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1 Beatriz Larentis de Souza – MED Unila Bases Morfofuncionais do Aparelho Digestório 2 Beatriz Larentis de Souza – MED Unila OBJETIVOS 1. Identificar os órgãos do sistema digestório O sistema digestório é composto pelo trato gastrointestinal + órgãos acessórios. O trato gastrointestinal (TGI) é o tubo oco que conduz o bolo alimentar do inicio ao fim da digestão. A cavidade oral não faz parte do TGI, mas é um anexo muito importante, que dá inicio a todo o processo. Os órgãos do sistema digestório são: Boca* Glândulas* Faringe Esôfago Estômago Fígado* Vesícula biliar* Pâncreas* Intestino delgado Intestino Grosso Apêndice Reto Ânus *Não são os órgãos principais, mas sim acessórios (Tortora). 2. Conhecer os processos básicos executados pelo sistema digestório Apesar dos alimentos possuírem as substâncias e energia que precisamos para manter as funções metabólicas do corpo ocorrendo, é necessário que eles passem por uma série de processos para que as substâncias possam ser efetivamente utilizadas pelo corpo. O sistema digestório realiza esses processos, que são: a. Ingestão. Captação do alimento na cavidade oral b. Mistura. Ao longo do TGI o alimento é movimentado e misturado com as secreções c. Digestão. Chamamos de digestão o processo de degradação do alimento por mecanismos químicos e mecânicos. A digestão química é o processo de degradação das grandes moléculas (carboidratos, proteínas, lipídeos) em moléculas pequenas o suficiente para atravessarem a membrana do TGI. A digestão mecânica vai ocorrendo 3 Beatriz Larentis de Souza – MED Unila em todo o sistema, começando pela mastigação, pelo movimento de trituração do estomago, pelas peristalses (ondas de contração) de todo o TGI. d. Absorção. Passagem do alimento digerido (moléculas simples) para o sistema sanguíneo, para que sejam redistribuídos. e. Defecação. Eliminação dos excessos e substâncias não digeridas (Tortora). 3. Descrever a estrutura e a função das camadas que formam a parede do trato gastrointestinal O TGI é composto por quatro camadas. De dentro (da luz do tubo) para fora, a sequência é: túnica mucosa, submucosa, muscular e serosa. Túnica mucosa. É a camada em contato com o que passa dentro do TGI. É composta por epitélio, tecido conjuntivo frouxo e uma lamina de musculo liso. A camada muscular da túnica mucosa é a que conforma as pregas, arquitetura que aumenta a superfície de contato. Túnica submucosa. É a túnica que fica entre as camadas musculares e a mucosa. É composta de tecido conjuntivo frouxo. Nela passam vasos que capturam as substancias que são produtos da digestão, além de nervos que controlam a motilidade do TGI. Um plexo importante que passa nessa camada é o plexo submucoso. Pode conter vasos e gânglios linfáticos. Túnica muscular. A túnica muscular varia bastante ao longo do TGI. Na boca, faringe e parte superior do esôfago ela é composta de musculo estriado 4 Beatriz Larentis de Souza – MED Unila esquelético, participando da parte voluntária da digestão. Já no resto do tubo, é composta de musculatura lisa (geralmente de fibras circulares internas e longitudinais externas), que promove a motilidade do TGI. Entre as camadas de musculo liso passa o plexo mioentérico. Túnica serosa. A túnica serosa, peritônio, secreta um liquido seroso que permite que as vísceras “se movimentem” sem atrito e se trata de uma mucosa serosa composta de duas folhas: peritônio parietal (recobre as paredes da cavidade abdominal) e peritônio visceral (recobre as vísceras). O peritônio possui varias pregas que estabilizam os órgãos, ligando-os uns aos outros e as paredes da cavidade abdominal. Por essas pregas também passam vasos e nervos. O mesentério é uma parte “famosa” do peritônio, liga o intestino delgado à parede posterior. Os omentos também são pregas muito conhecidas. O omento maior forma um avental de gordura que recobre as vísceras, com uma importante função de defesa, pois possui muitos linfonodos (Tortora). 