serotonina, clorpropamida) → deve-se interromper o uso HIPERTONICIDADE Hipernatremia é a causa mais frequente Hipertonicidade se faz presente diante do balanço hídrico negativo sustentado → diminuição do volume de água corporal Intoxicação alcoólica aguda impede a liberação de AVP pelo hipotálamo → devido aumento da Osmolalidade do EIC Indivíduos com diminuição da ingestão de água ou diminuição do nível de consciência podem apresentar hipernatremia Classificação: Moderada: Na+ sérico até 159 mEq/L Grave: Na+ sérico acima de 160 mEq/L (risco neuronal e disfunção neurológica) HIPERNATREMIA Causas mais frequentes: Vômitos intensos Gastrenterites agudas Fistulas entéricas ou linfáticas de alto débito Fase inicial descompensada da síndrome do intestino curto → perda de fluidos intestinais por diarreia Diabetes insipidus de causa central ou nefrogenica → grandes volumes de urina diluída A diurese osmótica dos estados de hiperglicemia ocorre princip. na presença de cetoacidose diabética. Na situação em que ocorre oferta de glicose endovenosa acima da capacidade de depuração plasmática, mas com produção de insulina capaz de manter o metabolismo celular, inicialmente pode ocorrer hiperglicemia sem cetoacidose. A sobrecarga glicêmica não sendo corrigida pode causar hipernatremia importante, gerando sintomas neurológicos. TRATAMENTO Hipernatremia devido à desidratação → reposição de água com solução salina ou glicose ou solução de dextrose a 5% (Osmolalidade semelhante ao plasma) Obs.: Não oferecer água isolada, pois a oferta por via endovenosa causa hemólise. Diabetes insipidus → causa poliúria e polidipsia, com produção de urina diluida e aumento de Na sérico De causa central: falta ou alteração da síntese de AVP no hipotálamo De causa nefrogenica: doença ao nível do néfron que impede ou diminui AVP de induzir a antidiurese Hipernatremina com sódio total normal Perda liquida promovida principalmente pela pele e pela via respiratória → gera urina hipertônica Tratamento: interrupção da perda e reposição de água na forma de solução glicosada a 5% REGULAÇÃO DO VOLUME CIRCULANTE Fluxo sanguíneo adequado proporciona suprimento de nutrição tecidual, assim como a remoção de produtos da degradação dos processos metabólicos via pulmonar e renal, permitindo uma perfusão tecidual adequada essencial para o metabolismo celular. O volume circulante efetivo (VCE) é volume do EEC que perfunde os tecidos e varia na razão direta do volume do EEC. Sais de sódio → predominante no EEC → maior determinante do volume do EEC Regulação do equilíbrio de Na e manutenção do VCE estão diretamente associados. Equilíbrio do sódio → regulado pelo rim Variação do VCE → determina resposta adaptativa do organismo → modifica resistência vascular, função cardíaca, excreção renal de Na e água Portadores de ascite, peritonite, hipoalbuminemia por síndrome nefrótica → ocorre saída de liquido pelo EIC para o peritoneal e o intersticial. Consequências: Sequestro do liquido extravascular Diminuição do volume circulante efetivo Aumento do volume extracelular POTÁSSIO Elemento químico ionicamente ativo em maior quantidade no organismo Apenas 1 a 2% do total no organismo estão no EEC → devido à atividade da bomba de Na+/K+-ATPase (promove captação ativa do K+ para o EIC) Principal determinante da osmolalidade no EIC Concentração plasmática: 3,5 a 5,5 mEq/mL O K é proveniente da alimentação