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XXV ENEGEP Porto Alegre, RS, Brasil, 29 de Outubro a 01 de Novembro de 2005 
 
Avaliação de Investimentos em Tecnologia da Informação - TI 
 
 
Ubiratam de Nazareth Costa Pereira (UNIFEI) upereira@sp.senac.br 
João Batista Turrioni (UNIFEI) turrioni@unifei.edu.br 
Edson de Oliveira Pamplona (UNIFEI) Pamplona@unifei.edu.br 
 
Resumo 
As empresas se utilizam da Tecnologia da Informação (TI) como ferramenta estratégica na 
gestão de seus negócios, e os investimentos na área se fazem necessários a todo momento. Os 
métodos tradicionais de avaliação econômica, como ROI, VPL, TIR e pay-back, não são tão 
eficientes quanto se desejaria visto que não contemplam uma das principais características 
da TI que são os benefícios intangíveis. Analisamos neste artigo, os métodos tradicionais e 
suas dificuldades face aos custos ocultos e benefícios intangíveis, característicos da área de 
TI. 
Palavras chave – análise de investimentos, análise econômica, tecnologia da informação. 
 
1. Introdução. 
Os computadores vem conquistando um aumento vertiginoso em sua utilização nos últimos 
anos, principalmente nas empresas, que passam a encarar o desafio da informatização de 
maneira profissional e como fonte da solução de muitos de seus problemas. 
Entretanto, com o passar dos anos, a empresas passam a descobrir que os computadores 
apenas por si só não representam a solução de seus problemas, mas sim o começo de uma 
série sucessiva de dificuldades de ordem técnica e econômica. 
Na verdade, os computadores necessitam de uma série de complementos, como: 
• Infra-estrutura; 
• Licenças de programas; 
• Pessoal qualificado; 
• Sistemas de telecomunicações; 
• Treinamentos; 
• Consultorias; 
• Terceirização, entre outros. 
Em face desta situação os empresários e gerentes de área passam a ter a necessidade de 
definirem melhor seus objetivos, quantificando seus custos e benefícios ganhos com a 
implantação da tecnologia, afim de justificarem seus desembolsos. 
XXV ENEGEP Porto Alegre, RS, Brasil, 29 de Outubro a 01 de Novembro de 2005 
 
Ao conjunto de itens acima descritos, podemos conceituar de Tecnologia da Informação (TI), 
como recursos tecnológicos e computacionais para a geração e uso da informação. Esse 
conceito enquadra-se na visão de Gestão da Tecnologia da Informação e do conhecimento 
(REZENDE, 2003). 
Desta forma, as empresas passam a ter a necessidade de se informatizarem com o intuito de 
agilizar seus processos e reduzir custos. Além disso um problema que surge com a adoção da 
TI, são os gastos necessários à implantação, manutenção e melhoria dos sistemas utilizados. 
Não só isso, mas justificar as despesas e medir a eficiência com que os novos sistemas 
impactam nas atividades da empresa é uma nova tarefa que surge no horizonte empresarial. 
Este artigo vem discutir as motivações, justificativas, obstáculos e indicadores de eficiência 
estão sendo utilizados atualmente. 
A revisão bibliográfica foi baseada principalmente em artigos de origem estrangeira, 
publicada no idioma inglês e periódicos de cunho científico, além de dissertação de mestrado 
e livros de publicação nacional. 
2. As motivações. 
As empresas investem em TI por uma série de razões (SUWARDY, 2003): 
- Aumento da produtividade; 
- Posicionamento no mercado; 
- Ir de encontro ao cliente; 
- Manter competitividade; 
- Aumento na eficiência operacional; 
- Fornecer melhores informações para o gerenciamento; 
- Ganho de vantagens competitivas; 
- Aumento da receita/lucro; 
- Redução de custos. 
 
Schaicoski (2002), descreve que a constante evolução dos negócios, mercado e economia que 
estão ocorrendo causam uma turbulência acentuada, e neste cenário, a TI pode se tornar um 
fator decisivo para o sucesso ou fracasso de uma empresa, contribuindo de forma a torná-la, 
ágil, flexível e capaz de se adaptar aos revezes do cenário econômico. 
A necessidade da organização em assimilação e utilização de recursos computacionais devem 
ser convertidos em projetos de TI. 
Projetos de TI tem características peculiares, demandam proporcionalmente ao tamanho da 
organização, tempo de planejamento, implantação e manutenção; capital humano e recursos 
financeiros. Além disso, seu retorno pode não ser tão imediato, causando uma certa frustração 
em muitos caso. Mas se bem conduzidos pode se tornar uma fator de diferencial em relação à 
concorrência. 
XXV ENEGEP Porto Alegre, RS, Brasil, 29 de Outubro a 01 de Novembro de 2005 
 
