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SUSPENSÕES Uma suspensão farmacêutica é um tipo de sistema disperso em que uma substância (a fase dispersa) está distribuída em forma particulada numa outra (a fase contínua). As suspensões podem ser classificadas em suspensões grosseiras em que o diâmetro das partículas são maiores que 1m, e suspensões coloidais onde as partículas são consideravelmente menores que 1m em diâmetro. FORMULAÇÃO Veículos O veículo é o meio onde os ingredientes da suspensão medicinal estão dispersos e, como para as soluções farmacêuticas, a água é normalmente o veículo de escolha. A densidade de um veículo aquoso pode ser aumentada pela adição de glicerol ou sacarose e a viscosidade pode ser modificada como se descreve a seguir. Veículos não aquosos, como o óleo de coco fracionado, podem ser usados para drogas que são instáveis na presença de água. Outros aditivos Os aditivos que estão incluídos em algumas soluções farmacêuticas podem também ser necessários para suspensões, por exemplo: tampões, estabilizantes, conservantes, corantes e flavorizantes. Propriedades de uma boa suspensão farmacêutica 1. Após agitação, o medicamento permanece em suspensão o tempo suficiente para que uma dose seja cuidadosamente medida. 2. A suspensão é prontamente removida do seu frasco, isto é, deve ser fluida. 3. O sedimento formado durante o repouso é volumoso e redispersa facilmente. 4. As partículas em suspensão são de tamanho pequeno e relativamente uniforme para que o produto não tenha textura arenosa. Fatores que afetam as propriedades de uma suspensão farmacêutica As propriedades físicas de sistemas dispersos e o projeto de uma suspensão como forma de liberação de fármaco são discutidas com mais detalhes em bibliografias relacionadas. Apenas uma breve descrição dos fatores que afetam a formulação de suspensões farmacêuticas está incluída neste trabalho. Sólidos difusíveis Alguns pós insolúveis são leves e facilmente molháveis. Podem se misturar prontamente com água e por agitação se difundem através do líquido mantendo-se distribuídos por bastante tempo para que uma dose seja medida. Algumas substâncias conhecidas como difusíveis ou sólidos dispersáveis, por exemplo caolin (exemplo 1), trissilicato de magnésio (exemplo 2) e carbonato de magnésio leve (exemplo 3). Lei de Stockes A taxa de assentamento ou sedimentação de partículas numa suspensão pode ser descrita pela Lei de Stockes, que descreve a velocidade (v) de uma partícula esférica de raio r e densidade caindo num meio líquido de densidade e viscosidade onde g é a aceleração da gravidade. Esta descreve que um decréscimo na taxa de sedimentação pode ser conseguido pela redução do tamanho das partículas, por aumento na densidade da fase contínua líquida e pelo aumento da viscosidade da fase contínua. v r g 2 9 2 ( ) Controle do tamanho das partículas Numa pequena escala um gral e pistilo pode ser usado para triturar qualquer ingrediente que não se apresente como pó fino. Suspensões defloculadas Num sistema completamente defloculado todas as partículas permanecem separadas como unidades individuais muito pequenas e sedimentam muito lentamente. A repulsão entre as partículas previne a formação de agregados durante a sedimentação. Entretanto, o sedimento que se forma eventualmente é muito difícil de ser redisperso e é descrito como um ‘bolo’ ou ‘barro’. Suspensões floculadas Floculação envolve a agregação de pequenas partículas individuais para formar grandes grupos, aglomerados ou flóculos. A sedimentação destas grandes partículas agregadas é mais rápida que no estado defloculado devido ao tamanho ser maior. Entretanto, o sedimento formado é frouxo e prontamente redispersível. Se ocorrer uma floculação excessiva o veículo apriosionado dentro dos flóculos pode causar um aumento da viscosidade da suspensão, tornando-a não fluida. Na prática da floculação controlada é desejável que uma adequada combinação de taxa de sedimentação, tipo de sedimento e fluidez sejam considerados. Agentes floculantes podem ser eletrólitos, tensoativos iônicos