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CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE E ILEGIBILIDADE

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CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE
Nacionalidade, exercício dos direitos políticos e alistamento Introdução Compreende-se cidadania como o direito subjetivo à participação política, isto é, o direito de votar e ser votado. Cidadão, no direito brasileiro, é o indivíduo que seja titular dos direitos políticos de votar e ser votado e suas consequências”. Isso quer dizer que a cidadania se adquire quando se adquire a qualidade de eleitor e, para isso, é necessário o atendimento a alguns requisitos constitucionais constantes no art. 14, § 3º da Constituição Federal de 1988. Essas exigências, chamadas de condições de elegibilidade, são as seguintes: A nacionalidade brasileira; O pleno exercício dos direitos políticos; O alistamento eleitoral; O domicílio eleitoral na circunscrição; A filiação partidária; A idade mínima de: a) 35 anos para presidente e vice-presidente da República e senador; b) 30 anos para governador e vice-governador de estado e do Distrito Federal; c) 21 anos para deputado federal, deputado estadual ou distrital, prefeito, viceprefeito e juiz de paz; d) 18 anos para vereador. Nacionalidade Ensina Bonavides (2011, p. 251) que “é direito comum de quase todas as constituições, como primeira condição de capacidade política, o requisito do vínculo pessoal. Sendo a nacionalidade „condição mínima de vinculação ao país e à coisa pública‟”. É considerado nacional, isto é, pertencente à nação brasileira, aquele que se encontra dentro das hipóteses elencadas no art. 12 da Constituição Federal que prevê: São brasileiros natos: a) Os nascidos em território brasileiro, ainda que de pais estrangeiros, desde que os pais estejam a serviço de seu país; b) Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; c) Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. São brasileiros naturalizados: a) Aqueles que adquiriram a nacionalidade brasileira, exigindo-se dos originários de países de língua portuguesa apenas residência no Brasil por um ano ininterrupto e idoneidade moral; b) Os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes no Brasil há mais de 15 anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. Ressalte-se que a Lei Maior outorga aos portugueses com residência permanente no Brasil, se houver reciprocidade em favor dos brasileiros, os direitos inerentes a estes, sendolhes vedado, porém, o exercício dos cargos privativos dos brasileiros natos. Tais cargos são: presidente e vice-presidente da República, presidente da Câmara dos Deputados, presidente do Senado Federal, ministro do Supremo Tribunal Federal, cargos da carreira diplomática, oficial das Forças Armadas e ministro de Estado da Defesa (art. 12, § 3º, da Constituição Federal).1 Pleno exercício dos direitos políticos O nacional no pleno exercício da cidadania encontra-se na plenitude de seus direitos políticos quando não incorrer em nenhuma das hipóteses de perda ou suspensão elencadas no art. 15 da Constituição Federal. São elas: 1 De acordo com o art. 14, § 2º da Constituição Federal, aos estrangeiros é vedado o exercício do voto, portanto, não podem alistar-se nem candidatar-se. Cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; Incapacidade civil absoluta; Condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; Recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; Improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. O cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado é causa de perda dos direitos políticos. Segundo Bonavides (2011, p. 251), “é natural que os estrangeiros sejam excluídos de participação na vida política do Estado onde porventura se achem”, portanto, em caso de perda da qualidade de nacional, haverá a perda dos direitos políticos. O brasileiro naturalizado pode ter sua naturalização cancelada por um processo judicial, em que seja garantida a ampla defesa, como pena pela prática comprovada de atividade nociva ao interesse nacional (SILVA, p. 333). 