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1 Resumo para prova I – Direito empresarial I – Prof Luis Felipe Spinelli Aluno: Rached da Silva Centeno 1. TEORIA GERAL DO DIREITO EMPRESARIAL 1.1 História do direito comercial 1.1.1 História do direito comercial no mundo Pode ser didaticamente dividida em três fases o Primeira FASE: Renascimento mercantil e ressurgimento das cidades (em razão do fortalecimento do comércio marítimo) Corporações de ofício possuem monopólio da jurisdição Tribunais consulares aplicam os usos e costumes Codificação privada Direito feito pelos comerciantes para os comerciantes o Segunda FASE Estado moderno Estado toma pra si o monopólio da jurisdição Codificação Napoleônica (separa direito civil – direito comercial) Teoria dos atos de comércio (adotada pelo cod. Napoleônico) Objetivação do direito comercial: O estado impõe critérios objetivos para disciplinar as relações o Terceira FASE CC Italiano (Teoria da empresa) Unificação formal do direito privado (civil + comercial mesmo código) Teoria da empresa Empresa como ATIVIDADE Teoria dos atos de comércio: É um critério que busca delimitar o âmbito de incidência do direito comercial e o âmbito de incidência do direito civil, ou seja, quais atos são considerados de comercio ou não. Essa teoria define atos de comercio os assim definidos por lei. Cabe ao legislador elencar um rol de relações jurídicas consideradas atos de comércio. Foi a teoria adotada pelo código Napoleônico, que influenciou diversas legislações pelo mundo. Teoria da empresa: Diante da evidente limitação da teoria dos atos de comércio em abarcar todos os atos de mercancia, dado dinamismo das relações sociais, a todo momento surgindo profissões e modalidades novas, tornando a lista elencada pelo legislador ultrapassada, surge a teoria da 2 empresa definindo o âmbito de atuação do direito comercial nos casos em que há empresarialidade, ou seja, incide sobre relações exercidas com empresarialdiade (termo relacionado a articulação dos fatores de produção: trabalho, tecnologia, capital, natureza). 1.1.2 História do direito comercial no Brasil 1822 – 1850: Aplicação da legislação lusitana. Lei da boa razão (uso das leis das nações cristãs polidas e iluminadas.) Legislação esparsa sem sistematização. 1850: Código comercial Brasileiro. Código de inspiração napoleônica, adota a teoria dos atos de comércio para definir o âmbito de atuação das normas de direito comercial. O próprio código não definiu quais seriam os atos de comércio, pois essa função ficou a cargo do decreto 737/1850, o qual regulou também o processo comercial. Surgimento de diversas leis esparsas. Lei dos armazéns reais, Lei de quebras. Unificação processual do direito comercial. Bipartição entre código civil 1916 e o código comercial 1850. 2002: Novo código CIVIL. Trazendo unificação FORMAL do direito privado, elencando em seu texto normas de direito empresarial. Adotou a teoria da empresa (influência do código civil Italiano). O direito comercial permanece autônomo! A unificação é meramente formal. 1.2 Autonomia do direito empresarial Autonomia Legislativa quanto à fonte: Ao contrário da idade média, onde as corporações de ofício legislavam, atualmente, o direito empresarial possui as mesmas fontes legislativas que as demais normas do ordenamento. (lei) Autonomia formal: Regras específicas para legislar sobre direito civil e direito comercial. Leis esparsas sobre a matéria e resquícios do código comercial. Autonomia didática: Separação do direito civil nas universidades desde 1927. Autonomia científica: Método e conceitos próprios. 