e alguns materiais poliméricos, como amido e derivados da celulose. Sólidos fracamente molháveis Algumas substâncias tanto são insolúveis em água como fracamente molhável por esta. Quando dispersões em água são preparadas é difícil dispersar o aglomerado e a espuma produzida pela agitação tende a persistir devido a estabilização desta pelo filme de sólido não molhável na interface líquido-ar. Para garantir satisfatória molhabilidade, a energia interfacial entre as partículas sólidas e o líquido deve ser reduzida. Isto pode ser obtido pela adição de um agente molhante adequado que é adsorvido na interface sólido-líquido de tal forma que a afinidade das partículas pelo meio ao seu redor é aumentada enquanto as forças intrparticulares são diminuídas, isto é, ocorre a defloculação. Agentes tensoativos usados como agentes molhantes para aplicação externa incluem a tintura de quilaia (exemplo 4) e lauril sulfato de sódio. Para administração oral os menos tóxicos como os polissorbatos e ésteres de sorbitano são preferidos. Colóides hidrofílicos, como acácia, tragacanto e os alginatos, podem também atuar como agentes molhantes através da cobertura das partículas sólidas hidrofóbicas e conferindo-lhes um caráter hidrofílico. Estas substâncias também causam defloculação das partículas em suspensão, especialmente em baixas concentrações. Sólidos indifusíveis Estes pós insolúveis podem não permanecer eventualmente distribuídos num veículo por tempo suficiente para garantir uma dosagem uniforme, por exemplo o giz (exemplo 5), óxido de zinco e calamina (exemplo 6). O meio mais simples de corrigir este problema é aumentar a viscosidade do veículo pela adição de agentes espessantes. Estes tornam mais demorada a sedimentação impedindo a queda das partículas sob ação da gravidade e por obstrução das colisões entre as partículas que levam a formação de agregados que se depositam rapidamente. Agentes espessantes Polissacarídeos Goma acácia. Este é um material de origem natural obtido de algumas espécies de Acacia e ocorrem como gotas de exsudato incolores ou âmbar, ou como um pó branco. Soluções de acácia em água (4 partes por peso de goma em 6 partes por volume de água) formam uma mucilagem viscosa. Acácia é um pobre espessante comparado com outras gomas de origem natural e compostos semi- sintéticos mas é um bom colóide protetor e seu valor como agente suspensor é largamente devido a isto. É usado em combinação com goma tragacanto e amido no Pó de Tragacanto Composto BP para preparações internas, mas é geralmente muito pegajoso para uso externo. Sendo de origem natural, acácia pode ser contaminada com micro-organismos e pode necessitar de esterilização antes do uso. Também contém enzimas como peroxidase que podem afetar produtos susceptíveis, mas são destruídas por aquecimento a 100ºC. Goma Tragacanto. É um extrato dessecado de algumas espécies de Astragalus e ocorre como escamas finas, esbranquiçadas, emborrachada, ou como pó branco. Com água forma soluções viscosas ou gel dependendo da concentração e é um espessante muito melhor que a goma acácia. É também menos pegajoso que acácia e pode ser usado para preparações externas. Goma tragacanto é usada como agente suspensor pós indifusíveis pesados. Quantidade apropriada é 0,2g da goma tragacanto em pó para 100mL de suspensão. Pó de tragacanto Composto BP 1980 consiste de acácia (20%), tragacanto (15%), amido (20%) e sacarose (45%) e é usado na quantidade de cerca de 2g para 100mL de suspensão. Para o método de preparação da mucilagem veja o exemplo7. Goma tragacanto contém uma fração solúvel e insolúvel; a última é hidratada lentamente e a máxima viscosidade das mucilagens preparadas com goma tragacanto é obtida após vários dias. Fora da faixa de pH de 4-7,5 as mucilagens de goma de tragacanto perdem a viscosidade rapidamente. Devem ser preservadas se tiverem de ser guardadas por longo período. Alginato de sódio. Consiste principalmente de sal sódico do ácido algínico e é derivado de algas marinhas. Apresenta-se como um pó branco. Forma uma solução viscosa com água, a