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APOSTILA_COM E EXP_2º BIMESTRE

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UNIVERSIDADE PAULISTA (UNIP)
Campus: Santos - Rangel
APOSTILA
DISCIPLINA: COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Turmas: 1º e 2º semestres
Docente: Profª Drª Denise Durante
Conteúdo do 2º bimestre
Santos
2013
Disciplina: Comunicação e Expressão
Bibliografia básica:
FIORIN, José Luiz e PLATÃO, Francisco. (2008). Para entender o texto: leitura e redação. 17. ed. São Paulo: Ática. 
_____. (2006). Lições de texto: leitura e redação. 5. ed. São Paulo: Ática. 
KOCH, Ingedore Villaça & ELIAS, Vanda Maria. (2006). Ler e compreender: os sentidos do texto. São Paulo: Contexto.
Cronograma – 2º bimestre 2013
	1
	18 out
	Argumentação: os procedimentos argumentativos em um texto.
	2
	25 out
	Argumentação: os procedimentos argumentativos em um texto.
	3
	1 nov
	O artigo de opinião e o texto crítico (resenha), enquanto gêneros discursivos.
	4
	8 nov
	Exercício com valor de 2 pontos na NP2 – Tópico: leitura do livro Como se tornar um líder servidor, de James Hunter.
	5
	15 nov
	FERIADO
	6
	22 nov
	11 A 26 Período de avaliações NP2
	7
	29 nov
	Feedback de avaliações
	8
	6 dez
	27.11 A 3.12 – Período de provas substitutivas (Substitutiva: 10 pontos)
	9
	13 dez
	5 A 11.12 – Período de exames (Exame: 10 pontos)
	10
	20 dez
	16 A 20.12 – Período de revisão de notas e faltas.
Observações:
Atenção: é proibido o uso de telefone celular durante as aulas.
Dúvidas individuais não serão respondidas por e-mail. Os alunos deverão se dirigir à sala dos professores, caso tenham dúvidas específicas.
O aluno não deve se limitar ao estudo em sala de aula. Para um bom aproveitamento, faz-se necessário dedicar-se às leituras semanalmente e com autonomia. É fundamental redigir um resumo da aula a partir dos apontamentos e reflexões desenvolvidos em classe.
O aluno deve ler atentamente o Manual de Informações Acadêmicas da universidade, observando as regras de conduta e de avaliação, bem como o calendário oficial
Tópico 1 (NP2): ARGUMENTAÇÃO – procedimentos argumentativos dos textos
"O homem prudente não diz tudo quanto pensa, mas pensa tudo quanto diz."
Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.)
Busto de Aristóteles
Cópia romana de uma escultura de Lísipo
ARGUMENTO: O termo ARGUMENTO provém do latim argumentum, que tem o tema argu, cujo sentido primeiro é “fazer brilhar”, “iluminar”. É o mesmo tema que aparece nas palavras argênteo, argúcia, arguto etc. Pela sua origem, podemos dizer que argumento é tudo aquilo que faz brilhar, cintilar uma ideia. Sendo assim, 
chamamos argumento a todo procedimento linguístico que visa a persuadir, a fazer o receptor aceitar o que lhe foi comunicado, a levá-lo a crer no que foi dito e a fazer o que foi proposto.
Nesse sentido, todo texto é argumentativo, porque todos os textos destinam-se, de certa maneira, a persuadir ou convencer. Alguns se apresentam explicitamente como discursos persuasivos, como a publicidade, outros se colocam como discursos de busca e comunicação do conhecimento, como o científico. Há textos que usam mais a argumentação em sentido lato; estes estão mais comprometidos com raciocínios lógicos em sentido estrito. Seja a argumentação considerada em sentido mais amplo ou mais restrito, o que é certo é que, quando bem feita, dá consistência ao texto, produzindo sensação de realidade ou impressão de verdade. Achamos que o texto está abordando coisas reais ou verdadeiras.
São inúmeros os recursos linguísticos usados com a finalidade de convencer ou persuadir o interlocutor. Trataremos, a seguir, de alguns tipos de argumento.
a) Argumento de autoridade
	Corresponde à citação de autores renomados, autoridades em um certo domínio do saber, em uma área da atividade humana, para corroborar uma tese, um ponto de vista. O uso de citações pode criar a imagem de que o falante conhece bem o assunto que está discutindo, porque já leu o que sobre ele pensaram outros autores; ademais, torna os autores citados fiadores da veracidade de um dado ponto de vista.
Se é verdade que o argumento de autoridade tem força, é preciso levar em conta que tem efeito contrário a utilização de citações “descosturadas”, sem relação com o tema abordado, erradas, feitas pela metade ou mal compreendidas. Considere os exemplos:
a) Toda atitude racista deve ser denunciada e combatida, posto que fere um dos princípios fundamentais da Constituição brasileira.
b) Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), cerca 
de 1 bilhão de pessoas não possui um trabalho que seja capaz de suprir suas necessidades básicas de alimentação.
b) Argumentos baseados no consenso: são argumentos de valor universal, aqueles que são irrefutáveis, com os quais conquistamos a adesão dos leitores. Se você diz, por exemplo, que sem resolver os problemas da família não se resolvem os problemas das crianças de rua, torna-se difícil alguém contradizê-lo. Trata-se de um argumento forte. Exemplos:
a) A educação é a base do desenvolvimento. Os investimentos em pesquisa são indispensáveis para que um país supere sua condição de dependência.
b) Toda criança tem direito à alimentação e ao estudo.
	Não se deve, no entanto, confundir argumento baseado no consenso com lugares-comuns, carentes de base científica, de validade discutível. É preciso muito cuidado para distinguir o que é uma ideia que não mais necessita de demonstração e a enunciação de preconceitos como: “Só o amor constrói”; “A Aids é um castigo de Deus.”
c) Argumentos baseados em provas concretas
	As opiniões pessoais expressam apreciações, pontos de vista, julgamentos, que exprimem aprovação ou desaprovação. No entanto, elas terão pouco valor se não vierem apoiadas em fatos. Os dados apresentados devem ser pertinentes, suficientes, adequados, fidedignos.
	Se alguém diz que todo político é ladrão, porque a imprensa divulgou que dezenas de deputados fizeram emendas ao orçamento para tirar proveito pessoal, os dados são insuficientes para fazer a generalização, pois do fato de alguns (ou muitos) terem sido apontados como desonestos não decorre necessariamente que todos o sejam. Aliás, é preciso tomar cuidado com argumentos que fazem apelo a uma totalidade indeterminada, pois basta um único caso em contrário, para derrubá-los.
Não se podem fazer generalizações sem apoio em dados consistentes, fidedignos, suficientes, adequados, pertinentes. As provas concretas podem ser cifras e estatísticas, dados históricos, fatos da experiência cotidiana etc. Esse tipo de argumento, quando bem feito, cria a sensação de que o texto trata de coisas verdadeiras e não apresenta opiniões gratuitas.
 
