Buscar

Historia das Estruturas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

ENSINANDO HISTÓRIA DA ENGENHARIA DE ESTRUTURAS A 
ALUNOS DE ENGENHARIA CIVIL 
 
 
 
Henrique Lindenberg Neto – henrique.lindenberg@poli.usp.br 
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Departamento de Engenharia de Estruturas 
e Fundações, Laboratório de Mecânica Computacional 
 
 
 
Resumo: A fim se dar noções de história da engenharia de estruturas aos engenheiros civis, 
recentemente essa matéria passou a ser ensinada aos alunos do curso de graduação em 
engenharia civil e do curso de pós-graduação em engenharia de estruturas da Escola 
Politécnica da Universidade de São Paulo.As avaliações feitas dessa iniciativa mostram que 
ela vem sendo muito bem sucedida e que os objetivos de sua implantação vêm sendo 
alcançados. Neste artigo são apresentadas e discutidas as várias razões pelas quais se deve 
introduzir o ensino de história da engenharia de estruturas nos cursos de engenharia civil, e 
também são apontados os principais motivos pelos quais isto não vem ocorrendo. 
Descrevem-se ainda os detalhes das experiências realizadas na Escola Politécnica e faz-se 
uma avaliação crítica dessa iniciativa. 
 
Palavras-chave: Ensino de engenharia, Ensino de história da engenharia, Currículos dos 
cursos de engenharia, História da engenharia de estruturas, Pós-graduação em engenharia 
de estruturas 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A história da engenharia de estruturas, embora extremamente rica, interessante e 
motivadora, é muito pouco abordada nos cursos de engenharia civil, tanto em nível de 
graduação como de pós-graduação. 
A fim de suprir esta deficiência na formação dos engenheiros civis, algumas iniciativas 
de introdução de história da engenharia de estruturas nos cursos de graduação e de pós-
graduação vêm sendo tomadas no Departamento de Engenharia de Estruturas e Fundações da 
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. 
Neste artigo, serão discutidas as razões pelas quais se deve introduzir história da 
engenharia de estruturas nos currículos de engenharia civil e porque isto não vem ocorrendo, e 
serão feitas a apresentação detalhada e a avaliação de algumas das iniciativas de introdução 
desta matéria na Escola Politécnica. 
 
2. POR QUE ENSINAR HISTÓRIA DA ENGENHARIA DE ESTRUTURAS? 
 
A introdução do ensino de história da engenharia nos cursos de formação de engenheiros 
vem sendo defendida há muitas décadas, e vários são os motivos que vêm sendo apontados 
para justificar esta proposta (PENDRED, 1923/24; PUGSLEY et al., 1974; SUTHERLAND, 
1983; ADDIS, 1992). 
Relacionam-se e se discutem abaixo as principais razões para a introdução de história da 
engenharia de estruturas na formação dos engenheiros civis. 
 
2.1 Aspecto cultural 
 
 
 O primeiro motivo pelo qual se deve ensinar história da engenharia de estruturas é 
cultural. Desde que passou a viver em pequenos agrupamentos de moradias após o início da 
domesticação de vegetais e animais, o homem vem erigindo construções extraordinárias, e é 
fundamental que os estudantes conheçam a história destas magníficas edificações. 
 O que o homem é hoje decorre de todo um passado que ele não pode ignorar. A 
engenharia civil atual é a filha e a herdeira direta de cerca de 10.000 anos do exercício da arte 
de construir moradias, templos, túmulos, estádios, teatros, auditórios, aquedutos, pontes, 
barragens, portos, canais e túneis, e o conhecimento deste passado é fundamental para que se 
tenha a real dimensão da engenharia de nossos dias. 
 Como bem pergunta ADDIS (1992): que estudante de pintura, arquitetura, cerâmica, 
música, literatura ou escultura se conformaria em ter o desconhecimento da história de seu 
particular campo de estudo que possui o estudante de engenharia típico? 
 É necessário que também no campo da engenharia – em especial no da engenharia civil, 
dada sua maior antiguidade e seu longo passado – os futuros profissionais conheçam sua 
história. 
 