3.1 Identificar a histoarquitetura da língua 3.2 Identificar a histoarquitetura da parótida 3.3 Identificar a histoarquitetura do esôfago 3.4 Identificar a histoarquitetura do estômago Histoarquitetura da Língua. A língua é uma massa de musculo estriado (túnica muscular) revestido por uma mucosa (túnica mucosa) que varia de acordo com a região, mas no geral é epitélio plano estratificado. Entre essas duas camadas esta a túnica submucosa. Sua parte ventral é lisa enquanto que a dorsal é recoberta por uma variedade de papilas: filiforme, fungiforme, foliadas e circunvaladas. Papilas são elevações do epitélio, e tem funções especificas. As papilas filiformes tem a função de fricção e seu epitélio é queratinizado. As papilas fungiformes possuem alguns botões gustativos, enquanto que as papilas foliadas possuem muitos botões gustativos. As papilas circunvaladas são um pouco mais complexas: em volta 5 Beatriz Larentis de Souza – MED Unila delas há uma estrutura de “poço” onde estão presentes botões gustativos, glândulas mucosas e serosas, que secretam substancias que ajudam no bom funcionamento dos botões gustativos que são abundantes nesse tipo de papila (Tortora e Junqueira). Histoarquitetura das glândulas salivares (parótida). As glândulas salivares tem, no geral, a mesma composição. É uma massa de celulas revestidas uma capsula de tecido conjuntivo. Essa capsula possui projeções, os septos, que acabam formando lóbulos nas glândulas. Cada glóbulo é composto por celulas secretoras, podendo ser mucosas ou serosas. As celulas mucosas, que secretam muco, geralmente se organizam em túbulos mucosos, enquanto que as celulas serosas, que secretam proteínas, se organizam em ácinos serosos. Há uma série de ramificações de ductos que drenam as substâncias produzidas nas glândulas para a cavidade oral. A organização histológica das glândulas varia; a parótida, por exemplo, não possui celulas secretoras de muco. Glândula Parótida. É composta por lóbulos e ductos que são envolvidos pela capsula. Assim como nas outras glândulas, os lóbulos são separados por septos provenientes da capsula. Em cada lóbulo são encontrados ácinos serosos. Os ductos intralobulares drenam a secreção para os ductos interlobulares (que passam pelos septos), para então drenarem para a cavidade oral. 6 Beatriz Larentis de Souza – MED Unila Histoarquitetura do esôfago. A túnica mucosa do esôfago é composta de epitélio plano estratificado não queratinizado. Ainda na mucosa estão presentes glândulas secretoras. Na túnica submucosa estão presentes mais glândulas secretoras, que produzem muco que facilita a passagem do alimento; também possui muitos vasos, podendo apresentar varizes esofágicas em algumas patologias. No terço superior, a túnica muscular é composta de musculo estriado esquelético (deglutição voluntaria); no terço médio é mista, musculo estriado esquelético e musculo liso; no terço final, é apenas musculo liso. Histoarquitetura do Estômago A histologia do estomago difere segundo suas regiões. Entretanto há algumas características que são gerais para todo o tecido estomacal. De forma geral, o estomago é composto por epitélio glandular, onde a glândula é tubular e ramificada e secreta seu produto numa áreachamada fosseta gástrica, que estão distribuídas por todo o estomago. Fosseta gástrica é a invaginação na túnica mucosa que se conecta com a porção terminal da glândula. As fossetas e o tecido glandular são recobertos por epitélio colunar simples, em todo o estômago. Esse epitélio colunar secreta muco alcalino, que é MUITO importante para a proteção do tecido estomacal. A túnica mucosa possui outros dois componentes, a camada de tecido conjuntivo frouxo (chamado de lâmina própria) e a camada muscular da mucosa. A espessura da lâmina própria depende da região do estomago; na região do corpo do estomago é bem grossa, pois possui fossetas bem profundas e glândulas grandes e abundantes; já na região do piloro e da cárdia, tem uma espessura um pouco menor. Além da túnica mucosa, também há a túnica submucosa e muscular, que também variam dependendo da região do estomago. 7 Beatriz Larentis de Souza – MED Unila Cárdia Fundo/Corpo Piloro Túnica Mucosa Epitélio cilíndrico simples; fossetas gástricas curtas; glândulas simples ou ramificadas, com extremidade enovelada; Epitélio cilíndrico simples, secretor de muco; possui muitas fossetas (ou fovéolas) gástricas; na lâmina própria tem muitas glândulas fúndicas*. Epitélio cilíndrico simples; possui fosseta mais longa e glândulas mais curtas, secretoras de muco; possui células G; Túnica Submucosa Tecido conjuntivo que ainda contem algumas glândulas esofágicas, vasos sanguíneos e linfaticos. Tecido conjuntivo, vasos sanguíneos e linfáticos. Tecido conjuntivo, vasos sanguíneos e linfáticos. Túnica Muscular 3 camadas musculares mal organizadas e mal definidas. 