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TRABALHO DE PSICOLOGIA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Professora: Lizete 
Disciplina: Psicologia Aplicada à Saúde
Resenha sobre o texto “Os Movimentos Psiquiátricos e a Reforma Psiquiátrica no Brasil”
A Reforma Psiquiátrica surgiu em uma época difícil e bem conturbada, o período entre as Guerras Mundiais. A organização dos movimentos psiquiátricos e de toda a estrutura psiquiátrica veio por meio dos países europeus e dos EUA, e com o desenvolvimento essas práticas se expandiram pelos EUA e pelos países da Europa (Itália, Inglaterra e França).
Uma questão que não se entende muito bem é “Por que a condição precária dos asilos só foi percebida depois do fim das guerras?”. No ano de 1993 a OMS (Organização Mundial de Saúde) decretou que os hospitais psiquiátricos deveriam ser os responsáveis pelos termos da “comunidade terapêutica”. E o que significa esse termo? O termo foi criado foi T. Brain em 1946 em um trabalho feito em conjunto com Bion e Reichmam e nos anos 50 foi consagrado por Maxwell Jones, na Inglaterra, em experiências em um hospital psiquiátrico, que visava à dinâmica em grupo.
Com essa tática da terapia ser em grupo, os estudiosos acreditavam que os pacientes se recuperariam melhor, porque muitos problemas desenvolvidos por eles eram causados pelo ambiente em que se encontravam. O envolvimento de familiares, profissionais e da comunidade era de extrema importância no tratamento do paciente, mas existe um porém que não foi observado antes, os pacientes estavam restritos ao âmbito asilar por serem considerados perigosos pela sociedade por frequentarem um manicômio. Dessa falha que não permitia a ressocialização do indivíduo à sociedade, surgiram novas escolas psiquiátricas para solucionar esses problemas de exclusão do indivíduo da sociedade.
Também nos anos 50, na França surgiu o movimento chamado de psicoterapia institucional, esse movimento tem como ideia central proporcionar à instituição hospitalar a função de cura, a partir das mudanças e adaptações na organização interna do hospital. Outro ideal desse movimento, era pensar que a instituição deveria ser tratada antes do paciente, para que a mesma se torne em um ambiente terapêutico para o paciente, para que não o prejudique em vez de ajudar no seu tratamento e esse ambiente deveria ser o menos alienante possível.
A partir disso surgiu a parceria entre psiquiatria e psicanálise, que mesmo existindo para auxiliar na transformação da psiquiatria asilar, não solucionou aquele antigo problema de exclusão do paciente. A relação paciente-sociedade é dificultada pela segunda parte, porque essa sociedade já tem um pré-conceito formado sobre os pacientes do manicômio. A ideia de loucura e a de doença mental surgem dessa atitude preconceituosa, e a instituição psiquiátrica não sabe como prosseguir diante dessas atitudes e quem acaba sofrendo é claro que é o paciente, que fica privado de viver em sociedade (participar da política, conhecer sobre a cultura e participar do convívio social) e de exercer suas funções como cidadão.
A psiquiatria de setor, mais um movimento, surge na França no pós II Guerra Mundial liderado por Lucien Bonnafé. Esse movimento veio com uma ideia inovadora de tratamento para o paciente, buscava tratá-lo no seu próprio ambiente e não tirá-lo do convívio social em que sempre foi acostumado. A questão não é só ressocializar o doente e sim tratá-lo dentro de um conjunto de modalidades multidisciplinares e multinstitucionais. Essa psiquiatria foi adotada na França como a política oficial de saúde mental. Deixando bem claro que essa nova ideia não eliminava ainda o recurso da instituição psiquiátrica, mas tenta diminuir a ida de pacientes para essas instituições.