cerca de 1%, dando um produto com aproximadamente a mesma força suspensora que a mucilagem de tragacanto BP. Na preparação da mucilagem de alginato, os aglomerados são evitados pelo uso de 2-4% de álcool, glicerol ou propilenoglicol como agente dispersante. Alternativamente o veículo pode ser mecanicamente agitado e o pó espalhado no turbilhão. Aquecendo o veículo acelera-se a solubilização, mas temperatura próxima de 70ºC causa despolimerização com consequente perda de viscosidade. A mucilagem deve permanecer em repouso por 12 horas antes de ser usada, para estabilizar a viscosidade. Máxima viscosidade é obtida em pH 7, mas pouca mudança ocorre entre pH 4 e 10. A pH 3 o ácido algínico é precipitado. Alginato de sódio é um composto aniônico e, portanto, incompatível com substâncias catiônicas. É também incompatível com metais pesados, sais de cálcio e sais de fenil mercúrio. Amido. É um constituinte do Pó de Tragacanto Composto BP e tem sido usado em combinação com carboximetilcelulose. Uma mucilagem contendo 2,5% de amido em água produz um produto viscoso (exemplo 8). Goma Xantana. É um polissacarídeo semi-sintético consistindo de sais sódico, potássico ou cálcico de polissacarídeo de alto peso molecular parcialmente acetilado. É um pó cor de creme e é solúvel em água quente ou fria. Uma concentração de 0,5% produz um produto viscoso sobre uma larga faixa de temperatura e pH. Pode ser conveniente preparar uma solução estoque a 1% com conservante adequado que pode ser usado quando necessário. Celuloses solúveis em água Metilcelulose. São ésteres metílicos resultantes da metilação da celulose. Os vários graus de metilação e tamanho da cadeia produz variadas características e o nome é usualmente seguido por um número que fornece uma indicação da viscosidade da solução aquosa a 2% a 20ºC. Os graus de viscosidade alta (2500- 4500) são usados como espessantes e agentes dispersores. São pós brancos ou branco-cremosos que dispersam em água formando soluções viscosas. São solúveis em água fria, mas insolúveis em água quente. Uma mucilagem pode ser preparada pela sua adição a cerca de 1/3 da água, aquecida a ebulição e deixado em repouso por 30 minutos. O restante da água é então adicionado, tanto como gelo ou resfriada em gelo, e o produto agitado até homogeneidade. Mucilagens de metilcelulose são límpidas ou opalescentes, incolores, insípida, inerte e neutra. São não- iônicas e estáveis sob uma larga faixa de pH. Por aquecimento, estas mucilagens primeiro decrescem em viscosidade e depois, com a elevação da temperatura, as moléculas de metilcelulose gradualmente sofrem desidratação até que, próximo de 50ºC, a dispersão gelifica. Por resfriamento, o gel reverte a sol e a viscosidade retorna ao normal. Metilcelulose é usada tanto externa como internamente. A concentração usada depende do polímero, mas é usualmente entre 0,5 e 2%. Detalhes sobre as substâncias com as quais a metilcelulose é incompatível são dadas em Martindale. Hidroxietilcelulose. Esta substância tem hidroxietil no lugar dos grupos metoxi mas a substituição é menos precisa que em metilcelulose. É solúvel em água fria e quente, produzindo soluções que são mais límpidas que soluções de metilcelulose e não gelificam sob aquecimento. As mucilagens são preparadas pelo espalhamento do pó num turbilhão enquanto o veículo é mecanicamente agitado. É usada com o mesmo propósito da metilcelulose quando a limpidez e a não gelificação são vantagens. Carboximetilcelulose sódica. Também chamada carmelose sódica, difere da metilcelulose por ter um dos átomos de hidrogênio do grupo metil trocado por um grupamento carboxi. Variados graus de polimerização produzem soluções aquosas de diferentes viscosidades. Carmelose sódica é dissolvida em água fria e mais solúvel em água quente, produzindo soluções claras. Mucilagens de carmelose sódica são usualmente preparadas pelo mesmo processo descrito para hidroxietilcelulose enquanto se aquece o veículo. Soluções estoque devem conter um conservante. Carmelose sódica é mais sensível ao pH que a metilcelulose, sendo estável