3 camadas de musculo liso dispostas assim: obliqua interna, circular média e longitudinal externa. 3 camadas de musculo liso dispostas assim: obliqua interna, circular média e longitudinal externa. A camada média é mais espessa, constituindo o esfíncter pilórico. *Glândulas Fúndicas As glândulas fúndicas são compostas por várias celulas especiais. a. Células Parietais. Secretam HCL e fator antianêmico. b. Células Zimogênicas. Também chamada de Células Principais, secretam pepsina, renina e lipase. c. Células Mucosas. Secretam um tipo de muco diferente das celulas epiteliais secretoras. O muco secretado por essas celulas pode conter agentes antibióticos. d. Células Gastroendócrinas. Secretam hormônios importantes como serotonina e gastrina. **Células G Nada mais são que células gastroendócrinas localizadas especificamente no piloro. 4. Identificar as estruturas de interesse da cavidade oral: dentes, glândulas salivares e língua (descrever a estrutura e a função da língua). 4.1 Entender as funções dos dentes e das secreções salivares 4.2 Entender os processos que ocorrem na cavidade oral: mastigação e o processo voluntário da deglutição 8 Beatriz Larentis de Souza – MED Unila Cavidade oral. Na cavidade oral se dá o inicio da digestão da deglutição; começam processos de digestão, tanto mecânica (mastigação) quanto química (saliva +enzimas). Olhando através da cavidade oral, podemos encontrar diversas estruturas importantes de referência: Palato duro Palato mole Úvula Tonsilas palatinas Arco palatoglosso Arco palatofaríngeo Língua Dentes Frênulo da língua Lábios Bochechas Gengivas Cavidade oral (boca) A boca é composta pelas bochechas, palato duro, palato mole, e língua. Os lábios e bochechas servem para conseguirmos manter o alimento entre os dentes, e garantir que eles sejam mastigados uniformemente. Dentes O primeiro conjunto de dentes que possuímos, é chamado dentes decíduos (dentes de leite) e começam a aparecer por volta dos 6 meses. Vão ser 20 dentes decíduos no total e, por volta dos 12 anos, já não devemos possuir mais nenhum. O segundo conjunto de dentes, chamados dentes permanentes, começam a nascer por volta dos 6 anos, substituindo gradativamente os dentes decíduos. Possuímos 32 dentes permanentes, sendo: oito incisivos (cortam alimentos), quatro caninos (rasgam e laceram alimentos), oito pré- molares (esmagam e trituram alimentos) e 12 molares (esmagam e trituram alimentos). Os dentes têm como função cortar e dilacerar os 9 Beatriz Larentis de Souza – MED Unila alimentos, transformando-os em partículas menores que possam ser deglutidas com mais facilidade e também para aumentar a superfície de contato de ação das substâncias digestivas. Os dentes são estruturas acessórias do aparelho digestório, estão inseridos nos alvéolos da mandíbula e da maxila. Os alvéolos são recobertos por gengiva e por tecido conjuntivo que fixa os dentes a eles. A parte exposta do dente é chamada de coroa; a parte imersa no alvéolo se chama raiz, e a transição das duas, que fica na região da gengiva, se chama colo do dente (Tortora). Glândulas Salivares Possuímos diversas glândulas salivares. As chamadas glândulas salivares menores estão localizadas ainda na túnica mucosa, são elas: glândulas da bochecha, labiais, palatinas e linguais. São compostas de unidades secretoras (células) não encapsuladas, e a grande maioria secreta apenas muco. Já as glândulas salivares maiores são externas a túnica mucosa, são estruturas bem desenvolvidas e presentes em pares: parótida, submandibular e sublingual. São compostas por celulas secretoras que são envolvidas por uma capsula fibrosa (já descrito na histologia). As parótidas estão localizadas abaixo e a frente das orelhas, entre a pele e o musculo masseter. As submandibulares ficam sob a raiz da língua e sob o assoalho da boca. As sublinguais ficam também sob a raiz da língua e do assoalho da boca, mas estão anteriores as submandibulares (Tortora e Junqueira). Saliva. Produzimos cerca de 1,5 litros