3. Análise econômica. 
Quando se fala de análise de investimentos, a primeira idéia que surge é a comparação de 
quanto se irá investir e de quanto tempo será necessário para se recuperar o investimento 
feito. 
Os analista contábeis tem sido um peça chave nas decisões que consideram os investimentos 
em TI (ANANDARAJAN, 1999), buscando respostas em termos de quantias financeiras, isto 
porque eles tem a cultura puramente no focu na análise de custo benefício, medido em valores 
monetários. 
3.1. Fluxo de caixa 
Os métodos quantitativos de análise de econômica tradicionais são aplicados com base em 
fluxos operacionais líquidos de caixa e seu dimensionamento é considerado como o aspecto 
mais importante da decisão. Os fluxos de caixa são representação dos investimentos e saídas 
de caixa e a demonstração das futuras entradas de caixa, receitas e possíveis saldos residuais 
dentro de um determinado período. A grande dificuldade contudo é de se conseguir mensurar 
com exatidão os valores a serem demonstrados nesse fluxo. Depende dessa exatidão os 
resultados a serem obtidos influenciando diretamente a tomada de decisão. Uma vez 
dimensionado o fluxo de caixa do projeto, podemos então, aplicar as ferramentas disponíveis 
para a análise do investimento.Entre os métodos clássicos para análise econômica destacam-
se: 
3.1.1 Valor Anual Uniforme (VAUE). 
Este método consiste em se encontrar uma série uniforme anual, equivalente ao fluxo de caixa 
dos investimentos à Taxa Mínima de Atratividade (TMA), ou seja , acha-se a série uniforme 
equivalente a todos os custos receitas para cada investimento utilizando-se da TMA, o que 
obtiver o maior saldo será a melhor opção (CASAROTO, 2000). CASAROTO (2000), ainda 
descreve como TMA, como sendo a taxa de rentabilidade esperada das aplicações de pouco 
risco. 
3.1.2 Valor Presente Líquido (VPL). 
Semelhante ao VAUE, cuja diferença reside em que, em vez de distribuir o investimento 
inicial durante a vida, deve-se agora calcular o Valor Presente dos demais termos do fluxo de 
caixa para somá-los ao investimento inicial da alternativa. A TMA pode ser utilizada para 
descontar o fluxo, ou seja, para trazê-lo para o valor presente. A alternativa que apresentar o 
maior VPL será a melhor opção (CASAROTO, 2000). O VPL é um dos melhores ferramentas 
para a análise de investimentos, não porque trabalha com o fluxo de caixa descontado e pela 
sua consistência matemática, mas também porque seu resultado é expresso em espécie ($), 
demonstrado o valor absoluto do investimento. Pode ser obtido por meio da seguinte fórmula: 
 
n3210 i)(1
FCn...
i)(1
FC3
i)(1
FC2
i)(1
FC1
i)(1
FC0 VPL ++++++++++= 
XXV ENEGEP Porto Alegre, RS, Brasil, 29 de Outubro a 01 de Novembro de 2005 
 
Onde FC = Fluxo de caixa esperado (positivo ou negativo) 
 i = Taxa de atratividade (desconto), é considerado atraente todo investimento que 
apresentar uma VPL maior ou igual a zero. 
3.1.3 Taxa interna de retorno (TIR). 
A para calcular a Taxa Interna de Retorno, deve-se zerar o Valor Presente Líquido dos fluxos 
de caixa. Os investimentos que apresentarem uma TIR que a TMA passam a se apresentar 
como rentáveis. Pode ser obtida com a seguinte fórmula: 
 
n3210 TIR)(1
FCn...
TIR)(1
FC3
TIR)(1
FC2
TIR)(1
FC1
TIR)(1
FC0 ZERO ++++++++++= 
 
Onde FC = Fluxo de caixaesperado (positivo ou negativo) 
As principais criticas aos métodos tradicionais é que eles não consideram: 
- os custos ocultos dos projetos de TI; 
- não quantificam os benefícios intangíveis; 
- não incorporam sensivelmente risco ao modelo. 
 
