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Revisão OAB – 2ª Fase Competência Aula 06 06

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Competência
Aula 01/06
1-      Conceito:
Competência é diferente de Jurisdição. Esta é um poder-dever constitucionalmente assegurado e entregue ao Judiciário para que se aplique a lei ao caso concreto, resolvendo a demanda penal. Já a competência é a medida da Jurisdição, ou seja, é a quantidade de poder especificado em lei e entregue a determinado Órgão, delimitando sua esfera de atuação.
2 – Critérios de definição da Competência (classificação):
A)     Em razão da matéria:
 Justiça Comum:
- Estadual – Residual, pois lhe cabe julgar aquilo que não foi entregue às demais justiças pela CF;
- Federal – Integralmente/expressamente consignada na CF (Arts. 108 (TRF), 109 (Juízes Federais de 1º grau) – destacar incisos IV e ss), liga-se a demandas em que figuram a UNIÃO.
 
 Justiça Especial:
- J. Eleitoral – julga infrações eleitorais, bem como, todas as infrações comuns conexas às infrações eleitorais.
Obs.: Não existe Juizado Especial dentro da J. Eleitoral, assim, as infrações eleitorais de menor potencial ofensivo (pena até dois anos) serão contempladas com as benesses da lei 9.099/95 – Art. 69, 74, 76 e 89 - (Juizados Especiais).
 
- J. Militar – Comp. Restrita. Julga, tão somente, as infrações militares, assim definidas nos arts. 9º e 10 do Código Penal Militar.
Obs.: A Justiça Militar não tem competência para julgar infrações comuns conexas e a solução seria a separação dos processos.
Obs².: Se o militar praticar crime comum, será julgado pela justiça comum. 
Se um militar matar dolosamente(crimes dolosos contra vida) uma pessoa comum/civil, ele será julgado pela justiça comum pelo tribunal do júri. (Carandiru)
Se o militar torturar pessoa comum/civil será julgado pela justiça comum.
Se o militar praticar abuso de autoridade contra pessoa comum/civil será julgado pela justiça comum.
Obs³.: Se a infração militar tiver pena até dois anos (menor potencial ofensivo), ainda assim, não haverá aplicação das benesses da lei dos juizados especiais (art. 90-A, lei 9.099/95).
 
               - Just. Militar Estadual – julgará os PMs e Bombeiros Militares que cometerem crimes militares.
               Obs.: Pessoas comuns JAMAIS serão julgadas pela Justiça militar Estadual.
 
- Just. Militar Federal – julgará os militares das forças armadas (Marinha, Exército, Aeronáutica) e pessoas comuns que pratiquem crime militar federal (ex.: Comando vermelho rouba armas de quartéis da aeronáutica).
 
 Pela Natureza da infração:
- O legislador pode estabelecer o órgão competente para julgar determinado tipo de crime, em razão de sua natureza.
- Hipóteses constitucionais:
        I- Art. 5º, XXXVIII, alínea d, CF/88 – Crimes dolosos contra a vida tentados ou consumados serão julgados pelo Tribunal do Júri;
Obs.: Os crimes dolosos contra a vida estão listados nos arts. 121 ao 128, CP (homicídio, infanticídio, aborto e auxílio/instigação ao suicídio).
        II - Art. 98, I, CF , as infrações de menor potencial ofensivo - quais sejam, os crimes com pena de até 02 anos e as contravenções penais por sua natureza – serão julgados nos Juizados Especiais Criminais.
Obs.: Arts. 60 e ss., lei 9.099/95.
 