1.3 Fontes do direito empresarial Fontes do direito empresarial CC 2002 - Regras pertinentes Legislação esparsa Código comercial ( relações marítimas) Usos e costumes (registro junta) 3 1.4 Princípios e características do direito empresarial 1.4.1 Princípios do direito empresarial Liberdade de iniciativa: Art 170, CF: “A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre-iniciativa, tem por fim assegurar a todos a existência digna, conforme ditames da justiça social, observados os seguintes princípios”. Nas palavras de André Luis Santa Cruz “A ideia de que a livre iniciativa é algo antagônico a outros princípios ditos “sociais” é deveras equivocada. A história é pródiga em exemplos que demonstram que as sociedades mais livres e que defendem com mais veemência o princípio da livre iniciativa são mais desenvolvidas, social e economicamente, e ostentam menos desigualdade e mais qualidade de vida.” Liberdade de concorrência Proteção à propriedade privada. Art 170, CF: “A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre-iniciativa, tem por fim assegurar a todos a existência digna, conforme ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: II – Propriedade privada” Regime mais benéfico às micro empresas e empresas de pequeno porte Segurança jurídica (Tutela da confiança) Preservação da empresa. (da atividade empresarial e não do sujeito) 1.4.2 Características do direito empresarial Avesso às formalidades. Voltado ao patrimônio mobiliário e a bens imateriais. Cosmopolita: voltado à internacionalização Voltado para as massas e não ao sujeito 1.5 Regime jurídico da atividade e da atividade negocial 1.5.1 Atividade Conceito: Atividade é uma séria de atos de qualquer natureza imputáveis a um sujeito e destinados a um fim. o Atos: Voluntários ou involuntários o Qualquer natureza: Jurídicos ou não 4 o Imputáveis a um sujeito: Pessoa natural, jurídica, ente despersonalizado... o Destinados a fim. Bem estar, desenvolvimento... Regime jurídico próprio das atividades o O Sujeito que explora deve ser capaz (juridicamente), legítimo (não impedido legalmente) e habilitado (exigências legais – diploma – inscrição ordem/conselho) o A pessoa natural exerce atividade quando pratica volume considerável de atos concentrados no tempo. o Para a pessoa jurídica a atividade está contida no seu objeto social (exploração do objeto social). o A atividade nunca é válida ou inválida e sim lícita (de acordo com a lei) ou ilícita. Situam-se no âmbito da validade os atos praticados dentro da atividade. Licitude: Está além de seguir normas básicas, administrativas e tributárias. o Eficácia da atividade: (efeitos) Atribui ao sujeito determinado status e, por consequências, uma série de direitos e deveres, sujeitando-o a um regime específico. o Destinação da atividade: É destinada a pessoas incertas, como o público e o mercado. Atos isolados são destinados a pessoas específicas. o Responsabilidade civil: Em regra, responsabilidade civil objetiva (independe de dolo ou culpa). No âmbito dos atos isolados: Responsabilidade subjetiva ( necessidade de dolo ou culpa) – ( dano, nexo causal e ato ilícito). 1.5.2 Atividades negociais Abarca tanto a atividade empresária quanto a não empresária. O profissional liberal, por exemplo, não exerce atividade empresária, mas exercer atividade negocial. 1.5.2.1 Atividades empresárias Quem exerce atividade empresária é o empresário, podendo este ser pessoa física (empresário individual) ou pessoa jurídica (sociedade empresária). Conceito de empresário no código civil de 2002: Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.5 Atividade econômica: Com intuito lucrativo. O empresário visa o lucro (onerosidade das relações empresariais) e, portanto, assume os riscos econômicos e técnicos de sua atividade. De modo profissional: Faz dessa atividade sua profissão habitual, ou seja, de forma não esporádica. Organizada: Articulação dos fatores de produção Para produção ou circulação de bens ou serviços: Visa deixar claro que nenhuma atividade economia está excluída do âmbito de incidência do direito empresarial (salvo exceções previstas). 