Nos EUA na década de 60, surge a psiquiatria preventiva ou comunitária para a reformulação da assistência psiquiátrica. Surge com o intuito de solucionar os problemas na assistência psiquiátrica e os problemas americanos, seus princípios eram divididos em três níveis de prevenção (primário, secundário e terciário). Em tese, essas prevenções desejavam lidar com pacientes de todos os tipos de enfermidades, todas as idades e classes sociais, colocando assim a comunidade a par de todos os problemas e não só de seus próprios problemas como indivíduo. A saúde pública foi um modelo de aplicação para esse projeto, utilizando então alguns de seus conceitos básicos aqui e ali para aperfeiçoá-los. Como palavra chave foi usada a palavra “crise”, que possibilitava a intervenção já que o indivíduo em crise se encontra num estado de desajustamento e necessita retornar ao seu estado de equilíbrio mental. 
Da reforma preventivista surgiu a desinstitucionalização, que significa a desospitalização, ou seja, muitos pacientes ficaram sem assistência e acabaram nas ruas abandonados. A psiquiatria comunitária teve seu lado ruim, como todos os outros movimentos tiveram, e a doença mental foi colocada em segunda opção. Acabou ficando conhecida negativamente por racionalizar recursos e de desospitalização, os recursos foram reduzidos pelo Estado. Todos os aspectos negativos acabaram gerando debates e questões que pareciam ser impossíveis de respostas, foram criadas pela antipsiquiatria. Questionamentos como ”a loucura poderia ser tratada como uma doença mental?”, e também colocava em dúvida o valor do saber do médico-psiquiátrico. 
Na Inglaterra no início dos anos 60 é desenvolvida a antipsiquiatria, um movimento que contesta a relação entre psiquiatria e sociedade. A loucura ainda não era tratada como doença mental por alguns, e esses queriam que um limite fosse traçado. Procurou estabelecer um diálogo entre a razão e a loucura e até reconheceu que a loucura não é algo que se passa dentro de um indivíduo e sim entre indivíduos. Essa ideologia não fazia uso de medicamentos, somente a conversa era usada como tratamento, via na viagem ou delírio do paciente um caminho para a cura.
Em 1961, surge o movimento italiano de desinstitucionalização, quando seu criador Basaglia tentou transformar o hospital psiquiátrico em comunidade terapêutica e acabar de vez com a internação manicomial. Porém Pinel tinha uma opinião que o paciente que fosse internado não estava lá para ser libertado ou curado, parecia não haver soluções científicas para pessoas que sofriam com as violências nessas instituições. Basaglia se colocava ao lado do paciente excluído, tentava superar os obstáculos e driblar com novas possibilidades de assistência, porque o paciente tem direitos como qualquer outro ser da sociedade. 
O fim da violência da instituição psiquiátrica veio ao fim com a desinstituicionalização, pondo fim a era dos manicômios. E criando então um tipo de circuito que oferecia além de cuidados, novas formas de sociabilidade para os pacientes psiquiátricos. 
A Lei Basaglia que foi sancionada em maio de 1978, tem como características principais a proibição da construção de novos manicômios, restituição da cidadania e dos direitos sociais do paciente, ou seja, essa lei veio como remodulação de todo o processo psiquiátrico. 
Até aqui pode se perceber que o caminho da psiquiatria não foi nada fácil e nem tranquilo, ocorrendo sempre no meio do caos. Mesmo que tenham conseguido prosseguir bastante com a comunidade terapêutica, ainda não tinha atingido seus objetivos já que as limitações eram óbvias. Mas o movimento de desinstituicionalização que foi extremamente radical trouxe muitas vitórias, muitas metas foram superadas. A psiquiatria foi deixada de lado por muito tempo, e os pacientes sofreram com essa situação, sendo deixados de lado pela sociedade preconceituosa que tinham plena certeza que se tratavam de pessoas perigosas e que deveriam ser alheias a sociedade, pelo simples fato de não entenderem a loucura como uma doença de fato. 