2.2 Aspecto sociológico 
 
 As construções, além de satisfazerem necessidades materiais e tangíveis do homem, são 
uma importantíssima expressão cultural, social, política e econômica das sociedades que as 
erigiram. 
 Como exemplo, considere-se o caso das edificações de grande altura. Das pirâmides do 
Egito às torres Petronas de Kuala Lumpur, passando pelos zigurates da Mesopotâmia, pelas 
catedrais da Idade Média, pelas torres de San Gimignano, pela torre Eiffel e pelos edifícios 
altos dos Estados Unidos e, mais recentemente, da Ásia, as construções altas, muito mais do 
que satisfazerem necessidades materiais do homem, sempre foram um símbolo do poder dos 
soberanos, das comunidades, das famílias, das empresas ou dos governos que as construíram, 
e uma das principais – se não a principal – razões de terem sido construídas tão altas foi 
justamente demonstrar este poder. 
 Estes aspectos sociológicos das construções, muito bem conhecidos pelos arquitetos, são 
praticamente ignorados pelos engenheiros civis. É muito importante que também estes os 
conheçam, já que, em maior ou menor grau, estes aspectos intangíveis sempre estão presentes 
nas construções. O conhecimento destes fatores deverá facilitar muito o diálogo dos 
engenheiros com os arquitetos, empresários e políticos com os quais terão que se relacionar 
profissionalmente (ADDIS, 1992). 
 
2.3 Conhecimento de comportamento estrutural 
 
 Os cursos de engenharia atuais são muito voltados à análise e ao cálculo de modelos 
matemáticos de partes isoladas das estruturas, tendo-se muito pouca oportunidade de 
examinar estruturas completas. Além disso, geralmente estes modelos são apresentados já 
prontos, sendo a grande ênfase dada a sua resolução numérica. 
 Como conseqüência, os estudantes têm pouca oportunidade de examinar o 
comportamento de uma estrutura completa, de conceber, de modelar e de compreender o 
comportamento de uma estrutura. Têm dificuldade para ver como caminham os esforços e 
como se deformam as estruturas. 
 Faz-se muita análise, mas pouca síntese. 
 Este problema vem se agravando cada vez mais, dada a crescente complexidade dos 
modelos matemáticos utilizados no projeto estrutural. Os estudantes vêem cada vez mais 
 
como resolver modelos matemáticos e cada vez menos como fazer a modelagem, ou seja, 
como chegar aos modelos mais adequados para representar uma estrutura. 
 A história da engenharia de estruturas é um excelente veículo para o ensino do 
comportamento global das estruturas, do funcionamento qualitativo das estruturas e de 
concepção estrutural. 
 O estudo da estrutura das grandes cúpulas romanas, a análise dos acidentes estruturais da 
igreja de Santa Sofia em Constantinopla, o estudo da estrutura das catedrais góticas e o exame 
dos acidentes ocorridos com as abóbadas e com a torre da catedral de Beauvais, na França, 
são riquíssimas formas de se ensinar preciosas lições de comportamento estrutural aos 
estudantes (SALVADORI, 1980). 
 
2.4 Fatores responsáveis pela evolução das estruturas 
 
 Dois são os principais fatores responsáveis pela evolução das estruturas: o uso de novos 
sistemas estruturais e o uso de novos materiais estruturais. 
 A história da engenharia de estruturas é um rico celeiro de exemplos mostrando 
claramente o papel fundamental que estes dois fatores têm na evolução das estruturas. 
 Usando a mesma pedra que os egípcios e os gregos utilizavam em suas vigas e lajes, os 
etruscos e romanos puderam vencer vãos muito maiores com seus arcos e abóbadas, já que o 
fator limitante dos vãos dos arcos e abóbadas é a resistência à compressão da pedra, muito 
maior que sua resistência à tração, o fator limitante dos vãos das vigas e lajes de pedra. Este é 
um exemplo muito claro de como o uso de um novo sistema estrutural permitiu um 
gigantesco progresso das construções. 
 A descoberta de um processo de fabricação de ferro forjado em quantidade e a baixo 
custo no século XVIII possibilitou que viessem a ser construídas pontespênseis com vãos até 
então inimagináveis com os materiais de construção anteriormente disponíveis. Este é um dos 
inúmeros exemplos da história da engenharia de estruturas mostrando a importância dos 
novos materiais na evolução das estruturas. 
 Esta é, então, uma das outras grandes razões de se ensinar história da engenharia de 
estruturas: mostrar que a evolução das estruturas vem dependendo e continuará a depender do 
uso de novos sistemas estruturais e de novos materiais estruturais, e que a iniciativa, a 
criatividade e a inventividade dos futuros engenheiros de estruturas na concepção de novos 
sistemas estruturais e na busca de novos materiais estruturais é que possibilitarão o progresso 
futuro das construções. 
 