Exemplos:
 a) A administração Fleury foi ruinosa para o Estado de São Paulo, porque deixou dívidas, junto ao Banespa, de 8,5 bilhões de dólares, porque deixou de pagar aos fornecedores, porque acumulou dívidas de bilhões de dólares, porque inchou a folha de pagamento do estado de São Paulo com nomeações de afilhados políticos etc. (Exemplo extraído de: Platão e Fiorin. Lições de texto)
b) Todo mundo conhece a grandeza dos problemas que a China enfrenta para alimentar, vestir e abrigar 1,3 bilhão de habitantes. A revista The Economist mostra que, além das dificuldades para garantir a oferta de comida, vestuário e habitação, a China está enfrentando um novo tipo de escassez: a escassez de nomes. É isso mesmo. Estão faltando nomes e sobrenomes para atender a enorme demanda chinesa nesse campo. Assim é que os cinco sobrenomes mais comuns – Li, Wang, Zhang, Liu e Chen – são usados por nada mais nada menos do que 350 milhões de pessoas. Só os que têm o sobrenome Li chegam a 87 milhões, ou seja, mais da metade da população brasileira. (Extraído de: “A dança dos nomes”, de Antonio Ermírio de Moraes).
d) Argumentos baseados nas relações de causa e consequência
Uma argumentação convincente e bem fundamentada pode ser obtidapor meio das relações de causa e consequência, em que são apontados os aspectos que levaram ao problema discutido e suas decorrências. Considere os exemplos a seguir:
 a)  A incompetência do Estado em administrar os seus presídios, onde, além da superlotação, reinam a corrupção, tráfico de drogas, promiscuidade, falta de higiene e condições mínimas para que um condenado não se esqueça de que é humano, é a causa principal que leva o criminoso a provocar incêndios, matar seguranças e possíveis companheiros delatores e ganhar a liberdade ilegal.
 b)  A redução dos impostos sobre o preço dos carros – IPI e ICMS – é uma medida que pode ajudar a combater o desemprego, pois, reduzindo o preço, as vendas tendem a crescer, o que provoca um aumento da produção, o que por sua vez garante os empregos.
e) Argumentos por ilustração e/ou exemplificação
São argumentos que se fazem necessários quando a ideia a ser defendida carece de esclarecimentos com dados práticos da realidade. Nesse caso, ilustram-se uma situação, um problema, um assunto, ou usam-se exemplos pertinentes à ideia exposta. Veja os exemplos: 
a)  Nos países que passaram a ter a pena de morte prevista no código penal – os Estados Unidos são um exemplo disso – não houve uma diminuição significativa do índice de criminalidade. Donde podemos concluir que a existência legal da pena de morte não inibe a criminalidade.
b)  Exemplos, como estudos feitos na UENF (Universidade Estadual do Norte Fluminense), mostram que não há diferenças significativas entre alunos cotistas e não-cotistas. Já estudos feitos na UERJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) demonstram que alguns desses alunos cotistas apresentam defasagens, mas concluem que não se trata de nenhuma grande dificuldade que algumas medidas como a oferta de cursos de apoio, ou melhor, infraestrutura de bibliotecas e mais laboratórios de informática não possam sanar.
f) Argumento da competência linguística 
	Em muitas situações de comunicação (discurso político, religioso, pedagógico etc.) deve-se usar a variante culta da língua. O modo de dizer dá confiabilidade ao que se diz. Utilizar também um vocabulário adequado à situação de interlocução dá credibilidade às informações veiculadas. 	Se um professor ou um jornalista não são capazes de usar a norma culta, achamos que o profissional não conhece sua disciplina, por exemplo. 
Há textos que são mais convincentes se forem elaborados de maneira a criar efeitos de sentido de objetividade. Outros persuadem melhor se mostrarem um efeito de subjetividade.
	O discurso dissertativo de caráter científico deve ser elaborado de maneira a criar um efeito de sentido de objetividade, pois pretende dar destaque ao conteúdo das afirmações feitas (ao enunciado) e não à subjetividade de quem as proferiu (ao enunciador). Quer concentrar o debate nesse foco e, por isso, adota expedientes que, de um lado, procuram neutralizar a presença do enunciador nos enunciados e, de outro, põem em destaque os enunciados, como se eles subsistissem por si mesmos. É claro que se trata de um artifício linguístico, porque sempre, por trás do discurso enunciado, está o enunciador com sua visão de mundo.
Atividade:
Leia a seguinte afirmação:
A expansão do mercado imobiliário na Baixada Santista traz somente benefícios para a população da região.
Escreva um argumento de causa e consequência contra essa afirmação acima.
Redija um argumento por exemplificação que contrarie a afirmação apresentada.
Redija um argumento baseado no consenso para contestar a afirmação. 
Estratégias argumentativas 
	Para neutralizar a presença do enunciador, isto é, daquele que produz o enunciado, usam-se certos procedimentos linguísticos:
a) Evitam-se os verbos de dizer na primeira pessoa (digo, acho, afirmo, penso, etc.) e, com isso, procura-se eliminar a ideia de que o conteúdo de verdade contido no enunciado seja mera opinião de quem proferiu, e sugerir que o fato se impõe por si mesmo.
Não se diz, portanto: 
Eu afirmo que os modelos científicos devem ser julgados pela sua utilidade.
	Mas simplesmente: 
Os modelos científicos devem ser julgados pela sua utilidade.
b) Quando, eventualmente, se utilizam verbos de dizer, são verbos que indicam certeza e cujo sujeito se dilui sob a forma de um elemento de significação ampla e impessoal, indicando que o enunciado é produto de um saber coletivo, que se denomina ciência. Assim, o enunciador vem generalizado por um nós em vez de eu ou indeterminado:
Temos bases para afirmar que a agricultura constitui uma alternativa promissora para a nossa economia.
c) A exploração do valor conotativo das palavras não é apropriada ao enunciado científico. Nele, os vocábulos devem ser definidos e ter um só significado. 
Num texto de astronomia, lua significa satélite da Terra e não um astro dos enamorados.
d) Nesse tipo de discurso não se ajusta o uso de gírias ou quaisquer usos linguísticos distanciados da modalidade culta e formal da língua.
OBSERVAÇÃO: Além de procurar neutralizar a figura do enunciador, o discurso dissertativo de caráter científico procura destacar o conteúdo de verdade dos enunciados. Esse valor de verdade é criado pela fundamentação das idéias e pela argumentação.
EXERCÍCIOS
QUESTÃO 1
Em época de campanha política, faz parte do jogo argumentativo um candidato desqualificar o discurso do seu concorrente. É o que se dá nesta declaração de Lula contra Fernando Henrique Cardoso por ocasião da campanha eleitoral para a Presidência da República em 1994.
O que Fernando Henrique conhece do Brasil? Nada. Ele só sabe onde ficam os monumentos de Roma, as praças de Londres e os botequins de Paris. Não dá para conhecer o Brasil pelo mapa. (Veja, 4/1/95, p. 6)
Suponha que você seja o assessor de comunicação de Fernando Henrique. Redija uma resposta rápida à declaração de Lula, tentando neutralizar a intenção de seus argumentos.
	