Além dessas formas de análise econômica, existem outras que podem ser utilizadas no 
processo de avaliação dos investimentos de TI: 
3.1.4 Pay-back. 
O pay-back é o período de recuperação de um investimento e consiste na determinação do 
prazo em que o montante do gasto do capital investido será recuperado por meio de fluxos de 
caixa gerados pelo investimento. È o período em que os valores dos investimentos (fluxos 
negativos) se anulam com os respectivos valores de caixa (fluxos positivos) (SCHAICOSKI, 
2002). Há varias formas de pay-back. Existe o pay-back original, que não considera o “valor 
do dinheiro no tempo”, onde o prazo de recuperação é encontrado somando-se os valores dos 
fluxos de caixas negativos com os valores de fluxo de caixa positivo. O pay-back descontado 
que considera o “valor do dinheiro no tempo”, e se utiliza da TMA como taxa de desconto 
para a determinação do prazo de recuperação do capital investido. E há ainda o pay-back 
total, que consiste na utilização do fluxo descontado a TMA e os fluxos existentes após o 
período de recuperação. Ele difere do modelo original, representando um período de 
equilíbrio ao longo de todo o período do projeto. 
XXV ENEGEP Porto Alegre, RS, Brasil, 29 de Outubro a 01 de Novembro de 2005 
 
3.1.5 ROI (Return On Investment). 
O Retorno sobre o Investimento é uma ferramenta de administração que sistematicamente 
mede o desempenho passado e decisões de investimento do futuro, em outras palavras, mede 
os resultados históricos e antecipados. A definição do ROI depende da base de investimentos 
utilizada. Se o patrimônio líquido for usado como base do denominador, a definição é “return 
on equity” (ROE), se os ativos forme usados como base, a definição é “returno on assets” 
(ROA), sendo o numerador o lucro esperado do investimento. A tabela 1 fornece as possíveis 
variáveis de cálculo do ROI. 
O ROI é uma medida que quantifica o retorno produzido pelas decisões de investimento e 
avalia a atratividade econômica do investimento. Servirá de parâmetro para avaliação de 
desempenho da empresa ou de um determinado projeto em um período de tempo pré-
estabelecido. 
SHCAICOSKI (2002), aponta cinco razões chaves do porque se deve usar o ROI: 
1. Força o planejamento; 
2. Provê de uma base para tomada de decisão; 
3. Avalia oportunidades de desenvolvimento; 
4. Ajuda na avaliação do desempenho da administração; 
5. Mede as respostas do mercado. 
Ele ainda identifica uma série de usos e aplicações para o uso desta ferramenta, destacando: 
- Melhora no utilização dos recursos; 
- Avaliação dos gastos de capital; 
- Análise da linha de produção; 
- Avalição dos recursos humanos, etc. 
Tabela de variáveis de cálculo do ROI 
Numerador Denominador Definição do ROI 
Rendimento Líquido Total de ativos Retorno sobre o total de ativos 
Rendimento Líquido Patrimônio líquido dos acionistas Retorno sobro o patrimônio dos acionistas 
Rendimento Líquido Capital empregado Retorno sobre o capital empregado 
Lucro Operacional Total de ativos Retorno sobre o total de ativos 
Lucro Operacional Capital empregado Retorno sobre o capital empregado 
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Renda Líquida + despesa de juros Total de ativos Retorno sobre o total de ativos 
Renda antes dos juros e impostos Total de ativos Retorno sobre o total de ativos 
Rendimento Líquido Ativo líquido Retorno sobre ativo líquido 
Tabela 1 - Tabela de cálculo do ROI 
Fonte: A utilização do ROI na análise de projetos de tecnologia da informação (SCHAICOSKI, 2002). 
4. As propostas de investimentos em TI. 
SUWARDY (2003) destaca que os investimentos em TI tradicionalmente tem sido avaliados 
com bases puramente financeiras usando técnicas contábeis, como pay-back, ROI, VPL, TIR, 
como são normalmente avaliados outros projetos dentro da organização. Em grande parte das 
vezes o gerente financeiro é o responsável pela tomada de decisão na aquisição das novas 
tecnologias, baseado muitas vezes apenas no fluxo de caixa da empresa e considerando 
aspectos quantitativos. Uma das maiores características do setor de TI, é de freqüentemente 
oferecer benefícios intangíveis, que são muito difíceis de serem mensurados, e estes, muitas 
vezes podem ser fatores decisivos na tomada de decisão. 
Além dos benefícios intangíveis, existem os custos ocultos de TI, como por exemplo 
treinamento de pessoal, resistência dos usuários, preparação e coleta de dados, entre outros. 
ANANDARAJAN (1999), enfoca que as decisões de investimentos em TI são totalmente 
diferentes de uma simples análise econômica. Em particular os métodos tradicionais são 
considerados inapropriados porque a avaliação dos investimentos em TI são 
significativamente diferentes em dois pontos: 
1. A Tecnologia da Informação envolve uma grande gama de benefícios estratégicos 
difíceis de se quantificar; e, 
2. Em qualquer circunstância os critérios a cerca de investimentos em TI estão sujeitos a 
mudanças muita rápidas. 
Alerta também que muitos custos ocultos, estão associados aos investimentos em novas 
tecnologias que são amenizados ou completamente ignorados nos métodos tradicionais. De 
fato em um Projeto de Pesquisa do MIT, intitulado “Management in the 1990s”, que foi 
apresentado na 10ª. International Conferece on Information Systems Held, em Boston 
Massachussetts, descreve o seguinte: “Todo mundo analisa custos/benefícios em projetos. A 
parte triste é que não apenas os benefícios são fictícios, mas os custos também.” E isto 
implica que muitos benefícios são definidos inapropriadamente e muitos custos não são 
considerados. 
Entre os benefícios intangíveis podemos destacar: 
- Melhora da informação; 
- Tempo de resposta mais rápido; 
- Melhora no processo de decisão; 
XXV ENEGEP Porto Alegre, RS, Brasil, 29 de Outubro a 01 de Novembro de 2005 
 