1.5.2.2 Atividades não empresárias Art. 966, Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. Profissionais liberais: Não são considerados empresários, não necessitando de registro na junta comercial. Todavia algumas profissões exigem registro nos respectivos órgãos regulamentadores (OAB; conselho federal de medicina...) Sociedade simples (uniprofissionais). Objeto social é a exploração das respectivas profissões (ex.: uma sociedade formada por engenheiros, para prestar serviços de engenharia). o Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. o Se a atividade deixar de explorar unicamente as profissões e passar a constituir elemento de empresa (organização FP), será considerada empresária. Sociedades de advogados. Configuram exceção ao artigo 966 do CC por determinação da lei 8906/94 nos seus artigos 15 a 17. Ainda que preencham Empresário Exerce atividade Econômica Organizada De modo profissional Para produção ou cirulção de Bens Ou Serviços 6 todos os requisitos do artigo 966 são consideradas atividades não empresárias. Alguns escritórios podem ser considerados empresa por decisão judicial. Exercente de atividade econômica rural. Possui a faculdade de registrar-se na junta comercial. Se não o fizer, não será considerado empresário. Se registrar- se será considerado empresário para todos efeitos legais. o Para o empresário, o registro é ato declaratório. Para o exercente de atividade econômica rural é ato constitutivo, pois constitui nova situação jurídica. Empresário Sujeito aos efeitos legais mesmo sem registro Exercente atividade rural Só está sujeito aos efeitos legais após registro. Sociedades cooperativas. O caput do artigo 982 faz uso de um critério material para determinar uma sociedade é empresária ou não (objeto social exploração de atividade empresária sociedade empresária simples as demais). Já em seu parágrafo único, o artigo 982 usa um critério formal para criar duas exceções: “Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa” o Sociedade por ações Sempre empresária o Sociedade cooperativa Sempre simples 1.6 Os quarto perfis da empresa Teoria desenvolvida por Alberto Asquini, atribuindo à empresa concepções distintas e reconhecendo-a, portanto, como um fenômeno poliédrico. A) Perfil subjetivo A empresa como sujeito (empresário). PF ou PJ. B) Perfil funcional Empresa como atividade empresária. “particular força em movimento que é a atividade empresarial dirigida a um determinado escopo produtivo” C) Perfil Objetivo Empresa como estabelecimento empresarial D) Perfil Corporativo Empresa como “comunidade laboral, uma instituição que reúne o empresário e seus auxiliares ou colaboradores”. “Núcleo organizado em função de um fim econômico comum.” (Concepção ultrapassada) 7 1.7 Empresa x Empresário x Estabelecimento empresarial Empresário (perfil subjetivo) É o sujeito que exerce a atividade econômica organizada Estabelecimento empresarial (perfil objetivo) Complexo de bens usados para exercício da atividade econômica organizada Empresa (perfil funcional) Própria ATIVIDADE econômica organizada. O empresário exerce a empresa por meio do estabelecimento empresarial. 1.8 O empresário individual Empresário individual é a pessoa natural que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para produção ou circulação de bens ou serviços. Se não fizer de forma empresarial, com elementos do artigo 966, sobretudo, exercendo a organização dos fatores de produção, será considerado profissional liberal. Empresário individual não tem patrimônio próprio e distinto da empresa. (como acontece nas sociedades). Não possui autonomia patrimonial. Responsabilidade: É direta e ilimitada. Responde com todos seus bens pelas dívidas contraídas tanto na vida civil quanto no exercício da atividade empresarial. 1.8 Impedimentos para o empresário individual O sujeito pode estar impedido de exercer a atividade empresarial por imposição legal ou em decorrência de incapacidade civil. Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos. 1.8.1 Impedimentos legais (exemplificativo) Militares Membros ministério público e magistrados Servidores públicos federais Condenados a certos crimes 8 1.8.2 Incapacidade A regra é que o incapaz não pode exercer individualmente a atividade de empresa. o Exceção: Por meio de representante ou assistido Para continuar a empresa (o incapaz NÃO pode abrir uma empresa) Incapacidade superveniente (o sujeito já era empresário individual e torna-se incapaz) Sucessão causa mortis (adquire a titularidade por sucessão) O magistrado observará a conveniência do caso (mediante jurisdição voluntária) Se o assistente ou representante for impedido Juiz nomeará um ou mais gerentes. Se o juiz achar conveniente Nomeará um ou mais gerentes. o Não exime o Rep. Ou Assit. Dos atos praticados pelos gerentes nomeados. Os bens do incapaz (que tinha antes da autorização) não ficam sujeitos ao resultado da empresa, desde que não pertençam ao acervo desta. Esses bens, juridicamente protegidos, devem constar no alvará de autorização para exercício da atividade. A vedação é para exercício individual de empresa. O incapaz pode ser sócio, pois sócio não é empresário, empresário é a sociedade. o Para ser sócio: o incapaz não pode exercer poderes de administração; o capital deve estar totalmente integralizado; deve ser representado ou assistido. 1.8 O empresário individual casado Apenas ao empresário individual. Sociedade não casa. Alienar ou agravar em ônus real imóveis Pode, sem necessidade de outorga conjugal Em qualquer regime de bens. o Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: II - prestar fiança ou aval; Art. 979. Além de no Registro Civil, serão arquivados e averbados, no Registro Público de Empresas Mercantis, os pactos e declarações antenupciais do empresário, o título 9 de doação, herança, ou legado, de bens clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade. Art. 980. A sentença que decretar ou homologar a separação judicial do empresário e o ato de reconciliação não podem ser opostos a terceiros, antes de arquivados e averbados no Registro Público de Empresas Mercantis. 1.9 Registro do empresário Obrigação imposta tanto ao empresário individua quanto à sociedadeempresária. Inscrição na junta comercial ANTES de iniciar as atividades. o Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade. Não é requisito para caracterização do empresário, isto é, para que seja considerado como tal e por consequência sujeição às imposições legais. (com exceção do exercente de atividade econômica rural) O empresário irregular (não inscrito) está sujeito às normas do código civil e da legislação comercial, salvo naquilo que forem incompatíveis com a sua condição ou diante de expressa disposição em contrário (Enunciado 198 do CFJ) Elementos necessários no registro (Art 968) Art. 969. O empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de outro Registro Público de Empresas Mercantis, neste deverá também inscrevê-la, com a prova da inscrição originária. o Filial Sob direção de outra, matriz. Personalidade jurídica e patrimônio próprio; Autonomia diante da lei e do público. o Agência Prestadora de serviços intermediária o Sucursal Ponto de negócio acessório. O registro é feito na junta comercial. A junta comercial faz o registro no “Registro público de empresas mercantis”. Não realizando registro: Explora atividade de forma irregular Não pode requerer recuperação judicial Pode falir Não pode requerer falência de um devedor Não pode autenticar livros na junta comercial Não tem proteção ao nome empresarial. Não consegue CNPJ na receita federal Não pode participar de licitações 10 Não consegue abrir conta no banco como empresário 1.10 Escrituração do empresário É obrigação de todo empresário instituir “um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente: o balanço patrimonial e o de resultado econômico.” Único livro obrigatório: Diário o Pode ser substituído por: Fichas ou livro “balancetes diários e balanços” Livros e fichas devem ser, antes de postos meu uso, autenticados na JC. (O empresário deve estar registrado) 1.11 Estabelecimento empresarial Barreto Filho: “É o complexo de bens, materiais e imateriais, que constituem o instrumento utilizado pelo comerciante, para exploração de determinada atividade mercantil” Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. O local onde o empresário exerce sua atividade empresarial é apenas um dos elementos do estabelecimento empresarial. Estabelecimento empresarial não é sinônimo de patrimônio do empresário. Este pode ou não compor aquele. O patrimônio fará parte do estabelecimento se guardar um liame com o exercício da atividade fim do empresário. Dois elementos do estabelecimento empresarial: Complexo de bens (corpóreos, incorpóreos); Organização. 