	
	
	
	
QUESTÃO 2
Como se sabe, o que existe, sobretudo aquilo que está arraigado a uma cultura, é mais persuasivo do que o seu contrário. Por isso, é difícil produzir argumentos que convençam os indivíduos acostumados com o existente a agir contra ele. O trecho que segue é o início de uma publicidade institucional financiada pelo Unicef e pela Fundação Odebrecht. Leia-o com atenção:
Você acha normal que uma criança carente fracasse na escola?Nós não.
Os altos índices de repetência escolar só não são mais perversos que o conformismo da nossa sociedade com esse absurdo. Um absurdo que está presente de modo significativo entre as classes sociais mais ricas e de modo esmagador entre as classes mais pobres. A verdade é que o fracasso na escola passou a ser encarado de forma tão natural quanto a chuva, o sol, o calor e o frio. Tão natural que passou a fazer parte da nossa cultura. (Veja, 17/8/94, p. 52)
Após esses dois parágrafos iniciais, o texto procura apresentar argumentos para persuadir o povo a tomar providências contra esse estado de coisas. Redija você um parágrafo com dois argumentos contrários à aceitação do fracasso escolar como algo tolerável. Trata-se de um esforço argumentativo direcionado contra uma opinião consensual.
	
	
	
	
	
	
	
	
Exercícios – Questões objetivas
1. Considere o seguinte texto:
  
	Os muitos fantasmas
O encontro de ontem entre o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Mário Amato, e o presidente da Central Única dos Trabalhadores. Jair Meneguelli, em torno de uma pauta comum de combate à inflação, é revelador do tamanho que ganhou o fantasma da disparada de preços.
Meneguelli e Amato, representantes de um pedaço expressivo da sociedade, têm tão tremendas diferenças de opinião a respeito de quase tudo que seria inimaginável vê-los discutindo com proveito qualquer coisa. Mas a presença de um inimigo comum, externo a ambos, colocou-os lado a lado, o que é um primeiro passo positivo.O problema é que subsistem outros fantasmas, além da inflação, a travar o aprofundamento dos contatos entre sindicalistas e empresários. Vicente Paulo da Silva, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, aponta um deles: "Os empresários são contraditórios. Falam em pacto, mas gastam um dinheirão para tentar remover da Constituição direitos sociais mínimos".
Vicentinho pede "um gesto concreto" de Mário Amato na direção do atendimento de reivindicações dos sindicatos.
Entre os dois outros interlocutores da mesa tripartite de um pacto contra a inflação - empresários e o governo - pesa a mesma sombra de desconfiança. Os empresários acham que o governo não faz o que deve, em matéria de corte do déficit público, enquanto o governo jura que está fazendo tudo oque pode.
Também entre governo e sindicalistas. há uma óbvia desconfiança, a ponto de Vicentinho generalizar: "Falta credibilidade tanto por parte do governo como por parte do empresariado". É muito possível que os empresários e o governo achem que a mesma credibilidade deles exigida falte aos líderes sindicais.
Fica difícil, nesse terreno pantanoso, caminhar na direção de um acordo que abata oinimigo comum, a inflação. A única perspectiva é a constatação de que algo precisa ser feito, porque mesmo as mais negras previsões feitas até o fim do primeiro semestre co​meçam a ser atropeladas por uma realidade ainda mais feia.
(ROSSI. Clóvis. -. Folha de S. Paulo. : A-2. 20 jul. 1988.)
 
De sua leitura integral, pode-se concluir que:
A A inflação é o maior de todos os problemas que separam empresários e sindicalistas.
B Apesar de um pequeno progresso, o pacto entre empresários e sindicalistas encontra sérios obstáculos pela frente.
C Não há base alguma para um acordo entre empresários e sindicalistas.
D Os próprios sindicalistas estão divididos entre si.
E O governo desconfia dos empresários tanto quanto os empresários desconfiam dos sindicalistas. 
2. Leia o parágrafo a seguir, retirado da Introdução do artigo “Cultura da Paz”, do frei Leonardo Boff, para responder o que a questão pede: 
 “A cultura dominante, hoje mundializada, se estrutura ao redor da vontade de poder que se traduz por vontade de dominação da natureza, do outro, dos povos e dos mercados. Essa é a lógica dos dinossauros que criou a cultura do medo e da guerra. Praticamente em todos os países as festas nacionais e seus heróis são ligados a feitos de guerra e de violência. Os meios de comunicação levam ao paroxismo a magnificação de todo tipo de violência, bem simbolizado nos filmes de Schwazenegger como o “Exterminador do Futuro”. Nessa cultura o militar, o banqueiro e o especulador valem mais do que o poeta, o filósofo e o santo. Nos processos de socialização formal e informal, ela não cria mediações para uma cutura da paz. E sempre de novo faz suscitar a pergunta que, de forma dramática, Einstein colocou a Freud nos idos de 1932: é possivel superar ou controlar a violência? Freud, realisticamente, responde: “É impossível aos homens controlar totalmente o instinto de morte…Esfaimados pensamos no moinho que tão lentamente mói que poderíamos morrer de fome antes de receber a farinha”. (Disponível em http://www.leonardoboff.com/site/lboff.htm Acesso em 08 mai. 2007)
Da leitura desse parágrafo, podemos afirmar que:
  