B)      Em razão do lugar:
 Por esse critério, determinaremos o Juízo territorialmente competente.
 Regras definidoras (ordem hierárquica):
Teorias Territoriais:
Teoria do resultado – por ela, a competência territorial é estabelecida pelo local da consumação do delito. (É a regra – art. 70, caput, CPP).
Teoria da Ação – por ela, a competência é definida pelo local dos atos executórios. 
|_> É aplicada aos crimes tentados (art. 14, II, CP) e para as infrações de menor potencial ofensivo – Juizados Especiais.
Teoria da Ubiquidade/Híbrida – Será considerado o local de consumação do delito ou, dos atos executórios. (art. 70, par. 1º e 2º, CPP)
|_> É aplicada aos crimes à distância. Ex.: Enviar carta bomba do Brasil para vítima na Argentina, logo, competência brasileira pelo local dos atos executórios, ou se inverso, carta enviada pela argentina p/ vítima no Brasil, competência brasileira pelo local do resultado.
Domicílio / Residência do réu:
Obs.: O domicilio da vítima não fixa competência na esfera penal, afinal, o réu é a grande referência normativa. (art. 72 e ss, CPP).
Regra da Prevenção (Antecipação): 
Juiz prevento é aquele que primeiro pratica um ato do processo (recebimento da inicial acusatória) ou que, durante o inquérito, já adotou medidas cautelares inerentes ao futuro processo. (art. 83, CPP).
 Situações especiais de interpretação das regras de fixação da competência territorial:
Infrações consumadas na divisa entre duas ou mais comarcas: 
A competência será resolvida pela prevenção (Art. 70, par. 3º, CPP). Ou seja, o juízo de todas as comarcas abarcadas pela divisa será competente, exercendo, de fato, a competência, aquele que primeiro atuar no processo.
Crime continuado ou permanente que se estenda por mais de uma comarca:
A competência será resolvida pela prevenção. (Art. 71, CPP).
Ex: Sequestrado em SP e transferem o cativeiro p/ BH e, por fim, para BA, quando o sequestrado é libertado.
Pluralidade de domicílios ou residências:
O réu tem dois ou mais domicílios. Logo, todos os juízes dos locais onde tem domicilio serão competentes, exercendo a competência de fato, aquele que primeiro atuar no processo – Regra da Prevenção. (art. 72, par. 1º, CPP).
Peculiaridade das ações privadas:
Neste caso, o querelante pode optar em promover a ação no domicílio/residência do réu em detrimento do local da consumação do delito.
Obs.: Esta prerrogativa não se aplica à ação privada subsidiária à pública. (art. 73, CPP).
C)      Em razão da pessoa:
Algumas autoridades em razão da importância do cargo ou da função desempenhada serão julgadas originalmente perante Tribunal, em um critério de paridade no tratamento entre os diversos poderes ( Foro por prerrogativa de função). 
 Regras interpretativas:
Foro por prerrogativa X Deslocamento:
As autoridades com foro por prerrogativa no TJ ou TRF ao praticarem crime fora do estado ou da região serão julgadas no seu tribunal de origem. Ex. Juiz de SP que comete crime em Salvador será julgado pelo Tribunal de SP.
Foro por prerrogativa X Júri:
As autoridades com foro por prerrogativa (definida na CF) que cometem crime contra a vida serão julgadas pelo Tribunal de origem e não irão pelo júri. (Súmula 721, STF).
Obs.: Para as autoridades com prerrogativas previstas apenas na Constituição Estadual (ex.: Defensores Públicos) irão à Júri (competência definida pela CF, logo, prevalece).
Cidadão comum:
Segundo o STF, na súmula 704, não há violação às garantias constitucionais quando o cidadão comum é julgado originariamente perante tribunal, por ter praticado crime com Autoridade que goza de prerrogativa de função. Ex. Marcos Aurélio – Mensalão.
Fundamentos contra violação do Princ. Do Juiz Natural pelo julgamento do cidadão comum originalmente perante tribunal: Tal prática seria mais benéfica ao acusado pois no Tribunal se tem juízes mais experientes e o julgamento se dará de forma colegiada, minimizando a possibilidade de erro judicial.
(TJ e TRF) x TRE:
As autoridades com foro por prerrogativa no TJ ou no TRF, ao praticarem crime eleitoral, serão julgadas no TRE.
Perpetuação no tempo da prerrogativa de função:
Com a declaração de inconstitucionalidade dos parágrafos 1º e 2º do art. 84 CPP, passamos a ter as seguintes regras:
1º Regra – para os crimes, uma vez encerrado o cargo ou o mandato, encerrasse o foro por prerrogativa de função;
2ª Regra – Para as ações de improbidade administrativa, não há foro por prerrogativa em nenhum momento.
Procedimentos
1 – Considerações:
Enquadramento terminológico:
Procedimento – sequência lógica de atos concatenados em lei e destinados a uma finalidade;
Processo – é um procedimento em contraditório, enriquecido pela relação jurídica construída entre o juiz e as partes;
Rito – deriva de ritmo, sendo a amplitude assumida por determinado procedimento;
Ação – direitopúblico e subjetivo, constitucionalmente assegurado, de exigir do estado juiz à aplicação da lei ao caso concreto para solução da demanda penal.
Classificação procedimental:
b.1) Procedimento Comum
	Ritos
	Regras
	Ordinário
	P/ os crimes com pena máx. igual ou superior a 04 anos.
	Sumário
	P/ os crimes com pena máx. inferior a 04 anos.
	Sumaríssimo
	P/ os crimes com pena máx. de até 02 anos (infrações de menor potencial ofensivo) e p/ as contravenções penais.
Obs.: Eventualmente, as infrações de menor potencial ofensivo irão tramitar no rito sumário, seja porquê não há citação por edital no juizado ou quando a complexidade do fato inviabilize a oferta oral da denúncia.
Obs.: Base normativa para escolha do rito – parág. 1º, art, 394, CPP.
- Estrutura do Proc. Comum de Rito Ordinário (arts. 394 a 405, CPP).
1º Passo: Oferta de Inicial acusatória (Denúncia – ação pública – ou queixa crime – ação privada). 
Obs.: Os requisitos formais da inicial acusatória estão construídos no art. 41, CPP.
2º Passo: Realização do Juízo de Admissibilidade da Inicial
	- Se negativo, o juiz rejeitará a inicial. Constitui, portanto, ato judicial que denega início ao processo, em razão, da ausência dos respectivos requisitos legais.
	- Hipóteses de rejeição: (Aula de Resposta a acusação)
b.2) Procedimento Especial
	1. Júri
	2. Tóxico (lei 11.343/2006)
	3. Ações originárias em tribunal (lei 8.038/90)

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