de saliva por dia. A saliva é composta em 0,5% por solutos* (entre eles a amilase salivar, lipase salivar, lisozima bacteriolítica) e o resto água (95,5%). A água serve para diluir os alimentos triturados e para facilitar a deglutição (slide). O processo de salivação. A salivação é estimulada pelo sistema nervoso parassimpático, mais especificamente pelos nervos facial e glossofaríngeo, fazendo com que os lábios, cavidade oral e língua permaneçam sempre úmidos devido a constante salivação. O sistema parassimpático aumenta os impulsos (aumentando a salivação) quando sentimos o cheiro, degustamos, ou simplesmente pensamos no alimento. Por outro lado, em situações de stress, o sistema simpático inibe a salivação, causando a sensação de boca seca e, por consequência, sede (Tortora). *Funções da secreção salivar (solutos da saliva). A principal função enzimática da saliva é por conta da amilase salivar. A amilase salivar degrada os polissacarídeos de cadeia longa, transformando-os em dissacarídeos (maltose). Continuam agindo por uma hora sobre o alimento deglutido já no estômago (Tortora). Além disso, há a lipase salivar, que inicia a degradação dos lipídeos e a lisozima bacteriolítica, que protege a túnica mucosa e os dentes contra as bactérias (slide). 10 Beatriz Larentis de Souza – MED Unila Língua A língua é um órgão muscular situado no assoalho da cavidade oral. Suas funções são: auxiliar na fala, auxiliar na mastigação movimentando os alimentos, moldar o bolo alimentar para que ele seja mais facilmente deglutido e empurrar o alimento para a orofaringe, sendo o inicio da deglutição. Além disso, a língua tem importante função sensorial, pois nela se encontramos botões gustativos*. A língua é formada por músculos extrínsecos (se originam de outras partes e se fixam na língua, e geralmente atuam mudando a posição da língua) e intrínsecos (não estão fixados em nenhuma outra estrutura, compõem a língua e geralmente atuam modificando o formado do órgão). A língua é dividida em corpo, raiz e ápice. Além disso, possui as faces: a. Dorso da língua, que é a face superior, extensa e “áspera” devido as papilas. No dorso se encontram algumas estruturas importantes como os botões gustativos*, as papilas**, as tonsilas linguais (massa de nódulos linfoides) e o sulco terminal. b. Face inferior da língua, que fica em contato com o assoalho. *Botões gustativos são compostos de aproximadamente 40 celulas, sendo algumas sensoriais e algumas de sustentação. Elas são dotadas de quimiorreceptores que despolarizam ao serem estimulados, e enviam o sinal especifico do “gosto” para as terminações nervosas que aportam o botão gustativo. Além de sinalizarem o sabor, os botões gustativos sinalizam a simples presença de alimento na cavidade oral, acionando uma série de impulsos que irão resultar em uma maior secreção de saliva pelas glândulas. **A língua possui diversas papilas. As papilas filiformes tem a função de fricção e seu epitélio é queratinizado. As papilas fungiformes possuem alguns botões gustativos, 11 Beatriz Larentis de Souza – MED Unila enquanto que as papilas foliadas (ou folhadas) possuem muitos botões gustativos. As papilas circunvaladas são um pouco mais complexas: em volta delas há uma estrutura de “poço” onde estão presentes botões gustativos, glândulas mucosas e serosas, que secretam substancias que ajudam no bom funcionamento dos botões gustativos que são abundantes nesse tipo de papila (Tortora e Junqueira). Curiosidade: umami é um nome japonês para “delicioso”, e é uma região estimulada pelo glutamato. A culinária oriental usa muito glutamato monossódico para realçar os sabores dos alimentos. Mastigação e o processo voluntário da deglutição A mastigação é a digestão mecânica (também há a o inicio digestão química realizada pela saliva) que ocorre na cavidade oral. Durante a mastigação, a língua move o alimento de um lado para o outro, misturando a saliva aos alimentos que estão sendo triturados pelos dentes. O alimento é reduzido à uma massa mole e flexível, que pode ser deglutida com facilidade. Apesar de a mastigação ter um componente voluntário, nós não pensamos no ato de mastigar. Ela ocorre através do chamado reflexo da mastigação (o esquema do reflexo da mastigação está representado abaixo). Os músculos da mandíbula conseguem prover uma força de até 25kg nos dentes incisivos e 91kg nos molares. Músculos da mastigação Masseter Temporal Pterigóideo medial Pterigóideo lateral Inervação Quem inerva os músculos da mastigação é o nervo trigêmeo (V), que tem sua origem em núcleos do tronco cefálico. 