I – o autor constata o fato de que a sociedade atual vive uma cultura de violência, dominação e poder.
II – o autor afirma ser impossível aos homens controlar a violência.
III – o autor afirma que os meios de comunicação são os responsáveis pela violência.
A apenas a afirmativa I está correta;
B apenas a afirmativa II está correta;
C apenas a afirmativa III está correta;
D as afirmativas I e II estão corretas;
E as afirmativas II e III estão corretas.
3. Do texto abaixo podemos dizer que:
“A maneira como a Prefeitura de São Paulo pretende combater a poluição visual na cidade, banindo toda propaganda externa – outdoors, cartazes, blacklights, banners, painéis, etc. – representa uma atrocidade a toda uma classe de publicitários, em especial aqueles conhecidos no meio como diretores de arte, artistas que se dedicam à publicidade, e que têm nos cartazes de rua sua mais antiga e tradicional ferramenta de trabalho. E também a mais instigante de todas”. (FRANÇÔIS PETIT, “Viva a poluição visual, Folha de S. Paulo, 10/11/06)
A é um texto predominantemente informativo porque o autor informa que retirar a propaganda externa representa uma atrocidade contra todos os profissionais que se dedicam à publicidade.
B é um texto predominantemente opinativo porque argumenta que a arte é instigante;
C é um texto predominantemente literário porque fala de diretores de arte e artistas;
D é um texto predominantemente opinativo porque o autor posiciona-se contra o fato da prefeitura pretender retirar todas as propagandas externas;
E é um texto predominantemente informativo porque seu objetivo é informar a população do que a prefeitura pretende fazer.
4. Leia o texto abaixo:
	A revolução digital
Texto e papel. Parceiros de uma história de êxitos. Pareciam feitos um para o outro. Disse “pareciam”, assim, com o verbo no passado, e já me explico: estão em processo de separação. Secular, a união não ruirá do dia para a noite. Mas o divórcio virá, certo como o pôr-do-sol a cada fim de tarde. O texto mantinha com o papel uma relação de dependência. A perpetuação da escrita parecia condicionada à produção de celulose.
Súbito, a palavra abriu um novo meio de propagação: o cristal líquido. Saem as árvores. Entram as nuvens de elétrons.
A mudança conduz a veredas ainda inexploradas. De concreto há apenas a impressão de que, longe de enfraquecer, a ebulição digital tonifica a escrita. E isso é bom. Quando nos chega por um ouvido, a palavra costuma sair por outro. Vazando-nos pelos olhos, o texto inunda de imagens a alma. Em outras palavras: falada, a palavra perde-se nos desvãos da memória; impressa, desperta o cérebro, produzindo uma circulação de idéias que gera novos textos. A Internet é, por assim dizer, um livro interativo. Plugados à rede, somos autores e leitores. Podemos visitar as páginas de um clássico da literatura. Ou simplesmente arriscar textos próprios. Otto Lara Resende costuma dizer que as pessoas haviam perdido o gosto pela troca de correspondências. Antes de morrer, brindou-me com dois telefonemas. Em um deles prometeu: “Mando-te uma carta qualquer dia desses”. Não sei se teve tempo de render-se ao computador. Creio que não. Mas, vivo, Otto estaria surpreso com a popularização crescente do correio eletrônico.
O papel começa a experimentar o mesmo martírio imposto à pedra quando da descoberta do papiro. A era digital está revolucionando o uso do texto. Estamos virando uma página. Ou, por outra, estamos pressionando a tecla “enter”.
(SOUZA, Josias de. A revolução digital. Folha de São Paulo, 6 mai. 1996. Caderno Brasil, p.2) 
 
(UFMG - adaptada) Com base na leitura feita, é CORRETO afirmar que o objetivo do texto é:
A defender a parceria entre o papel e o texto como uma história de êxitos;
B discutir as implicações da era digital no uso da escrita;
C descrever as vantagens e desvantagens da Internet na atualidade;
D narrar a história do papel e do texto desde a antiguidade;
E argumentar sobre a importância da escrita na era digital.
5. (UFMG - adaptada) Considerando a argumentação do autor quanto à relação entre a palavra falada e a palavra escrita, é CORRETO afirmar que
A na comunicação interpessoal, a palavra falada pode emocionar, sensibilizar, convencer, fazer pensar e, com isso, suscitar uma grande movimento de idéias e valores;
B no processo social de divulgação de conhecimentos, a palavra falada associada à escrita, exerce um papel fundamental na educação de na formação de opiniões;
C na produção cultural de ciência e arte, a palavra escrita tem função marcante, porque sua permanência material independe da memória humana e suacirculação instiga a reflexão;
D no processo social de produção de crenças, a palavra escrita, ao lado da falada, tem papel significativo no desenvolvimento da espiritualidade;
E na produção cotidiana de significados, a palavra falada é mais importante que a palavra escrita, porque sua efemeridade material independe da memória humana e sua circulação instiga a reflexão.
6. Dados os argumentos a seguir,
I - O cinema nacional conquistou nos últimos anos qualidade e faturamento nunca vistos antes. “Uma câmera na mão e uma idéia na cabeça” - a famosa frase-conceito do diretor Gláuber Rocha – virou uma fórmula eficiente para explicar os R$ 130 milhões que o cinema brasileiro faturou no ano passado. (Adaptado de Época, 14/04/2004)
II - Ao se desesperar num questionamento em São Paulo, daqueles em que o automóvel não se move nem quando o sinal está verde, o indivíduo deve saber que, por trás de sua irritação crônica e cotidiana, está uma monumental ignorância histórica.
São Paulo só chegou a esse caos porque um seleto grupo de dirigentes decidiu, no início do século, que não deveríamos ter metrô. Como cresce dia a dia o número de veículos, a tendência é piorar ainda mais o congestionamento – o que leva técnicos a preverem como inevitável a implantação de perigos. (Adaptado de Folha de S. Paulo. 01/10/2000)
III - A condescendência com que os brasileiros têm convivido com a corrupção não é propriamente algo que fale bem de nosso caráter. Conviver e condescender com a corrupção não é, contudo, praticá-la, como queria um líder empresarial que assegurava sermos todos corruptos.
Somos mesmo? Um rápido olhar sobre nossas práticas cotidianas registra a amplitude e a profundidade da corrupção, em várias intensidades. Há a pequena corrupção, cotidiana e muito difundida. É, por exemplo, a da secretária da repartição pública que engorda seu salário datilografando trabalhos “para fora”, utilizando máquina, papel e tempo que deveriam servir à instituição. Os chefes justificam esses pequenos desvios com a alegação de que os salários públicos são baixos. Assim, estabelece-se um pacto: o chefe não luta por melhores salários de seus funcionários, enquanto estes, por sua vez, não “funcionam”. O outro exemplo é o do policial que entra na padaria do bairro em que faz ronda e toma de graça um café com coxinha. Em troca, garante proteção extra ao estabelecimento comercial, o que inclui, eventualmente, a liquidação física de algum ladrão pé-de-chinelo. (Jaime Pinksky/Luzia Nagib Eluf.. Brasileiro(a) é Assim Mesmo, Ed.Contexto)
IV - São expedientes bem eficientes, pois, diante de fatos, não há o que questionar... No caso do Brasil, homicídios estão assumindo uma dimensão terrivelmente grave. De acordo com os mais recentes dados divulgados pelo IBGE, sua taxa mais que dobrou ao longo dos últimos 20 anos, tendo chegado à absurda cifra anual de 27 por mil habitantes. Entre homens jovens (de 15 a 24 anos), o índice sobe a incríveis 95,6 por mil habitantes. (Folha de S. Paulo. 14/04/2004).
Identifique a alternativa que classifica corretamente cada um dos tipos de argumentos, respectivamente.
A exemplificação; prova concreta; autoridade; causa/consequência
B causa/consequência; exemplificação; prova concreta; autoridade
C autoridade; exemplificação; causa/consequência; prova concreta
D autoridade; causa/consequência; exemplificação; prova concreta
E prova concreta; causa/consequência; exemplificação; autoridade
7. Leia as afirmativas a seguir sobre o texto argumentativo:
I - devem ser apresentados argumentos favoráveis e contrários à(s) idéia(s) sobre a(s) qual(is) se está escrevendo.
II - escrever um texto argumentativo é tecer comentários  impessoais sobre determinado assunto, limitando-se a apresentar aspectos favoráveis e contrários e/ou positivos e negativos da questão.
III - espera-se um texto em que sejam expostos e analisados, de forma coerente, alguns dos aspectos e argumentos envolvidos na questão tematizada.
IV - a argumentação é um recurso que tem como propósito convencer alguém, para que esse tenha a opinião ou o comportamento alterado. 
Escolha a alternativa que relaciona as afirmativas corretas.
A Apenas I e II estão corretas
B Apenas III e IV estão corretas 
C Apenas I, II e III estão corretas 
D Apenas II, III e IV estão corretas
E Apenas I, III e IV estão corretas
8. De acordo com o conteúdo sobre procedimentos argumentativos, vimos que uma das maneiras de provar nossa argumentação é usando o tipo de argumento que se segue:
 