No Brasil os movimentos foram chegando aos poucos, aqui e ali, com experiências. Não foi muito diferente dos outros países até que muitas mudanças ocorressem muitos pacientes foram tratados de maneira errada e excluídos também da sociedade. 
Os manicômios foram criados com aintenção de afastar os pacientes com doenças mentais do resto da população, para que a população não corresse perigo e a ordem fosse estabelecida. Costa ainda disse que se a pessoa foi internada em uma instituição dessas era porque possuía os três “pês”: pobre, psicótico e preto.
A criação do hospício Pedro II no Rio de Janeiro em 1852, prometia uma melhora no tratamento aos pacientes, e que esse tratamento fosse digno aos doentes que passaram a ser vistos como objetos do saber. Até meados do século XX, o isolamento estava relacionado diretamente a “cura” do paciente, essa cura tinha como objetivo a volta do paciente ao seu estado dócil e útil a sociedade em que vivia. E a exclusão era necessária para a cura dessas pessoas, mas claro que não era, só dificultava ainda mais a vida dos pacientes.
Um aumento na construção de novos estabelecimentos destinados a loucos, foi percebido desde 1912 até os anos 20. Em 1934 um Decreto foi criado para que a “raça brasileira” fosse purificada e a doença mental era considerada com algo terrível para qualquer raça, mas em especial a negra. E o tratamento era baseado em correção moral, isolamento e exclusão social dos que eles acreditavam ter genes malignos.
Até os anos 50 a situação era muito precária na assistência psiquiátrica, era exercida quase que exclusivamente dentro dos manicômios, sofreram com tratamentos pesados por décadas. Mas enfim a década de 70 chegou com a mudança mais concreta da reforma psiquiátrica brasileira. 
Nessa turbulência surgiu o um movimento de trabalhadores da saúde mental (MTSM), depois que condições de trabalho e a precariedade de hospitais vieram à tona no Rio de Janeiro e ganham proporções nacionais, sensibilizando muitas pessoas. 
O I Congresso Nacional dos Trabalhadores em Saúde Mental ocorreu em São Paulo, com a presença de muitos estudiosos sobre o tema, inclusive Basaglia. Nesse congresso foi discutido qual seria o papel desempenhado pelos profissionais. A partir dos anos 80, esses profissionais passaram a ocupar espaços importantes e isso tudo se deve a reforma psiquiátrica. E a finalmente chegaram tratamentos alternativos, reformas e ambulatorização, mas a tão esperada melhoria só viria mesmo com o fim dos manicômios. 
Na I Conferência Nacional de Saúde Mental, foram levadas muitas ideias e críticas direcionadas a psiquiatria, como a exclusão dos pacientes, essa questão não tinha sido resolvida e nem esclarecida. Essa conferência foi um momento de extrema importância, pois se falava em desconstrução dos manicômios. No mesmo ano ocorreu outra Conferência, que carregou uma bandeira contra os manicômios e até criou um dia para essa luta, 18 de maio Dia Nacional de Luta Antimanicomial.
Muitas Conferências ocorreram depois dessas, e com elas vieram as mudanças na psiquiatria. Foram colocadas em pauta a importância que tem para o paciente estar envolvido na sociedade, e como seus direitos deveriam ser respeitados. Em 2001 uma lei foi sancionado, os manicômios foram instintos e foram substituídos por hospitais-dia, núcleos e Centros de Atenção Psicossocial ou CAPS.
A reforma demorou mas conseguiu seu objetivo principal, a extinção dos manicômios, e conseguiu que os pacientes fossem tratados como qualquer outro indivíduo. Depois de tantas mudanças a sociedade conseguiu enxergar os doentes de outra maneira, e esse indivíduo doente poderia restabelecer sua vida em convívio social. Os tratamentos se tornaram dignos e adequados a cada tipo de paciente, olhando o início dessa caminhada parece até impossível imaginar que todos os objetivos foram conquistados.

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