numa faixa de ph entre 5 e 10. É usada numa concentração entre 0,25 e 1% como agente suspensor. É incompatível com ácidos fortes e íons de metais pesados. Argilas Várias argilas naturais são usadas como agentes espessantes. Estas são silicatos hidratados coloidais nativos, bentonita, hectorita e silicato de magnésio e alumínio. Graus farmacêuticos devem estar livres de partículas arenosas. Estas argilas se hidratam prontamente, absorvendo muitas vezes seu peso em água para produzir sóis ou géis dependendo da concentração. Os sóis são mais adequados para suspender pós não difusíveis em suspensões aquosas. As argilas não mantêm, mas não inibem a multiplicação microbiana e, portanto, um conservante é necessário. Devido a sua fonte as argilas podem estar contaminadas com esporos microbianos e devem preferivelmente ser esterilizados antes do uso em preparações farmacêuticas, especialmente para aplicação em pele lesada. Bentonita. É um pó muito fino camurça claro ou creme, higroscópico, com um fraco sabor de terra. Sua cor é uma desvantagem para algumas preparações. Uma dispersão contendo 7% é adequadamente fluida e uma contendo 25% tem uma consistência de lanolina. Cerca de 2% é usada para suspender sólidos não difusíveis em preparações de uso externo (exemplo 6). Um sol contendo 5% é conveniente para ser dispensado e pode ser preparado pelo espalhamento da bentonita sobre a superfície da água quente e deixando em repouso durante 24 horas com agitação ocasional. As dispersões são floculadas por eletrólitos fortes e partículas ou soluções positivamente carregadas. Silicato de Magnésio e Alumínio. Ocorre como um pó branco-cremoso, inodoro e insípido, ou pequenas escamas. É usado principalmente na indústria, como agente espessante em preparações de uso interno ou externo, numa concentração entre 0,5 e 2%, tanto sozinho ou para substituir outros agentes suspensores. Hectorita. É um pó branco, contém traços de lítio ou fluoreto, mas graus livres de fluoreto são disponíveis. É usado industrialmente em suspensões para uso externo. Hectorita absorve mais água que bentonita e uma dispersão a 1-2% é clara e resulta num gel altamente tixotrópico. Espessantes sintéticos Estes foram introduzidos para superar os problemas advindos da variação da qualidade dos produtos de origem natural. Carbomero (polímero carboxivinílico). É um polímero de alto peso molecular de ácido acrílico com ligações cruzadas de alil sacarose. É um pó branco fofo e higroscópico. Suas soluções são ácidas porque têm uma alta proporção de grupos carboxi, e têm uma baixa viscosidade. Mas, quando neutralizadas com hidróxido de sódio (0,4 partes por peso para 1 parte do carbômero) são convertidas em géis altamente viscosos. Menos que 1% do sal sódico produz um gel com água. Uma importante vantagem do carbômero como um agente suspensor é a baixa concentração necessária (geralmente 0,1 a 0,4%). Géis são produzidos por uma prévia adição do pó em pequena quantidade de água enquanto agita sob alta velocidade; então a solução alcalina é adicionada e a dispersão é agitadalentamente com um agitador tipo remo largo tomando cuidado de não incorporar bolhas de ar. Carbomero é sensível a oxidação quando exposto a luz e sua estabilidade é melhorada pela incorporação de um antioxidante e um agente quelante para complexar com os metais pesados que catalizam a sua quebra. A viscosidade dos géis é maior numa faixa de pH entre 6 e 11 e é marcadamente reduzida próximo do pH 12 ou abaixo de 3 e por oxidação ou eletrólitos fortes. Os efeitos de agentes iônicos fracos são menos previsíveis. O gel de estoque necessita de conservante. Dióxido de silício coloidal. É uma forma de dióxido de silício com tamanho de partículas de dimensões coloidais. É um pó branco muito leve, não arenoso. Atua como um agente espessante porque quando suspenso em um líquido as partículas se associam, devido às pontes de hidrogênio e produzem uma rede que obstruem a sedimentação. Cerca de 12% gera um gel mole com água, mas 1,5 a 4% é suficiente para estabilizar suspensões. Pode ser usado para gelificar