O ministro da Educação, Cristovam Buarque, lança hoje o Mapa da Exclusão Educacional. O estudo do Inep, feito a partir de dados do IBGE e do Censo Educacional do Ministério da Educação, mostra o número de crianças de sete a catorze anos que estão fora das escolas em cada Estado. 
Segundo o mapa, no Brasil, 1,4 milhão de crianças, ou 5,5 % da população nessa faixa etária (sete a catorze anos), para a qual o ensino é obrigatório, não frequentam as salas de aula. 
O pior índice é do Amazonas: 16,8% das crianças do estado, ou 92,8 mil, estão fora da escola. O melhor, o Distrito Federal, com apenas 2,3% (7 200) de crianças excluídas, seguido por Rio Grande do Sul, com 2,7% (39 mil) e São Paulo, com 3,2% (168,7 mil). 
Essa argumentação é:
A de autoridade
B de exemplificação
C de provas concretas
D de causa e consequência
E de competência linguística
9. Leia as afirmativas abaixo e, a seguir, escolha a alternativa correspondente: 
I – A unidade é condição necessária de um texto.
II - Um texto ganha mais peso quando, direta ou indireta​mente, apóia-se em outros textos que trataram do mesmo tema.
III – Mesmo um texto desorganizado, sem articulação lógica entre os seus segmentos, convence e persuade dependendo do leitor.
IV – Exemplos concretos adequados dá mais confiabilidade a uma idéia geral e abstrata.
A Apenas I e II estão corretas
B Apenas II e III estão corretas
C Apenas III está incorreta
D Apenas III e IV estão incorretas
E Todas estão corretas
EXERCÍCIOS: tipos de argumentos
1. Segundo Louis Hjelmslev, autor de Prolegômenos a uma teoria da linguagem, a linguagem é uma inesgotável riqueza de múltiplos valores. 
Na citação acima ocorre:
A Argumentação por raciocínio lógico
B Argumentação por consensualidade
C Argumentação por autoridade
D Argumentação por experiência
E Argumentação por consensualidade lógica
2. Leia o texto e responda, indicando a opção correta:
“O Brasil não tem arrumação. O brasileiro além de não saber votar também não gosta de pagar impostos, o que impregna a todos num processo de corrupção generalizada.”
A São argumentos que podem ser usados para fortalecer uma opinião;
B  É um texto de opinião coeso, coerente, claro, portanto, verdadeiro;
C É um texto que usa o senso comum ou lugar-comum, que não serve como argumento;
D São afirmações de consenso no Brasil;
E Trata-se de um texto bem coerente e fácil de entender.
3. Indique verdadeiro ou falso nas afirmações seguintes e indique a opção com a resposta correta.
(   ) 1) O argumento baseado no consenso são proposições aceitas como verdadeiras numa determinada época;
(   ) 2) O argumento de autoridade nem sempre pode ser utilizado;
(   ) 3) O texto argumentativo usa vocabulário não corriqueiro;
(   ) 4) Toda tese precisa de argumentação para atingir a eficácia;
(   ) 5) O contato direto entre os falantes na comunicação escrita é mais proveitoso que na falada;
(   ) 6) A flutuação (mudança) do assunto nas comunicações orais é notória;
A V;F;V;V;F;V
B V;V;F;F;F;F
C V;F;F;V;F;V
D F;V;V;F;F;V
E F;F;F;V;F;V
4. Assinale a alternativa que não corresponde a característica do discurso argumentativo:
A apoio em argumentos de consenso
B argumentos de autoridade
C fundamentação lógica
D comprovação pela subjetividade
E competência linguística
5. Assinale a alternativaque apresenta opinião, baseada em argumento de autoridade:
A Os assuntos que cairão na prova serão revistos em sala de aula.
B Só mama quem chora.
C 80% dos alunos queixam-se da falta de transportes públicos depois das 23h.
D Os programas de garantia de renda mínima são mais eficientes do que os assistencialistas porque garantem a independência dos favorecidos, explica Julio Jacob, da Unesco.
E Muitos pais utilizam o dinheiro do seguro-saúde para tomar cachaça.
6. Com base nos tipos de argumentos estudados, analise o fragmento a seguir – retirado do texto “Gramática e desempenho lingüístico”, de Gilberto Scarton – indicando qual o tipo de argumento utilizado pelo autor, no fragmento em questão: 
Poder-se-á objetar que a ilustração de há pouco é apenas hipotética e que, por isso, um argumento de pouco valor. Contra argumentar-se-ia dizendo que situação como essa ocorre de fato na prática. Na verdade, todo o ensino de 1° e 2° graus é gramaticalista, descritivista, definitório, classificatório, nomenclaturista, prescritivista, teórico. O resultado? Aí estão as estatísticas dos vestibulares. Valendo 40 pontos a prova de redação, os escores foram estes no vestibular 1996/1, na PUCRS: nota zero: 10% dos candidatos, nota 01: 30%; nota 02: 40%; nota 03: 15%; nota 04: 5%. Ou seja, apenas 20% dos candidatos escreveram um texto que pode ser considerado bom.
A argumento com base no consenso
B argumento de provas concretas
C argumento de autoridade
D argumento por ilustração
E argumento de competência linguística
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Tópico 2 (NP2): O artigo de opinião e o texto crítico (resenha), enquanto gêneros discursivos
São várias as formas de estruturar um artigo de opinião. Mas, em geral, os artigos de opinião contêm os seguintes elementos, de acordo com a questão em discussão. 
1)     Contextualização e/ou apresentação 
2)     Explicitação da posição assumida.
3)     Utilização de argumentos que sustentam a posição assumida.
4)     Consideração de posição contrária e antecipação de possíveis argumentos contrários à posição assumida.
5)     Utilização de argumentos que refutam a posição contrária.
6)     Retomada da posição assumida e/ou retomada do argumento mais enfático.
7)     Proposta ou possibilidades de negociação.
8)     Conclusão (que pode ser a retomada da tese ou posição defendida).
 