1.11.1 Natureza jurídica do estabelecimento empresarial Teoria Atomista (Ascarelli) Não há um complexo uno com um regime jurídico uno. Cada bem possui um regime de circulação própria e individualizada; Teorias universalistas: Estabelecimento é uma universalidade de fato ou de direito: 11 o Universalidade Conjunto de elementos que, quando reunidos, podem ser concebidos como coisa unitária, algo novo e distinto que não representa mera junção dos elementos componentes. De fato: A reunião dos bens é determinada por um ato de vontade De direito: A reunião dos bens é determinada por lei. A doutrina considera o estabelecimento empresarial como uma universalidade de FATO. 1.11.2 A sucessão empresarial Art. 1.143. Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza. O estabelecimento pode ser negociado como um todo, através do contrato de TRESPASSE. Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial. o O contrato de trespasse deve ser registrado e publicado O alienante deve ter bens suficientes para solver suas dívidas ou necessita do consentimento de todos os seus credores (Art 1145), sob pena de ineficácia da alienação. o O trespasse irregular pode decretar a falência do empresário O adquirente: Responsabiliza-se pelo pagamento de débitos anteriores (regularmente contabilizados). o Devedor primitivo (antigo dono do estabelecimento) é devedor solidário por 1 ano: Débitos vencidos a partir da publicação do contrato Débitos não vencidos a partir do dia do vencimento. Esses débitos são referentes às dívidas negociais do empresário. Não dizem respeito às dívidas tributárias e trabalhistas. Enunciado 233 da III JDC: A sistemática do contrato de trespasse delineada pelo CC, especialmente seus , aplica-se quando o conjunto de efeitos obrigacionais somente 12 bens transferidos importar a transmissão da funcionalidade do estabelecimento empresarial. Enunciado 59, II JDC: “A mera instalação de um novo estabelecimento, em lugar antes ocupado por outro, ainda que no mesmo ramo de atividade, não implica responsabilidade por sucessão prevista no art. 1.146 do CCB.” É necessário contrato de Traspasse para gerar responsabilidade ao adquirente. Clausula de Não concorrência: Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subseqüentes à transferência. o Extensão do princípio da boa-fé objetiva a momento posterior ao contrato de trespasse. o Enunciado 489 do CFJ: “ A ampliação do prazo de 5 anos de proibição de concorrência pelo alienante ao adquirente do estabelecimento, ainda que convencionada no exercício da autonomia da vontade, pode ser revisada judicialmente, se abusiva”. Aviamento: É a aptidão que um determinado estabelecimento possui para gerar lucros ao exercente da empresa. Ex.: Microsoft. Faturava apenas 15 bilhões de dólares anualmente, mas foi avaliada em 507,5 bilhões de dólares (valor de mercado). (o aviamento atribui valor ao estabelecimento) Clientela: (freguesia) É o conjunto de pessoas que mantém com o empresário ou sociedade empresária relações jurídicas constantes. Não é elemento do estabelecimento. É apenas uma qualidade ou atributo deste. Logo, a clientela não é transferível. 1.12 Nome empresarial É a expressão que identifica o empresário nas relações jurídicas que formaliza em decorrência do exercício da atividade empresária. 1º caput IN/DNRC 104/07 “Nome empresarial é aquele sob o qual o empresário e a sociedade empresária exercem suas atividades e se obrigam nos atos a elas pertinentes.” É um direito personalíssimo Não confundir nome empresarial com: Nome fantasia: Título de estabelecimento (semelhante a um apelido) Marca: Identifica marcas e serviços do empresário Nome de domínio: Endereço eletrônico Sinais de propaganda: Função de chamar atenção dos consumidores 13 Enunciado 7 da I JDC O nome de domínio integra o estabelecimento empresarial como bem incorpóreo para todos efeitos de direito. 