ou de oferta medicamentosa oral ou por infusão intravenosa Eliminação: renal, fezes, pele (suor) Reguladores: Aldosterona, insulina, catecolaminas (adrenalina → determina aumento da captação nas cels musculares esqueléticas e mantem os níveis plasmáticos baixos) Participação metabólica na regulação de funções celulares: ◦ síntese proteica e glicogênica Obs.: perdas de K+ > 40% da reserva corporal → insustentável para a vida humana ◦ regulação do potencial da membrana em repouso (células musculares e nervosas) Aumento da Aldosterona: mais Na para a célula e mais K excretado pela urina HIPOCALEMIA Quando K sérico < 3,5 mEq/L Na Acidose: ◦ potássio do EIC para o EEC (ex: acidose diabética) → gera concentração sérica normal, mas dentro da célula está diminuído Na Alcalose: ◦ potássio do EEC para o EIC (hipocalemia sem perda corporal do mesmo) Em indivíduos portadores de doenças crônicas como cirrose hepática e ICC: ◦ pode apresentar calemia plasmática normal, com diminuição das reservas corporais (10 a 15%) Causas: Diminuição da oferta: dieta pobre em potássio, alcoolismo, anorexia nervosa, bulimia, desnutrição, medicamentosa oral com oferta insuficiente/ausente, medicamentosa venosa com oferta insuficiente/ausente Aumento do ingresso intracelular de potássio: hipersecreção ou oferta de insulina, alcalose metabólica e respiratória, hipotermia acidental ou induzida, broncodilatadores inalatórios beta-agonistas, paralisia periódica familiar – forma hipocalêmica, tratamento de anemia megaloblástica grave com vitamina B12 ou folato, leucemia (na proliferação rápida de células leucêmicas) Excesso de mineralocorticoides Ex: Hiperaldosteronismo Aumento no fluxo do túbulo distal: diuréticos, nefropatias perdedoras de sal, dieta rica em sódio algumas formas de acidose metabólica Hipomagnesemia → aumento das perdas gastrointestinais: vômitos, diarreia, fistula intestinal e drenagem por sonda/sucção; uso abusivo de laxantes; síndrome da má-absorção INDICATIVOS DE HIPOCALEMIA Manifestações clínicas: Sintomas associados essencialmente aos seus efeitos sobre a musculatura lisa e estriada, função renal e condução cardíaca Fraqueza muscular (eleva o potencialde repouso das membranas, diminuindo a excitabilidade → < 2,5 mEq/L) – caibras, parestesias, tetania, íleo paralitico, retenção urinária, hipoventilação, apneia Rabdomiólise e mioglobuminúria Pressão arterial (HAS, AVC) → devido à maior reatividade vascular promovida pela hipopotassemia Função renal na hipocalemia: ◦ Vasoconstrição renal – pode gerar IR isquêmica e nefrotoxicidade ◦ Pode evoluir para diabetes insipidus nefrogênico → inibe a ação do ADH ◦ Acidificação da urina Alcalose metabólica Menor tolerância a glicose Dislipidemia hipercolesterolêmica Anomalias ECG (não específicas) ◦ Ondas U proeminentes ◦ Achatamento e inversão da onda T ◦ Prolongamento do intervalo QT TRATAMENTO Resolução da causa base que está gerando alteração do K (ex: alcalose) Reposição: velocidade máxima deve oscilar entre 10-20 mEq/h Em hipocalemia grave (<1,5 mEq/L) → possível oferecer até 80 mEq/h Oferta de altas doses pode gerar dor → opção: usar dois acessos venosos periféricos com metade da dose em cada Evitar Acesso Venoso Central (CVC) Monitorar ECG → risco de arritmias Na hipocalemia refratária à reposição de potássio: indispensável dosagem de magnésio Também pode ser oferecido por via oral na forma de xarope ou