Observe que esses elementos podem estar em qualquer ordem e nem todos precisam aparecer num artigo de opinião.
Veja como essa estruturação é feita, analisando o artigo de opinião abaixo: 
  
  
	Pela descriminalização do aborto
11/05/2007 
(1) "Ninguém é a favor do aborto. A pergunta é: a mulher deve ser presa? Deve morrer?" A declaração é do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Defensiva, retrata como é difícil debater a descriminalização do aborto até 12 semanas de gestação (há um projeto em tramitação no Congresso). Pertinente, traz indagações que merecem discussão.
 (2) Lula tem razão quando diz que ninguém é a favor do aborto. Colocar a discussão nesses termos é transformar num Fla-Flu um grave problema de saúde pública que atinge sobretudo os mais pobres. É simplificar nuances legais, morais, éticas, religiosas.
(3) Segundo dados do Ministério da Saúde, 220 mil mulheres procuram hospitais públicos por ano para tratar de seqüelas de abortos clandestinos. Há estimativas extra-oficiais de que sejam realizados mais de um 1 milhão de abortos por ano no Brasil.
 (4) De 1941, a lei brasileira só permite a interrupção da gravidez em dois casos: se resultado de estupro e na hipótese de risco à vida da mãe. Fora disso, é crime. A pena pode chegar a três anos de prisão.
 (5) Os ministros José Gomes Temporão (Saúde) e Nilcéa Freire (Políticas para as Mulheres) defendem a discussão e a eventual aprovação no Congresso da legalização do aborto até 12 semanas de gestação --período até o qual, segundo cientistas, não há relação entre os neurônios.
(6) Juridicamente, a morte cerebral é entendida como o fim da vida. Os defensores da legalização do aborto até 12 semanas, por analogia, argumentam que a vida começaria com a atividade cerebral. Daí a proposta desse prazo-limite, já adotado em países que legalizaram a interrupção da gravidez.
 (7) Para o Vaticano e outro grupo de cientistas, a vida começa na concepção (fecundação do óvulo pelo espermatozóide). E essa vida dura até seu declínio natural. O papa, portanto, não admite aborto, inclusive nos casos previstos na lei brasileira. E também é contra a eutanásia.
(8) A Igreja Católica, o papa Bento 16 e qualquer cidadão contrário ao aborto têm o direito de defender seus pontos de vista e de lutar para que a legislação os contemple. As pessoas que desejam a legalização do aborto até 12 semanas de gestação também.
(9) Nenhuma das partes possui o direito de impor à outra o seu desejo. Numa democracia laica, essa decisão cabe ao conjunto da sociedade e aos legisladores - respeitando-se, sempre, o direito das minorias.
(10) Mais: não será a legalização (ou descriminalização) do aborto até 12 semanas que obrigará as seguidoras de Bento 16 a interromper a gravidez. Não parece razoável supor que o número de abortos vá aumentar ou diminuir em função dessa eventual alteração da lei.
(11) Pesquisa Datafolha realizada em março mostrou que 65% dos entrevistados não desejam mudar a atual legislação do aborto. Ou seja, é mínima a chance de modificação via plebiscito. Ao longo do debate, talvez possa haver alteração desse quadro, mas não é o provável.
 (12) Seria possível, entretanto, mostrar que a ciência avançou a ponto de poder, por exemplo, detectar uma má-formação do feto que inviabilize a sua vida fora do útero. Nessa hipótese, é justo impor a gestação à mulher? Enfim, um plebiscito daria pelo menos a chance de a população ficar mais esclarecida.
 (13) Mas Bento 16 e a Igreja Católica não aceitam plebiscito. Acusam os defensores da descriminalização do aborto de serem defensores da morte. Dizem que são a favor da vida e ponto, despejando dogmas com cartesianismo fundamentalista.
 (14) Ora, interdição de debate não dá. Tampouco pressão política sobre o governo e o Congresso na base de ameaça de excomunhão.
Kennedy Alencar. Folha Online, Pensata. 
Observação: os parágrafos foram numerados a fim de facilitar a explicitação do processo de leitura.
Podemos realizar uma leitura possível de um artigo de opinião utilizando a própria estrutura do texto, enunciada acima. 
Vejamos como a estrutura proposta se revela no artigo em questão: 
 