1. A presença do bolo alimentar na cavidade oral inibe os musculos da mastigacao, fazendo a mandibula baixar. 2. O estiramento dos musculos, devido à descida da mandibula, causa a contração reflexa, elevando a mandibula. 3. A elevação da mandibula cerra os dentes contra o bolo. O processo se reinicia. 12 Beatriz Larentis de Souza – MED Unila A etapa voluntária da deglutição é outro processo importante que ocorre na boca. A deglutição é dividida em três estágios: voluntário, faríngeo e esofágico; o primeiro desses estágios ocorre na cavidade oral, e é desempenhado pela língua. De forma “voluntária”, o ápice da língua se eleva até o palato duro, fazendo com que o alimento comece a ser empurrado para o fundo da cavidade. Na próxima etapa da deglutição, o bolo já está parcialmente na orofaringe, constituindo então a fase faríngea da deglutição, processo que já é involuntário. Uma vez que o bolo alimentar atinja a orofaringe, é extremamente difícil parar o processo de deglutição. 13 Beatriz Larentis de Souza – MED Unila 5. Identificar a origem embriológica do intestino anterior ( faringe primitiva, esôfago e estômago) O intestino primitivo se forma por volta da 4ª semana, seu endoderma vai constituir a maior parte do epitélio e das glândulas do TGI. Os derivados do intestino anterior são: a faringe primitiva e seus derivados; o esôfago e o estômago; o duodeno, proximal à abertura do ducto biliar; o fígado, o aparelho biliar e o pâncreas. Faringe primitiva. A faringe primitiva vai se desenvolver em faringe e anexos importantes. Esôfago. Caudalmente a faringe, encontramos o esôfago, que primeiramente é curto, mas vai se alongar bastante ate o final da 7ª semana, devido ao crescimento e descida de coração e pulmões. Quando o esôfago não cresce devidamente, parte do estômago fica deslocado no tórax, caracterizando uma hérnia de hiato congênita. A princípio, a traqueia e o esôfago compõem um tubo só. Com o passar do desenvolvimento, um septo vai surgindo entre os dois a fim de separar os dois tubos (septo traqueoesofágico). O mau desenvolvimento desse septo irá resultar em atresias e/ou fistulas esofágicas. Estômago. A princípio é apenas uma estrutura tubular. Por volta da 4ª semana, esse tubo apresentará uma pequena dilatação, que indica a futura localização do estômago. Essa dilatação segue crescendo ventro-dorsalmente até que, por volta da sexta semana, a parte dorsal cresce mais rápido que a parte ventral, constituindo a curvatura maior (dorsal) e a curvatura menor (ventral) que persistirão até a forma definitiva do estomago. Junto com a formação das curvaturas, o estômago começa a fazer uma rotação. No fim do processo, ele terá girado 90º, mas o processo ocorre lentamente. A face que antes era ventral passa a ser a face esquerda, enquanto que a face que antes era dorsal passa ser a face direita do estômago. 6. Identificar as estruturas de interesse da faringe: tonsilas, recessos, músculos. 6.1. Processos que ocorrem na faringe A faringe é um tubo muscular (musculo estriado esquelético) que se estende das coânas (aberturas nasais) até o esôfago, ou, falando em termos de referencias anatômicas, ela se estende da base do crânio até a margem de C6. Anteriormente à faringe está a 14 Beatriz Larentis de Souza – MED Unila laringe e posteriormente esta a fáscia cervical e é um órgão que possui diversos acúmulos de tecido linfoide, as tonsilas. A faringe é divida em 3 regiões: nasofaringe, orofaringe e laringofaringe. Na nasofaringe encontramos a tonsila faríngea, mais conhecida com adenoide. Orofaringe. A orofaringe é a região de mais relevância para o TGI, pois tem função digestória. Ela se estende verticalmente do palato mole até a margem superior da epiglote; lateralmente, entre as margens dos arcos palatoglosso e palatofaríngeo. Na orofaringe se encontram as tonsilas palatinas, conhecida como amigdala. Estão localizadas na fossa palatina, que é o espaço entre os dois arcos. A parte mais inferior da laringe é a