2 Já o brasileiro nato pode perder a sua nacionalidade caso opte, voluntariamente, por outra sem que esteja protegido por uma das exceções previstas no artigo 12, § 4º, II, da Constituição Federal.3 A incapacidade civil absoluta é declarada em favor daqueles que são considerados absolutamente incapazes, isto é, segundo Gomes (2012, p. 11), aquele “considerado inapto para conduzir-se com independência, autonomia e eficiência na vida, de maneira a reger sua pessoa e seus bens”. São eles: os menores de 16 anos, os que por enfermidade ou deficiência mental não tiverem o necessário discernimento para responder pelos seus atos e os que não puderem, mesmo que temporariamente, exprimir sua vontade. A condenação criminal transitada em julgado é causa de suspensão dos direitos políticos. Ensina Gomes (2012, p. 73) que “é preciso que haja sentença penal procedente, da qual já não caiba mais nenhum recurso, para serem suspensos os direitos políticos, enquanto perdurarem os efeitos da decisão irrecorrível”. A suspensão dos direitos políticos ocorre com a procedência da sentença penal e restará enquanto durarem os efeitos da sentença, independentemente do conteúdo, do tipo de crime ou do regime da pena. A recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII, é causa de perda dos direitos políticos, pois a ninguém é dado o direito de recusar-se a cumprir obrigação legal a todos imposta e correspondente prestação alternativa.4 Exemplo comum é o alistamento militar obrigatório, que, quando descumprido por motivos de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, enseja a obrigatoriedade de cumprimento da prestação alternativa correspondente, que envolve, em regra, atividades de cunho administrativo nas organizações militares ou em outros órgãos mediante convênio.5 Os atos de improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º, ensejam a suspensão dos direitos políticos a depender de devido processo legal. Segundo Costa (2009, p. 83), “improbidade administrativa é o termo técnico para designar atos de corrupção na esfera pública, os quais podem ou não ter consequências patrimoniais. Os atos de improbidade, portanto, são atos ilícitos praticados por agentes públicos”. Importante frisar que a ação de improbidade administrativa não tem natureza penal, portanto, a suspensão dos direitos políticos não é automática, depende de decisão expressa e motivada do juízo competente.6 Alistamento eleitoral O alistamento eleitoral é uma das condições de elegibilidade, portanto, sem ser eleitor, o nacional não pode pleitear eleger-se. Cândido (2006, p. 77) leciona que “o alistamento eleitoral, mais que mero ato de integração do indivíduo ao universo de eleitores, é a viabilização do exercício efetivo da soberania popular, através do voto, e, portanto, a consagração da cidadania”.
A Constituição Federal de 1988 prevê que o voto e o alistamento eleitoral são obrigatórios para os maiores de 18 anos e facultativos para os maiores de 16 anos e menores de 18 ; para os analfabetos; e para os maiores de 70 anos.8Preceitua também que não podem alistar-se os estrangeiros; os que estejam prestando o serviço militar obrigatório ; e aqueles que perderam ou tiveram os seus direitos políticos suspensos. Por fim, é importante ressaltar que maiores informações, requisitos e exigências para efetivação do alistamento eleitoral podem ser encontrados no Roteiro sobre Cadastro Eleitoral já publicado pela Escola Judiciária Eleitoral.
INELEGIBILIDADE
No capítulo dedicado aos direitos políticos, a Constituição de 1988 fala de normas gerais sobre inelegibilidades (art. 14, §§ 4º a 7º ). E acrescenta ( § 9º ) que compete à lei complementarestabelecer outros casos, além de mencionados no texto constitucional, bem como os prazos de sua cessação, a fim de proteger a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.
As inelegibilidades só podem ter disciplinadas pela Constituição ou por lei complementar, e nunca por lei ordinária, lei delegada ou medida provisória.
A Lei Complementar n. 64, de 18 de maio de 1990, dando cumprimento ao determinado pela Constituição, veio disciplinar essa matéria, estabelecendo mais detalhadamente os casos de inelegibilidade, assim como a forma de sua argüição perante a Justiça Eleitoral.
RECURSOS EM MATÉRIA ELEITORAL
Inelegibilidade, incompatibilidade e condição de elegibilidade são figuras diversas, que têm causas e conseqüências também diversas.
2. CONCEITO DE INELEGIBILIDADE: 
A inelegibilidade consiste na ausência de capacidade eleitoral passiva, ou seja, da condição de ser candidato e, consequentemente, poder ser votado, constituindo-se, portanto, em condição obstativa ao exercício passivo da cidadania. Sua finalidade é proteger a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou do abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta, conforme expressa previsão constitucional ( art. 14, § 9º ).
Inaptidão jurídica para receber voto, obsta a existência da candidatura, independentemente da manifestação do partido ou do próprio interessado. A ausência, pura e simples, de um dos requisitos da elegibilidade é que, neste caso, impede o seu surgimento e, por via oblíqua, de candidatura. Podendo se afirmar que a inelegibilidade é a impossibilidade legal de alguém pleitear seu registro como postulante a todos ou a alguns dos cargos eletivos, isto é, a inelegibilidade é um impedimento absoluto ou relativo ao poder de candidatar-se a um mandado eletivo.
3. OBJETO E FUNDAMENTO DAS INELEGIBILIDADES:
As inelegibilidades têm por objeto a probidade administrativa, a normalidade para o exercício do mandato, considerada a vida pregressa do candidato, e a normalidade e a legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta ( art. 14, § 9º ). Entenda-se que a clausula “contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício da função...” só se refere à normalidade e à legitimidade das eleições. Isso quer dizer que “a probidade administrativa” e “a moralidade para o exercício do mandado” são valores autônomos em relação àquela cláusula; não são protegidos contra a influência do poder econômico ou abuso de função etc., mas como valores em si mesmos dignos de proteção, porque a improbidade e imoralidade, aí, conspurcam só por si a lisura do processo eleitoral. As inelegibilidades possuem, assim, um fundamento ético evidente, tornando-se ilegítimas quando estabelecidas com fundamento político ou para assegurarem o domínio
poder por um grupo que venha detendo, como ocorreu no sistema constitucional revogado. Demais, seu sentido ético correlaciona-se com a democracia, não podendo ser entendido como um moralismo desgarrado da base democrática do regime que se instaure.
4. EFICÁCIA DAS NORMAS SOBRE INELEGIBILIDADES:
A constituição estabelece, diretamente, vários casos de inelegibilidades no art. 14, §§ 4º a 7º. As normas contidas nesses parágrafos são de eficácia plena e aplicabilidade imediata. Vale dizer: para incidirem, independem da lei complementar referida no § 9º do mesmo artigo. Que está autorizada a estabelecer outros casos de inelegibilidades e os prazos de sua cessação, a fim de proteger valore do regime democrático. Não apenas essas outras inelegibilidades é que têm por objeto protegê-los, as estatuídas diretamente pela constituição também o têm.
De acordo com pronunciamento de Argemiro de Figueiredo, no debate da matéria na Constituinte de então: “ se já estatuímos, em dispositivos já votados, todos os casos de elegibilidades, com maior razão devemos incluir, expressamente, em nossa Carta Magna os de inelegibilidades, porque estes são mais importantes, visto como significam restrições ao direito político do cidadão. O mesmo poder que cria o direito é o competente para impor limitações. Seria erro de técnica, e perigoso mesmo, deixarmos matéria de tamanha importância para o legislador ordinário”.
O casuísmo da Lei complementar 5/70 fez incluir, em seus dispositivos, casos de inelegibilidades absurdos. Essa lei foi substituída pela Lei Complementar 64, de 18.5.90, que, embora mais sóbria, sujeitando-se aos limites que a própria Constituição lhe impõe e aos que decorrem naturalmente do sentido excepcional que devem ter normas restritivas de direitos fundamentais, ainda mantém excessivo casuísmo.
5. INELEGIBILIDADES ABSOLUTAS E RELATIVAS
As inelegibilidades absolutas implicam impedimento eleitoral para qualquer cargo eletivo. Quem se encontre em situação de inelegibilidade absoluta não pode concorrer a eleição alguma, não pode pleitear eleição algumas, não pode pleitear eleição para qualquer mandato eletivo e não tem prazo para desincompatibilização que lhe permita sair do impedimento a tempo de concorrer a determinado pleito. Ela só desaparece quando a situação que a produz for definitivamente eliminada. Por isso, ela é excepcional e só é legítima, quando estabelecida pela Constituição.
No art. 14, § 4º, declara que são inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
Inalistáveis: A elegibilidade tem como pressuposto a alistabilidade (capacidade eleitoral ativa), assim, todos aqueles que não podem ser eleitores, não poderão ser candidatos. Os inalistáveis são os que não podem inscrever-se, como eleitores, segundo o disposto no § 2º do art. 14 CF. O código eleitoral (Lei n.º 4737, de 15.5.65) exige do candidato, a certidão de que é eleitor, para o registro de sua inscrição. Apanhando quem quer que esteja em situação de alistabilidade, e tais são: os menores de 16 anos (ou de 18 não alistados), os conscritos e os que estiverem privados, temporária ou definitivamente, de seus direitos políticos.
Analfabetos: Específica para um tipo de cidadão alistado eleitor, a quem, apesar disso, a Constituição nega o direito de elegibilidade: os analfabetos. Rigorosamente absoluta, como se percebe, é apenas a inelegibilidade dos analfabetos e dos que perderam os direitos políticos, porque os demais têm, ao menos, uma expectativa de cessação do impedimento.
