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Desenvolvimento da Psicologia Científica

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1 Introdução 
Esse artigo se dedica a discutir de que maneira foram sendo construídas, ao longo do tempo, as 
bases para o surgimento da psicologia científica. Tendo por objeto de estudo o comportamento, 
a psicologia científica é entendida como uma ciência experimental, e não especulativa, ou seja, 
dotada de um objeto de estudo passível de aplicação de um método científico baseado na 
experimentação e mensuração. 
Assim, pretende explicar, de forma sucinta, e não exaustiva, quais foram as condições, 
personalidades e principais correntes que tornaram essa transformação possível. 
Para tanto recorre às aulas de Teoria e Sistemas do 1 semestre assim como à bibliografia base 
da aula1. 
2 Bases Filosóficas Gregas 
As bases para a construção da psicologia vieram da filosofia. 
Os primeiros passos para sua constituição foram dados na Grécia quando Sócrates (470 a.c. - 
399 a.c.) propõe o ser humano como objeto de estudo. 
Ao propor que, para trilhar um bom caminho, o ser humano deve ter uma ação reflexiva sobre 
suas ações, procurando identificar os resultados de seus atos e atitudes, ele não só coloca o ser 
humano no centro da discussão, como ainda estabelece a importância do auto-conhecimento, 
(“Conhece-te ti mesmo”), ou seja, da atitude reflexiva que o homem precisa ter em relação a si 
mesmo. 
Em um mundo onde as explicações sobre o ser humano e seu comportamento eram dominadas 
pela metafísica, essa mudança de foco representa um significativo ganho na medida em que 
promove o homem a autor da própria vida mostrando sua preponderância em relação àquela. 
Seu discípulo, Platão (428 a.c. – 348 a.c.), então estabelece uma dualidade que durante muito 
tempo vai pautar as análises sobre o ser humano, definindo o mundo dos fenômenos (baseado 
nas sensações, ilusório e imutável) e o mundo das ideias, (imutável, eterno, atingido por meio 
da depuração e da contemplação). 
Aprofunda ainda o papel do indivíduo na construção de si mesmo na medida em que propõe 
que a aquisição do conhecimento se dá pela mediação entre a energia moral e os desejos, 
mediação realizada pela razão. 
Finalmente Aristóteles (384 a.c. – 322 a.c.), discípulo de Platão, diverge do mestre propondo a 
importância dos sentidos como fonte de conhecimento uma vez que, através de 
experimentação, é possível realizar a categorização e organização das informações em grupos 
na consciência. 
3 Idade Média 
Os próximos marcos do desenvolvimento da psicologia estão ligados às reflexões sobre o ser 
humano ocorridas no âmbito da Igreja católica, reflexões estas que estiveram muito tempo 
pautadas pela dicotomia ou relação alma e corpo. 
 