1)  Nos parágrafos de 1 a 4 o autor apresenta a questão a ser discutida e contextualiza o tema em discussão, no cenário brasileiro;
2)  Nos parágrafos 5 e 6, o autor explicita sua posição e argumenta a favor dela, utilizando o argumento de autoridade científica e jurídica;
3)  No parágrafo 7, o autor considera a posição contrária à sua;
4)  Nos parágrafos 8 a 10, o autor antecipa possíveis argumentos contrários à sua posição;
5)  No parágrafo 12, o autor retoma sua posição;
6)  No parágrafo 13, o autor propõe uma negociação e,
7)  No parágrafo 14, ele retoma a tese (a dificuldade do debate sobre a descriminalização do aborto) e conclui.
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Leia o artigo de opinião a seguir, de autoria de Raquel Rolnik, publicado no jornal Folha de S. Paulo e identifique como a autora organizou a estrutura de seu texto.
	23/09/2013 - 01h30 
Cidades: entre desafios e esperanças
(1) Estava em Belfast, capital da Irlanda do Norte, em plena missão como relatora da ONU para o direito à moradia, chocada com os muros que separam as comunidades católicas das protestantes no norte da cidade (denominados --pasmem!-- de "peace lines" --ou linhas da paz), quando recebi o convite da Folha para publicar uma coluna quinzenal em "Cotidiano". 
(2) Aceitei imediatamente, reconhecendo o privilégiode poder abrir mais um espaço de reflexão sobre as cidades neste momento de nossa trajetória urbana. Mas por que este momento é particularmente especial? 
(3) A resposta mais óbvia reverbera as vozes dos milhões de manifestantes das chamadas "jornadas de junho" que reposicionaram o tema das cidades na agenda do país. 
(4) Embora a precariedade de nosso urbanismo e a má qualidade dos espaços e serviços públicos em nossas cidades não sejam absolutamente novidade, sempre me perguntei por que esse tema não fazia parte da agenda de debate público do país. Tomemos como exemplo o tema da mobilidade, que hoje ocupa os corações e mentes de nossas cidades, funcionando como uma espécie de expressão máxima de nosso mal-estar urbano. 
(5) Ora, há décadas o transporte público é de baixíssima qualidade e, pelo menos desde os anos 70, andar de ônibus e trens de subúrbio nas principais metrópoles brasileiras é visto como uma espécie de calvário vivido por aqueles que, desprovidos de meios econômicos, não podem ter seu próprio automóvel. Há décadas sabemos que são prestadores desse e de outros tipos de obras e serviços públicos que sustentam candidaturas e eleições municipais, garantindo seus negócios e a sobrevivência política de quem apoiam. Mas o tema do transporte público não "aparece" na agenda: os formadores de opinião, dentro e fora do Estado, nos meios de comunicação, nos "think-tanks" do país, salvo honrosas exceções, simplesmente não usam nem nunca usaram ônibus e trens de subúrbio. 
(6) O mesmo poderíamos dizer de muitos outros temas urbanos: a moradia e os espaços públicos, só para nomear alguns. Entretanto, parece que alguma coisa mudou nesse cenário. Será que foi necessário generalizar a imobilidade para o tema do transporte público ganhar centralidade e relevância? Teriam sido os velhos carros da "nova classe média" e a multidão de motoqueiros disputando o espaço dos automóveis nas ruas que inverteram essa equação? Ou estaríamos diante da crise de um modelo de mobilidade insustentável para as dimensões metropolitanas? 
(7) A migração pragmática para o transporte público e as bicicletas por parte dos proprietários de veículos --fartos de ficarem presos em congestionamentos-- e a mudança cultural que isso implica na relação com a cidade teriam também desempenhado um papel? 
(8) E movimentos como o passe livre e as ocupações (de prédios vazios, de espaços públicos) que, embora invisíveis para o grande público e reprimidos pela polícia, não pararam de crescer na última década? E a visibilidade crescente das relações promíscuas entre empresas e estado? 
(9) Perguntas como essas me animam a escrever esta coluna: pensar a cidade e seus desafios, trazer referências de experiências urbanas de outros países, fomentar o debate de políticas e planos, enfim, alimentar esperanças de utopias possíveis. De cidades justas e belas em nosso país. 
Raquel Rolnik é urbanista, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e relatora especial da Organização das Nações Unidas para o direito à moradia adequada.
Observação: os parágrafos foram numerados a fim de facilitar a explicitação do processo de leitura.
Parágrafos 1 a 3: 
	
	
	
Parágrafo 4: 
	
	
	
Parágrafos 5 e 6: 
	
	
	
Parágrafo 7:
	
	
	
Parágrafo 8:
	
	
	
Parágrafo 9:
	
	
	