2.5 As construções como peças de museu 
 
 Como já se comentou, as construções erigidas pelo homem desde a pré-história até os 
dias de hoje são importantíssimas manifestações artísticas, históricas e tecnológicas das 
sociedades que as erigiram. Assim como peças fundamentais da pintura, da escultura, e 
mesmo das indústrias automobilística e aeronáutica são conservadas em museus como marcos 
da história da humanidade, também as construções mais significativas de uma era devem ser 
preservadas. O museu da engenharia civil é formado pelas próprias edificações, que devem 
ser então conservadas. 
 Esta é uma outra razão muito importante para se ensinar história da engenharia de 
estruturas aos engenheiros civis: criar neles a consciência de que as construções fundamentais 
têm o caráter de peças de museu, devendo então ser preservadas, e dar-lhes a capacidade de 
identificar quais são estas construções fundamentais. 
 Um caso bastante conhecido, e que mostra sobejamente o valor não tangível de uma obra 
de engenharia civil, é o da ponte Hercílio Luz, de Florianópolis. Inaugurada em 1926, até 
 
1975 ela foi a única ligação entre a ilha de Santa Catarina e o continente. A construção de 
duas novas pontes ligando a ilha ao continente tirou a importância da ponte como elemento de 
ligação rodoviária entre a cidade de Florianópolis e o restante do estado de Santa Catarina. 
Mesmo estando interditada ao tráfego desde 1991, por apresentar problemas estruturais, 
ninguém pensa em demolir esta ponte. Ao contrário, ela foi tombada como patrimônio 
histórico municipal, estadual e federal, e está sendo recuperada. Ela é reconhecidamente uma 
importante peça do museu da engenharia civil brasileira e mundial, e como tal está sendo 
preservada e restaurada. Além disso, é uma obra de enorme poder afetivo para todos os 
catarinenses e demais brasileiros, e este outro fato já é por si só motivo suficiente para sua 
preservação. 
 Nem sempre, entretanto, os homens são capazes de reconhecer a qualidade de peça de 
museu de uma construção. O edifício Home Insurance, inaugurado em Chicago em 1885, foi 
o primeiro edifício a ter uma estrutura de esqueleto, a estrutura que permitiu a construção de 
todos os grandes arranha-céus da atualidade. Apesar de ser um dos marcos da história da 
engenharia de estruturas universal, esta qualidade não foi adequadamente avaliada, e, 
infelizmente, esta valiosíssima peça do museu universal das construções foi demolida em 
1931. 
 Criar esta consciência é mais uma das razões que justificam o ensino da história da 
engenharia de estruturas. 
 
