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Integrais duplas em coordenadas polares Chamamos de retângulo polar uma região da forma {(r, θ) ∈ R2 | a ≤ r ≤ b, α ≤ θ ≤ β} (ou seja, uma região que é representada por um retângulo no plano cartesiano rθ). Se f é contínua no retângulo polar D dado por D = {(r, θ) ∈ R2 | a ≤ r ≤ b, α ≤ θ ≤ β} onde a ≥ 0 e 0 ≤ β − α ≤ 2pi, então a integral dupla de f em D pode ser calculada por∫∫ D f(x, y) dA = ∫ β α ∫ b a f(r cos θ, r sen θ) r dr dθ Ou seja, para convertermos uma integral dupla de coordenadas cartesianas para polares, usamos as relações x = r cos θ y = r sen θ na fórmula de f . Mas, para fazer a mudança de variáveis é necessário utilizar o fator de correção r para substituir dx dy por dr dθ e é necessário escrever os limites de integração de forma adequada. Observação 1. Não se esqueça do termo r que aparece do lado direito da equação! Exemplo 1. Calcule ∫∫ D 3x+ 4y2 dA onde D é a região do semiplano superior limitada pelos círculos x2 + y2 = 1 e x2 + y2 = 4. 1 A região D pode ser descrita em coordenadas polares por D = {(r, θ) ∈ R2 | 1 ≤ r ≤ 2, 0 ≤ θ ≤ pi} Temos que, se f(x, y) = 3x+ 4y2, então, em coordenadas polares, f(x, y) = f(r cos θ, r sen θ) = 3r cos θ + 4r2 sen 2θ e, portanto,∫∫ D f(x, y) dA = ∫ pi 0 ∫ 2 1 (3r cos θ + 4r2 sen 2θ) r dr dθ = ∫ pi 0 ∫ 2 1 3r2 cos θ + 4r3 sen 2θ dr dθ Como ∫ 2 1 3r2 cos θ + 4r3 sen 2θ dr = [ r3 cos θ + r4 sen 2θ ]r=2 r=1 = [ 8 cos θ + 16 sen 2θ ]− [cos θ + sen 2θ] = 7 cos θ + 15 sen 2θ então, utilizando que cos(2θ) = cos2 θ− sen 2θ = 1− sen 2θ− sen 2θ = 1−2 sen 2θ ⇒ sen 2θ = 1 2 [1− cos(2θ)] obtemos∫∫ D f(x, y) dA = ∫ pi 0 7 cos θ + 15 sen 2θ dθ = ∫ pi 0 7 cos θ + 15 2 [1− cos(2θ)] dθ = ∫ pi 0 7 cos θ + 15 2 − 15 2 cos(2θ) dθ = [ 7 sen θ + 15θ 2 − 15 sen (2θ) 4 ]θ=pi θ=0 = [ 7 sen pi + 15pi 2 − 15 sen (2pi) 4 ] − [ 7 sen 0 + 0− 15 sen 0 4 ] = 15pi 2 Observação 2. Poderíamos escrever a região do exemplo anterior em coordenadas cartesianas como D = {(x, y) ∈ R2 | − 2 ≤ x ≤ 2, √ 1− x2 ≤ y ≤ √ 4− x2} e teríamos que resolver a integral ∫ 2 −2 ∫ √4−x2 √ 1−x2 3x+ 4y2 dy dx 2 Como ∫ √4−x2 √ 1−x2 3x+ 4y2 dy = [ 3xy + 4y3 3 ]y=√4−x2 y= √ 1−x2 = 3x √ 4− x2 + 4(4− x 2) 3 2 3 − 3x √ 1− x2 − 4(1− x 2) 3 2 3 então teríamos ∫ 2 −2 [ 3x √ 4− x2 + 4(4− x 2) 3 2 3 − 3x √ 1− x2 − 4(1− x 2) 3 2 3 ] dx e para resolver esta integral, teríamos que utilizar substituição trigonométrica (que dá muito trabalho). Exemplo 2. Determine o volume do sólido limitado pelo plano z = 0 e pelo parabolóide z = 1− x2 − y2. Observe que a interseção entre o plano xy e o parabolóide ocorre quando z = 0 e, portanto, tal interseção é o círculo x2 + y2 = 1 Logo, o volume desejado pode ser obtido pelo cálculo da integral dupla∫∫ D 1− x2 − y2 dA onde D é o círculo de raio 1 dado por x2+y2 = 1. A região D pode ser descrita em coordenadas polares por {(r, θ) ∈ R2 | 0 ≤ r ≤ 1, 0 ≤ θ ≤ 2pi} Temos que, se f(x, y) = 1− x2 − y2, então, em coordenadas polares, f(x, y) = f(r cos θ, r sen θ) = 1− r2 cos2 θ − r2 sen 2θ = 1− r2 e, portanto, ∫∫ D f(x, y) dA = ∫ 2pi 0 ∫ 1 0 (1− r2) r dr dθ = ∫ 2pi 0 ∫ 1 0 r − r3 dr dθ Como ∫ 1 0 r − r3 dr = [ r2 2 − r 4 4 ]r=1 r=0 = 1 2 − 1 4 = 1 4 3 então ∫∫ D f(x, y) dA = ∫ 2pi 0 1 4 dθ = [ θ 4 ]θ=2pi θ=0 = 2pi 4 = pi 2 Observação 3. Poderíamos escrever a região do exemplo anterior em coordenadas cartesianas como D = {(x, y) ∈ R2 | − 1 ≤ x ≤ 1, − √ 1− x2 ≤ y ≤ √ 1− x2} e teríamos que resolver a integral∫ 1 −1 ∫ √1−x2 −√1−x2 1− x2 − y2 dy dx Como ∫ √1−x2 −√1−x2 1− x2 − y2 dy = [ y − yx2 − y 3 3 ]y=√1−x2 y=−√1−x2 = 2 √ 1− x2 − 2x2 √ 1− x2 − 2(1− x 2) 3 2 3 então ∫ 1 −1 [ 2 √ 1− x2 − 2x2 √ 1− x2 − 2(1− x 2) 3 2 3 ] dx e para resolver esta integral, teríamos que utilizar substituição trigonométrica (que dá muito trabalho). Exercício 1. Calcule a integral dupla ∫∫ D arctan (y x ) dA onde D = {(x, y) ∈ R2 | 1 ≤ x2 + y2 ≤ 4, 0 ≤ y ≤ x} Podemos querer calcular integrais sobre regiões polares mais complicadas do que retângulos polares. Por exemplo, podemos querer calcular a integral dupla em uma região D na qual r varia entre duas funções de θ e não entre duas constantes, isto é, em uma região descrita em coordenadas polares por D = {(r, θ) ∈ R2 | h1(θ) ≤ r ≤ h2(θ), α ≤ θ ≤ β} 4 Neste caso, a integral dupla sobre D pode ser calculada pela fórmula∫∫ D f(x, y) dA = ∫ β α ∫ h2(x) h1(x) f(r cos θ, r sen θ) r dr dθ Em particular, se tomarmos f(x, y) = 1, α ≤ θ ≤ β, h1(θ) = 0 e h2(θ) = h(θ), então a área da região D limitada pelas curvas θ = α, θ = β e r = h(θ) é dada por A(D) = ∫∫ D 1 dA = ∫ β α ∫ h(θ) 0 r dr dθ Como ∫ h(θ)) 0 r dr = [ r2 2 ]r=h(θ) r=0 = h(θ)2 2 então A(D) = ∫ β α h(θ)2 2 dθ Exemplo 3. Calcule a área de uma pétala da rosácea de quatro pétalas r = cos(2θ). Observe que a pétala da rosácea pode ser descrita como D = {(r, θ) ∈ R2 | 0 ≤ r ≤ cos 2θ, −pi 4 ≤ θ ≤ pi 4 } Sua área é dada por A(D) = ∫∫ D 1 dA = ∫ pi 4 −pi 4 cos2(2θ) 2 dθ Como cos(4θ) = cos2(2θ)− sen 2(2θ) = 2 cos2(2θ)− 1 então ∫ pi 4 −pi 4 cos2(2θ) 2 dθ = ∫ pi 4 −pi 4 cos(4θ) + 1 4 dθ = [ sen (4θ) 16 + θ 4 ]θ=pi 4 θ=−pi 4 = [ sen (pi) 16 + pi 16 ] − [ sen (−pi) 16 − pi 16 ] = pi 8 5 Exemplo 4. Determine o volume do sólido que está sob o parabolóide z = x2 + y2, acima do plano xy e dentro do cilindro x2 + y2 = 2x. Observe que o que queremos é a região entre o gráfico da função f(x, y) = x2+ y2 e o plano xy para (x, y) no círculo x2 + y2 = 2x. Logo, o volume desejado por ser obtido pelo cálculo da integral dupla ∫∫ D x2 + y2 dA onde D é o círculo (x − 1)2 + y2 = 1. Observe que a equação deste círculo em coordenadas polares é r2 = 2r cos θ e, portanto, r = 0 ou r = 2 cos θ Observe que o caso r = 0 está incluso na equação r = 2 cos θ (uma vez que 2 cos θ = 0 para θ = pi 2 ,−pi 2 , 3pi 2 , ...). Logo, a região D pode ser descrita em coordenadas polares por {(r, θ) ∈ R2 | 0 ≤ r ≤ 2 cos θ, −pi 2 ≤ θ ≤ pi 2 } Temos que f(x, y) = f(r cos θ, r sen θ) = r2 e, portanto, ∫∫ D f(x, y) dA = ∫ pi 2 −pi 2 ∫ 2 cos θ 0 r3 dr dθ = ∫ pi 2 −pi 2 ∫ 2 cos θ 0 r3 dr dθ Como ∫ 2 cos θ 0 r3 dr = [ r4 4 ]r=2 cos θ r=0 = 4 cos4 θ então ∫∫ D f(x, y) dA = ∫ pi 2 −pi 2 4 cos4 θ = 3pi 2 6
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