O absoluto está precisamente nisto: não podem pleitear eleição alguma, e nem dispõem de prazo de cessação do impedimento. Por isso, embora quem se encontre na situação das inelegibilidades arroladas nas alíneas b e e do inciso I do art. 1º da Lei Complementar 64/90 não possa candidatar-se “para qualquer cargo”, não está em inelegibilidade absoluta, porque depende dele sair do impedimento, desincompatibilização e meios de liberação do vínculo dependente do sujeito inelegível.
As inelegibilidades relativas constituem restrições à elegibilidade para certos pleitos eleitorais e determinados mandatos, em razão de situações especiais existentes, no momento da eleição, em relação ao cidadão.
O relativamente inelegível possui elegibilidade genérica, porém, especificamente em relação a algum cargo ou função efetiva, no momento da eleição, não poderá candidatar-se.
A inelegibilidade relativa pode ser dividida em: (arts 14, §§ 5º ao 9º)
por motivos funcionais (§§ 5º e 6º);
por motivos de casamento, parentesco ou afinidade (§ 7º);
dos militares (§ 8º);
previsões de ordem legal (§ 9º).
A. por motivos funcionais:
para os mesmos cargos, num terceiro período subsequente: a. o Presidente da República; b. os Governadores de Estado e do Distrito Federal; c. os Prefeitos; d. quem os houver sucedido, ou substituído nos seis meses anteriores ao pleito. A EC 16/97 abriu a possibilidade desses titulares de mandatos executivospleitearem um novo mandato sucessivo para o mesmo cargo, mas só por mais um único mandato subsequente, valendo dizer que a inelegibilidade especial perdura para um terceiro mandato imediato. Cumpre observar que o Vice-Presidente da República, o Vice-Governador de Estado ou do Distrito Federal e o Vice-Prefeito de Município não estão proibidos de pleitear a reeleição, indefinidamente, como também podem candidatar-se, sem restrição alguma, à vaga dos respectivos titulares, salvo se os sucederam (assim, passando a titular) ou os substituíram nos últimos seis meses antes do pleito do segundo mandato.
A fórmula adotada pela Emenda Constitucional n.º 16, promulgada em 4.6.97, assemelha-se com as previsões constitucionais de outros países.
2. para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos, salvo desincompatibilização, mediante renúncia aos respectivos mandatos, até seis meses antes do pleito; confirma-se aqui que os Vices são elegíveis a qualquer mandato, sem necessidade de renunciarem.
Assim, para que possam candidatar-se a outros cargos, deverá o chefe do poder executivo afastar-se definitivamente, por meio da renúncia.
O Tribunal Superior Eleitoral entende que o Vice-Presidente, o Vice-Governador e o Vice-Prefeito poderão candidatar-se a outros cargos preservando os seus mandatos respectivos, desde que, nos seis meses anteriores ao pleito não tenham sucedido ou substituído o titular.
B. por motivos de casamento, parentesco ou afinidade
São inelegíveis, no território de circunscrição (a CF usa a terminologia jurisdição) do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. É a denominada inelegibilidade reflexa.
Como o próprio texto constitucional expressamente prevê, a inelegibilidade reflexa incide sobre os cônjuges, parentes e afins dos detentores de mandatos eletivos executivos, e não sobre seus auxiliares.
C. Militar 
O militar é alistável, podendo se eleito, conforme determina o art. 14 § 8º. Ocorre, porém, que o art. 142, § 3º,V, da Constituição Federal proíbe aos membros das Forças Armadas, enquanto em serviço ativo estarem filiados a partidos políticos. Essa proibição, igualmente, se aplica aos militares do Estado, do Distrito Federal e Territórios, em face do art. 42, § 1º.
O assunto já foi reiteradamente julgado pelo Tribunal Superior Eleitoral, na vigência da antiga redação do art. 42, § 6º, substituído pela EC nº 18/98, por semelhante redação pelos atuais arts. 42, § 1º e 142, § 3º, V, se indica “ como suprimento da prévia filiação partidária, o registro da candidatura apresentada pelo partido e autorizada pelo candidato”. Assim, do registro da candidatura até a diplomação do candidato ou seu regresso às Forças Armadas, o candidato é mantido na condição de agregado, ou seja, afastado temporariamente, caso conte com mais de dez anos de serviço, ou ainda, será afastado definitivamente, se contar com menos de dez anos.