1.12.1 Firma x Denominação FIRMA: Pode ser individual ou social Individual: Formada pelo nome do próprioempresário Social: Formada pelo nome de um ou mais sócios. É facultativo: adicionar expressão que designe de forma mais precisa a pessoa do empresário ou ramo de sua atividade. Serve de assinatura DENOMINAÇÃO: Só pode ser social Formada por qualquer expressão linguística Deve indicar o objeto da empresa Pode indicar o nome civil ou qualquer outra expressão Não serve de assinatura 1.12.2 O nome empresarial das sociedades Sociedade F OU D Exemplo Limitada F Rogério e Paulo transportes limitada/ LTDA D Cargas e transportes limitada/LTDA Comandita por ações F Carlinhos roupas comandita por ações D Roupas ultrasurf comandita por ações Empresário individual F Ricardo Santos ou R.Santos / R. santos lanches Em nome coletivo F Márcia & cia sapatos (sócios de resp. ilimitada) Anônima D Cobertores Uruguai S/A ou Companhia de cobertores Uruaguai Limitada limitada (LTDA) Comandita por ações Comandita por ações Sociedades de resp. ilimitada (ex.: Em nome coletivo) companhia (CIA) Anônima Sociedade anônima (S/A) ou companhia (CIA) Microempresa ME ; Empresa de Pequeno porte (EPP) Três princípios norteiam a formação do nome empresarial: A veracidade (como exemplo, art 1158, § 3º, CC A omissão da palavra “limitada” determina a responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores que assim empregarem a obrigatório 14 firma ou a denominação da sociedade; A novidade (proibição de registrar nome empresarial muito parecido ou já registrado – restrita ao território do estado da junta comercial); A unicidade (Cada empresário deve possuir apenas um nome) 1.13 Microempresa e empresas de pequeno porte Podem enquadrasse como MP ou EPP: o Empresário individual o Sociedades empresárias o Sociedades simples o Eireli Devem estar regularizadas Limite receita bruta: o ME 360.000 reais/ano o EPP entre 360.000 e 3.600.000 reais/ano o Microempreendedor individual 36.000 reais/ano MEI: o Pessoa natural o Único empregado salário mínio ou piso o Único estabelecimento o Não pode ser sócio administrador outra sociedade 2. DIREITO SOCIETÁRIO 2.1 O que é o direito societário? Para a doutrina Alemã é o direito da cooperação privada. É o fenômeno da cooperação entre duas ou mais pessoas para a exploração, em conjunto, de uma determinada atividade e o atingimento de um fim. Ainda para essa doutrina, o fenômeno associativo é a criação de uma entidade de direito privado para o alcance de um fim. Esse conceito não abarca todos os fenômenos societários, como a sociedade unipessoal, por exemplo. É importante diferenciar a associação lato sensu – gênero - de suas espécies: associação estrito sensu e sociedade. Associação lato sensu Associação estrito sensu Sociedades 15 2.2 Princípios do direito societário 2.2.1 Princípios estruturantes São princípios estruturantes do direito societário: A) O ordenamento das sociedades; B) Ordenamento patrimonial; C) Ordenamento da atividade (empresa) 2.2.2 Princípios Valorativos São princípios valorativos do direito societário a proteção aos direitos individuais do sócio, das minorias, dos investidores, dos credores, e aos interesses dos trabalhadores. 2.3 Distinções básicas 2.3.1 Sociedade x Comunhão (copropriedade) Na sociedade o foco está no fim comum e na comunhão no bem jurídico. Naquela o bem está em função da atividade e nesta a atividade em função do bem (Ferri) Ex.: (Comunhão) Um apartamento recebido de herança por três irmãos. Estes resolvem aluga-lo, dividindo o aluguel em ¹/3 para cada um. Nesse caso, tudo gira em torno do bem (casa), ela é elemento principal da reunião de esforços e não a atividade. Ex.: (Sociedade) Três irmãos recebem um imóvel de herança e resolvem transformá-lo em um minimercado, onde cada um dos irmãos será sócio e responsável por um setor. O imóvel não é o centro das relações, mas está em função da atividade. A comunhão é uma relação de direito real. A comunhão pode ter origem em um contrato ou em um fato/ato não contratual. Cabe ressaltar que na sociedades personificadas impera em regra o princípio da autonomia patrimonial, onde o ente criado possui patrimônio próprio e distinto do dos sócios. 