2.6 A verdadeira dimensão dos modelos matemáticos e do computador 
 
 Quanto mais os modelos matemáticos vêm se tornando mais complexos e poderosos, 
tanto menos os estudantes e engenheiros vêm conhecendo como se comportam 
qualitativamente as estruturas. 
 Os primeiros modelos matemáticos surgiram no Renascimento; o primeiro cálculo 
estrutural numérico registrado da história é o do reforço da cúpula da Basílica de São Pedro, 
feito em 1742; apenas na segunda metade do século XIX os modelos matemáticos começaram 
a ser efetivamente empregados no projeto de estruturas; somente na década de 1960 os 
primeiros computadores passaram a ser utilizados no cálculo de estruturas. 
 Construções incríveis foram feitas sem o suporte de qualquer tipo de cálculo, e 
construções lendárias do século XX, como o edifício Empire State e a ponte Golden Gate, 
foram projetadas sem o uso do computador, que na época ainda não havia nascido. 
 A história da engenharia de estruturas é assim um veículo muito adequado para mostrar 
aos estudantes que o importante para a engenharia de estruturas é o desenvolvimento do 
conhecimento do comportamento qualitativo das estruturas e da arte da concepção estrutural, 
que sempre foram as bases de todos os grandes projetos da história. É sobre este 
conhecimento que se fará a escolha do modelo matemático adequado à representação da 
estrutura e, por fim, do programa de computador com o qual se irá calculá-la. 
 
2.7 Aspecto motivador 
 
 A engenharia de estruturas é magnífica, e conhecer suas obras-primas, os grandes 
mestres-construtores, arquitetos e engenheiros, os detalhes de projeto e de construção das 
grandes obras é um elemento de grande motivação e incentivo para os estudantes de 
engenharia, ao mostrar-lhes toda a beleza da atividade que escolheram. 
 É importantíssimo que um profissional tenha orgulho de sua atividade, e conhecer a 
história da engenharia de estruturas – tanto do passado quanto do presente – é um valioso 
elemento para o desenvolvimento do orgulho e do entusiasmo dos engenheiros civis por sua 
profissão. 
 
 
3. POR QUE A HISTÓRIA DA ENGENHARIA DE ESTRUTURAS É TÃO POUCO 
ENSINADA? 
 
Apesar de todas as razões apontadas acima mostrando a importância do ensino de história 
da engenharia de estruturas, a verdade é que ela vem sendo muito pouco ou nada ministrada 
nos cursos de engenharia civil, tanto do Brasil como do exterior. 
Apresentam-se a seguir as principais razões deste fato: 
 
3.1 Aspecto cultural 
 
 Tradicionalmente, não se vem ensinando história da engenharia de estruturas nos cursos 
de graduação em engenharia civil, e, como normalmente ocorre nas várias atividades 
humanas, costuma-se repetir o vem sendo feito há muito tempo. 
 Os professores de engenharia normalmente são engenheiros que se tornaram professores, 
sem nunca terem tido uma preparação específica em educação. 
 A tendência é então a de transmitirem a seus alunos o que aprenderam com seus 
professores sem grandes alterações estruturais, normalmente limitando-se a atualizar seus 
cursos mediante a incorporação das novas tecnologias desenvolvidas. 
 A introdução de história da engenharia nos currículos dos cursos de engenharia, por 
romper uma tradição, não é então muito fácil de ser aceita. 
 
3.2 Falta de espaço nos cursos de engenharia 
 
 Com os enormes avanços científicos e tecnológicos recentes, os cursos de engenharia 
estão sobrecarregados de disciplinas. As poucas disciplinas da área de humanas destes cursos 
foram pouco a pouco sendo suprimidas para dar espaço a disciplinas técnicas que pudessem 
apresentar as novidades que foram surgindo. 
 Dentro desta filosofia não há, então, espaço para a introdução de história da engenharia 
de estruturas nos cursos de engenharia civil (ADDIS, 1992). 
 Os estudos modernos sobre a formação de engenheiros vêm mostrando, entretanto, que 
cada vez mais se torna importante dar aos profissionais conhecimentos básicos, habilidades e 
atitudes que conhecimentos específicos, já que estes logo se tornam obsoletos. 
 Dentro desta nova filosofia, vem se recomendando a volta de disciplinas de formação 
humanística nos cursos de engenharia, abrindo-se assim espaço para a incorporação de 
história da engenharia de estruturas aos cursos de engenharia civil. 
 
3.3 Falta de preparação dos professores 
 
 Como geralmente não tiveram história da engenharia de estruturas em seus cursos, os 
próprios professores de engenharia têm em geral pouca familiaridade com este tema. 
 A preparação para vir a ministrá-lo envolve, então, o dispêndio de muito tempoe 
dedicação por parte dos professores, por exigir muita leitura de livros e artigos (GRIGGS JR., 
1994; PUGSLEY et al., 1974). 
 