	Em artigo, Carlos Heitor Cony elogia atuação de Romário na Câmara 
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Confira abaixo o artigo do jornalista e escritor Carlos Heitor Cony sobre a atuação do deputado federal Romário (PSB/RJ), publicado na Folha de S. Paulo do dia 04 de agosto. Cony é membro da Academia Brasileira de Letras e comentarista das rádios CBN e Band News.
Romário
É cedo para avaliar a atuação da safra de novos deputados federais eleitos para a atual legislatura. Não sou entendido no setor nem tenho conhecimentos amplos sobre os trabalhos ali realizados. Contudo gostaria de destacar a atuação de Romário, do PSB carioca.
Conhecia-o de sobra nos campos de futebol, mas julgava-o no mesmo patamar de outros esportistas e artistas que, em certo trecho das respectivas carreiras, decidem tentar a política, seduzidos pelos partidos interessados em aumentar seus coeficientes eleitorais.
Tirante ideias específicas sobre esporte ou pela popularidade de seus ofícios, nada trazem de novo para o debate social.
Romário despontou com um programa novo para este tipo de político mais ou menos improvisado. Nascido em favela, conhecendo a vida dentro e fora dos campos, guardou dentro de si algumas ideias lúcidas que já começaram a se impregnar em sua personalidade ainda rude, mas inteligente e, tal como em suas atuações nos estádios, oportunista no bom sentido. Sua luta pela inclusão social de grande parte da população, no que diz respeito principalmente aos deficientes, está fazendo dele uma liderança respeitada pelos entendidos no assunto.
Com a força de sua popularidade, está atraindo a discussão nacional para um tema que sempre foi tratado de maneira utópica, para encher linguiça nas campanhas eleitorais. No seu terreno preferencial, o esporte, já alertou o governo com severidade sobre o atraso nas obras para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016.
Pouco a pouco, vem se destacando entre os novos e já falam em seu nome para a prefeitura carioca, não mais como o herói de tantas jornadas, mas como ex-favelado que, sem a argúcia e a experiência política de Lula, tem o bom-senso dos simples e a simplicidade dos fortes.
Texto extraído de: http://www.romario.org/noticias/item/80-rom%C3%A1rio. Acesso em 26.09.2013
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RESENHA CRÍTICA
A resenha crítica (também denominada recensão crítica, quando mais longa e acompanhada de aparato crítico) consiste num conjunto de comentários sobre um livro no seu todo ou sobre os aspectos mais relevantes da obra. É um artigo de divulgação científica em que se dá uma ideia sobre o conteúdo de uma obra por meio de um resumo de seu conteúdo e, também, se exerce análise crítica, observando a expressão lingüística, os métodos, os conceitos, os seus valores de acordo com os objetivos do texto resenhado. Para maior validade da análise crítica, apóia-se, com citações bibliográficas, nas opiniões de outros estudiosos de reconhecida autoridade no assunto.
A linguagem segue os padrões da linguagem científica das redações acadêmicas, respeitando as opiniões expressas no texto estudado com fidelidade, sem deformação das idéias nem procura de polêmica apaixonada. O autor da resenha deve conhecer bem o assunto e ter espírito crítico capaz de perceber; no conjunto e nas partes, os valores críticos.
A resenha distribui-se, geralmente, em partes que podem não estar indicadas com títulos.
Introdução com as referências bibliográficas e dados sobre o autor.
Resumo do conteúdo.
Análise com julgamentos de valores dos pontos mais importantes ou controversos. Em obras literárias, estuda-se a construção das personagens, psicológica e socialmente.
Apreciação da obra quanto ao seu valor científico ou estético em visão crítica objetiva, imparcial, sem digressões, que mais ressaltam as idéias do resenhador que do resenhado. Avalia-se a importância da obra dentro da área de atuação.
Conclusão que abranja o valor do conjunto todo da obra.
Exemplo de resenha crítica
O dicionário do mundo brasileiro - Dino Preti - Especial para a Folha
NOVO DICIONÁRIO AURÉLIO DA LÍNGUA PORTUGUESA 2.a EDIÇÃO,
de Aurélio Buarque de Holanda, Nova Fronteira, 1.838 págs. CR$4.200,00
	Não é preciso aprofundar-se muito na leitura dos verbetes desta obra para se constatar que seu objetivo fundamental é constituir-se num instrumento para conhecer a língua portuguesa contemporânea (muito especialmente a do Brasil), dando-se ênfase ao fator uso lingüístico na escolha dos vocábulos. Isto quer dizer que se privilegia a funçãoda língua como meio de comunicação, colocando-se na abonação das variações semânticas escritores de renome ao lado de cronistas de imprensa diária, jornalistas, letristas de músicas populares etc., além da própria linguagem oral ou da veiculada pelos meios de comunicação de massa. E, apesar da indicação das possíveis e mais conhecidas etimologias dos vocábulos lusitanos, denotando um possível interesse histórico, acentua-se uma visão sincrônica do léxico, que se observa, mão só no grande número de brasileirismos, mas também na presença de termos estrangeiros, vocábulos técnicos e gíria, em uso na língua comum do Brasil.
Falhas
Se é justo afirmar-se que todo dicionário reflete a visão de uma sociedade e de uma cultura, podemos dizer que o "Aurélio" tornou-se, por excelência, o dicionário do mundo brasileiro. Mas, apesar disso (ou por isso mesmo), não está isento de falhas, que aparecem, por exemplo, na estruturação dos verbetes (pelo menos em alguns deles) e na classificação sociolingüística dos vocábulos.
Sabemos que na estrutura de um verbete (descrição dos significados de um vocábulo num dicionário) podem-se considerar duas partes: uma semântica, que se refere aos vários sentidos dos vocábulos e às abonações de seu uso; e outra não-semântica que contém a formação e origem do vocábulo, a classificação gramatical (classe dos nomes, regência dos verbos etc.), a distribuição sociolingüística (vocábulo culto, popular, chulo etc.), a relação com os microssistemas lexicais (linguagem técnica, profissional, gíria etc.), a ligação geográfica (lusitanismo, brasileirismo etc.).
Essa organização metodológica é desigual no "Aurélio" e, por vezes, confusa. Na descrição dos significados deveria levar-se em conta não apenas a ordem alfabética e a classe gramatical ou a regência dos verbos, mas também a conexão de sentido entre os vários usos e significados, agrupando sentidos próximos ou conseqüentes e deixando para o fim do verbete (como é de hábito) a indicação das expressões lexicais locuções, frases feitas com o vocábulo-base). Não é o que sempre ocorre. Um vocábulo como raio (que oscila sem qualquer indicação gráfica entre o singular e o plural ao longo dos vários significados arrolados no verbete) vem descrito citando-se vários tipos científicos de raios (alfa, anódicos, beta; canal, catódicos, cósmicos, delta etc.) e no meio deles: raios partam, interjeição! Eis um exemplo da má organização de um verbete, em que as expressões lexicais populares deveriam compor uma unidade parte no final. Além disso, esquece-se de raios laser, sintagma da linguagem técnica, muito usual hoje.
Por outro lado são desiguais as decisões que se tomam a propósito do aportuguesamento dos vocábulos; não havendo na Introdução da 1ª edição ou da 2ª (está reduzida a meia dúzia de linhas!), esclarecimentos a propósito dos critérios adotados. Sirvam de exemplo: copy desk torna-se copidesque e até se propaga para o verbo copidescar; copyright vira o esquisito copirraite; mas free lancer, apartheid, byte (baite) e outros tão usados na língua comum permanecem na forma original estrangeira.
Mais irregular ainda é a distribuição das marcas sociolingüísticas dos vocábulos, o que indica indecisão de critérios, em particular pela insistência na classificação geográfica (brasileirismo) ou na muito genérica (vocábulo popular), em detrimento da indicação de gíria ou de vocábulo chulo. Por exemplo: fofoca, fofocar e seus derivados aparecem como brasileirismos e termos populares, quando pela sua própria estrutura morfológica (sílabas repetidas, como ocorre em patota, lelé, gagá, tutu etc.) são tipicamente gírios; cola entra como brasileirismo na acepção de "cópia clandestina nos exames escritos", mas seu derivado colar, no mesmo sentido, é classificado não só como brasileirismo, mas também como gíria; fresco é um adjetivo chulo, mas frescura é apenas um substantivo popular; bomba aparece como brasileirismo no sentido de "reprovação em exame", quando na realidade se trata de gíria escolar e deveria constar em expressões lexicais do tipo levar bomba, tomar bomba, ligada a um verbo gírio bombar, que o "Aurélio" não registra, referindo-se apenas a uma forma vernácula bombear, que não existe na gíria.
Apesar desses e de outros problemas menores, não se pode negar que o "Aurélio" (agora com 180 mil verbetes; em sua 2ª edição) constitui um verdadeiro dicionário popular. É que há nessa obra de referência uma filosofia liberal que a faz dar acolhida aos vocábulos oriundos das mais diversas camadas sócio-culturais, o que, de certa forma, a liga aos anseios democráticos da sociedade brasileira contemporânea.
	Folha de S. Paulo. 04.01.1987, Ilustrada, 4. cad. A-39.

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