2.3.2 Associação estrito sensu x Sociedade Associação Atividade não empresária Finalidade não econômica Pode explorar atividade econômica Não divide lucro entre associados Sociedade Atividade empresária Finalidade econômica Divide lucro entre sócios (de modo direto ou indireto) 16 2.3.3 Associação estrito sensu x Fundação Ao contrário da associação e da sociedade, a fundação não é um fenômeno associativo, pois não tem sócios nem associados. É um complexo patrimonial destinado a um fim. 2.3.4 Sociedade x Empresa Enquanto a sociedade é sujeito, a empresa é objeto. A empresa é exercida pela sociedade. 2.3.5 Sociedade Simples x Sociedade empresária O Empresário pode ser pessoa física (individual) ou pessoa jurídica (sociedade empresária). Logo, o membro de uma sociedade simples não é empresário. Ambas as sociedades, simples e empresária, exercem atividade econômica, porém nem toda atividade econômica configura atividade empresarial. As sociedades simples exercem atividade econômica não empresarial, ou seja, carecem do elemento de empresa. Já as sociedades empresárias exercem profissionalmente atividade econômica organizada para produção ou circulação de bens ou serviços. Um exemplo de sociedade simples é a sociedade unipessoal, formada por profissionais intelectuais cujo objeto social é a exploração da respectiva exploração da profissão intelectual de seus sócios, enquanto não o fizerem com empresarialidade (elemento de empresa – organização dos fatores de produção) Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art.967); e, simples, as demais. 2.4 NATUREZA JURÍDICA DO ATO CONSTITUTIVO E DA RELAÇÃO SÓCIO X SOCIEDADE 2.4.1 Teorias anticontratualistas Não buscam no contrato a resposta para a natureza do ato constitutivo da sociedade. Teoria do Ato coletivo: Há diversas partes cujas manifestações de vontade convergem para um determinado sentido, formando uma vontade unitária. A vontade das partes mantém-se paralelas, nunca se cruzam. Sócio A Sócio B Sócio C Ato constitutivo - UNILATERAL 17 NO ATO COLETIVO as particularidades (elementos componentes) de cada vontade são visíveis no ato final. É negócio jurídico unilateral, pois representa a formação de uma única vontade, já que não há divergências. Teoria do Ato complexo: Assim como na teoria do ato coletivo: Há diversas partes cujas manifestações de vontade convergem para um determinado sentido, formando uma vontade unitária. A vontade das partes mantém-se paralelas, nunca se cruzam. A grande particularidade em relação à teoria mencionada é que nesta o ato unilateral constitutivo dissolve todas as vontades, formando uma única vontade. Essa vontade única é fruto da decisão da maioria dos sócios. Os elementos componentes não são visíveis Críticas às teorias do ato complexo e do ato coletivo: Nem sempre, no ato constitutivo, há completa convergência de vontades. As relações entre os sócios se cruzam, como por exemplo, na existência de deveres recíprocos entre os sócios. Nem todos sócios possuem os mesmos fins, enão raro defendem seus próprios interesses. Teoria da fundação ou ato corporativo: Todas as manifestações de vontade dos sócios seriam antecipação de uma única vontade – a declaração do ato constitutivo. As declarações dos sócios não possuem validade se consideradas isoladamente. Ao manifestarem suas vontades, os sócios já estariam constituindo a pessoa jurídica. O ato de vontade possui natureza unilateral. o Críticas: Pessoa jurídica e sociedade NÃO se confundem. Existem sociedades que não são pessoas jurídicas; Não se pode conceber a vontade antecipada do ente, no próprio ato que o cria. Teoria da instituição: Segundo M. Hauriou as sociedades são “uma organização social, estável em relação à ordem geral das coisas, cuja permanência é assegurada por um equilíbrio de forças ou por uma separação Sócio A Sócio B Sócio C Ato constitutivo - UNILATERAL 18 de poderes, e que constitui, por si mesma, estado de direito.” Essa teoria reduz a importância da