4. HISTÓRIA DA ENGENHARIA DE ESTRUTURAS NO CURSO DE 
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA 
 
 
Embora a história da engenharia de estruturas geralmente não faça parte dos currículos 
dos cursos de engenharia civil, ela vem sendo introduzida nos programas de algumas escolas 
de engenharia. 
Na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, algumas experiências de introdução 
de noções de história da engenharia de estruturas no curso de graduação em engenharia civil 
vêm sendo realizadas há alguns anos. 
 
4.1 Descrição das experiências 
 
 Serão relatadas aqui as experiências que vêm sendo realizadas nas disciplinas PEF-2200 
“Introdução à mecânica das estruturas” e PEF-2201 “Resistência dos materiais e estática das 
construções I”, ministradas respectivamente aos alunos do 3o e do 4o semestre do curso de 
engenharia civil, e que são as duas primeiras disciplinas de estruturas do curso. 
 Na disciplina PEF-2200 “Introdução à mecânica das estruturas”, desde 1997, 
transparências apresentando estruturas históricas vêm sendo apresentadas aos alunos em cinco 
momentos (LINDENBERG NETO e ARÉVALO, 1998): 
• No início do curso, quando são apresentadas fotografias de algumas das principais 
estruturas erigidas pelo homem desde a pré-história até os dias atuais; 
• No início dos tópicos “Treliças”, “Pórticos triarticulados”, “Arcos triarticulados” e 
“Vigas Gerber”, quando são apresentados exemplos de construções históricas 
importantes em que foram adotados estes sistemas estruturais. 
 A fim de complementar as informações dadas na aula, uma página da internet – endereço: 
http://www.lmc.ep.usp.br/people/hlinde/estruturas/index.htm – com uma breve história da 
engenharia de estruturas vem sendo desenvolvida desde 1999 por alunos de iniciação 
científica. Nesta página, que integra o “site” da disciplina na internet, apresentam-se os 
detalhes das estruturas vistas nas transparências mostradas nas aulas, e destinam-se aos alunos 
que queiram conhecê-las de forma mais aprofundada. 
 Finalmente, realiza-se na disciplina PEF-2200 “Introdução à mecânica das estruturas” um 
projeto de observação de estruturas do quotidiano, que devem ser fotografadas e analisadas 
pelos próprios alunos. Este é um momento em que os alunos entram em contato com as 
estruturas que os rodeiam, e muitas das estruturas que escolhem para analisar são estruturas 
históricas da cidade de São Paulo e do estado de São Paulo. 
 Na disciplina PEF-2201 “Resistência dos materiais e estática das construções I”, realiza-
se uma única atividade ligada à história da engenharia de estruturas: quando se faz a dedução 
das tensões na flexão, faz-se um relato dos três séculos de esforços que, de Leonardo da Vinci 
a Navier, passando por Galileu, Mariotte, Parent e Coulomb, foram gastos pelo homem para 
dominar este problema. 
 Nesta aula, faz-se uma leitura do trecho do livro “Duas novas ciências” em que Galileu 
analisa as tensões normais de uma viga em balanço. Além de permitir uma interessantíssima 
discussão a respeito do erro feito por Galileu em sua dedução, este texto é um ótimo exemplo 
de como era fazer ciência em uma época em que não se empregavam fórmulas matemáticas, 
não se tinha o conceito de tensão e não se dispunha de equipamentos de ensaio adequados. 
 Coincidentemente, esta saga é um dos temas que GRIGGS JR. (1996) sugere que sejam 
utilizados para introduzir noções de história da engenharia aos alunos dos cursos de 
engenharia. 
 