líquidos não-polares. Suspensões podem ser preparadas num gral, mas a leveza do pó é um incômodo. Produtos de maior viscosidade e estabilidade são obtidos por agitação em alta velocidade. Devido ao diminuto tamanho das partículas, o sedimento tende a emboloar causando dificuldade em se redispersar. PREPARAÇÃO As técnicas básicas para a preparação de suspensões farmacêuticas são pesagem, medida de líquidos, redução do tamanho e mistura. SUSPENSÕES COMO FORMAS FARMACÊUTICAS ORAIS Vantagens das suspensões como forma farmacêutica oral - Medicamentos insolúveis suspensos estão prontos para ser ingeridos. - Derivados insolúveis em suspensão podem ser mais palatáveis que os derivados solúveis em solução. - Pós volumosos insolúveis, como caulim e giz, podem ser administrados como suspensões com o objetivo de atuar como adsorventes de toxinas ou para reduzir excesso de acidez no trato gastrointestinal. Desvantagens da suspensão como forma farmacêutica oral - A preparação deve ser agitada antes de se medir a dose. - Precisão na dosagem é menos reproduzida que com soluções - O armazenamento pode levar a mudanças no sistema disperso, particularmente se ocorrem flutuações na temperatura. Preparando diluições de suspensões para administração oral Como com soluções orais a diluição de suspensão pode ser necessária se uma dose fracionária é prescrita. Meia-vida de suspensões orais Muitas suspensões ‘oficiais’ tem uma relativamente curta meia-vida e devem ser recentemente preparadas. Para suspensões industrializadas prontas para o uso, o fabricante deverá fornecer informações sobre o tempo de validade da preparação. Algumas suspensões industrializadas são envasadas e armazenadas como pó para reconstituição imediatamente antes do seu uso. O produto reconstituído usualmente tem uma validade muito curta. Produtos diluídos também têm uma reduzida validade, usualmente um máximo de 14 dias. Frascos para suspensões orais Frascos medicinais âmbar. Uma colher medida de 5mL deve ser fornecida para o paciente. Rotulagem especial e avisos para o paciente Agite antes de usar. SUSPENSÕES PARA USO EXTERNO Loções As loções contendo sólidos suspensos evaporam quando aplicados sobre a pele deixando um suave depósito de medicamento sobre a superfície. As suspensões feitas com algum tipo de agente espessante, como os polissacarídeos semi-sintéticos, resultam num filme razoavelmente forte e não pegajoso que mantém o medicamento em contato com a pele e dá proteção, mas é facilmente removido com a lavagem. As preparações para uso em lesões abertas ou inflamadas da pele devem estar livres de microorganismos patogênicos. Recipientes para loções Frascos de vidro âmbar são usados para loções extemporaneamente preparadas. Se a preparação é particularmente viscosa um pote (frasco de boca larga) pode ser usado. Rotulagem especial e avisos para o paciente Agite antes de usar. Não deve ser aplicado a pele lesada. Inalações Um tipo de inalação consiste de um ou mais óleos voláteis em água e, para garantir uma dispersão uniforme do óleo por agitação, adiciona-se um sólido difusível, como o carbonato de magnésio leve, para adsorver parte do óleo e finamente dividir o restante. Ao contrário da emulsificação, o pó não interfere com a vaporização livre do óleo quando a inalação é adicionada a água numa temperatura de 65ºC para uso. Se a quantidade de pó não está incluída na fórmula, 1g de carbonato de magnésio leve para cada 2mL de óleo (ex.: eucalipto) ou 2g do sólido volátil (ex.: mentol e timol) dá resultados satisfatórios. Recipientes para inalações Frascos de vidro âmbar. Rotulagem especial e avisos para o paciente Agite antes de usar. Não deve ser ingerido. Outros tipos de produtos dispensados Algumas gotas auriculares e enemas são formulados como suspensões. Tais preparações devem atender aos requisitos de suas respectivas vias de administração. Suspensões como formulações de emergência Medicamentos que estão comercialmente disponíveis na forma sólida podem ser prescritos para pacientes apenas aptos a ingerirem líquidos. Na ausência de uma preparação