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Derivadas direcionais e vetor gradiente de funções de três variáveis Seja f(x, y, z) uma função de três variáveis. Suponha que (a, b, c) ∈ Dom(f) e que −→u = (u1, u2, u3) seja um vetor unitário do espaço R3. A reta que passa pelo ponto (a, b, c) e possui vetor diretor −→u possui equação paramétrica x = a+ su1 y = b+ su2, s ∈ R z = c+ su3 Definimos a derivada direcional de f em P = (a, b, c) na direção do vetor unitário −→u como sendo o número ( df ds ) −→u ,P = lim s→0 f(a+ su1, b+ su2, c+ su3)− f(a, b, c) s caso o limite exista. Também podemos denotar a derivada direcional como (D−→u f)P . A derivada direcional representa a taxa de variação da função f no sentido do vetor −→u . Observe que, em particular,( df ds ) −→ i ,P = lim s→0 f(a+ s, b, c)− f(a, b, c) s ⇒ ( df ds ) −→ i ,P = fx(a, b, c)( df ds ) −→ j ,P = lim s→0 f(a, b+ s, c)− f(a, b, c) s ⇒ ( df ds ) −→ j ,P = fy(a, b, c)( df ds ) −→ k ,P = lim s→0 f(a, b, c+ s)− f(a, b, c) s ⇒ ( df ds ) −→ j ,P = fz(a, b, c) Logo, as derivadas parciais da função f são casos particulares de derivadas direcionais: são as derivadas direcionais na direção dos vetores canônicos −→ i = (1, 0, 0), −→ j = (0, 1, 0) e−→ k = (0, 0, 1). Definimos o vetor gradiente de f no ponto P = (a, b, c) como sendo o vetor ∇f(a, b) = fx(a, b, c)−→i + fy(a, b, c)−→j + fz(a, b, c)−→k = (fx(a, b, c), fy(a, b, c), fz(a, b, c)) Ou seja, o vetor gradiente de f em P é o vetor do espaço tridimensional cujas entradas são as derivadas parciais de f calculadas em P . De forma análoga à que fizemos para funções de duas variáveis, é possível mostrar que (se f possui derivadas parciais contínuas) a derivada direcional de f em P = (a, b, c) na direção do vetor unitário −→u pode ser calculada por( df ds ) −→u ,P = ∇f(a, b, c) • −→u Exemplo 1. Determine a derivada direcional da função f(x, y, z) = x2 + xy + ez no ponto P = (1, 2,−1) na direção do vetor unitário −→u = 1√ 3 −→ i + 1√ 3 −→ j + 1√ 3 −→ k = ( 1√ 3 , 1√ 3 , 1√ 3 ) . Temos que fx(x, y, z) = 2x+ y, fy(x, y, z) = x, fz(x, y, z) = e z Logo, fx(1, 2,−1) = 4, fy(1, 2,−1) = 1, fz(1, 2,−1) = ez = e−1 e concluímos que( df ds ) −→u ,P = ∇f(1, 2,−1) • ( 1√ 3 , 1√ 3 , 1√ 3 ) = 4√ 3 + 1√ 3 + e−1√ 3 = 5 + e−1√ 3 1 Podemos reescrever as derivadas direcionais como( df ds ) −→u ,P = ||∇f(a, b, c)|| cos θ onde θ é o ângulo entre o vetor gradiente e o vetor −→u . Com isso, temos os seguintes resultados: Teorema 1. O valor máximo da derivada direcional (D−→u f)P de uma função (que possui de- rivadas parciais contínuas) ocorre quando o vetor −→u tem a mesma direção e o mesmo sentido do vetor ∇f(a, b, c). Teorema 2. O valor mínimo da derivada direcional (D−→u f)P de uma função (que possui deri- vadas parciais contínuas) ocorre quando o vetor −→u tem a mesma direção, mas sentido oposto ao do vetor ∇f(a, b, c). Se f e g forem funções de duas variáveis com derivadas parciais contínuas, então as seguintes propriedades são válidas: • ∇(kf)(a, b, c) = k∇f(a, b, c) para qualquer número real k. • ∇(f + g)(a, b, c) = ∇f(a, b, c) +∇g(a, b, c) • ∇(f − g)(a, b, c) = ∇f(a, b, c)−∇g(a, b, c) • ∇(fg)(a, b, c) = f(a, b, c)∇g(a, b, c) + g(a, b, c)∇f(a, b, c) • ∇ ( f g ) (a, b, c) = g∇f(a, b, c)− f(a, b, c)∇g(a, b, c) g(a, b, c)2 se g(a, b, c) 6= 0. Reta normal Seja S uma superfície de nível de uma função de três variáveis f(x, y, z) = k onde k = f(a, b, c). Seja C uma curva derivável da superfície S passando pelo ponto P = (a, b, c). É possível mostrar que o vetor gradiente ∇f(a, b, c) é ortogonal à reta