cápsulas → pode irritar mucosa do TGI Hipocalemia devido a perdas renais: diuréticos poupadores de K HIPERCALEMIA Potássio sérico acima de 5,5 mEq/L Pseudo-hipercalemia: causada pela liberação de K por hemólise ou por uso de torniquete na venopunção Destruição celular gerando hipercalemia (politraumas graves, esmagamentos, sepse, hemólise maciça, grande queimado, hipercatabolismo) Insuficiência renal → diminuição da taxa de filtração glomerular ou queda da capacidade secretora do néfron Ação de fármacos → diminuição da excreção renal de K (inibidores da enzima conversiva da angiotensina, diuréticos retentores de K, AINEs, heparina, SMZ-TMP) Transfusões sanguíneas → na condição de choque hipovolêmico, a quantidade extra de K das transfusões pode gerar hipercalemia REPERCUSSÕES DA HIPERCALEMIA Condução eletrica cardíaca lenta (K sérico > 6 mEq/L) Potencial de repouso das células excitáveis menos negativo → mais próximo do limiar de excitação → desenvolvimento de arritmias ECG → aumento da amplitude da onda T, diminuição da amplitude da onda P, alargamento P1 prolongado → evento final: assistolia ventricular TRATAMENTO Acompanhamento dos níveis séricos e traçados do ECG Hipercalemia grave (K > 7 mEq/L) + alteração ECG → gliconato de Ca a 10%, endovenoso, em 3 min Medidas capazes de causar redistribuição do K para o EIC: Infusão de bicarbonato de Sódio → 50 a 100 mEq em 10 a 20 min Sol Polarizante (50 g Glicose para 10u de Insulina regular) Resinas quelantes (Sorcal) → trocam K pelo Ca na luz intestinal Diuréticos de alça (Furosemida, ácido etacrínico) → podem ser aplicados complementando o cálcio e a glicoinsulinoterapia Insuficiência renal grave: Diálise peritoneal, hemodiálise CÁLCIO Mineral mais abundante no organismo Formação da estrutura óssea e dentes, combinado ao Fósforo Obs.: Fósforo e cálcio → 75% de todo conteúdo mineral do organismo Facilita a condução do estímulo neuromuscular ◦ contração e relaxamento muscular Cofator na regulação glandular, Regula o transporte iônico no EIC e preservação da integridade da membrana Participa no mecanismo de coagulação Absorvido de forma ativa no duodeno – favorecida pelo pH ácido Obs.: a Vitamina D é essencial para o aproveitamento de cálcio Cálcio plasmático – se apresenta sob 3 formas: 50% ligados às proteínas plasmáticas 5 a 10% formando complexos com vários ânions (bicarbonato, citrato, fosfato, lactato e sulfato) 45% como cálcio ionizado livre Homeostase do cálcio Participação do: Intestino delgado; Rins; Esqueleto Na lactação: participação das glândulas mamarias Na gestação: Placenta Transporte do Ca ocorre de modo ativo e passivo Transporte ativo: presença do sódio no lúmen intestinal, baixa concentração de Ca e ação do calcitriol Filtração glomerular (túbulo contornado distal e proximal) No proximal: ocorre junto com o sódio → cerca de 60% da absorção do Ca ocorre nessa parte No distal: Ação do PTH e calcitriol Outros: Alguns compostos implicados na homeostase do Ca afetam os níveis de fosfatemia, como PTH (paratormônio) e Vitamina D Em menor grau: Calcitonina, Hormônios tireoidianos, Esteroides adrenais, Prostaglandinas, Fator ativador dos osteoclastos e Proteína relacionada com o PTH ATIVIDADES DO CÁLCIO Estabilização das membranas a nível celular Determina nível de despolarização da fibra muscular → para iniciar contração Transmissão do estímulo neuromuscular e excitação nervosa → Ca regula a entrada de Na e K no EIC Participação da estrutura óssea Susceptibilidade de ocorrer Osteopenia / osteoporose: 60 a 80% - por fatores genéticos 20 a 40% - por modelo de vida individual Nutrição satisfatória: Boa ingestão de Cálcio e Vitamina D e atividade física regular VALORES NORMAIS DE CÁLCIO Sérico ◦ 9 a 11 mg/dL ◦ 4,5 a 5,5 mEq/L ◦ 2,2 a 2,7 mmol/L Ionizável ◦ 1,05 a 1,38 mmol/L ◦ 4,75 a 5,2 mg/Dl HIPOCALCEMIA Cálcio sérico < 8,8 mg/dL Causas: Idiopática Fatores que afetam fisiologicamente o cálcio ionizado ativo: síndrome nefrótica, hipoalbuminemia, hepatopatias crônicas, síndrome da má-absorção, desnutrição proteico-calórica, hipoparatireoidismo Medicamentosas: Anticonvulsivantes; Rifampcina; isoniazida; Cetoconazol; Gentamicina Outras causas: Neonatal Pancreatite (aguda ou crônica) Doenças graves → hipercatabolismo, sepse Neoplasias Estrogênio ◦ aumenta absorção intestinal ◦ diminui a excreção urinária ◦ inibe a reabsorção óssea ◦ reduz o turnover ósseo (renovação óssea) QUADRO CLÍNICO Geralmente assintomática Manifestações: Neuromusculares: Tetania e convulsões Presença do Sinal de Chvostek (tetania latente) Presença do Sinal de Trousseau Anormalidades da pele e unhas Cataratas Alt gastrointestinais: Constipação crônica, dor abdominal, esteatorreia, diarreia HIPERCALEMIA Níveis de cálcio sérico > 9-11 mg/dL Menos frequente do que a hipocalemia Manifestações: Com elevação transitória: normalmente assintomáticos Com níveis de cálcio aumentados de forma sustentada: Poliúria, urolitíase, hipercalciúria Arritmias cardíacas, hipovolemia, hipotensão, alteração no ECG Nauseas, vômitos, constipação, pancreatite Neuromusculares: Níveis séricos inferiores à 12 mg/dL: Fraqueza, torpor, mal-estar Níveis séricos superiores a 12 mg/dL: Depressão, apatia, incapacidade de concentração, confusão mental, coma Causas: Hiperparatireoidismo Mieloma múltiplo Doenças hematológicas malignas Metástases ósseas (principalmente por câncer de mama, pulmão, próstata) Fármacos (diuréticos tiazidicos, lítio, hipervitaminose A e D) Imobilidade prolongada por acidente FOSFORO É encontrado no esqueleto ósseo: 80 a 90% do total como fosfato inorgânico Fósforo livre ou inorgânico encontrado nos tecidos moles O fósforo inorgânico é mais encontrado no EIC → participa do processo de glicólise e na produção de ATP Funções biológicas: Combinado com o Cálcio - hidroxiapatita → determina resistência da estrutura óssea Metabolismo de gorduras e carboidratos pelasligações fosfato de alta energia nas reações oxidativas Função tampão no plasma ou urina Manutenção da integridade celular Regulador na atividade de algumas enzimas Regulador no transporte de Oxigênio Principal via de absorção: jejunal (70% do ingerido) → Restante eliminado pelas fezes Valores normais: ◦ 2,2 a 4,5 mg/dL ◦ 0,8 a 1,6 mmol/L Equilíbrio Homeostático: Intestino delgado, rins e ossos Mecanismos regulares: Paratormônio Vitamina D Hormônio do crescimento HIPOFOSFATEMIA Fosforo sérico < 2,5 mg/dL Causas: Acompanhamento da glicose que entra na célula → maior risco em pessoas desabilitadas e desnutridas em repleção nutricional S. de Realimentação Alcalose respiratória → determina aumento do pH intracelular, que acelera processo de glicólise → aumenta movimento do fósforo para o EIC Repercussões clínicas: clinicamente silenciosa Consequências Diminuição do débito cardíaco Anemia hemolítica