vontade dos sócios, considerando que estes apenas aderem ao modelo de sociedade pré-estabelecido e aceitam tal disciplina; o Exemplo: Lei 6.404/76, Art 116, parágrafo único: o acionista controlador deve usar o poder com o fim de fazer a companhia realizar o seu objeto e cumprir sua função social, e tem deveres e responsabilidades para com os demais acionista da empresa que nela trabalham e para com a comunidade em que atua, cujos direitos e interesses deve lealmente respeitar e atender. Percebe-se que o sócio deve fazer esforções para consecução dos fins da sociedade e adequar-se (aderir) aos direitos e interesses já estabelecidos, atendendo-os e respeitando- os. o Crítica: Há situações em que o modelo pré-estabelecido é moldado pela vontade dos sócios. (não apenas aderem, como modificam) 2.4.1 Teorias Contratualistas Buscam explicar o fenômeno societário com base no contrato. Parte do pressuposto que em todas as teorias anticontratualistas realiza-se um contrato como ato constitutivo. Porém não há possibilidade de explicar o fenômeno societário com sob a ótica de um contrato bilateral. Ao contrário dos atos constitutivos das sociedades, nos contratos bilaterais, as vontades não são convergentes, a exemplo do contrato de compra e venda, onde uma das partes quer comprar e a outra quer vender. Outra diferença consiste na qualidade do chamado “sinalagma” atribuído aos contratos bilaterais, posto que deve haver equivalência nas prestações. Diante disso, Túlio Ascarelli desenvolve a teoria do contrato plurilateral, a fim de explicar a natureza do ato constitutivo das sociedades. 2.4.1.1 Características do contrato plurilateral Possibilidade de participação de mais de duas pessoas. Fim comum. As partes apontam recursos para dentro do “circulo” para o desenvolvimento de uma finalidade comum para auferir e posteriormente distribuir resultados. Direitos e deveres recíprocos entre as partes. Se um dos sócios não cumprir com seus deveres, afetará, por exemplo, o lucro dos outros sócios. Função instrumental: O contrato não é um fim em si mesmo. Sua função não termina com o cumprimento das obrigações pelas partes. Em um contrato de compra 19 e venda, por exemplo, a partir do momento que o devedor paga pelo bem, e o credo entrega-o, encerra-se o contrato e seus efeitos nesse mesmo ato (pagamento- entrega). Já nos contratos plurilaterais, Significa que o contrato é um instrumento para o atingimento das finalidades, pois gera continuidade nos deveres de cada sócio. Subsistência ante a vícios: Se um sócio aderiu ao contrato sob coação, apenas a manifestação de vontade desse sócio será anulada e não o contrato como um todo (como aconteceria em um contrato plurateral). Se um sócio aderiu a sociedade sem um representante ou assistente, é nula sua adesão, não o contrato. Contudo, se a manifestação de vontade desse sócio for indispensável à manutenção das atividades da sociedade, pode ocorrer a dissolução desta, como exemplo: Uma sociedade que explora uma jazida tem a manifestação de vontade de um de seus sócios anulada. Porém é esse sócio que contém autorização para pratica das atividades, tornando-as inviáveis. Aberto a novas adesões. Não existe limite de adesões ao contrato plurilateral. Ainda que tenha apenas duas partes, é um contrato plurilateral, aberto a novas adesões. Os contratos bilaterais serão sempre de duas partes. Inaplicabilidade da exceção do contrato não cumprido. Exceção é entendida como defesa, apontar um argumento contra. Um sócio não pode deixar de cumprir com seus deveres, alegando que outro sócio também não o fez. O inadimplemento de um dos sócios não justifica o de outros. Duração não instantânea. Podem ser de prazo indeterminado ou até mesmo determinado, mas não instantâneos. A duração pode ser certa (com data definida) ou incerta (após a realização de determinado fim). As deliberações ocorrem, em regra, por decisão de uma maioria. (Princípio majoritário). Já nos contratos em geral, não pode ocorrer alterações sem o consentimento de todas as partes.
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