Fixada esta premissa, a CF determina que o militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:
Se contar menos de 10 anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;
Se contar mais de 10 anos, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato de diplomação, para a inatividade.
Previsões de ordem legal
A CF, no § 9º, do art. 14, autorizou a edição de lei complementar (LC nº 64/90 e LC nº 81/94) para dispor sobre outros casos de inelegibilidades e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para o exercício do mandato, considerada a vida pregressa do candidato, e anormalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou do abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.
A lei complementar é a única espécie normativa autorizada constitucionalmente a disciplinar a criação e estabelecer os prazos de duração de outras inelegibilidades relativas, sendo-lhe vedado a criação de inelegibilidade absoluta, pois estas são previstas taxativamente pela própria Constituição.
6. DESINCOMPATIBILIZAÇÃO
Dá-se também o nome de desincompatibilização ao ato pelo qual o candidato se desvencilha da inelegibilidade a tempo de concorrer à eleição cogitada. Com efeito, o candidato que incidir numa regra de inelegibilidade relativa deverá desincompatibilizar-se no prazo estabelecido, de sorte que, no momento em que requer o registro de sua candidatura, se encontre desembaraçada, sob pena de ver-se denegado o registro.
Em algumas hipóteses, a desincompatibilização só se dará com o afastamento definitivo da situação funcional em que se ache o candidato, ou o cônjuge ou o parente. Noutras, basta o licenciamento. A regra é a de que deve afastar-se definitivamente, por renúncia ou exoneração, quem ocupe função ou cargo de Chefe Executivo ou de sua confiança (Ministro, Secretário, etc) . São, porém, casos de simples licenciamento a desincompatibilização de agentes que exerçam cargos ou funções efetivas, tais como o do fisco, os do Ministério Público, os da polícia, bem como os da administração e representação de certas entidades, instituições ou empresas, para cujos ocupantes se estatuam inegibilidades,
Para as hipóteses que não requerem afastamento definitivo, a jurisprudência tem afirmado a tese de que ocorre a desincompatibilização por qualquer forma que demonstre a desvinculação efetiva do exercício da função ou cargo, como férias, licença-prêmio, faltas injustificadas etc. As constituições anteriores também a incluíam como causa de perda e não de suspensão dos direito políticos.
Uma importante opção adotada pela Emenda Constitucional nº 16, de 4.6.97, foi no tocante a inexigência de desincompatibilização do chefe do poder executivo que pretenda candidatar-se à eleição. A citada Emenda não exigiu ao titular de mandato executivo a necessidade de renunciar, o mesmo de afastar-se temporariamente do cargo, para que pudesse concorrer sua própria reeleição, demonstrando a nítida escolha pela idéia de continuidade administrativa.
7. CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE
São restrições de natureza constitucional relativas a requisitos exigidos dos candidatos, sem o preenchimento dos quais inviabiliza-se a candidatura, naquele momento. Por exemplo o requisito do domicílio eleitoral é condição fundamental de elegibilidade. Um cidadão pode ser elegível, em sentido amplo, sem estar sujeito a qualquer impedimento ou incompatibilidade, mas naquele instante da candidatura poderá faltar-lhe esse requisito, ou outro qualquer, a impedir-lhe a disputa ao cargo eletivo, pela impossibilidade de seu registro, como candidato. A Constituição, em seu art. 14, § 3º, menciona condições de elegibilidade, que somente ela pode impor e a lei pode regular.
8. PERDA DE MANDATO ELETIVO GERA INELEGIBILIDADE
Nas letras b e c do inciso I, do art. 1º da LC 64/90, diz respeito aos casos de cassação de mandatos eletivos de membros do Congresso Nacional, de Deputados Estaduais e Vereadores.
Nessa mesma linha de idéias, os Governadores e Vice-Governadores de Estados, assim como do Distrito Federal, os prefeitos e Vice-Prefeitos que perderem seus mandatos por infligência da Constituição Estadual, Lei Orgânica do Distrito Federal ou Lei Orgânica do Municipio respectivamente, tornam-se para qualquer cargo por 3 anos contados do término do mandato para o qual tenham sido eleitos.