Dissociação da oxiemoglobina Fraqueza muscular HIPERFOSFATEMIA Fósforo sérico > 5mg/dL (adulto) e > 7 mg/dL (crianças) Determina hipocalcemia → em decorrência da precipitação do cálcio, queda de vitamina D e bloqueio da reabsorção óssea mediada pelo PTH Causas: Excesso na oferta ou aumento na ingestão (NPT, catárticos, vit D) Endocrinopatias (PTH, T3, GH...) Catabolismo aumentado Diminuição na excreção renal de fosfato Rabdomiólise → síndrome de Bywater Repercussões clínicas: Associadas a hipocalcemia São mais exuberantes as que agem no SNC: delírios, diminuição sensorial, letargia, convulsão, coma, câimbras, tetania, aumento da excitabilidade neuromuscular, parestesias perioral e de extremidades distais MAGNÉSIO Segundo cátion mais abundante no EIC → 1,7 a 2,1 mg/dL Distribuição: 60% no tecido ósseo 39% no EIC 1% no EEC No plasma: ◦ 60% livres ◦ 30 a 35% ligados a proteínas ◦ 5 a 10% quelados (citrato, fosfato e bicarbonato) Função: Papel vital no metabolismo da glicose, facilitando a formação do glicogênio muscular e hepático Importante função na atividade elétrica dos tecidos excitáveis e movimentação do Cálcio no músculo liso Ajuda a manter a pressão arterial com o Na e o K Alimentação: 60% do Mg ingerido é absorvido, no íleo Absorção favorecida pela água, sódio, vit D, proteínas e carboidratos e inibida pelo fosfato Níveis regulados pela função renal HIPOMAGNESEMIA Frequente em pacientes hospitalizados ◦ 10 a 20% em enfermarias ◦ 60 a 65% nas UTIs Associada a: ◦ desnutrição proteico-calórica ◦ hipoalbuminemia ◦ uso de aminoglicosídeos Causas: Redução da absorção intestinal Aumento da perda urinária Desvio intracelular Perdas gastrintestinais ◦ S má-absorção intestinal ◦ Ressecções intestinais maciças ◦ Pancreatites agudas ◦ Esteatorreia ◦ Fístulas intestinais de alto débito Perdas renais ◦ Defeitos tubulares no transporte do magnésio ◦ Defeitos tubulares no transporte do sódio dificultando a reabsorção do Mg Outras: uso de Diuréticos (de alça); Álcool; Diabetes dependente de insulina; insuficiência renal crônica, Hipocalemia (40 a 60% dos casos) Quadro clínico Neuromuscular: ◦ fraqueza, tremores, fasciculações, tetania (quando associada à hipocalcemia) ◦ convulsões, distúrbios ansiogênicos, psicoses, delírios Cardiovascular → Mg é fundamental para que haja adequada função da bomba de membrana das células ◦ taquiarritmias, cardiotoxicidade digitálica (aumento da ação de digitálicos) Bioquímico: ◦ depleção de Ca, K, PO4 Tratamento Reposição desnecessária em perdas leves (Mg de 1,7 a 1,4) → buscar causa promotora da perda Reposição de 1 mEq/kg nas primeiras 24h e 0,5 mEq/kg/dia nos próximos 3 a 5 dias HIPERMAGNESEMIA Evento incomum Mg > 2,6 mg/dL Quase exclusiva da insuficiência renal → sist. Renal não elimina o excesso Outras causas: Uso abusivo de antiácidos Enemas laxativos Oferta excessiva por via IV Fatores predisponentes: Hemólise (anemia hemolítica) → Mg em concentração elevada na hemácia Insuficiência suprarrenal e Hiperparatireoidismo → contração do vol. plasmático e efeito direto no PTH aumentando a reabsorção renal do Mg Intoxicação por Lítio Manifestações clínicas: Hiporreflexia Paralisia respiratória Efeito cardiovascular inotrópico negativo e arritmogênico → bradicardia e hipotensão arterial Inibição da secreção do PTH → redução da conct. Plasmática do Ca Hipocalemia (bloqueio dos canais secretores de potássio)
Compartilhar