4.2 Avaliação das experiências 
 
 Como era de se esperar, em função da própria natureza das formas pelas quais a história 
da engenharia de estruturas vem sendo introduzida no curso de graduação, os principais 
 
resultados do contato dos alunos com esta matéria vêm se relacionando aos aspectos cultural e 
motivador. 
 Constata-se que os estudantes ficam maravilhados com as obras que passam a conhecer, 
passam a valorizar mais a engenharia civil e a ter mais orgulho da profissão que escolheram, 
ficando, em conseqüência, mais entusiasmados com o curso que vêm fazendo. 
 Um exemplo que ilustra bastante bem o aspecto de orgulho pela profissão é o fato de os 
formandos do curso de engenharia civil de 2001 terem ilustrado o convite de formatura com 
fotografias de algumas das obras-primas da história da engenharia civil que conheceram no 
curso, acompanhadas por textos curtos referentes a essas construções. 
 Ilustrando o papel incentivador da história da engenharia de estruturas, ao organizarem a 
Semana de recepção aos novos alunos do curso de engenharia civil deste ano, os alunos do 
Centro de Engenharia Civil solicitaram ao autor deste artigo que, dentro das atividades desta 
Semana, proferisse uma palestra sobre a história da engenharia de estruturas desde a pré-
história até os dias de hoje, dado o seu caráter altamente motivador, nas próprias palavras que 
empregaram. 
 Um fato que mostra o aspecto cultural da exposição dos alunos à história da engenharia 
de estruturas vem ocorrendo com alguma freqüência: aqueles que têm tido a oportunidade de 
viajar, vêm depois contar que visitaram algumas das obras que conheceram nas aulas da 
disciplina PEF-2200 “Introdução à mecânica das estruturas” e mostrar as fotografias que 
tiraram das obras – do passado e do presente – que tiveram ocasião de conhecer. 
 Estes fatos, embora simples, denotam que, apesar do pequeno contato que têm com a 
história da engenharia de estruturas na graduação, os alunos têm sido muito receptivos e 
bastante sensibilizados por este contato. 
 
5. HISTÓRIA DA ENGENHARIA DE ESTRUTURAS NO CURSO DE PÓS-
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE ESTRUTURAS DA ESCOLA 
POLITÉCNICA 
 
5.1 Descrição da experiência 
 
 A fim de possibilitar que os engenheiros venham a ter um maior contato com a história da 
engenharia de estruturas, desde 1995 o autor deste artigo vem ministrando no curso de pós-
graduação em engenharia de estruturas a disciplina PEF-5707 “Concepção, projeto e 
realização das estruturas: aspectos históricos”. 
 Esta disciplina é uma disciplina optativa do curso, podendo ser cursada tanto por alunos 
inscritos em programas de mestrado como de doutorado. 
 A disciplina é ministrada em 12 aulas de três horas cada uma, ao longo de 12 semanas, 
com um total de 36 horas de aula. 
 O programa da disciplina é: 
 
1 - Estruturas na Antigüidade. 
1.1 - Mesopotâmia e Egito. 
1.2 - Grécia. 
1.3 - Roma: o concreto; o desenvolvimento dos arcos, abóbadas e cúpulas. 
 
2 - A Idade Média. 
2.1 - Construções bizantinas e muçulmanas. 
2.2 - Estruturas de madeira medievais. 
2.3 - As catedrais góticas. 
 
 
3 - O Renascimento. 
3.1 - As grandes cúpulas do Renascimento: a Catedral de Florença, a Basílica de São Pedro 
em Roma e a Catedral de São Paulo em Londres. 
3.2 - Os primórdios da Resistência dos Materiais. 
 
4 - A Idade da Razão e a Revolução Industrial. 
4.1 - O desenvolvimento da Resistência dos Materiais. 
4.2 - As primeiras estruturas de ferro. 
4.3 - O ressurgimento do concreto. 
 
5 - O Século XIX. 
5.1 - As grandes estruturas de ferro. 
5.2 - As primeiras estruturas de aço. 
5.3 - Os primeiros arranha-céus. 
5.4 - Os primórdios do concreto armado. 
 
6 - O Século XX. 
6.1 - As pontes. 
6.2 - As coberturas. 
6.3 - Os arranha-céus. 
6.4 - O computador e o projeto das estruturas. 
 
