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Resumo O ordenamento juridico


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Faculdade Madre Thaís
Disciplina Introdução ao Estudo do Direito (IED)
Docente Josevandro Nascimento
Discente Débora Stefany de Oliveira Ferreira
1º Semestre de Direito
O ORDENAMENTO JURÍDICO – RESUMO
A partir da modernidade, o Estado passou a ser soberano sobre toda a legislação, desta forma, regendo também o direito, que são o conjunto de normas estatais, ou seja, normas emanadas do Estado. Todavia, em uma época onde não era o Estado quem governava, essas normas eram determinadas conforme vontade do rei, logo, eram passíveis de contradições e incoerências.
No século XIX, com os Estados liberais os juristas, por apoiarem organização e harmonia entre as normas, exaltaram a existência do ordenamento jurídico, que serve para que todo o conjunto de normas com todas as tipificações estejam em ordem e coerência. O início da Idade Moderna e a chegada do sistema capitalista impulsionou ainda mais a necessidade de coerência e ordem na forma que as normas eram produzidas. O capitalismo precisa que haja conexão entre as normas de suas ações e hipóteses, visto que o rompimento de quaisquer uma delas, pode significar o rompimento da reprodução do sistema, consistindo no esgarçamento da lógica do capitalismo.
Apesar de antes do capitalismo não exigirem coerência em suas normas, foi nas sociedades primitivas que o ordenamento capitalista verificou algum tipo de ordem em suas ideias. Os ordenamentos religiosos, mesmo sendo incoerentes, eram normas emanadas de apenas um soberano, o Deus da Bíblia, daí não se pode racionaliza-las. No Direito Romano as normas eram apenas coleções de experiências avulsas dos próprios juristas. Por conseguinte, a chegada do Iluminismo constituiria a busca pelo equilíbrio das normas morais e naturais.
	O iluminismo também trouxe o jusracionalismo, que legitimava os interesses da burguesia, no entanto, o avanço do capitalismo intervencionou na liberdade de contrato, surgindo a partir daí a legislação dos trabalhadores que garantia ao Estado o controle de todos os atos relacionados ao trabalho, tirando a autonomia da vontade e da incoerência.
O primeiro passo para se chegar a um ordenamento jurídico coerente é estruturar as normas respeitando uma hierarquia. Dessa forma, mesmo sendo impossível uma coerência plena, as normas superiores (ex.: Direitos Humanos) regem as normas inferiores (ex.: Arrocho salarial), fazendo com que, mesmo se forem opostas entre si, não se choquem, pois, são provenientes de uma autoridade competente, que sempre determinarão as que atendam melhor aos seus interesses.
Esse pensamento de escalonar as normas criando uma hierarquia vem da Teoria Pura do Direito, de Hans Kelsen, ele afirma que fazendo isso garante-se coerência, já que toda norma criada terá de ser validada por normas superiores, sendo assim, até mesmo a vontade dos legisladores terá de ser baseada em normas anteriormente aceitas.
Visto que toda norma é avaliada segundo normas superiores, então, até as normas superiores precisavam ser avaliadas. Foi então que Kelsen propôs uma norma fundamental que valida a Constituição Federal. Para Kelsen, em algum momento as normas teriam que parar de subir na hierarquia, no Brasil, a Constituição Federal é o fastígio da hierarquia normativa.
A norma fundamental não faz parte do ordenamento, se trata de uma pressuposição do jurista. Isto é, em todo caso que o jurista for lidar com o direito ele sempre partirá da norma fundamental para avaliar quaisquer situações, no caso brasileiro, a partir da Constituição. Todavia, esse é um pensamento teórico e idealista de Kelsen, pensando apenas a partir das normas jurídicas, na prática, existem muitos outros motivos que levam os juristas a seguirem a Constituição, o mais forte deles é a força do Estado.
Após Kelsen, outros pensadores apresentaram teorias diferentes e mais realistas, daí se sobressai a Teoria dos Sistemas. Tal teoria é avessa ao ordenamento, nesta, não existe a ideia de que as normas são coerentes, e, sim, de que são complexas e contraditórias. O sistema jurídico consente que existe ocasiões em que o próprio Estado pode abdicar de uma lei constitucional e outras em que acata leis inconstitucionais, aderindo-as como “constitucionalizadas”
Na teoria do sistema jurídico as normas estão em conjunto e respeitam uma hierarquia de que a norma constitucional sobrepõe a infraconstitucional, porém não de forma rígida. Desta forma a coesão vale mais que a coerência, por isso segue as referências formado por repertório, estrutura e padrão, ou seja, as normas jurídicas estruturadas numa hierarquia em conformidade com o padrão da legalidade, podendo, se necessário, abandonar esse padrão, já que o importante é se relacionar com o meio ambiente.
A coesão do sistema permite não apenas uma validade formal, mas revelada pelo funcionamento na realidade, por este motivo, Ferraz Jr. sugere que existem várias normas-origem, não apenas a Constituição, mas uma série de outras normas legais ou não. Sendo, assim, algumas normas-origem podem tirar o sistema da legalidade temporariamente, essa alteração é a chamada calibração, onde as regras do sistema das normas jurídicas sofrem deformações para resolução de impasses que a Constituição não esteja destinada a resolver.
De todo modo, o direito, em suas normas e instituições, não deve ser como um sistema rígido, porquanto o poder não emana unicamente do Estado, deve-se levar em consideração a soberania do capitalismo e de todo o resto das relações sócias, dessa forma não deixa de estar vinculado ás contradições da sociedade capitalista, portanto, toma-se o ordenamento jurídico como um todo coeso, livrando de explicações teóricas postuladas juridicamente.