- Satisfação do cliente; 
- Aumento da produtividade dos funcionários, estes são difíceis de quantificar e muitas vezes 
são deixados de fora do processo de decisão. 
Um método popular usado na literatura que envolve a classificação de diferentes benefícios 
intangíveis se utiliza da escala Likert. O problema associado ao método é que a classificação é 
puramente subjetiva (ANANDARAJAN, 1999). 
5. Conclusão. 
A Tecnologia da informação é presente na rotina das empresas em seu dia-a-dia. As empresas 
investem em TI, principalmente pelas razões de aumento da eficiência operacional, melhor 
gerenciamento da informação redução de custos, ganho de vantagem competitiva e ir ao 
encontro das expectativas do cliente. Tradicionalmente se utilizam de metodologias como 
VPL, TIR, ROI, pay-back, considerando essencialmente os custos/benefícios tangíveis e 
quantitativos. 
Mas as empresas ainda tem um complicador que se esconde atrás dos benefícios intangíveis, 
que são difíceis de se quantificar, e também dos custos ocultos de TI, que na maioria das 
vezes vem embutidos através de atividades inerentes ao processo de implementação e que 
acabam sendo ignorados. O grande desafio delas reside no fato de conseguirem avaliar seus 
investimentos em TI, conjugando tanto os custos/benefícios tangíveis, através dos métodos de 
análise econômicas tradicionais e também considerar os custos/benefícios intangíveis, que 
podem se revelar como sendo em muitos casos, fatores chaves no processo da tomada de 
decisão. Por sua dinâmica, que envolve constantes progressos tecnológicos, redução dos 
custos de equipamentos, necessidade de pessoal especializado, a área de TI deve desempenhar 
um papel estratégicodentro da organização, tendo especial atenção sobre seus investimentos, 
tornando-os ganhos e vantagens competitivas e não sendo tratados como apenas mais um 
investimento da organização. 
Referências 
ANANDARAJAN, A.; WEN, H. J. Evaluation of information technology investment. Management Decision, 
v.37, n.4, p.329-37, 1999. 
CASAROTO FILHO, N.; KOPITTKE, B. H. Análise de Investimento. Matemática Financeira. Engenharia 
Econômica. Tomada de Decisão. Estratégia Empresarial. São Paulo: Editora Atlas, 2000. 
REZENDE, D.A. Tecnologia da Informação Aplicada a Sistemas de Informações Empresariais. São Paulo: 
Editora Atlas, 2003. 
SCHAICOSKI, Jean Carlos. A utilização do ROI na análise de projetos de tecnologia da informação, 2002. 
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002. 
SCHNIEDERJANS, M. J.; HAMAKER, J. L. A new strategic information technology investment model. 
Management Decision, v.41, n.1, p.8-17, 2003. 
SUWARDY, T.; RATNATUNGA, J.;SOHAL, A. S.; SPEIGHT, G. IT projects: evaluation, outcomes and 
impediments. Benchmarking: An International Journal, v.10, n.4, p.325-42, 2003. Disponível em 
http://www.emeraldinsight.com/1463-5771.htm. Acesso em 05 mar 2005.