laringofaringe. Ela se estende da margem superior da epiglote até a altura de C6, onde se estreita, sendo continua com o esôfago. A laringofaringe se comunica com a laringe através do adito da laringe. Nesta região, existem duas pequenas de pressões, uma de cada lado do adito, chamadas recesso piriforme. É uma estrutura importante, pois nestes recessos podem parar alimentos, causando desconforto. O desconforto é gerado pelo aporte que os ramos do nervo faríngeo fazem a essas estruturas. São muitos os músculos que compõema faringe. Os músculos internos, longitudinais, são responsáveis por elevar, alargar e encurtar a laringe e a faringe durante a deglutição. Já os externos, chamados constritores da faringe, são dispostos circularmente e são responsáveis por contrair a laringe durante a deglutição. Processos que ocorrem na faringe. A faringe é muito importante, pois nela ocorre uma das fases da deglutição. A fase anterior (oral) é voluntaria. A partir do momento em que o bolo alimentar encosta no epitélio faríngeo, estimulando os receptores, impulsos são levados ao tronco encefálico e desencadeia uma série de eventos, explicitados no esquema. 7. Identificar as estruturas de interesse do esôfago 7.1. Processos que ocorrem no esôfago O esôfago é um tubo muscular colapsante, de aproximadamente 25 centimetros de comprimento (se estende da laringofaringe – a partir da junção faringoesofágica, no nível de C6- até o estômago, se abrindo no óstio cárdico do estômago). Seu terço inicial é composto de músculo esquelético; o terço medial é misto, composto de músculo esquelético e musculo liso e por fim, seu terço final é composto de músculo liso. Possui dois esfíncteres (dilatação da túnica muscular): o esfíncter superior é composto de musculo estriado, mais especificamente o constritor inferior da faringe. O esfíncter inferior é fisiológico, constituído pela musculatura diafragmática que forma o hiato esofágico; a contração dessa musculatura é suficiente para fechar o esôfago nessa região, impedindo o refluxo. Um pouco abaixo desse esfíncter está a Palato mole empurrado para cima (fechando a nasofaringe) Laringe puxada para cima e para frente, causando o fechamento da epiglote Relaxamento do esfincter esofagico superior Contração da parede da faringe, empurrando o bolo alimentar para o esôfago 15 Beatriz Larentis de Souza – MED Unila linha z, linha que sinaliza a junção esofagogástrica, é irregular é onde fica evidente a mudança abrupta de epitélio do esôfago para a região da cárdia do estômago. Existe outra constrição ao longo do estomago chamada constrição broncoaórtica, causada concomitantemente pelo arco aórtico e pelo brônquio esquerdo. O esôfago é também dividido em regiões: cervical, torácica e abdominal. O epitélio esofágico produz muco, para auxiliar na passagem do alimento para o estômago. Fase esofágica da deglutição. A terceira e ultima etapa da deglutição ocorre no esôfago e é involuntária assim como a segunda etapa. A função do esôfago é conduzir o alimento da faringe ao estomago. Para isso, ele conta com dois tipos de movimentos: a. Peristaltismo primário. O peristaltismo primário nada mais é que a continuação da onda peristáltica vinda da faringe, dura aproximadamente de 8 a 10 segundos. Quando estamos de pé, muitas vezes o alimento chega ao estomago antes mesmo da onda se propagar inteira, pois a gravidade ajuda o movimento do bolo alimentar. Quando essa onda chega ao final do esôfago, causa o relaxamento do estomago, que fica pronto para receber o alimento. b. Peristaltismo secundário. O peristaltismo secundário ocorre quando o primário não da conta de “remover” todo o alimento do esôfago. Ele é uma resposta da dilatação no esôfago causada pela presença do estomago. 