 A estrutura da disciplina é a seguinte: nove aulas são dedicadas à apresentação do 
programa acima, duas aulas, à realização de seminários pelos alunos e uma aula, a uma prova 
escrita. 
 As aulas propriamente ditas têm duas partes: na primeira, faz-se uma discussão conjunta 
de um ou dois capítulos do livro “Why buildings stand up: the strength of architecture”, de 
Mario Salvadori (SALVADORI, 1980), que se pede que sejam lidos pelos alunos na semana 
anteriorà aula; na segunda, os temas da disciplina são apresentados pelo professor em aulas 
expositivas, muito apoiadas na projeção de grande número de “slides”. 
 A nota de aproveitamento da disciplina é a média aritmética de duas notas parciais: a de 
um seminário apresentado pelos alunos e a de uma prova escrita sobre a matéria do livro 
“Why buildings stand up” e as discussões havidas sobre ela e sobre o conteúdo das aulas 
expositivas. 
 Os temas dos seminários são escolhidos pelos próprios alunos, e sua apresentação tem 
duas partes: um trabalho escrito entregue ao professor e uma apresentação oral de 15 minutos 
para os colegas e para o professor, seguida de cinco minutos dedicados a respostas a 
perguntas. Este formato, semelhante ao utilizado nos congressos técnicos, tem como um dos 
seus objetivos preparar os alunos para a apresentação de trabalhos em reuniões científicas. 
 Embora a disciplina PEF-5707 “Concepção, projeto e realização das estruturas: aspectos 
históricos” faça parte do elenco das disciplinas do programa de pós-graduação em engenharia 
de estruturas, além de alunos pertencentes a este programa, ela também tem sido cursada por 
engenheiros que desenvolvem programas de pós-graduação em engenharia de construção 
civil, engenharia mecânica e engenharia naval, além de arquitetos. 
 
5.2 Avaliação da experiência 
 
 A disciplina PEF-5707 “Concepção, projeto e realização das estruturas: aspectos 
históricos” vem sempre sendo avaliada pelos alunos que, ao seu término, preenchem um 
questionário de avaliação preparado por este autor. A fim de se ter uma idéia dos efeitos de 
 
longo prazo da disciplina, recentemente foi enviada uma nova ficha de avaliação a todos os 
alunos que a cursaram desde sua primeira edição e haviam sido localizados. 
 Estas avaliações mostram que os objetivos da disciplina vêm sendo alcançados, e que as 
razões a favor da introdução de história da engenharia de estruturas nos cursos de engenharia 
civil discutidas na Seção 2 deste artigo de fato se justificam. 
 Transcrevem-se a seguir trechos de algumas das avaliações feitas por alunos que 
cursaram a disciplina: “É uma disciplina totalmente diferente das demais, já que não é 
necessário memorizar equações, realizar grande quantidade de cálculos. O aluno toma 
conhecimento dos conceitos que eram empregados antigamente, quando o engenheiro ainda 
não dispunha de ferramentas computacionais, bem como de aspectos culturais de várias 
civilizações. É uma disciplina de grande valia para a formação de um profissional de 
Engenharia”; “A disciplina, além de ser rica de informações sobre as mais diversas estruturas 
ao longo do tempo, alerta-nos sobre a importância do conhecimento básico de conceitos 
estruturais fundamentais, que sentimos cada vez mais distanciados dos profissionais da era da 
informática”; “A evolução da engenharia mostrada tão claramente aumentou ainda mais o 
orgulho para com a engenharia, o orgulho de fazer parte do seleto grupo de pessoas que 
trabalham para conduzir a evolução, ainda que natural, de forma ordenada e racional”; “A 
disciplina PEF-5707 possibilitou à minha formação de pós-graduação a oportunidade de 
conhecer e entender as origens da profissão que resolvi seguir e sem dúvida a disciplina só fez 
aumentar o valor e a admiração que tenho pela profissão de engenheiro estrutural”. 
 Vários dos antigos alunos da disciplina PEF-5707, hoje trabalhando como professores em 
diversas escolas de engenharia ou como engenheiros em várias empresas, ressaltaram a 
importância que a formação adquirida na disciplina vem tendo em suas atividades 
profissionais. 
 Nessa mesma avaliação, vários antigos alunos sugeriram que a disciplina tivesse sua 
carga horária aumentada ou então que uma segunda disciplina sobre o tema viesse a ser 
criada, de forma que os assuntos nela abordados pudessem ser vistos com maior extensão e 
profundidade. 
 Também houve várias sugestões para que uma disciplina com este teor venha a ser 
introduzida no curso de graduação em engenharia civil. 
 Como se pode constatar, as avaliações realizadas mostram que a disciplina PEF-5707 
vem tendo bastante êxito e que os objetivos de sua introdução no curso de pós-graduação vêm 
sendo alcançados. 
 