tangente à curva C no ponto P . Definimos o plano tangente à superfície de nível f(x, y, z) = k no ponto P = (a, b, c) como sendo o plano que passa pelo ponto P e possui vetor normal ∇f(a, b, c). Assim, a equação desse plano tangente é fx(a, b, c)(x− a) + fy(a, b, c)(y − b) + fz(a, b, c)(z − c) = 0 2 Exemplo 2. Determine a equação do plano tangente à superfície de nível f(x, y, z) = −1, onde f(x, y, z) = zexy, no ponto P = (2, 0,−1). Temos que fx(x, y, z) = yze xy, fy(x, y, z) = xze xy, fz(x, y, z) = e xy Logo, fx(2, 0,−1) = 0, fy(2, 0,−1) = −2, fz(2, 0,−1) = 1 Assim, ∇f(2, 0,−1) = (0,−2, 1) e a equação do plano tangente à superfície de nível f(x, y, z) = −1 no ponto P = (2, 0,−1) é −2y + z + 1 = 0 Definimos a reta normal à S em P como sendo a reta que passa pelo ponto P e possui vetor diretor ∇f(a, b, c) (ou seja, como sendo a reta perpendicular ao plano tangente passando pelo ponto P ). Assim, a equação paramétrica da reta normal à superfície de nível S no ponto P é x = a+ sfx(a, b, c) y = b+ sfy(a, b, c), s ∈ R z = c+ sfz(a, b, c) Exemplo 3. Determine a equação paramétrica da reta normal à superfície de nível f(x, y, z) = −1, onde f(x, y, z) = zexy, no ponto P = (2, 0,−1). Temos que ∇f(2, 0,−1) = (0,−2, 1) e, portanto, a equação paramétrica da reta normal à superfície de nível f(x, y, z) = −1 no ponto P = (2, 0,−1) é x = 2 y = −2s, s ∈ R z = −1 + s 3 Considere o caso particular em que a superfície S é da forma z = g(x, y) (ou seja, o caso em que S é o gráfico de uma função g de duas variáveis). Podemos ver a superfície S como sendo a superfície de nível 0 da função de três variáveis f(x, y, z) = g(x, y)− z Neste caso, temos que fx(a, b, c) = gx(a, b) fy(a, b, c) = gy(a, b) fx(a, b, c) = −1 Assim, o vetor ∇f(a, b, c) = (gx(a, b), gy(a, b),−1) é o vetor normal à superfície de nível f(x, y, z) = 0 e a equação do plano tangente à essa superfície no ponto P é gx(a, b)(x− a) + gy(a, b)(y − b)− (z − c) = 0 ou seja, z − c = gx(a, b)(x− a) + gy(a, b)(y − b) Observe que o plano tangente à superfície de nível 0 de f coincide com o plano tangente ao gráfico da função g(x, y) no ponto (a, b). De fato, como o vetor gradiente ∇f(a, b, c) é ortogonal às retas tangentes de todas as curvas deriváveis contidas na superfície de nível S no ponto P , então, em particular, ele é perpendicular às retas tangentes das curvas C1 = {y = b} ∩ {z = f(x, y)} e C2 = {x = a} ∩ {z = f(x, y)} no ponto P . Como estas retas tangentes determinam o plano tangente ao gráfico da função g(x, y) no ponto (a, b), então mostramos que o vetor ∇f(a, b, c) = (gx(a, b), gy(a, b),−1) é um vetor normal à superfície z = g(x, y) no ponto P . Portanto, a constante γ que multiplicava o termo z − c na equação do plano tangente ao gráfico da função g(x, y) no ponto (a, b) α(x− a) + β(y − b) + γ(z − c) = 0 era realmente −1. Exemplo 4. Determine a equação do plano tangente e a equação paramétrica da reta normal ao elipsóide x2 4 + y2 + z2 9 = 3 no ponto P = (−2, 1,−3). Observe que este elipsóide é a superfície de nível f(x, y, z) = 3 da função f(x, y, z) = x2 4 + y2 + z2 9 Temos que fx(x, y, z) = x 2 , fy(x, y, z) = 2y, fz(x, y, z) = 2z 9 Logo, fx(−2, 1,−3) = −1, fy(−2, 1,−3) = 2, fz(−2, 1,−3) = −2 3 4 Assim, ∇f(−2, 1,−3) = ( −1, 2,−2 3 ) e a equação do plano tangente ao elipsóide no ponto P = (−2, 1,−3) é −(x+ 2) + 2(y − 1)− 2 3 (z + 3) = 0 ou seja, −x+ 2y − 2z 3 − 6 = 0 A equação paramétrica da reta normal ao elipsóide no ponto P = (−2, 1,−3) é x = −2− s y = 1 + 2s, s ∈ R z = −3− 2s 3 5
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