8. Descrever a estrutura, relações e localização do estômago O estômago é uma dilatação do TGI, em formato de J, que conecta o esôfago ao duodeno (primeira porção do intestino). A localização do estomago pode variar bastante, dependendo da posição do individuo, do volume de alimento, do biótipo. Em termos gerais de anatomia de superfície, o órgão fica localizado no epigastro, hipocôndrio esquerdo e região umbilical. O 16 Beatriz Larentis de Souza – MED Unila tamanho e a localização do estomago variam bastante: quando vazio, fica parcialmente colapsado, cheio de pregas gástricas; além disso, em relação a posição, quando inspiramos o diafragma o empurra para baixo e quando inspiramos, o puxa para cima. É um órgão muito elástico e pode armazenar até 3 litros de alimento. O estomago é divido em três regiões: Cárdia. É uma região circular, situada em volta do óstio cárdico. É mais lisa e menos grosseira que o corpo do estomago. As glândulas na região da cárdia tem fovéolas gástricas curtas e pode apresentar ainda glândulas esofágicas na camada submucosa. Em termos de anatomia de superfície, situa-se aproximadamente entre a linha paraesternal e a médioclavicular, na altura do 6º cartilagem costal esquerda. Fundo. O fundo é uma porção do estomago dilatada superiormente, adjacente à cárdia. Entre o esôfago e o fundo está a incisura cárdica. Ele é limitado inferiormente pelo plano horizontal do óstio cárdico. Situa-se posteriormente à 6ª costela esquerda, aproximadamente na linha médioclavicular. Apresenta pregas gástricas, porém menos que o corpo gástrico. Corpo. É a parte principal do estomago. Está situado entre o fundo e antro pilórico. Na apresentação anatômica mais comum, o corpo do estomago se estende pela região epigástrica, hipocôndrio esquerdo e parte superior da região umbilical. Região pilórica. É a região final do estomago, local de conexão com o duodeno. É composta pelo antro pilórico, região afunilada; o antro pilórico leva ao canal pilórico, região mais estreita. O piloro propriamente dito é a região esfincteriana que fica imediatamente no final do canal pilórico. É composto por um espessamento da camada circular muscular que forma o esfíncter pilórico, que controla a saída de quimo para o duodeno. A saída do estomago para o duodeno, controlada pelo esfíncter pilórico, se chama óstio pilórico. O esfíncter pilórico se encontra normalmente contraído, exceto quando há a passagem de quimo. Essa região fica aproximadamente na altura da 8ª cartilagem costal, há 1,5 cm da linha mediana. Além dessas regiões, o estomago tem duas curvaturas importantes. A curvatura maior compõe a margem esquerda convexa do órgão e é voltada 17 Beatriz Larentis de Souza – MED Unila lateralmente. Essa curvatura se estende, aproximadamente, da altura da 5ª cartilagem costal, na região hipocondríaca esquerda, até a região umbilical, na altura da 10ª cartilagem costal. A curvatura menor é a margem direita e côncava, se encontra mais concentrada na região epigástrica. Essa curvatura possui uma incisura chamada incisura angular, que indica a junção do corpo gástrico com o antro pilórico. Relações do estômago. O estomago é praticamente todo revestido de peritônio, mais especificamente, ele fica envolvido pelas duas laminas do omento menor. A partir de sua curvatura maior, essas lâminas se unem dando inicio ao omento maior. Quando estamos em decúbito dorsal, o estômago se apoia sobre um leito, chamado leito do estômago. Esse leito é composto (da região superior para a inferior) pela cúpula do diafragma, braço, suprarrenal e rim esquerdo, pâncreas e mesocolon transverso. Anteriormente o estomago se relaciona com o diafragma, lobo esquerdo do fígado, e parece abdominal anterior. Posteriormente ele se relaciona com a bolsa omental e pâncreas. A bolsa omental é uma “cavidade” onde, sua face anterior é composta pela face posterior do estomago e sua face posterior é composta pela lamina de peritônio que recobre o pâncreas e o mesocolon transverso. Lateral e inferiormente ele se relaciona com o colo transverso. O colo transverso acompanha uma boa parte da curvatura maior do estomago. Lateralmente com o baço.18 Beatriz Larentis de Souza – MED Unila 9. Conhecer as funções do estômago 1. Mistura a saliva, alimento e secreções gástricas para formar o quimo, através dos movimentos de mistura. 2. É um reservatório que armazena o quimo para ir liberando aos poucos para o duodeno. 3. Produz suco gástrico que realiza, entre outras coisas, a digestão enzimática (protege o TGI contra bactérias, desnatura proteínas, digere proteínas, ajuda na absorção de vitamina B12 e ajuda na digestão de lipídeos). 4. Secreta gastrina no sangue 19 Beatriz Larentis de Souza – MED Unila Imagens dos Slides 20 Beatriz Larentis de Souza – MED Unila
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