líquida comercialmente disponível o farmacêutico é requisitado a preparar uma forma farmacêutica líquida a partir do material comercializado. Isto usualmente envolve a tituração de comprimidos ou abertura de cápsulas para preparar suspensões que podem também conter excipientes desconhecidos juntos com a quantidade nominal da droga. Agentes suspensores adequados são o pó de tragacanto composto BP ou mucilagem de goma xantana. A biodisponibilidade da preparação será desconhecida e o produto deve ser considerado instável até que seja pesquisado. Algumas preparações devem ser substituídas por formulações mais convenientes se a droga em pó puder ser obtida. EXEMPLOS Exemplo 1 Prepare 100mL de Mistura de caulim pediátrica Ingredientes Fórmula padrão Caulim leve 200g Solução de amaranto 10mL Solução de ácido benzóico 20mL Xarope de framboesa 200mL Água cloroformada forte 500mL Água recentemente fervida e resfriada q.s.p. 1000mL Formulação Caulim leve contém um agente dispersante e é usado em dispensação a menos que a forma natural seja particularmente sugerida. O caulim deve ser esterilizado para remover qualquer contaminante patogênico do solo. Caulim é um sólido difusível e, portanto, nenhum agente suspensor é necessário, embora o xarope de framboesa aumente a viscosidade do veículo. Solução de ácido benzóico e água cloroformada atuam como preservantes. O xarope de framboesa fornece o sabor e a solução de amaranto a cor que são atrativos para crianças. Preparação Tarar o recipiente que irá conter o produto preparado, porque se a preparação é completada ao volume num outro recipiente será difícil transferí-lo satisfatoriamente para o frasco. A preparação deve ser feita em um gral de tamanho suficiente para permitir a mistura adequada dos componentes do produto. Adicione o caulim para o gral e prepare uma pasta com o xarope de framboesa e um pouco da água cloroformada. Adicione a solução de amaranto e misture bem. Se o corante for adicionado ao final da preparação, este pode não penetrar no pó e manchas brancas podem ser visíveis no produto final. Dilua a suspensão até que possa ser vertida e transfira-a para o frasco. Embora seja desejável adicionar ingredientes voláteis, como a água cloroformada, ao frasco mais que ao gral, deve-se tomar cuidado ao incorporar toda a água cloroformada antes de completar o volume final com água. Adicione a solução de ácido benzóicoao frasco e complete com água ao volume final. Armazenamento e validade A menos que o caulim tenha sido esterilizado, a preparação deve ser recentemente preparada. Recipiente Frasco de vidro âmbar. Recomendações ao paciente quando dispensar Agite o frasco. Mantenha a ingestão de fluidos durante a diarréia. Se o produto é contra-indicado o paciente deve procurar recomendação médica se a condição persistir. Exemplo 2 Prepare 200mL de Mistura de Trissilicato de Magnésio BP Ingredientes Fórmula padrão Trissilicato de Magnésio 50g Carbonato de Magnésio leve 50g Bicarbonato de Sódio 50g Emulsão de Mentha piperita concentrada 25mL Água cloroformada forte 500mL Água q.s.p. 1000mL Formulação Trissilicato de Magnésio e Carbonato de Magnésio atuam como antiácido e adsorvente no trato gastrointestinal. Bicarbonato de sódio é um antiácido de ação rápida. A Mentha piperita fornece um sabor agradável e atua como um carminativo e a água cloroformada atua como flavorizante, conservante e veículo. Ambos os pós de magnésio são difusíveis e nenhum agente espessante extra é necessário. Preparação Tare o recipiente final e selecione um gral de tamanho suficiente para permitir adequada mistura do produto. Adicione o bicarbonato de sódio ao gral e misture com os dois pós insolúveis por diluição geométrica. Este método é preferível a fazer uma solução do bicarbonato de sódio que consumiria tempo. Adicione suficiente solvente para fazer uma pasta macia e dilua com o veículo até que possa ser vertida para ser transferida para o frasco. A emulsão de Mentha piperita deve ser adicionada ao frasco antes de se completar o volume. A mistura também pode ser preparada a partir de