6. CONCLUSÕES 
 
 As experiências de introdução de história da engenharia de estruturas nos cursos de 
graduação e de pós-graduação em engenharia civil em andamento na Escola Politécnica da 
Universidade de São Paulo vêm sendo muito bem sucedidas e vêm logrando alcançar os 
objetivos de sua implantação. 
 As avaliações realizadas mostram que a falta de ensino de história da engenharia em 
geral, e da história da engenharia de estruturas em particular, se constitui em uma grande 
lacuna na formação dos engenheiros, que, expostos a uma formação eminentemente técnica e 
exata, ressentem-se da falta de uma formação mais humanística. 
 
Agradecimentos 
 O autor gostaria de apresentar seus agradecimentos a todos os alunos que cursaram a 
disciplina PEF-5707 “Concepção, projeto e realização das estruturas: aspectos históricos” 
desde que ela foi ministrada pela primeira vez em 1995, pela boa vontade, seriedade e 
 
maturidade com que a avaliaram, desta forma dando uma inestimável contribuição para sua 
análise e seu aprimoramento. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
ADDIS, W. Engineering History and the Formation of Design Engineers. International 
Journal of Engineering Education. Dublin, v. 8, n. 6, p. 408-412, 1992. 
 
GRIGGS JR., F.E. On the Shoulders of Giants. Journal of Professional Issues in 
Engineering Education and Practice. Reston, VA, v. 120, n. 3, p. 254-264, 1994. 
 
GRIGGS JR., F.E. On the Shoulders of Giants–Part Three. Journal of Professional Issues in 
Engineering Education and Practice. Reston, VA, v. 122, n. 2, p. 55-64, 1996. 
 
LINDENBERG NETO, H.; ARÉVALO, L.A.T. Using images to teach the beginnings of 
structural engineering. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON ENGINEERING 
EDUCATION–ICEE 98, 1998, Rio de Janeiro. Proceedings (em CD-ROM). Rio de Janeiro: 
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 1998. 
 
PENDRED, L.S.L. The Value of Technological History. Transactions of the Newcomen 
Society. London, v. IV, p. 1-11, 1923/24. 
 
PUGSLEY, A. et al. The relevance of history. The Structural Engineer. London, v. 52, n. 
12, p. 441-445, 1974. 
 
SALVADORI, M. Why buildings stand up: the strength of architecture. New York, W.W. 
Norton & Company, 1980. 
 
SUTHERLAND, J. The relevance of history. The Structural Engineer. London, v. 61A, n. 
10, p. 321-322, 1983. 
 
TEACHING HISTORY OF STRUCTURAL ENGINEERING TO CIVIL 
ENGINEERING STUDENTS 
 
 
 
Abstract: Although being extremely rich, interesting and motivating, history of structural 
engineering is seldom taught to civil engineering students. In order to overcome this 
deficiency in the formation of civil engineers, some experiences of the introduction of history 
of structural engineering in undergraduate and graduate civil engineering courses are under 
way at Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. In this paper, the reasons for the 
introduction of history of structural engineering in civil engineering courses are presented 
and discussed, as well as the reasons why this is not ocurring. The details of some of the 
experiences of introduction of history of structural engineering in the courses of Escola 
Politécnica are also presented, and a critical evaluation of these experiences is carried out. 
 
Key-words: Engineering education, Teaching of history of engineering, Engineering courses’ 
curricula, History of structural engineering, Graduate studies in structural engineering

Outros materiais