O Presidente e o Vice-Presidente ficaram excluídos desse tipo de inelegibilidade, o que não deixa de ser estranho, pois representa um tratamento diferenciado, por parte do legislador, em relação ao ocupante do alto posto do país.
9. ABUSO DO PODER ECONÔMICO
Novidade é a inelegibilidade dosque tenham tido julgada procedente, contra sua pessoa, representação, com trânsito em julgado, em processo de apuração de abuso do poder econômico ou político, em eleição na qual concorreram ou tenham tido diplomados. Nesse caso, o castigo da inelegibilidade perdura por três anos seguintes a contar da eleição que se tenha verificado a hipótese. O preceito se funda no que vem disposto no art. 14, §§ 10 e11 da CF, ao instituir ação de impugnação de mandato eletivo, baseado em abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.
10. CONDENAÇÃO CRIMINAL
A inelegibilidade dos que forem condenado criminalmente, com sentença passada em julgado, pela prática de crimes contra a economia popular, a fé pública, a administração pública, o patrimônio público, o mercado financeiro, pelo tráfico de entorpecentes e por crimes eleitorais. Também neste caso a inelegibilidade permanece por mais três anos, após o cumprimento da pena.
11. LEI COMPLEMENTAR Nº 64, DE 18/05/90
Estabelecida de acordo com o art. 14, § 9º, da CF, casos de inelegibilidade, prazo de cessação e determina ainda outras providências. A inelegibilidade é anterior à eleição, impedindo o registro do candidato a cargo eletivo. Distingui-se da incompatibilidade, que é o impedimento posterior à eleição, obrigando o candidato eleito à opção entre vários cargos.
A inelegibilidade deve estar contida expressamente na Constituição ou prédeterminada em LC, para cuja votação se exige maioria absoluta; não pode ser determinada por lei ordinária.
REELEIÇÃO
INABILITAÇÃO PARA EXERCÍCIO DA FUNÇÃO PÚBLICA (IMPEACHMENT)
 Inabilitação é a situação jurídica daquele que foi condenado em processo de apuração de crime de responsabilidade, também chamado de Impeachment.
 Trata-se de um fenômeno jurídico diverso da Inelegibilidade. Nesta o pré-candidato é considerado inapto para assumir uma função pública eletiva assim, o que se impede é que o indivíduo venha a ser eleito. Naquela, por expressa menção constitucional, artigo 52, caput, inciso I e parágrafo único[1], a intenção não é a de vedar o acesso ao cargo, como naquela, e sim não permitir o exercício de função pública por determinado período. Além de não poder exercer cargo eletivo haverá a impossibilidade de, por exemplo, ser jurado em Tribunal do Júri, exercer cargo em comissão (Secretário Municipal, Secretário Estadual, Ministro de Estado), etc.
 Desta maneira, não podemos confundir a impossibilidade de candidatura com a impossibilidade de exercício de função. Apesar de se aproximarem quanto a alguns efeitos, à medida em que quem não pode se candidatar não poderá exercer a função resultante do processo eleitoral, devemos reparar que o individuo que está inabilitado poderia sim, em tese, ser candidato, uma vez que o ordenamento jurídico não o proíbe de tal expressamente. O que o corre é que se ele, hipoteticamente, viesse a ser eleito para período no qual ainda existisse a restrição ao exercício, não o poderá assumir.
 À guisa de exemplo temos o famoso caso Collor, quando este ex-presidente, inabilitado em decorrência do processo de impeachment que sofrera em dezembro 1992 tentou candidatar-se à prefeitura de São Paulo para o exercício de 2001 a 2004. Ocorre que em janeiro de 2001 já haveria se findado a punição de oito anos ao ex-presidente (caso de inabilitação).
 A nosso ver, impossibilitá-lo de participar daquela eleição, como o foi, é ato inconstitucional. Ocorre que, como dito, não havia qualquer impedimento à candidatura daquele indivíduo, mas sim, até o término do prazo, ele estava impedido de exercer qualquer função pública. No caso concreto, a pretensa função seria assumida já quando este fosse apto para ela, razão pela qual não vemos qualquer impedimento.
 A constituição não preceitua a perda dos direito políticos a quem sofreu processo de impeachment. Apenas, impede que o indivíduo atue na administração pública por oito anos. Nem poderia ser diferente, uma vez que o art.15 da C.F. é taxativo e a condenação por responsabilidade do art. 52 não está defesa. Se não há a perda dos direitos políticos não há a impossibilidade de Registro de Candidatura, o que pode haver é a não aptidão para o exercício da função.