1 Schultz, Duane. Schultz, Sydney. História da Psicologia Moderna. Cencage, 2009 
Realizando uma releitura de Platão, Santo Agostinho (354 – 430) resgata o mundo das ideias 
preconizado pelo filósofo Grego propondo que a alma imortal constrói seu caminho na medida 
em que se esforça para se desprender dos estímulos enganadores do corpo e, apoiada por Deus, 
segue de grau e grau a escada da perfeição. 
Cerca de 900 anos mais tarde, São Tomás de Aquino (1224 – 1274), retoma a importância das 
sensações na construção do conhecimento adaptando essa visão às condições existentes na 
igreja de então. 
Estamos então na época da alta Idade média, já com a decomposição completa do império 
romano e consequente constituição dos feudos. 
Esse período apresenta condições que dificultam o desenvolvimento do objeto de estudo da 
psicologia: por um lado, o indivíduo está indissoluvelmente associado à gleba estando sua 
condição de individualidade parcialmente perdida. Sua vida não é consequência direta do 
resultado de seu esforço pois não tem a propriedade do próprio corpo. Sua liberdade de escolha 
e auto percepção estão muito associadas ao feudo e a sua função que, nesse contexto, é muito 
pouco diferenciada em relação ao restante do grupo. Esse fato, associado à inexistência de 
condições materiais para a educação, impedem reflexão mais profunda sobre sua condição e 
assunção do próprio destino. 
Na medida em que os feudos vão se decompondo e as cidades surgindo, se criam condições 
para a apropriação individual do próprio corpo e, consequentemente, do próprio destino. As 
corporações de ofício propiciam maior diferenciação de funções, especialização de atividades e, 
assim, uma existência individual independente. 
Se no feudo a responsabilidade pela alimentação e sobrevivência era do conjunto, nas cidades 
as novas especialidades geram a concorrência passando o indivíduo a ser responsável pela sua 
sobrevivência e sucesso o que resulta na valorização da individualização como valor social. 
Como resultante desse novo conjunto de valores surge o Renascimento e uma nova visão ou 
prática sobre o conhecimento, redefinindo a relação entre sujeito e objeto estudado. 
4 Renascimento 
Nesse contexto, Francis Bacon (1561 – 1626) propõe que o conhecimento somente pode ser 
adquirido pela experiência sensorial. Ao homem por seu turno cabe obtê-lo através de um 
processo que lhe permita superar as tendências e inclinações inatas que o impedem de ter uma 
leitura mais efetiva e real da natureza. Para tanto, precisa se submeter de forma consciente a 
uma disciplina e autocontrole o que somente é possível através da aplicação de um método ao 
qual todo cientista deve se submeter. 
Estão criadas as bases do método científico. 
A concepção de que todo fenômeno tem uma causa direta que pode ser medida e observada, 
aliada à visão de que o universo é composto por partículas de matéria em movimento surge a 
visão mecanicista de mundo, que compara o Universo a um relógio, preciso e organizado. 
Com a visão de ciência já estabelecida a próxima contribuição para a construção da psicologia 
científica foi dada por René Descarte (1595-1650). Profundamente influenciado pela visão 
mecanicista descrita acima, ele propõe que o corpo funciona exatamente como uma máquina. 
Sua grande contribuição para a psicologia foi a concepção de que a mente e o corpo são entes 
separados, regidos por leis distintas. O corpo por leis mecânicas sendo que todos seus 
comportamentos poderiam ser assim explicados. A mente, por sua vez, sendo imaterial é capaz 
de abrigar o pensamento e a consciência e proporcionar conhecimento sobre o mundo exterior. 
Inovou ao propor que a interação entre ambos não é unilateral, mas biunívoca, havendo 
interação nos dois sentidos. Assim, é possível estudá-los separadamente observando a mente e 
os comportamentos dela derivados. 
Contribuiu ainda com as concepções de ideias derivadas e inatas, as primeiras oriundas dos 
sentidos e as segundas somente do pensamento e da mente, e da ação reflexa, movimentos do 
corpo não originados pela vontade do indivíduo. 
René Descarte foi procedido pelos empiristas que propuseram que todo o conhecimento 
humano é adquirido pela experiência. Rejeitaram, portanto, a concepção de ideias inatas de 
Descarte. Acreditavam ser a mente uma tabula rasa que ia sendo preenchido através das 
experiências de vida da criança. 
O conhecimento se dava através da interação entre as sensações a reflexão sobre essa 
interação. 
Coerentes com a visão mecanicista de universo, as ideias mais complexas eram entendidas como 
associações de ideias simples. 
Deram ainda importância às percepções, definindo as qualidades primárias e secundárias dos 
objetos, ora propondo que os objetos têm caraterísticas inerentes que independem do 
observador (John Locke (1632 – 1704)) e aquelas que dependem do observador ou que todas 
dependiam do observador (George Berkeley (1685 – 1753)). 
Estenderam ainda a concepção de máquina para o funcionamento da mente (JamesMill (1773 
– 1836)) sendo necessário sua decomposição em partes menores. 
Se para os Empiristas todo conhecimento derivava da interação entre as sensações e a reflexão 
para o Positivismo de Augusto Conte (1798-1873) o método científico precisava ser aplicado 
somente a fatos objetivamente observados e indiscutíveis devendo ser descartados todas as 
explicações metafísicas. 
Aos empiristas e positivistas unem-se os materialistas para os quais todos os fenômenos do 
universo podem ser explicados pelas leis que regem a matéria. 
5 Contexto de criação da psicologia científica 
Estabelecido o método científico, suportado pela visão materialista, positivista e empirista e 
tendo a filosofia elevado a concepção da mente como um ente separado do corpo, que o 
influencia e é influenciado por ele, passível de análise na medida em que o conhecimento é 
formado através da experiência, falta, para a formação de uma concepção de psicologia 
científica, um método experimental propriamente dito, ou seja, a possibilidade de aplicar no 
objeto de estudo da psicologia (a mente e o comportamento humano) um método quantitativo 
de observação e análise. 
Essa falta foi suprida pelos fisiologistas. 
Com grande avanço na fisiologia e análise da arquitetura do cérebro os fisiologistas da época 
passaram a analisar a psicologia sensorial. Dentre eles Ernest Weber (1795 - 1878) realizou 
estudos sobre o limiar entre dois pontos (que buscava medir a diferença mínima necessária para 
que dois pontos fossem percebidos como tal por uma pessoa), e a diferença mínima perceptível 
de peso (diferença mínima para um indivíduo perceber a mudança de peso). 
Gustav Theodor Fechner (1801 - 1887), por seu turno, realizou experiências semelhantes 
definindo uma relação numérica entre a quantidade de estímulo necessário para que haja uma 
mudança de percepção. 
A grande contribuição dessas pesquisas foi a definição de métodos tipicamente científicos para 
a testar e medir processos psicofisiológico consolidando uma abordagem experimental para 
estudos psicológicos que relacionava quantitativamente os mundos materiais e mentais, 
fornecendo técnicas de medidas precisas e replicáveis. 
Estão criadas então as condições para o estabelecimento de uma ciência da psicologia. 
Coube a Wilhelm Wundt (1832 - 1920) a proposição dessa ciência através da compilação dos 
trabalhos realizados até então e publicação estruturada desse conhecimento, agora, tornado 
científico.

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