uma mistura previamente preparada dos três pós, com a adição da adequada quantidade da emulsão e água cloroformada. Armazenamento e validade A mistura deve ser recentemente preparada. Recipiente Frasco de vidro âmbar. Recomendações ao paciente quando dispensar Agite o frasco. A mistura pode ser tomada sozinha ou com água ou outro fluido entre as refeições. Se o produto é contra-indicado o paciente deve procurar recomendação médica se a condição persistir. Nota: Esta mistura contém uma relativamente alta concentração de sódio que pode ser inapropriada para alguns pacientes. Ações e uso Antiácido usado para tratar dispepsia. Exemplo 3 Prepare 50mL de inalante contendo 3% de mentol e 8% de eucalipto. Componentes Fórmula padrão Fórmula solicitada Mentol 3g 1,5g Óleo de eucalipto 8mL 4,0mL Carbonato de magnésio leve --- 2,75g Água q.s.p. 100mL 50,0mL Formulação Carbonato de magnésio leve, um sólido difusível, é usado para adsorver os ingredientes voláteis e garantir uma dispersão uniforme. A quantidade apropriada é calculada usando a relação de 1g para cada 2g de mentol e 1g para cada 2mL do óleo de eucalipto. Preparação Triture o mentol a pó fino em um gral de vidro e dissolva no óleo. Adicione o carbonato de magnésio leve em pequenas quantidades e misture bem. Gradualmente adicione o veículo para produzir um creme capaz de ser vertido. Transfira para um frasco previamente tarado e complete o volume com água. Armazenamento e validade A preparação é quimicamente estável mas deve ser armazenada sob baixa temperatura devido aos ingredientes voláteis. Recipiente Frasco de vidro âmbar. Recomendações ao paciente quando dispensar Agite o frasco. Não deve ser ingerido. Uma colher das de chá para ser adicionado a cerca de meio litro de água fervente e o vapor inalado durante 5 a 10 minutos. Ações e uso Contra congestão nasal. Exemplo 4 Prepare 200mL de Loção de Enxofre Composto Componentes Fórmula padrão Enxofre precipitado 40g Tintura de Quilaia 5mL Glicerina 20mL Álcool (95%) 60mL Solução de Hidróxido de cálcio q.s.p. 1000mL Formulação A tintura de quilaia é usada como agente molhante para o enxofre que é pobremente molhável. Glicerina é um emoliente e com o álcool ajuda a molhar o enxofre e promover sua dispersão. Preparação Misture a tintura de quilaia, o álcool e a glicerina e triture a mistura com o enxofre em gral. Gradualmente dilua com água de cal e transfira para um frasco previamente tarado onde deve ser completado o volume. Armazenamento e validade A preparação é estável. Recipiente Frasco de vidro âmbar. Recomendações ao paciente quando dispensar Limpe a pele antes de usar e aplicar moderadamente sobre a área afetada. O tratamento deve ser descontinuado se ocorrer ressecamento excessivo ou irritação da pele. Ações e uso Antisséptico brando usado no tratamento de acne. Exemplo 5 Prepare 100mL de mistura pediátrica de Carbonato de Cálcio Componentes Fórmula padrão Carbonato de cálcio 20g Tragacanto em pó 2g Água de Canela concentrada 4mL Xarope 100mL Água cloroformada forte 500mL Água q.s.p. 1000mL Formulação O carbonato de cálcio é um sólido não difusível e o tragacanto é incluído como agente suspensor. Canela fornece sabor agradável e atua como carminativo. Xarope fornece sabor doce e aumenta a viscosidade do produto e a água cloroformada atua como flavorizante, preservante e veículo. Preparação Tarar o recipiente final e escolher o gral de tamanho suficiente para permitir uma mistura adequada dos componentes. Misture o Carbonato de Cálcio e o tragacanto no gral e prepare uma pasta com o xarope e parte do veículo. Dilua até poder transferir a mistura para o frasco. Adicione os outros ingredientes para o frasco e agite bem antes de completar o volume. Armazenamento e validade A preparação deve ser recentemente preparada. Recipiente Frasco de vidro âmbar. Recomendações ao paciente quando dispensar Agite o frasco. Mantenha a ingestão de líquidos durante a diarréia. Se o produto é contra-indicado o paciente deve procurar recomendação médica se a condição persistir. Ações e uso Mistura antidiarréica para