  Desta forma, e ainda com base no caso, o que se fez foi estender a punição àquele ex-presidente, não permitindo que ele viesse a exercer um cargo para o qual estaria, juridicamente, apto.
A dura sanção cominada a quem comete crime de responsabilidade não pode ser entendida de maneira a ser eternizada. Vale dizer, a impossibilidade de exercício de função pública por oito anos não deve ser estendida, sob nenhum argumento, sob pena de ferir-se direito constitucional do candidato.
 Assim, em tese, quem sofreu impeachment pode ser candidato (pois este direito não lhe é podado pelo texto constitucional) não podendo, se for o caso, exercer a função caso venha a ser eleito. Isto porque os direitos políticos não estão suspensos, encontram-se apenas limitados pela impossibilidade de exercício de função pública.
Ressalvamos por oportuno, que se o registro é pedido para um cargo ao qual o pré-candidato não poderá assumir pela sua inabilitação, ai sim deverá haver o indeferimento, mas não como sanção e sim a titulo de fazer valer um princípio básico do direito eleitoral, o da Soberania Popular. Deve-se evitar a escolha pelo povo de alguém como seu representante que efetivamente não poderá exercer o papel, em decorrência do impedimento, resguardando, assim, a vontade popular.
 Se o constituinte quisesse tornar inelegível quem passou pelo processo de impeachment não haveria utilizado o termo Inabilitação ou, ao menos, haveria determinado a sanção da inelegibilidade, explicitamente, também a este[2].
 Parece-nos se tratar o tema de Direito Administrativo e não de Direito Eleitoral, uma vez que a sanção não é só para cargos eletivos, e conforme estudado, não gera efeitos diretos na eleição (uma vez que não impede ninguém de ser candidato, proibindo apenas o exercício do cargo).
 As Leis 1.079 de 1950 e o Decreto-lei nº 201 de 1967 que definem os crimes de responsabilidade e que foram recepcionadas pela constituição, definem que o julgamento de crime de responsabilidade “não exclui o processo e julgamento do acusado por crime comum”. Este sim capaz de tornar o candidato inelegível.
 Não podemos, portanto, coadunar com Adriano Soares da Costa [3]que assevera:
Assim, a inabilitação para concorrer a mandato eletivo é uma espécie de inelegibilidade cominada potenciada, consistindo no impedimento de registrar a candidatura enquanto durar a sanção, ainda que o nacional possua todas as condições de elegibilidade presentes.
 Ocorre que não se pode confundir dois institutos jurídicos diversos. Não podemos tachar de inelegibilidade uma sanção puramente administrativa que não está mencionada pelo art. 15 da Constituição e que não foi criada por lei complementar, como determina a constituição.
 Não pode ser aceito também o raciocínio errôneo que se poderia formar de que os citados textos legais tenham sido recepcionados pela atual Constituição com o status de lei complementar, e explicamos o motivo.
 Ocorre que a constituição de 1946 que regia o ordenamento jurídico pátrio ao tempo da lei 1.079 previa expressamente em seu artigo 62 § 3º que não era possível “impor outra pena que não seja a da perda do cargo com a inabilitação (...) sem prejuízo da ação da justiça ordinária”. Vale dizer, desde aqueles tempos, demonstrava o constituinte a intenção de não tornar inelegível a ninguém através da condenação por responsabilidade.
 Esta posição fica ainda mais clara com a analise da situação do Decreto-lei nº 201, que foi editado sob a égide da constituição de 1967. Nesta carta o constituinte determinou a necessidade do uso de Lei complementar para a criação de inelegibilidades. Ao surgir em nosso ordenamento na figura de Decreto-lei e, cotejando-a com a norma constitucional, fica claro que a intenção da norma não é tornar nenhum indivíduo inelegível, como sustenta DA COSTA, mas sim o tornar inaptopara o exercício de função pública, tão somente.
 Por tudo que vimos, não pode ser tida a inabilitação como uma inelegibilidade, só servindo aquela para obstar a candidatura se, efetivamente, o pré-candidato estiver inabilitado quando da posse, ou seja, quando do real exercício da função pública, e não quando da candidatura.

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