crianças. Exemplo 6 Prepare 200mL de Loção de Calamina Componentes Fórmula padrão Calamina 150g Óxido de zinco 50g Bentonita 30g Citrato de sódio 5g Fenol liquefeito 5mL Glicerina 50mL Água, recentemente fervida e resfriada, q.s.p. 1000mL Formulação Calamina e óxido de zinco são brandamente adstringentes e calmantes para a pele. Ambos são sólidos não difusíveis e, portanto, a bentonita é incluída como agente espessante que causa floculação da calamina e torna muito difícil de ser vertida do frasco. Citrato de sódio é incluído para causar parcial defloculação da calamina e então tornar a preparação mais fluida. Fenol liquefeito atua como conservante e a glicerina como agente emoliente miscível com o veículo aquoso. Preparação Tarar o recipiente final e escolha um gral grande. Misture os pós secos no gral até que fiquem igualmente dispersos. É importante que a bentonita seja bem distribuída nos pós que não difundem. Dissolva o citrato de sódio em 140mL de água (70%) e adicione esta solução ao gral para fazer uma pasta macia e diluir esta para ser transferida para o frasco. Adicione a glicerina e o fenol liquefeito ao frasco e complete o volume com o veículo. Observe que o fenol liquefeito é muito cáustico. Armazenamento e validade A preparação é estável, mas o armazenamento em baixa temperatura érecomendável devido a volatilidade do conservante. Recipiente Frasco de vidro âmbar. Recomendações ao paciente quando dispensar Agite o frasco. Somente para uso externo. A loção deve ser aplicada sobre a pele quando necessário e deixado secar. Ações e uso Loção refrescante útil para o tratamento de queimadura solar moderada. Exemplo 7 Prepare 100mL de Mucilagem de Tragacanto Componentes Fórmula padrão Fórmula solicitada Tragacanto finamente pulverizado 12,5g 1,25g Álcool 90% 25mL 2,5mL Água cloroformada q.s.p. 1000mL 100mL Formulação O álcool é usado como um agente dispersante porque ele é fracamente absorvido pela goma. A água cloroformada atua como conservante. Preparação Numa pequena escala a mucilagem é convenientemente preparada por agitação dos ingredientes juntos num frasco calibrado para 100mL. Medir 95mL do veículo e mantenha-o à mão. Coloque o álcool no frasco e adicione o pó de tragacanto. (A ordem de adição é importante). Misture e espalhe a suspensão resultante pelas paredes internas do frasco. Introduza os 95mL do veículo tão rapidamente quanto possível, tampe o frasco e agite imediatamente. O resultado satisfatório depende da velocidade. Qualquer veículo derramado fora do frasco pode ser recuperado quando for completar o volume. O produto que se apresenta granuloso irá se tornar homogêneo pelo repouso durante uns poucos dias. Armazenamento e validade Se a preparação é para ser estocada, deve-se garantir a ausência de contaminação por microrganismos. Recipiente Frasco âmbar. Recomendações ao paciente quando dispensar Não necessário. Ações e uso Agente suspensor e espessante. Exemplo 8 Prepare 100mL de Mucilagem de Amido Componentes Fórmula padrão Fórmula solicitada Amido 25g 2,5g Água q.s.p. 1000mL 100mL Formulação Observar que a mucilagem não contém conservantes e deve ser preparada quando necessário para uso em produtos dispensados. Preparação Triturar o amido com 20mL de água fria em um pequeno béquer ou pequeno gral. Aqueça os 80mL de água restantes até a fervura em um béquer. Verter a suspensão fria no centro da água em ebulição e reaqueça à ebulição com constante agitação. A mucilagem gelatinizada resultante deve estar livre de grumos. O imediato resfriamento evita a formação de uma capa. A preparação resfriada pode ser transferida para um frasco tarado e a quantidade de água perdida por evaporação reposta. Armazenamento e validade A preparação deve ser usada de uma vez. Recipiente Frasco âmbar. Recomendações ao paciente quando dispensar Não necessário Ações e uso Agente suspensor e espessante. Tradução do capítulo 12 - Suspensions, in: Pharmaceutical Pratice, Editado por Diane M. Collett e Michael E. Aulton. Churchil Livingstone, London, 1990.
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